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História Entre Lábios e Cigarros - Capítulo Único


Escrita por: Darleca

Notas do Autor


✩ História Original;
Minha primeira one-shot original, portanto, os personagens e cenários, assim como o enredo, me pertencem!

✩ Yaoi;
Trata-se de um romance homo afetivo.
Se não possuí mente aberta, caía fora daqui.

✩ Linguagem Imprópria;
Não reclame dos palavrões nessa fic, pois trata-se de diálogos informais entre dois jovens-adultos. Se você não se sente bem com palavrões que ouvimos no cotidiano em alguma leitura, aconselho-te a não ler essa one-shot.

✩ Cena de sexo explícita, não recomendável para menores de 18 anos. Favor, obedecer a classificação.

✩ Fanfiction sem fins lucrativos;
Não há qualquer tipo de obtenção de lucros devido as citações de marcas de consumíveis.

✩ Imagem de capa não me pertence, a recolhi nos campos esverdeados do Google. Só a editei.

✩ Plágio;
substantivo masculino
1. ato ou efeito de plagiar.
2. jur. apresentação feita por alguém, como de sua própria autoria, de trabalho, obra intelectual etc. produzido por outrem. Portanto, é crime, conforme previsto no Código Penal Brasileiro, em vigor, no Título que trata dos Crimes Contra a Propriedade Intelectual, crime de violação de direito autoral – artigo 184 Lei nº. 9.610/98.

✩ Olá, amorecos e amorecas!

Espero que curtam esse amorzinho de fic Yaoi que escrevi. Ela é bobinha, mas feita com muito carinho. Meu primeiro casal original que sempre quis ter e shippar. Sonho realizado!

Narrativa em primeira pessoa e dividida com as visões dos personagens principais. Torço para que essa explicação seja efetiva.

No mais,

Boa leitura!

Capítulo 1 - Capítulo Único


Fanfic / Fanfiction Entre Lábios e Cigarros - Capítulo Único

•°๑ M u n d o  I n j u s t o — P a r t e: I ๑°•

A L A N

Abri a porta de aço frio com força, irritadiço, e saí. Estava há 2hs fazendo aquele serviço e já estava de saco cheio do Sr. Bigode, chefe de cozinha escroto, que só abriu o berreiro comigo, o novato, claro.

A brisa e o frescor da noite daquela sexta-feira não ajudaram em nada a melhorar meu estado. Precisava de um cigarro, isso sim me ajudaria.

Minha mente entorpeceria instantaneamente na primeira tragada, sentiria meus músculos relaxarem enquanto estivesse com a fumaça presa e dominando todo o espaço de meus pulmões, intoxicando minhas vias respiratórias com a nociva substância que, desde que comecei a trabalhar na festa dos “granfinos”, meu corpo clamava.

E antes que pudesse me deleitar com a sensação que imaginei, o escroto apareceu para falar mais bosta.

— Não vou admitir esse tipo de comportamento, serviçal — Pois é, precisou me ofender de alguma maneira e usou a minha função. Que grande babaca. — Estragou um dos alimentos mais caros dessa cozinha e ainda se acha no direito de não ouvir a bronca?

Acendi meu cigarro e traguei. O que poderia fazer? Não fazia a menor ideia que aquela merda preta que fedia era o famigerado caviar.

Como essas pessoas conseguem comer esse troço? E só de lembrar que joguei um pote inteiro no lixo achando que estava podre, quase me deixou escapar uma risada... de nervoso.

Me contive ao me lembrar que precisava desse emprego, estava há 3 meses sem pagar o aluguel e a qualquer momento seria despachado.

Trabalhar em festa de gente rica por um dia era uma das maneiras mais rápidas de se ganhar dinheiro honestamente. Senão, o jeito seria me prostituir por aí. Não... nem de brincadeira.

Nessa hora, não me dei conta que o Bigode havia saído, mas ouvi a porta sendo aberta novamente e o meu sangue subiu de imediato. Me deixam fumar em paz, porra!

— ESTOU DE PAUSA, CARALH... — Puta merda! Congelei. Ferrou.

Nota mental: sempre olhe antes de explodir com alguém que não deveria ouvir merda alguma que você pretendia vomitar, porque esse alguém pode ser a pessoa que contratou seus serviços.

Vou ser demitido.

— Desculpa-me, não tinha a intenção de atrapalhar o seu intervalo. Queria fugir um pouco da festa...

Esse aí era o motivo da comemoração; o filho graduado que dava a festa. O “patrãozinho”.

— Desculpa, não queria... ter gritado. Pensei que fosse outra pessoa. — Me senti ridículo e a gagueira quase me fez engasgar com a fumaça.

