O clima de ansiedade dominava a sala, enquanto Tony e Pepper aguardavam Bruce falar sobre o assunto urgente que os trouxera ali. Selina obervava os dois, preocupada com o que se sucederia.
- E então? –Tony perguntou, – Você descobriu alguma coisa sobre James? Ele esta bem?
- Sim... – Bruce começou a falar, mas foi interrompido.
- V-você o viu? – Pepper adiantou-se, nervosa. – Nós encontramos uma imagem dele, na Itália... Eu não entendo. Onde você o encontrou?
Uma voz vinda da entrada da sala respondeu:
- Aqui em Gotham. Eu o vi. – Helena ainda estava com semblante de quem havia chorado muito. Tony encarou Bruce como se perguntasse por que ela estava tão abatida. Algo estava muito errado.
Pepper esperou que Helena sentasse junto a eles e pegou suas mãos, enquanto sorria, esperançosa.
- Você falou com ele? Ai, eu fico aliviada de que pelo menos ele esta bem e que falou com você.
A garota apertou os lábios. Não sabia como contar o que estava acontecendo.
- Senhora Stark, na verdade, nós não nos falamos...
- Por favor, me chame de Pepper. Eu não estou entendendo, Helena. Ele não veio aqui?
Helena desviou o olhar para o pai e Bruce entendeu. Ela não queria ter que dar a notícia para dois pais esperançosos de que seu filho se tornara outra pessoa.
- James não reconheceu a Helena, nem mostrou qualquer sinal de que alguma vez a vira. – Bruce falou, por fim.
- Ele perdeu a memória? Era isso que você queria nos contar? – Stark indagou, sem entender.
- Nós não achamos que ele simplesmente perdeu a memória.
Pepper olhou de um para outro, na sala:
- Eu não estou entendendo. Por que vocês estão falando desse jeito? Se vocês o viram, por que vocês não nos avisaram, teríamos vindo imediatamente!
O que estava por vir não era nada bom.
- Há alguns anos atrás, uma garota decidiu fazer justiça com as próprias mãos e travou uma guerra contra mafiosos. Ela se autodenominou Caçadora e desde então, tem matado criminosos com as próprias mãos.
- Sim, eu ouvi falar... Mas o que ela tem a ver com meu filho?- a impaciência de Tony Stark já estava à flor da pele. Bruce continuou não se alterando:
- Ultimamente ela não tem trabalhado sozinha. Um novo justiceiro a acompanha em suas investidas: um homem jovem, mais forte do que Bertinelli e mais violento em seus métodos, que incluem... Tortura. Ele se denomina como Vingador e identifica cada um de seus alvos pelos crimes que cometeram, assim como a pena.
Silêncio.
- E é por esse motivo que precisávamos conversar. James nunca esteve aqui em nossa casa. Eu o encontrei ontem, junto à Caçadora, em uma perseguição contra um mafioso chamado Mandrágora. James é o Vingador.
Imediatamente, Pepper perdeu os sentidos, enquanto Tony continuava paralisado.
- --
Hospital Filantrópico, Instituto Souks
Bertinelli estava na sala de espera da ala pediátrica, pensando no que faria a seguir. Aquele pobre menino não tinha onde morar. Não tinha família, muito menos um lar. Ela sabia exatamente qual era a sensação de estar completamente sozinha no mundo.
- Senhora, nós precisamos de sua identificação para que possa vê-lo. – uma enfermeira simpática falou, com o prontuário na mão.
- Tudo bem, aqui esta- entregou uma identidade falsa e sorriu para a senhora uniformizada. – Eu sou a tia dele. Não fazia nem ideia de que ele estava nas ruas, até o que aconteceu ontem...
- Ainda bem que a senhora veio. Nós entraríamos em contato com as autoridades no final do dia, porque ele não tem para onde ir... Ele esta no quarto cinco. – sorriu e deixou-a sozinha para atender outros pacientes.
