História Entre Herdeiros (Pausada) - Tinha, não tem mais.

Carson Walker

Las Vegas - Estados Unidos

08h34min

― Eu vou lhe dar duas opções ― falei enquanto andava em volta da cadeira onde permanecia amarrado o meu mais novo desafeto. ― você pode me contar quem mandou você agora ou ― dei uma pequena pausa e parei em sua frente enquanto admirava a faca prateada em minhas mãos ― eu posso te obrigar a falar. ― sorri sínica cortando o pano fino de sua camisa deixando seu peito totalmente desnudo, ele era um homem muito bonito, seria até um crime mata-lo e com certeza era. ― E tenho que te confessar que a segunda opção é a que mais me atrai.

― Vai se ferrar. ― o moreno esbravejou e eu fechei a cara.

Até quando eu tento ser gentil, eles preferem me deixar com raiva.

― Você não é um bom menino sabia? ― disse alisando seu rosto com o lado da faca enquanto ele se espremia na cadeira ― Eu poderia cortar a sua língua agora mesmo por me tratar assim, mas eu preciso que ela esteja dentro da sua boca, ― segurei seu queixo e cravei meus olhos nos dele ― por enquanto.

Soltei seu rosto e andei batendo minhas botas pesadas no piso até o tacho onde havia colocado fogo minutos atrás. Grandes chamas intensas e quentes brotavam de dentro causando um enorme calor ao redor. Coloquei a luva que estava sobre a bancada de pedra ao lado e agarrei o ferro que estava lá dentro.

― O que você vai fazer? ― ele se manifestou de olhos arregalados encarando a ponta do ferro onde tinha um “C” que estava na coloração vermelha por conta do tempo no fogo. Sorri maliciosa ainda de costas para ele. Na minha mente passavam-se mil coisas a se fazer com um maldito que resolveu me roubar mais uma carga. Mas, eles nunca aguentam, sempre morrem antes.

― Vou provar pra você que eu não estou brincando. ― respondi andando até ele ― Lindo “C” não é? ― parei na sua frente e aproximei o ferro do seu rosto.

― Você é maluca ― me encarou desesperado ― tira isso de perto de mim. ― pediu enquanto tentava soltar suas mãos das algemas que as prendiam nas costas, o que era impossível, claro.

― E o que eu ganho em troca? ― sorri afastando um pouco o ferro de seu rosto.

― Meu pau na sua boca, sua vadia miserável. ― respondeu debochado me fazendo fechar a cara.

― Sabe em outras circunstâncias ― puxei seu cabelo com violência fazendo sua cabeça pender para trás e aproximei meu rosto do seu sentindo sua respiração ofegante ― eu até aceitaria sua proposta.

Ergui o ferro na altura da sua testa vendo seus olhos esbugalhados me encarando, eu adorava essa parte, quando eles começam a gritar e chorar iguais uns bebezinhos. Grudei o ferro quente na sua pele fazendo-o urrar de dor e mexer a cabeça tentando tirar, mas continuei segurando firme em seus cabelos não dando chances para que ele escapasse até que seu corpo se enfraqueceu e ele desmaiou. Desgrudei o ferro dele vendo uma perfeita letra C desenhada em sua testa.

― Vadia miserável é a sua mãe, seu cretino.

Soltei seu cabelo, sua cabeça pendeu para frente por ele estar desacordado. Devia ter pensando bem antes de tentar me roubar. Peguei um litro de água que estava no chão e me aproximei dele jogando em seu rosto, enquanto ele voltava aos poucos á realidade. Deixei o litro vazio de lado e voltei minha atenção para faca que tinha em mãos mais cedo. Sorri ao ver que ele me encarava amedrontado.

― Você já tem algo para me contar? ― Ele continuou calado, fazendo meu sangue subir novamente. ― Quando eu te perguntar algo ― fiz um corte profundo em sua coxa fazendo-o gemer de dor. ― RESPONDA. ― Segurei firme seu rosto com uma mão cravando minhas unhas na sua pele, ergui fazendo-o ficar cara a cara comigo. ― Eu vou te dar mais uma chance, quem mandou você? ― perguntei entre dentes.