Espera aí... Ele estava... Sim, estava sorrindo e falou um “tudo bem” quase inaudível.

Bom, se estiver bêbado, não vai lembrar da minha cara e sequer que gritei com ele, menos mal.

E olhando direito para o playboy, parece ter a minha idade, na faixa dos 20 e poucos anos. Claro, ele é bem mais sofisticado que eu, obviamente, e aparentemente menos arrogante que os jovens que cagavam grana que a gente costuma ver por aí.

— Posso? — Perguntou, apontando para o cigarro em minha boca.

Cacei o maço e o isqueiro no bolso do uniforme e os ofereci. Ele os pegou com certa preguiça.

Eu podia jurar que esse cara parecia um pouco, sei lá... decepcionado? Seria com a marca? Não posso fazer nada, cara. O preço dos cigarros hoje em dia está pela hora da morte, comprei o mais tóxico e barato que podia.

— É a primeira vez aqui, certo? — Voltou a falar depois de agradecer com o menear de cabeça o cigarro, me devolver o maço e o isqueiro e tragar aquela merda.

— Sim e provavelmente será a última. Chef Gustav não me pareceu muito feliz com o fato de eu ter jogado fora um pote cheio de caviar... — Por que contei? Estava pensando aqui; o Bigode devia ter contato a ele o que aconteceu e por isso, o patrãozinho estava ali, só podia ser.

Ele não estava bêbado, só usou a desculpa da “fuga” por ser mais educado que o chefe escroto. Me preparei para ouvir outra bronca, quando veio uma gargalhada.

— Ah, foi você... Não se preocupe com isso, a festa não vai acabar por conta de um caviar de 3 mil reais. Gustav é um dramaturgo nas horas vagas, portanto, a reação dele é bem exagerada... às vezes.

O quê?! Aquela porcaria custava 3 mil reais?! Fiquei branco, com certeza! E ele deve ter percebido minha reação, não tirou aquele sorriso da cara.

E entendi o porquê... Tudo era uma grande farsa. Eu seria morto! Ele só estava me distraindo enquanto os capangas estariam me cercando. Com certeza iriam me amarrar, espancar e eu pagaria com a vida aquele pote de caviar.

— Qual é o seu nome? — Tragou mais uma vez, demorando para soltar a fumaça. Fechou os olhos e parecia curtir o efeito inebriante do cigarro. As mechas lisas dos cabelos negros deram passagem ao rosto jovial e meio pálido.

Eu estava congelado e ansioso. Esperava ver alguma expressão malévola surgir daquele semblante, só para me sentir menos idiota.

— Olha, realmente não sabia que custava tão caro e que se comia aquilo! — Era impossível não entender como (in)direta, falar justamente o preço daquela merda para mim sem propósito? Não existe! Como vou pagar isso, velho?!

— Hey! Sério, está tudo bem — me interrompeu, colocou a mão do cigarro em meu ombro e segurou com uma firmeza que não aparentava ter. — Temos mais 10 potes daquele, não tem que se preocupar. Mas, me diga, qual é o seu nome?

Tá de sacanagem comigo... 30mil em potes de merda de peixe?

— Alan. — Ainda estava pensando no valor quando disse meu nome, até eu percebi que soou meio estranho, como se não quisesse falar meu próprio nome. Mas, ele nem ligou para isso.

— Prazer, Alan. Sou Edgar. — Ele sorriu, havia terminado o seu cigarro. O meu também.

•°๑ M u n d o  I n j u s t o — P a r t e: II ๑°•

Como esperado, o dia do pagamento chegou e eu recebi só a metade do combinado. É claro que reclamei, embora sem razão alguma.

— Quem você pensa que é, moleque?! — Bigode levantou da cadeira e se apoiou na mesa. Coitado, achou mesmo que me intimidava com aquele teatro. — Deveria agradecer por ainda ter recebido a metade! Por mim, estaria no olho da rua no segundo seguinte após ter arruinado meu trabalho!

— Que merda você está falando? Tinha mais 10 potes daquela porcaria! — retruquei quase aos berros para fazê-lo entender, mas a situação só piorou.

A cara que ele fez foi meio de terror, não sei.

— Oh! — Ou realmente se ofendeu muito com o que eu disse ou era pose de ator, como o cara de ontem havia dito. — Saia já daqui! Nunca mais contrataremos os seus... — Sr. Gustav parou de falar como se avistasse um fantasma atravessar a porta.

Acompanhei seu olhar até me deparar com o cara de ontem, Edgar, já próximo a mim, o que me assustou. Em que momento que esse cara entrou na sala?