Bertinelli entrou no quarto e encontrou o garotinho, tomando um copo de suco, com o olhar ainda assustado.
- Oi- se aproximou da cama, enquanto colocava o dedo em cima dos lábios, pedindo para que conversassem em voz baixa- Você lembra de mim?
O garotinho olhou-a por alguns segundos. Bertinelli retirou o casaco, mostrando o braço enfaixado.
- Você é a moça pulou na água! Você me salvou, não? – ele mostrou um leve sorriso
- Sou eu sim. Na verdade, alguém nos salvou. Nós dois.
- Sério? Foi o Batman, não foi? Eu sempre quis ver ele!
Ela achou cômica a empolgação do menino.
- Foi um amigo dele. – Ela sentou na cama- Escuta, seu nome é Oliver, não?
- É. E eu não sei qual é o seu.
Ela pensou por alguns segundos se deveria ou não falar a verdade.
- Meu nome é Helena. Helena Bertinelli. Mas, você vai ter que me prometer que não vai contar pra ninguém que me chamo assim, tudo bem? Eu disse para a enfermeira ali fora que sou sua tia e que me chamo Regina, ok?
O menino sacudiu a cabeça.
- Obrigada... Oliver, onde você mora?
- Ahn, eu durmo em uma praça às vezes, ou quando esta frio eu vou pra um... Esqueci o nome- coçou a cabeça, confuso.
- Abrigo?
- Isso! Mas, eu não gosto de lá. É fedorento e os garotos maiores pegam minha comida.
- Eu entendo... Você tem pais?
Oliver baixou a rosto.
- Eu não tenho pai e minha mãe morreu quando eu era pequeno.
Bertinelli suspirou. O mundo era muito, muito cruel. Lutar para sobreviver à maldade, ainda muito cedo. Ela sabia o que era isso.
- Oliver, você gostaria de ter um pai e uma mãe?
- Um pai e uma mãe só pra mim? – o brilho nos olhos da criança fez com que o coração de Bertinelli se apertasse.
- Sim, Oliver. O que você acha?
Ele sorriu talvez como nunca sorrira em toda sua vida ainda jovem.
- Eu vou ser adotado?
- Eu acho que sim, eu vou levar você para conhecer seus novos pais.
Nesse momento, um médico entrou no quarto para olhar o prontuário.
- Tudo bem aí, garoto? – perguntou, simpático.
- Ahaam! Essa aqui é minha tia, sabia?
Bertinelli sorriu para o médico.
-Eu sou a Regina. Soube apenas hoje que ele estava aqui... – mostrou em seu semblante que realmente estava preocupada com o menino.
- Muito prazer. Sou o doutor Krane. Se precisarem de algo, podem me chamar.
Ela agradeceu e o médico foi embora.
Oliver olhou, curioso, para a mulher a sua frente:
- Helena... Você é uma heroína, tipo, que nem o Batman?
Ela sorriu levemente.
- Não, Oliver. Não exatamente.
- - -
Mansão Wayne
Pepper acordou deitada em uma cama. Sua mente demorou um pouco para recobrar o que tinha acontecido. Selina entregou-lhe um copo de água e colocou uma bandeja com chá ao lado da cama.
- Obrigada- sua voz estava cansada- É verdade? O meu filho virou um assassino? O meu filho?
Selina não respondeu nada. Como mãe ela sabia o quão terrível deveria estar sendo para Pepper. Depois de tudo que acontecera, depois de todo sofrimento por causa do sequestro, ela ainda teria que suportar essa situação.
- Ele não é um assassino. Eu tenho certeza disso. – Helena estava sentada ao lado da cama- Nós não sabemos o que aconteceu, de verdade. Mas é provável que ele esteja sofrendo de algum distúrbio dissociativo. Outra personalidade esta fazendo isso. Não James. Ele é uma das pessoas mais doces e gentis que eu já conheci, Pepper. Mesmo quando estávamos nos recuperando daquele inferno, ele se preocupava comigo. Nunca me culpou pelo que tinha acontecido.
