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História Entre Dois Amores - Capítulo IV


Escrita por: JuhMuniz

Notas do Autor


Olha eu aqui rss *-*

Bom eu iria postar só amanhã, mais o capítulo estava pronto,corrigido e já sabem,eu sou ansiosa. Queria agradecer mais uma vez os comentários que a fic vem recebendo, eu dou uns surtos aqui,porque esses comentários vem das autoras das fics que eu mais amo,e que particularmente escrevem muiiiiiito bem,então pra mim é uma honra. *-*

Leiam...

Capítulo 4 - Capítulo IV





A suíte nupcial era um sonho em branco, negro e ouro, desde o hall até o quarto, passando por uma ampla sala com visão panorâmica das Montanhas Rochosas cobertas de neve.

O estado de espírito alterado de Regina absorveu o bom gosto um tanto exagerado daquele espaço destinado ao amor, com um misto de culpa e tristeza.

Daniel a recebera carinhosamente, os olhos brilhando de felicidade e expectativa. Estava vestido com calça de veludo, mocassins e um pulôver branco que destacava ainda mais o castanho de seus cabelos, e o azul de seus olhos. Ele a beijara ternamente, e Regina sentira-se protegida, segura na normalidade e senso comum que aquele belo homem irradiava à sua volta.

— Onde está sua bagagem, querida?

— Em alguma parte do hotel — disse vagamente. — Mas isso logo será resolvido, não se preocupe.

— E como foi sua tarde depois que me deixou?

— Terrível.

— O enterro simbólico de seu ex-marido... Eu sabia. Devia ter insistido para que você não fosse.

— De qualquer maneira, eu não deixaria de ir.

Ele sorriu com admiração e ternura.

— Ah, minha querida Regina. Sempre leal e correta com todos. Você precisa aprender a se poupar, meu amor.

Sentindo-se péssima, ela caminhou até a janela panorâmica, procurando equilíbrio interior.

Daniel serviu duas taças de champanhe e veio postar-se á seu lado.

— Um brinde ao primeiro dia de nossa união.

Ela não podia evitar a cena e a oferta, mas sentia-se cada vez pior. E quando ele se curvou para beijá-la, Regina perguntou:

— Você jantou Daniel?

— Não — respondeu surpreso. — Estava aguardando sua chegada. Quer que eu ordene o jantar para ser servido aqui, na suíte?

— Não, não.

Ela olhava para o relógio de pulso evidentemente preocupada.

— O que você tem Regina... Está nervosa?

Como dizer àquele belo e doce homem o que estava ocorrendo? Como dizer que a poucos metros dali, Robin Of Locksley olhava para o próprio relógio, contando os minutos para irromper suíte adentro, explicando seus direitos de marido ressuscitado? Impossível, ela concluiu, com um suspiro profundo. Para ganhar tempo, afirmou:

— Sim... Estou bastante desgastada. Foi um dia e tanto. Mesmo assim, gostaria que jantássemos em um dos restaurantes do hotel.

— Perfeito, querida. Teremos todo o tempo do mundo para cearmos a sós.

— Obrigada, Daniel. Você é sempre tão compreensivo

Ela murmurou.

— Vou vestir algo conveniente para o jantar. Fique à vontade, já volto.

Ele a beijou uma vez mais.

Mal Daniel deixara a sala, Regina correu para a porta, abrindo-a Com o coração em sobressalto. O corredor estava vazio. O relógio de pulso acusava oito minutos decorridos de sua chegada à suíte nupcial. Ali parada, aguardou até perceber que Daniel deixava o quarto, vestido em um elegante black-tie.

— Onde você está querida?

Naquele exato momento, a porta do apartamento de Robin se abriu e ele assomou no corredor, cerca de vinte metros de onde Regina se encontrava. Sinalizando desesperadamente para que o primeiro marido recuasse, respondeu em voz alta a Daniel:

— Aqui no hall. Podemos ir?

— Você deve estar mesmo faminta.

Disse Daniel, ainda na sala, vindo em sua direção.