— Gustav — começou ele —, não há necessidade de ser tão cruel. Você sabia que era o primeiro dia do rapaz e que ele deveria ter sido instruído adequadamente. Além disso, não acho que ele simplesmente pegaria um pote de caviar sem que alguém o tivesse ordenado. Inocentemente, acreditou que aquilo estivesse estragado, pois não houve o devido acompanhamento de chefe para com o funcionário. O que me diz de pagar ao rapaz o salário combinado e de o senhor ter o salário reduzido à metade pela má gestão na cozinha?

Eu tinha um advogado?! Precisava registrar a face de derrota e puro choque do Bigode. Reunir forças do subconsciente para não cantar vitória e mandá-lo tomar naquele lugar. Limpei a garganta antes de dizer:

— E, então, Sr. Gustav, como é que vai ser? — Só queria pegar a grana, vazar dali e pagar meu aluguel. A locadora me deu o prazo para regularizar minha situação. A metade da grana já me ajudaria – sendo bem otimista e contando com o bom humor da velha que me aluga o quarto –, mas ter o FULL na mão, seria lindo demais! E fiquei esperando.

Bigode suspirou e pegou o celular do bolso. Falou com o patriarca da família do cara que tentou me ajudar, o que gerou uma situação bem estressante entre eles. Fiquei de espectador.

O resultado: meu salário foi reduzido e nunca mais serei contratado por Gustav. Edgar, assim como entrou, saiu da sala; num completo silêncio sem ninguém perceber.

Encontrei o cara que me ajudou na porta da frente da casa, o sol estava começando a surgir em meio ao céu nublado daquele sábado preguiçoso.

— Tem cigarro? — A família tem grana para gastar mais de 30mil reais em ovas de peixe, mas não compra a porra de um cigarro p'ro filho?! Mundo injusto, não?

— Um fumante rico que pede cigarro para um pobre, onde está a justiça nisso?

— Não é questão de justiça. É questão de gosto. — Pegou o maço da minha mão. Acendeu o cigarro, atrevido.

Não entendi qual foi da resposta dele. Só percebi que ele soou estranho, meio bravo. Não comigo, claro. Com a situação anterior.

Tragou a fumaça como se precisasse dela para viver. Será que era um dependente químico e que eu estava fodendo com o processo de recuperação dele? Mudei de assunto, mentalmente.

— Obrigado pela ajuda... Pela tentativa de ajuda. Bem, a intenção valeu para mim.

Edgar demorou um pouco para reagir ao meu agradecimento, mas o fez; sorriu como se estivesse embriagado. Olhos apertados e maçãs do rosto contraídas. Os cabelos estavam presos, dessa vez... E eu prestei atenção em detalhes demais.

Nos despedimos e o deixei sozinho com os seus pensamentos. E fui embora com os meus.

Para dispersar a sensação incômoda que sentia, peguei um cigarro e o acendi. Não pude tragá-lo, Edgar me chamou pelo nome e se aproximou apressadamente, como se tivesse lembrado de falar algo importante só naquele momento.

— Hey, pegue isso. Aqui estão os meus contatos. Se precisar de um emprego, posso te indicar...

Interrompi-o, porque não estava acreditando naquilo.

— Como é? Cartão de visita? — Aquele cara estava mesmo me entregando um cartão de visita. Em que mundo nós vivemos? — Peraí, todos vocês, os ricos, fazem isso? Trocam cartões de visitas em jantares de família, também? — Só eu achei graça ao recriar aquela cena. Deus, que piada...

Edgar franziu o cenho ante ao absurdo que eu disse.

— Deixa de ser ridículo. É útil para contatos profissionais. Você deveria ter um.

Sim, ele tinha razão. Não achei ridícula a ideia do cartão de visita em si, mas... eu não sei... achei aquela situação muito... Ah, deixa para lá, estou sendo um idiota.

Não tem nada de mais em pegar a porcaria do cartão de visita do cara. Que é todo personalizado. Que beleza; detalhes em prata, com um ótima textura. Embora eu não faça a mínima ideia que papel seja esse.

— Obrigado — sussurrei, admirando o trabalho impresso no cartão; que filho da...

— Não o perca. Se acha que vai perdê-lo, decore-o — ordenou.

— Sim, senhor “Edgar Lewis Wright”. — Não consegui evitar. Olha esse nome!

O desgraçado me xingou e riu de mostrar os dentes.

•°๑۞๑°•

Cheguei em casa por volta das 14hs. E resolvi tratar o problema do aluguel o quanto antes e lá estava eu, diante da porta aguardando ser atendido.

A velha sequer me convidou para entrar e conversar civilizadamente em sua sala, preferiu deixar a escória caloteira do lado de fora para não contaminar sua abençoada residência.

