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História Entre aulas, dinheiro e muitos beijos - Sorrisos de plástico e cabelos descoloridos


Escrita por: Cherrypie134

Notas do Autor


Oi, gente, antes de qualquer coisa eu preciso dizer que o lugar onde se passa a escola é inventado. Não é nos Estados Unidos, nem na Europa, nem na Oceania, nem na Ásia, muito menos aqui na América Latina. É criado justamente pra poder misturar todas essas culturas e ficar mais original ainda, mas não é um universo fantástico ou algo do gênero. Enfim, tentei fazer esse capítulo bem leve, os próximos são um poucos mais pesadinhos. Espero que gostem!

Capítulo 1 - Sorrisos de plástico e cabelos descoloridos


Saias xadrezas e blazers para todos os lados eram apenas o que eu conseguia ver. Todos pareciam iguais assim de longe, com seus sapatos, bolsas e mochilas de marca que só pareciam diferentes por causa dos pequenos logotipos que os faziam valer centenas sem motivo nenhum. Acho que nunca vi tanta menina com cabelo mechado de loiro, nem garotos com expressões tão arrogantes em suas faces. Primeira impressão da escola privada: alguém, por favor, me tira daqui.

Na verdade, sempre quis estudar aqui por conta do ensino, mas simplesmente pareço não me encaixar. Agora eu seria uma veterana na minha escola anterior e aqui eu sou apenas uma novata. Já sinto falta dos meus amigos e mal começou o primeiro dia. Tudo bem, sem drama, vamos lá.

Olhei para a palma da minha mão, onde havia anotado o número do meu armário e respirei fundo. Tomei confiança e adentrei de vez a escola, com a cabeça erguida e ignorando todos os olhares tortos que eu recebia. Pelo amor de Deus, por que é tão difícil achar um armário e por que diabos todos os corredores parecem iguais? Eu tinha que pedir ajuda.

— Você parece perdida, é nova por aqui? — Escutei uma voz feminina ao meu lado e virei um pouco assustada. Uma loira de olhos castanhos, alta e aparentemente gentil. Sorri brevemente antes de responder, tentando não parecer mal-humorada. Bom, pelo menos não tanto.

— Sou nova sim. Eu só não consigo encontrar o meu armário. Aqui é grande, né? — Falei olhando em volta. Minha escola anterior era tão pequena que se perder nela era impossível. Todo mundo conhecia todo mundo e isso era bom e ruim ao mesmo tempo.

— Qual é o número dele? Eu posso ajudar. Estudo aqui desde sempre, conheço como a palma da minha mão. — ela era simpática mesmo. Mostrei a palma da mão onde tinha anotado. — Ele está literalmente do seu lado esquerdo, ali no meio. — a loira deu um risinho e não consegui evitar corar quando vi que ela estava certa.

— Nossa, tô mais perdida do que eu pensava. Brigada mesmo. Meu nome é Scarlet, aliás. — me apresentei sorrindo, afinal, não estava na posição de dispensar novos amigos.

— Muito prazer, meu nome é Juliet. Qual é a sua primeira aula? Acho que você pode usar um pouco de ajuda para achar a sala e eu não tenho nada para fazer agora mesmo. — ok legal demais pra ser verdade.

— Biologia avançada. — respondi abrindo meu armário e começando a transferir os livros da minha mochila para ele. — Mas consigo me virar, juro, não precisa me levar lá.

— Eu não me importo de levar, — ela deu de ombros — a sala de cálculo é do lado e eu tenho que ir para lá de um jeito ou de outro. Já vai bater o sinal, vamos rápido.

Peguei meu livro de biologia, meu estojo e caderno, botei de volta na mochila, agora muito mais leve, e tranquei o armário. Juliet quis parar antes no dela para pegar algumas coisas, então fomos juntas. Não eram muito distantes um do outro, nossos armários, por isso o número de pessoas que a cumprimentaram era realmente espantoso. Na minha outra escola, seria equivalente à metade dos alunos dela inteira.

Como combinado, Juliet me levou até a sala de biologia. Foi o caminho inteira me falando sobre a escola, alguns "truques de sobrevivência", como ela disse, e no fim combinamos de almoçar juntas. Ela me buscaria na sala de escrita criativa, minha última aula.

Cheguei cedo, então pude escolher o lugar perfeito: fileira do canto, última mesa. Não chamaria muita atenção, o que era perfeito, ainda mais sendo a garota nova. Agora era só torcer para ninguém me notar ali e focar nos meus livros.

Aos poucos a sala foi enchendo e o silêncio foi substituído por conversas altas e quase insuportáveis. Como esperado, todos sentaram com suas respectivas duplas conhecidas e eu senti um pequeno alívio interno em não ter que conversar com mais ninguém. Não me leve a mal, Juliet era uma garota adorável, mas não estou acostumada com essa coisa de socializar com estranhos.