— Que lhe parece jantarmos no restaurante francês? Dizem que é excelente.

— É uma grande idéia —

Conseguiu dizer.

Robin havia se detido no corredor e, voltando sobre seus passos, entrara em seu apartamento, com um aceno de despedida e um sorriso maroto no belo rosto bronzeado.

Passear com Daniel pela área social do grande hotel foi para Regina talvez o único momento relaxante daquele estranho dia.

A caminho do restaurante francês, haviam se detido diante das vitrines das butiques, admirando sem pressa as novidades da moda de inverno. Ao contrário da maioria dos homens, Daniel não se entediava com aquele tipo de programa. Deixava-se levar de loja em loja, interessando-se por preços, lançamentos e a conversa profissional dos vendedores. Regina às vezes se perguntava se era real aquele interesse demonstrado por Daniel, ou apenas uma forma delicada de estar entre as pessoas. De qualquer modo era agradável estar assim á seu lado e receber de todos; uma atenção diferenciada, entre olhares de aprovação e admiração. Isso lhe trazia de volta a consciência de que ambos formavam um casal harmônico, elegante e charmoso.

Quando enfim chegaram ao restaurante, foram recebidos na porta pelo maitre, que os conduziu a uma mesa discretamente afastada e iluminada por velas. De lá, tinha-se uma visão de todo o espaço sem que estivessem expostos diretamente à curiosidade dos outros frequentadores.

— Um tratamento VIP faz bem de vez em quando.

Ele comentou com um belo sorriso... Continuou:

—Estimula nosso ego, você não acha?

— Nunca havia pensado sob esse aspecto, mas gosto de atenção e delicadeza.

Ela concordou.

O jantar transcorreu em um clima perfeito desde o Martini seco do aperitivo até o licor de nozes amargas, depois da sobremesa. Regina teve de admitir que tanto a cozinha como o atendimento fosse de primeira e, por uma hora inteira, esqueceu-se dos problemas que pendiam como uma lâmina afiada sobre sua cabeça.

Nunca, nos quatro anos em que conhecia Daniel, Regina o vira tão encantador. Ao contrário de seus hábitos, falava bastante e com espírito. Parecia muito feliz...

Com um suspiro resignado, ela dobrou cuidadosamente o guardanapo e preparou-se para destruir a perfeição do momento:

— Daniel... Você precisa saber de algo que ocorreu essa tarde...

— Sim, querida...

Os olhos Azuis como o mar, inocentes como de uma criança, buscaram os olhos chocolates de Regina. Um leve sorriso distendia aqueles lábios rosados, expondo os dentes pequenos e regulares, muito brancos.

Havia tal entrega e confiança em toda a atitude de Daniel que Regina simplesmente não conseguiu falar. Um nó travou sua garganta e as lágrimas subiram aos olhos. Sem contrair um só músculo de seu rosto perfeito, ela sentiu as lágrimas descendo em cascata, como se um registro interior houvesse sido aberto sem seu consentimento.

Assustado pelo inesperado da situação, Daniel tomou as duas mãos de Regina, dizendo:

— Você está exausta, meu amor. Foi um dia difícil, cheio de emoções...

— Sim — ela conseguiu dizer. — Mas é mais do que isso.

— Foi o funeral simbólico, não é verdade? Eu deveria ter desmarcado o casamento quando soube que as duas datas iriam coincidir.

Disse com arrependimento.

— Não, querido. Não teria sido justo para com os convidados e com todos os envolvidos na cerimônia.

— Que posso fazer para ajudá-la? — Ele ofereceu solícito. — Vamos, diga... Faria qualquer coisa para não vê-la assim.

— Qualquer coisa?

Uma luz de esperança brilhou nos olhos molhados de Regina.

— Sim, qualquer coisa — Daniel afirmava. Desde que pare de sofrer...

Tudo o que ela podia desejar naquele momento era jogar-se em uma cama e dormir a noite inteira. Seus nervos estirados ao máximo ameaçavam traí-la. O sinal evidente da falência de seu autocontrole fora a enxurrada de lágrimas que viera como do nada, ao leve estímulo de uma emoção.