― Justin Bieber. ― respondeu com os olhos fechados tentando se desvencilhar da minha mão.

― Justin Bieber? ― ri soltando seu rosto e me apoiando nos encostos da cadeira, observei sua face enquanto o analisava. Seu nariz sangrava um pouco, escorria suor pelas laterais da sua cabeça e seu maxilar estava trincado enquanto ele me devolvia um olhar furioso. ― Porque eu tenho a impressão de estar sendo enganada? ― perguntei estreitando meus olhos e virando a cabeça um pouco de lado, tentando adentrar em sua mente.

― O que? ― sua feição agora havia mudado para preocupado ― Eu estou falando a verdade. ― tentou me convencer, mas não conseguiu.

― Acho que não. ― Cravei minhas unhas no corte da sua perna enquanto ele gritava e me pedia para parar. ― ENTÃO FALA! ― apertei mais.

― KASTIEL, ― gritou gemendo enquanto eu perfurava ainda mais sua perna com minhas unhas ― FOI ELE, EU JURO!

Tirei minha mão ― que agora estava toda suja de sangue ― da sua coxa, enquanto ele controlava sua respiração, limpei meus dedos na sua própria camiseta deixando várias manchas vermelhas.

 ― Poderia ter sido menos doloroso pra você. ― me distanciei um pouco dele ― Mas, vocês são todos iguais, só funcionam quando estão sobre pressão. ― me inclinei ficando na sua altura e depositei um selinho de leve nos seus lábios enquanto encarava seus olhos verdes. ― Você tinha olhos lindos sabia? ― sorri maliciosa enquanto ele me encarava sem entender.

― Tinha? Como assim? ― engoliu seco.

Deslizei a lâmina da faca em seu pescoço fazendo seu sangue jorrar para fora de seu corpo manchando toda sua roupa enquanto se afogava e tentava respirar, mas de nada adiantava. Poucos agoniantes segundos depois sua cabeça pendeu para trás e o ar de morte ecoou por todo o porão.

― Tinha, não tem mais.

...

Abri a porta e subi as escadas deixando o corpo para trás. Quando estava na metade dos degraus pude avistar Jason que me esperava no final da mesma, como sempre.

― E aí? ― perguntou assim que cheguei lá em cima.

― Kastiel.

― De novo? ― perguntou indignado ― Esse cara não cansa?

― Pelo visto não. ― respondi fazendo-o respirar fundo enquanto eu limpava os resquícios de sangue que estavam em minhas mãos.

― E o maldito lá embaixo? ― arqueou uma sobrancelha.

― Não vai me incomodar mais, pode ter certeza. ― ri e entreguei o pano para ele. ― Eu quero que você arrume uma caixa dessas de presente pra mim.

― Pra que? ― me olhou curioso e eu ri.

― Vou mandar a cabeça dele de presente pro Kastiel.

― Tem certeza que vai fazer isso? ― me olhou com apreensão.

― Vou, qual o problema? ― respondi séria.

― Nenhum. ― estendeu suas mãos para cima.

― Foi o que pensei. ― respondi com superioridade ― Eu vou tomar um banho, assim que eu sair eu quero a cabeça daquele idiota dentro de uma caixa de presente no meu escritório. ― falei andando em direção à escada que levava aos quartos.

― Onde eu vou encontrar uma caixa dessas? ― perguntou revoltado.

― Se vira. ― dei de ombros e subi a escada deixando ele para trás.

Entrei no quarto já me livrando da blusa branca que vestia, das botas junto com as meias e depois da calça jeans. Entrei no banheiro tirei minha roupa íntima e logo entrei embaixo da água quente sentindo um alivio em todos os meus músculos.

Coloquei a cabeça em contato com a água, enquanto as gotas quentes percorriam todo meu rosto e minha mente funcionava a mil por hora.

Eu não sabia mais o que fazer para parar Kastiel. Já era a segunda carga de cocaína que ele havia me roubado só nesse mês, e se não fosse por Jason e Derek estarem seguindo o caminhão com certeza ele teria levado a última também. Eu precisava encontrar um jeito de tirá-lo do meu caminho o quanto antes, meus prejuízos só estavam aumentando e tenho certeza que ele estava se divertindo com isso.