A professora de biologia avançada era muito bonita. Tinha cachos enormes e ruivos, sardas claras pelo seu rosto e olhos verdes gigantes. Ela se vestia de maneira elegante, também. Com saltos altos, meia calça e saia social. Diferente da minha professora anterior, que ia dar aula de jeans e tênis de corrida. Eu adorava essa formalidade nova. Ela parecia séria, por outro lado.

Enquanto todos ainda conversavam, a ruiva entrou na sala calmamente, ajeitou suas coisas sobre a mesa e escreveu seu nome na lousa ainda em silêncio. Fez um som com a garganta que silenciou praticamente a todos que antes praticamente gritavam banalidades. Me ajeitei melhor na cadeira e quase não consegui conter minha ansiedade.

— Bom dia, classe. Meu nome é Eliza Moore e eu estarei ensinando biologia avançada esse ano. Eu analisei a ficha escolar de cada um de vocês: notas, histórico, tudo, e honestamente não sei o que alguns de vocês estão fazendo aqui. É necessário total comprometimento a essa classe e se algum de vocês nas próximas semanas não sentirem que pertencem aqui, eu estarei mais do que feliz em conceder transferência a vocês. — uau — Não tolero conversas, celulares ou quaisquer outros dispositivos eletrônicos, muito menos cochilos durantes explicações. Exijo pontualidade...

Exatamente no momento em que ela falava sobre pontualidade (ok, talvez não exatamente, mas foi quase, juro), um garoto adentrou a sala com um enorme sorriso no rosto e um papel em suas mãos. Eliza foi até ele tão devagar que até eu tive medo, leu o papel e o deixou entrar. Uma autorização, talvez. O aluno entrou como se nada tivesse aconteceu e sentou – adivinha – ao meu lado, lógico. Apenas a minha sorte.

— Como ia dizendo, exijo pontualidade na entrega dos relatórios e atrasos para a entrada na aula sem justificativa da direção não serão tolerados! Portanto, fiquem atentos. Abram os livros de vocês, por favor.

Abri meu livro rapidamente, sem conseguir conter a vontade que eu estava de começar logo com aquilo. Essa era uma das aulas que mais me chamavam atenção, já que era a melhor do estado e completamente superior ao que eu tinha antes. Estava desmarcando meu marcador de texto cor de rosa, pronta para começar a estudar quando...

— Meu nome é Travis muito obrigada por perguntar. — o garoto ao meu lado sussurrou com um tom irônico na sua voz e eu arrepiei de susto.

Olhei para ele e coloquei um dedo na frente dos meus lábios, em sinal de silêncio. Ele soltou uma risadinha curta e se aproximou um pouco mais.

— Ela não vai escutar, calma, ninguém escuta nada desse cantinho aqui. Escolheu certinho, morena. — ele falou de novo, ignorando o meu pedido de silêncio e eu quis enfiar a minha mão na carinha linda dele.

— Scarlet. E eu não estou preocupada com a senhora Moore, eu só quero silêncio, então, por favor, me deixa estudar. — Falei com mais calma do que eu estou acostumada, torcendo para que ele não se ofendesse, mas que entendesse. E ele entendeu.

O resto das aulas foi mais ou menos assim, exceto que não falei com mais ninguém. Os professores todos eram incríveis, as matérias pareciam uma melhor que a outra, as salas eram limpas e bem equipadas. Tudo era incrível. Eu até tinha superado o fato dessa saia xadrez estupida e a camisa também.

O almoço chegou rápido e logo estava com Juliet de novo. Ela era surpreendentemente divertida e fácil de conversar. Falei do meu dia, ela do dela e parecia que nos conhecíamos há mais de algumas horas. Estávamos no banheiro, ela estava retocando a maquiagem quando começou a ficar estranho.

— Sabe, Scar, você é realmente bonita. — Cinco anos de terapia e uma série de músicas da Beyoncé me fizeram concordar. — E muito engraçada. Gostei de você. Mas nós vamos ter que dar um jeito nas suas roupas para você andar comigo.

Oi?! Eu estava usando o uniforme, não é possível alguém falar das minhas roupas se eu estou usando o uniforme. Não entendi. E como assim pra andar com ela? Socorro.

— Essa sua saia abaixo do joelho, essa camisa para fora da saia e fechada até o pescoço... não tá funcionando pra você. Na realidade, não funciona para ninguém. E é por isso que as pessoas cortam a saia e abrem as camisas.

Quando ela parou de se olhar no espelho e viu minha expressão de completamente revoltada com essa história de "para andar comigo", ela sorriu e pareceu se divertir um pouco.

— Você tá louca de falar que pra andar com você eu tenho que fazer alguma coisa, me poupa, né, linda, eu não sou minion de ninguém aqui não. — Talvez eu tenha me soltado um pouco demais. Juliet riu.