— Eu preciso descansar.

Conseguiu dizer.

— Está tudo bem, querida. Podemos ir para a suíte agora mesmo.

Ele ofereceu inocente.

— Não... Você não entendeu... — Ela tentou. Recostando-se no espaldar da cadeira, Daniel fitou-a sem pressa. Era evidente que Regina estava à beira de uma crise de nervos, considerou. Fora um dia difícil para ela com o casamento e aquele malfadado funeral, de péssimo gosto, em sua opinião. E agora começava a perceber que a tão esperada lua-de-mel não aconteceria naquela noite, embora ardesse de desejos.

Esforçando-se ao máximo para dar naturalidade à voz, como se o fato não fosse de grande importância, disse:

— Fique tranquila,amor. Podemos adiar nossa noite de núpcias para amanhã. Você está exausta e, como já disse, temos todo o tempo do mundo.

Para enorme surpresa de Daniel outro surto de lágrimas sobreveio às suas palavras, enquanto Regina tentava falar entre pequenos soluços.

— Você é um anjo. Mas ainda não é suficiente.

— O que quer dizer?

— Quero ficar só — disse por fim. — Eu... Eu preciso, compreende?

— Não, não compreendo. — Quer dizer... Compreendo que você possa estar se sentindo assim. Mas o que quer que eu faça... Que providencie outra acomodação para mim?

Era evidente que mesmo para Daniel aquela solicitude era exagerada e que a idéia de passar a noite em um apartamento sozinho não o agradava nem um pouco.

— Não, não será preciso. Tomei um apartamento assim que cheguei ao hotel.

Ela confessou temerosa.

— Você fez isso? —

Perguntou espantado.

— Sim, fiz.

— E por que não me disse antes?

— Eu tentei...

— Está bem. Você tem seus motivos e não me cabe julgá-los. Faça como achar melhor.

Disse com uma voz da qual a solicitude e o carinho haviam desaparecido.

— Obrigada, Daniel! — Ela exclamou aliviada. — Não ousava esperar tanto de sua parte.

Ele a brindou com um pálido sorriso e acenou para o maitre, pedindo a conta. Todo o romantismo da noite se desfizera e a frustração era evidente em seu rosto de traços nobres.

— Posso ao menos saber qual o número de seu apartamento?

Perguntou depois de assinar a nota e ajudar Regina a se levantar da mesa.

— Eu prefiro que não saiba.

O rosto de Daniel tingiu-se de vermelho e foi com grande dificuldade que ele se controlou, dizendo:

— Como preferir.

E dando o braço a Regina, deixou o restaurante rumo ao saguão. Sob olhares admirativos e outros, invejosos, o belíssimo casal chegou até o elevador.

Sentindo-se a última das mulheres, ela o beijou nos lábios, dizendo:

— Aqui nos separamos Daniel. Muito obrigada por ser tão compreensivo.

— E quem vai primeiro... Você ou eu?

Perguntou tristemente lacônico.

— Você. Boa noite, querido.

Sem responder, ele entrou no elevador e manteve-se de costas para a porta até que ela se fechasse.

Com um suspiro, Regina foi até o bar e, acomodando-se em um banco alto, pediu um licor, no qual mal tocou.

O movimento no bar era médio e alguns casais conversavam baixinho entre si. Alguns homens solitários buscavam estabelecer contato visual com a bela desconhecida com a evidente intenção de aproximar-se. Ela os ignorou, acintosamente.

Alguns minutos mais tarde; tomava o elevador para o mesmo andar da suíte nupcial. Só que o destino era seu pequeno apartamento e a ampla cama solitária, que a aguardava como uma bênção.