Terminei meu banho em meio a milhões de pensamentos. Sequei meu corpo e vesti um lingerie branca colocando um vestido da mesma cor de mangas compridas não tão colado, mas que delineavam muito bem o meu corpo. Coloquei um sapato verde de salto alto e bico fino, sequei meu cabelo deixando-o meio bagunçado, passei um batom claro e uma mascará de cílios depois segui o caminho para o meu escritório.

Jason estava sentado na poltrona á frente da mesa, Derek no sofá e Alana com a cabeça deitada em seu colo.

― Fez o que eu mandei? ― perguntei assim que fechei a porta.

― Sempre. ― Jason respondeu colocando uma caixa vermelha que estava no chão em cima da mesa.

― Maravilha. ― me sentei na minha cadeira e vasculhei uma das gavetas da direita. Peguei um dos cartões em branco que eu usava para deixar lembretes pros meus funcionários quando saia. Agarrei uma caneta e comecei a escrever no mesmo.

― O que você tá fazendo? ― Jason perguntou se erguendo um pouco na cadeira, ignorei sua pergunta vendo-o revirar os olhos e se sentar novamente. Assim que acabei de escrever me dispus a ler em voz alta.

― Querido Kastiel. Estou lhe devolvendo algo que te pertence com apenas algumas mudanças á minha maneira. Espero que faça bom proveito do meu presente. Com amor “C”.

― Ele vai ficar uma fera. ― Alana comentou se sentando no sofá.

― Esse é o objetivo. ― respondi prendendo o cartão no elástico que rodeava a caixa.

― Ele vai mandar te matar Carson. ― Derek se pronunciou descontente.

― Eu vivo a base de ameaças vinte e quatro horas por dia, mais uma menos uma pra mim não faz diferença. ― dei de ombros.

― A única diferença é que é o Kastiel, ele nunca deixa barato uma afronta, você sabe disso melhor do que ninguém. ― falou com a cara amarrada.

― Eu não tô com saco pra discutir com você, então fecha a boca. ― cortei o assunto, já cansada. Meu dia não foi dos melhores, não estava a fim de começar uma briga.

― É só o que você sabe fazer não é mesmo? Mandar os outros calar a boca, porque não gosta de ouvir a verdade. ― levantou do sofá bravo.

― Nada do que você diga vai me fazer mudar de ideia. ― me alterei levantando também da cadeira.

― Dá pra vocês se acalmarem? O inimigo aqui é o Kastiel. ― Jason se levantou também tentando acalmar os ânimos.

― Você vai acabar se arrependendo disso. ― Derek falou com a voz um pouco mais calma e depois saiu batendo a porta me fazendo bufar.

― Eu vou falar com ele. ― Alana disse levantando do sofá e indo atrás dele.

― Pensando bem, eu acho que ele tem razão Carson. ― Jason se pronunciou assim que a sala estava vazia.

― Você também? ― perguntei com raiva ― Saí daqui saí, pra eu não descontar toda a raiva que eu tô sentindo em você. ― completei me sentando novamente. ― Há, e leva essa caixa e faz o que eu mandei. ― Ele balançou a cabeça negativamente e obedeceu sem retrucar.

Respirei fundo acalmando meus nervos assim que todos saíram. Talvez eles pudessem estar certos, só talvez. Qual é o problema de jogar um pouco? Kastiel não fez isso comigo várias vezes? É minha hora de dar o troco e parece que ninguém me apoia. Eu tenho certeza que meu pai faria o mesmo.

Passei a manhã toda enfurnada no escritório e almocei por lá mesmo. Meu celular tocou umas cinco vezes, número restrito por isso não atendi. Não estava com paciência para aturar ninguém, a única coisa que eu queria era paz.

― CARSON!

Esqueci que é impossível ter paz por aqui.

Ergui o olhar dando de cara com Alana que estava ofegante parada diante da minha mesa me deixando assustada. Pela cara dela coisa boa não era.

― Que foi? ― perguntei curiosa.

― Você não sabe... Quem está aí fora... Querendo falar com você. ― respondeu pausadamente enquanto controlava sua respiração.

― Quem? ― Perguntei interessada.

― Justin Bieber.