A herdeira dos Wayne abriu o casaco que vestia e mostrou a plaquinha que carregava como pingente.
- Ele me deu isso, quando eu estava ainda no hospital, pra lembrar o quão forte tínhamos sido e que passamos por aquilo juntos. Eu sei que o James de verdade ainda vai voltar.
Pepper olhou-a, tentando controlar o choro, mas totalmente em vão.
- Eu não acredito que isso esta acontecendo! Eu devia ter desconfiado daquela mulher! Eu... deixei ela entrar na minha casa... – começou a soluçar, aos prantos – Eu sou uma péssima mãe.
Selina a abraçou.
- Você não é uma péssima mãe, ok? E eu não posso imaginar o quão difícil isso esta sendo... Mas ele vai voltar. Quando ele finalmente se recuperar do que aconteceu, tudo vai voltar ao normal. – A ruiva respirou fundo e Selina a encarou - Quando eu já estava quase perdendo as esperanças de voltar para casa, tudo se resolveu. E agora estou aqui. Às vezes nós só precisamos ter um pouco de paciência.
- Por quanto tempo? Eu não aguento mais não poder vê-lo...
- Eu sei. – Selina sabia de verdade como era não saber se veria sua filha novamente – Olha, nós não nos conhecemos muito, mas nossos filhos sobreviveram juntos a uma tragédia. Você não precisa passar por isso sozinha. Nós vamos fazer de tudo para que o James volte pra casa.
- - -
No andar de baixo, Tony a recém tinha começado a se acalmar. Depois de esbravejar todos os impropérios possíveis contra si mesmo (por ter não ter evitado que James fosse embora de casa com Bertinelli) e contra Bruce (simplesmente por estar com raiva), começou a pensar racionalmente:
- Ele já estava envolvido nas missões dessa garota, antes de ir embora, o que quer dizer que ele quis ajudá-la... Talvez quisesse acabar com o mesmo tipo de pessoa que Slade Wilson. Mas o meu filho jamais mataria uma pessoa, mesmo sendo um criminoso... Ele jamais faria isso. – Bruce apenas acompanhava seu raciocínio, em silêncio- Não interessa se ele tem outra personalidade por causa do trauma ou se fizeram isso com ele, eu preciso trazê-lo de volta. Os melhores médicos e psicólogos poderiam curá-lo, eu só preciso trazer ele de volta.
- Nós n- Bruce precisava explicar que as coisas poderiam não ser tão simples assim, mas sua fala foi cortada.
- Eu sei, Wayne. Eu sei o que você ia dizer. Se ele agora tem uma personalidade que é capaz de matar e torturar... Ele poderia ser um risco muito grande para quem se aproximar. Mas, eu não me importo com isso. Definitivamente não me importo. Ele é o meu filho e eu vou até o inferno por ele. – Stark caminhava de um lado para outro na sala, era muita coisa dentro da sua mente.
- Mas, ainda assim, se formos atrás dele agora abertamente, até o encontrarmos, seria muito arriscado. Ele pode se tornar alvo fácil. O desaparecimento dele já esta sendo suspeito, se descobrissem o que realmente esta acontecendo...
- Ele poderia ser condenado à prisão perpétua. – Bruce completou.
- E eu nunca, nunca me perdoaria por isso. - sua raiva aos poucos estava dando lugar à tristeza novamente.
- O que você considera o melhor a fazer agora?
Tony respirou fundo.
- Esperar até que eu saiba onde ele esta e trazer meu filho de volta, em segurança.
Bruce concordou, era exatamente o que tinha pensado.
- Stark, você salvou a vida de Helena e eu devo minha gratidão a você por isso. Vamos trabalhar juntos para que cada detalhe da nossa busca seja o mais silencioso possível. Eu juro pela minha honra que vamos trazê-lo de volta.
Os dois apertaram as mãos em símbolo de comprometimento. Starks e Waynes estavam agora unidos no mesmo propósito.
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