O arqueólogo Rovin Of Locksley, dado oficialmente como morto pelas leis norte-americanas, estava bem vivo e saudável no apartamento que compartilhava com seu cunhado Killian, no luxuoso  hotel Portales, em Colorado Springs. Vivo e saudável, mas, atormentado, como se uma centena de formigas estivessem andando sob sua roupa. A consciência de que outro homem havia se casado com Regina e que poderia legalmente possuí-la naquela noite o deixava inseguro e furioso.

— Pare de andar de um lado para o outro, Robin. Assim você me deixa nervoso.

Disse Killian, sentado em frente à televisão.

—Faz quase duas horas que sua irmã desceu com o tal Daniel. O que estará acontecendo?

— Devem estar se divertindo enquanto permanecemos fechados aqui como dois idiotas.

— Talvez ela já tenha voltado para o apartamento — pensou em voz alta. — Vou ligar para lá.

— Outra vez?

De fato, na última hora, Robin havia tentado entrar em contato com Regina pelo telefone diversas vezes, sem sucesso.

— Sim. Ou você acha que devo verificar pessoalmente?

— Nem pensar. Estamos todos no mesmo andar, e você pode encontrar com Daniel.

— Ele não me conhece pessoalmente.

— Mas já viu dezenas de fotos suas. E da maneira como está vestido, queimado de sol, com os cabelos e barba enormes, só falta um cartaz pendurado em seu pescoço com os dizeres: "Antropólogo Desaparecido na Selva Amazônica Volta à Civilização".  Se eu fosse você não arriscaria.

— Estou tão mal assim?

— Olhe-se no espelho, homem. Estamos nos Estados Unidos da América, em um dos melhores hotéis cinco estrelas do país. Não no acampamento de um sítio arqueológico, nos confins da Terra.

Robin caminhou até o grande espelho do hall e mirou-se com atenção. Depois sorriu e disse ao cunhado:

— Eu vou dar um jeito nisso. Mas primeiro, uma última tentativa...E tomou o telefone nas mãos.

Para alívio e surpresa de Robin, Regina atendeu a chamada.

— Alô...

— Querida, é Robin. Como está você?

Perguntou ansioso.

— Com sono e precisando dormir — respondeu sonolenta e de mau humor. — O que quer?

— Saber o que aconteceu. Posso ir até aí para conversarmos?

— Não. Quero ficar sozinha e dormir um pouco.

— Mas diga-me ao menos qual foi á reação de Danuel ao saber que estou vivo...

— Ele ainda não sabe.

Ela confessou com desgosto.

— Por quê? O que houve?

— Não tive coragem de dizer a ele.

— Mas você prometeu...

— Robin, ouça-me bem... Se você não desligar esse telefone e me deixar dormir agora, juro que nunca mais falarei com você,entendeu?

— Perfeitamente.

— Boa noite, Robin.

— Boa noite, Regina.

Ele desligou o telefone com os olhos fixos em um ponto na parede oposta. Seu rosto demonstrava a preocupação que lhe ia por dentro.

— Algo errado?

— Julgue por você mesmo. Sua irmã não teve coragem de contar a Daniel sobre minha volta e não quer comentar o assunto.

— Regina está se arriscando muito. Diversas pessoas sabem que ela e Daniel estão hospedados neste hotel, embora não possam adivinhar que estão em espaços diferentes.

— Alguém pode ligar para Daniel, dizendo que eu voltei — Ele concluiu. — Seria uma enorme confusão.

— De qualquer maneira isso vai acabar acontecendo — sentenciou Killian. — É apenas uma questão de tempo.

— Eu não posso pressionar sua irmã mais do que fiz até agora.

— Por que não tenta dormir? Umas horas de sono não lhe faria mal.

— Eu não conseguiria. — Ele caminhou até a porta. — Vou tentar dar um jeito em minha aparência. Quer ir comigo?

— Não, obrigado. Vou encomendar um jantar e ver um pouco de televisão.

— Então até mais tarde.

Robin entreabriu a porta e examinou o corredor vazio. Então se dirigiu com passos rápidos para a escada e desceu um andar para tomar o elevador. Eliminava assim uma das possibilidades de se encontrar acidentalmente com Daniel.