— Scar, calma, eu não quis dizer desse jeito. É que eu sou brutalmente sincera e, desculpa, mas não consigo deixar minhas amigas serem motivo de piada porque o uniforme delas tá completamente do tamanho errado, com o caimento errado e sendo usado do jeito mais errado ainda. Eu vou fazer moda. Não sou capaz. — Ela falou mexendo nos longos cabelos loiros. Ok, não é tão ruim assim, mas, por Deus, essa menina tem que aprender a falar.

— Tá certo, mas esse é o que eu tenho e eu não posso fazer nada sobre isso. — Fui honesta e dei de ombros.

— Se você me der ele, eu ajusto ele pro seu tamanho. A gente pode fazer isso hoje de tarde se você quiser — Juliet disse enquanto desabotoava os primeiros botões da minha camisa. — Se você soubesse a diferença que fez, ficaria impressionada. — Eu estava 100% nem ai, sendo sincera, mas senti que se rejeitasse a magoaria, então aceitei.

Juliet estava extremamente animada, tanto pra ajeitar minhas roupas, quanto para me apresentar aos seus amigos. Eu apreciava de coração todo o acolhimento, entretanto, não conseguia evitar a ansiedade e até um pouco de medo. Eu iria passar um ano inteiro naquela escola e realmente me esforcei para ser aceita no processo seletivo deles, sem contar o quanto meus pais sacrificaram para que eu pudesse estudar nela, então sair caso não fosse bem aceita pelos colegas não era exatamente uma opção.

O foda é que a situação financeira deles era extremamente diferente da minha e, pela minha experiência, há uma parte bem grande dessas pessoas com uma visão muito ingênua da vida. Sem generalizar, é claro. Eu torcia para que esses não fossem assim.

Como se fosse um filme, a mesa deles era exatamente no centro do refeitório. Todos diferentes uns dos outros, porém todos bonitos. As meninas, que eram duas, pareciam Barbies de edição limitada, impecáveis e únicas. Os meninos, que eram quatro, pareciam modelos da Calvin Klein com todos os trejeitos possíveis. Meu pobre coração bissexual não aguenta.

— Olá, queridinhos, essa aqui é a Scarlet. — Juliet falou sorrindo de orelha a orelha me puxando para mais perto dos outros. — Ela é nova aqui e tá no mesmo ano que nós.

Eu podia sentir a ansiedade tomar conta de mim: as mãos tremulas e suadas, o estômago embrulhado, o rosto corado. Eu sabia que devia falar algo, mas era tanta gente com os olhos fixos em mim que não consegui que nada saísse. Todos deram um "oi" uníssono, mas não conseguia falar. Olhei para Juliet e ela entrelaçou seu mindinho no meu por trás dos nossos corpos, dando apoio.

— Seja bem-vinda, Scarlet. — Um dos modelos da Calvin Klein com a pele cor jambo, e um sorriso extremamente charmoso, devo dizer, foi quem fez o primeiro passo. — Meu nome é Aaron.

— Mas pode chamar ele de Ron-Ron que ele adora, juro. — Dessa vez foi uma menina de cabelos escuros e encaracolados que falou, com um tom de deboche em sua voz. — Me chamo Kali. Não Kylie, Kali.

— Muito prazer. — Respondi ainda tímida, me perguntando mentalmente o que eu estava fazendo ali. Eu com certeza não era uma daquelas pessoas. Todos impecáveis.

— Façam um espacinho pra Scar enquanto a gente vai pegar a comida, meus queridos. — Juliet falou e todos assentiram. Ela, então, ainda segurando meu dedo mínimo, me puxou para andar com ela. — Scar, você é bonita e legal demais pra ficar se encolhendo na frente dos outros. Levanta essa cabeça, menina. Eu tô aqui com você, não tô?

Eu não consegui deixar de sorrir. Juliet era com toda a certeza muito diferente do que eu pensava que as garotas daqui seriam. Paradas na fila, pegamos bandejas para servir a comida que, honestamente, estava com uma cara horrível.

— A comida aqui é tão ruim quanto ela parece? — Perguntei com um pouco de receio enquanto fitava o bolo de carne.

— O bolo de carne é, mas tem umas opções mais gostosas, e a sobremesa geralmente é boa se você come açúcar. Eles não têm opções diet.

Enquanto pegávamos o almoço, Juliet me contou que era vegana e já não comia nada derivado de animais fazia 2 anos. Inclusive, ela quem convenceu o colégio da necessidade de opções veganas no cardápio. Juliet parecia extremamente determinada, e para mim isso era essencial.

O almoço foi bom. Descobri que o nome da outra menina era Renee e que os meninos se chamavam Chuck, Tyler e Harry. Chuck me convidou para uma festa que ele daria na sua casa na sexta-feira seguinte e eu não consegui controlar a felicidade. Mesmo com meu jeito socialmente esquisito, parecia tê-los agradado. Talvez eles não fossem todos iguais.


Notas Finais


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