Logo chegou ao grande salão da recepção, bastante movimentado àquela hora e informou-se no balcão onde havia uma barbearia no enorme complexo.

Pouco depois, sentado em uma confortável cadeira de couro reclinável, ordenava ao atendente solícito:

— Barba e cabelo. Serviço completo.

O homem, de baixa estatura e idade indefinível, olhou espantado para a farta massa de pêlos mal cuidados. Parecia não saber por onde começar.

— O senhor tem certeza? —

Perguntou com receio.

— Claro homem. Vá em frente.

Com a tesoura, o atendente começou a desbastar os fios mais desalinhados e, por fim, ganhando coragem, atacou a barba com vontade.

Fingindo-se distraído, Robin continha a vontade de rir ao ver os trejeitos no rosto delicado do atendente, principalmente os movimentos da boca, pequena e nervosa, que ele contorcia ao retirar os feixes de pêlo castanho-dourado, depositando-os em um recipiente de metal.

Cerca de dez minutos depois rodava a cadeira para que Robin contemplasse sua imagem no espelho. O riso contido por tanto tempo desatou-se em uma sonora gargalhada que fez o homenzinho estremecer.

A pele que ficara oculta sob a barba era branca, quase rosada, contrastando violentamente com o restante do rosto bronzeado pelo sol dos trópicos.

— Ficou ridículo.

Comentou, sacudindo-se em risos.

— Nada que duas sessões de quinze minutos de bronzeamento artificial não amenizem.

Apressou-se em dizer o atendente.

— Não se preocupe com isso. Você tem ainda os cabelos para cortar.

— E como vai ser?

— Curto.

— Certo.

O homem franzia a pequena boca daquele jeito nervoso.

Para o homenzinho foi outra maratona, mas logo Robin teve o duvidoso prazer de ver-se no espelho como mais um dos seres civilizados que estavam por ali. Ele continuava com a roupa de brim caqui que, depois do corte de cabelo e a retirada da barba, parecia mais estranha ainda, naquele ambiente sofisticado.

Apelando para o senso de humor que raramente o abandonava, Robin dirigiu-se às butiques masculinas, onde conseguiu encontrar algumas peças que não o desagradaram totalmente.

A moda havia mudado muito nos cinco anos que passara em meio à selva, mas os sapatos italianos e os ternos haviam mantido certo padrão de elegância desejável.

E foi com um terno azul-marinho, clássico, sapatos de couro pretos, camisa azul-clara e gravata bordo que Robin deixou a butique rumo ao bar. Precisava de uma bebida. Quanto à sua velha  indumentária, havia ordenado que a entregassem juntamente com as outras peças adquiridas, na manhã seguinte, no apartamento que ocupava com Killian.

O bar estava cheio de pessoas elegantes e despreocupadas, mas, mesmo assim conseguiu que o homem por detrás do balcão rapidamente o servisse de uma dose dupla de uísque escocês, de sua marca predileta.

Andando entre as mesas, com o copo envolto em cortiça nas mãos, Robin teve sua atenção atraída por uma bela morena,com um estilo extravagante e muito bem vestida,em seus cabelos continha algumas mexas cor de vermelho sangue, a mesma bebia em absoluta solidão. Parecia alheia a tudo e a todos ao seu redor. Havia uma cadeira vazia a sua frente, e ele se aproximou, perguntando:

— Eu também estou sozinho. Posso lhe fazer companhia?

Os olhos que se ergueram para Robin estavam avermelhados pelo pranto e um sorriso irônico brincava nos lábios muito vermelhos da bela desconhecida.

— Acho que você está fazendo besteira. Hoje não foi um bom dia para mim e estou de péssimo humor.

— Mesmo assim gostaria de arriscar. Meu dia também não foi nada fácil e solidão não é bem do que preciso no momento.

— Sente-se. Você deve ter um nome, não é mesmo?

— Robin... E o seu?

Ele acomodou-se, colocando o copo sobre a mesa.

— Ruby. Ruby Lucas.

— Muito prazer.

— Ouça Robin... Se você está procurando um programa ou algo assim, disfarce tome a sua bebida e vá embora. Você está falando com a pessoa errada.

— Não, Ruby. Quero apenas sua companhia para um ou dois drinques. Pretendo dormir cedo.

Respondeu, muito à vontade.

— Eu já estou no terceiro gim com tônica.

Ela confessou.

— Problemas?

— O sujeito que eu amo casou-se com outra mulher e estão nesse hotel, em lua-de-mel.

— E por que deixou que isso acontecesse?

— Ele trabalha comigo, é meu subordinado. Aliás, ambos são; ela também. — Ruby esvaziou o copo e acenou para o garçom, pedindo outro. — Acho que vacilei com medo de ser tomada pelo que não sou. Assédio sexual... Essas tolices.

O garçom aproximou-se e colocou outro copo em frente à bela loira, afastando-se em seguida.

Ela prosseguiu:

— Quando percebi os dois já estavam namorando e aí tudo se tornou mais complicado.

— Entendo. Mas deixe-me perguntar uma coisa, Ruby. Por que veio aqui? Quero dizer... Esse sofrimento todo me parece inútil.

— Eu sei que parece estranho. Coisa de masoquista... — Ela sorriu tristemente. — Mas a verdade é que quero vê-los juntos e felizes.

— Para quê?

— Para ver se vou suportar a convivência com ambos, dia após dia, no trabalho. — Talvez alguma coisa mude dentro de mim. Sei lá.

Ela disse alto demais.

— E se não mudar?

— Então terei de tomar uma atitude drástica.

— O que quer dizer com isso?

Perguntou preocupado.

— Vou vender minha parte na empresa e mudar de cidade. Talvez até de ramo de negócios.

Aliviado, Robin relaxou na cadeira.

— Talvez seja uma boa idéia, afinal .

Ele concedeu por fim.

— Ter vindo ao hotel ou mudar de cidade?

— Ambos, eu creio. Quando você expôs os fatos, pensei a principio em tragédia.

— Não sou desse tipo. Meu senso de ridículo mal suporta que eu esteja aqui, nessas circunstâncias.

— Compreendo. Você é uma pessoa interessante, Ruby... E isto não é uma cantada.

— Agradeço que não seja — ela continuava bebendo. —Muitos me julgam erroneamente por eu ser empreendedora e até mesmo agressiva no mundo dos negócios. — Mas na verdade sou tímida e frágil como uma donzela vitoriana.

— Uma donzela vitoriana do século vinte e um. Uma estranha combinação...

— Não é mesmo? — Ela ria já um tanto alterada pelo álcool. — E você. Que mistérios escondem atrás desses olhos azuis? É evidente que possuía uma bela barba há bem pouco tempo. Se está tentando mudar a aparência, é melhor se expor ao sol por algumas horas.

Ele sorriu divertido, passando a mão pelo rosto.

— É uma longa história e acho que você não se interessaria muito por ela.

— Vamos... Tente.

Ela o incentivou.

— Não, hoje não. Talvez amanhã, se nos encontrarmos. — Ele se pôs em pé. — Obrigado pela companhia e pela confidencia. Vou tentar dormir um pouco.

— Faça isso. Eu vou me embebedar um pouco mais.

— Cuide-se, Ruby.

— Boa noite, Robin.

Sem pressa, ele deixou o bar rumo ao elevador. O dia seguinte prometia ser repleto de emoções, e ele queria estar preparado. Afinal, a bela morena ou ruiva Ruby, não era a única cujo amor havia se casado com outra pessoa naquele hotel.

" Eu aprendi  algo sobre amor,ele não deixa de existir, ele muda,transforma,diminui,aumenta,mais esta sempre ali,escondido que seja,mais esta sempre ali...
Ele transforma?
Sim ele transforma! Se tivermos audácia e coragem... O amor,machuca,mais esse mesmo amor pode curar,é complicado afirmar tudo que venha do coração. É apenas uma questão de tempo."





Notas Finais


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