Aceitou a metade da grana que eu devia (já era a metade da metade do meu salário. Eu estava na merda, com certeza) e, então, lançou-me a bomba:

— Você tem até domingo para sair daqui. Não posso mais aceitar essa situação. Preciso alugar para quem pode pagar todo o mês. Não vou mover uma ação judicial contra você, basta sair daqui, tudo bem? Boa tarde.

Fechou a porta na minha cara.

Nunca estive tão ferrado em toda a minha vida. Não podia contar com a minha tia, sendo a única família que eu provia e da qual não me dava bem. E não podia pedir ajuda pro Edgar... O cara acabou de me entregar o cartão de visita... O que isso pareceria?

Não, vou me virar. Tudo tem um jeito nessa vida. É o que dizem! Quero ver se vai funcionar para mim, esse lema.

Entrei em meu futuro ex quarto e fiquei deprimido por horas.

A porcaria da imagem do Edgar me entrando o bendito cartão de visita não saía da minha cabeça, além do dilema em que me encontrava; se deveria ou não pedir ajuda a ele, me assolhavam, causando-me frios na barriga constantes.

Não queria fazer isso, mas não consegui encontrar outra solução viável àquele momento. Precisei de coragem para ligar. E o desgraçado quase me fez desistir quando me atendeu:

— Olá, Alan... Foi mais rápido que pensei que seria.

Idiota.

—————~ஜ۩۞۩ஜ~—————

•°๑ A l g o  M a i s — P a r t e: I ๑°•

E D G A R

Ouvi toda a explicação do drama que Alan estava sofrendo e ofereci a solução. Bastava dizer “sim, aceito o trabalho” que todos os problemas dele acabariam. Entretanto, me pediu um tempo para pensar no assunto. Retornei a ligação meia hora depois.

 Por que está me ligando? — Não faça pergunta idiota, Alan.

— 30 minutos é tempo suficiente para pensar no assunto. Quero sua resposta: vai aceitar o trabalho ou não? — Basta fazer um pouco de pressão e mostrar que, apesar de preferir o serviço dele, não se tem motivos para esperar que se decida. Muito menos para ser complacente aos problemas dele de forma gratuita.

— Ah! Merda! Certo, eu vou! Eu vou, droga... Isso é...

— Simples, meu caro — antecipei. — Não é sacanagem e nem injustiça, isso é simplificar o que as pessoas costumam dificultar. Agora, venha para minha casa, vou te esperar até às 19hs.

 O quê?! Por quê?

— Você começa hoje. — Desliguei e ele não retornou. Isso não costuma ser um bom sinal.

Para minha surpresa, Alan me aguardava no saguão, todo agitado e ansioso. Abria e fechava as mãos freneticamente, sem se decidir se as colocava nos bolsos da calça jeans ou se as passava nos cabelos castanhos quase avermelhados.

Chegou 20 minutos antes do combinado, devo ter pegado pesado.

Admiti que fiquei feliz em vê-lo... mas ele não precisava saber disso.

Desci as escadas e fui de encontro ao rapaz. Ele devia ter fumado uns três cigarros enquanto vinha para cá, o cheiro está bem forte. Desagradável, dessa vez.

— Chegou cedo, ótimo. Acompanhe-me, por favor. — Voltei às escadas e Alan observava toda a arquitetura da casa. Subimos até meu quarto.

— Você não disse o que exatamente vou fazer... Serei seu ajudante no quê?

— Que falha a minha... — murmurei ao entrar no quarto. Alan, por sua vez, esperou na porta. — Você vai precisar vestir esse uniforme.— Apontei para a vestimenta disposta na cama. Ele franziu a testa. Segurei-me para não rir da sugestão maliciosa. — É o seguinte: hoje, um amigo meu vai inaugurar o bar e um dos funcionários se acidentou, ele não conseguiu um substituto a tempo e eu te indiquei. O bem da verdade é que não esperaria você ligar me pedindo serviço, eu acabaria te ligando para oferecer essa ajuda temporária. Bem... o bar abrirá às 23hs, mas precisamos chegar antes. Você só vai ajudar no balcão, não se preocupe que não haverá caviar. Mas, caso tenha alguma dúvida, antes de jogar qualquer coisa no lixo, pergunte. — Provoquei.

— Por que não vai se foder?

Gargalhei. Ele é bem previsível.

— Hm, porque ir sozinho não é tão divertido como ir acompanhado... — É... agora já foi.

Ele desviou o olhar quando eu o fitei... E corou... E... eu quase esqueci de respirar... Antecipei certas imagens em minha mente enquanto meu peito começou a me incomodar, odiosamente. Inferno... Beijá-lo não seria uma má ideia, apesar de que, para mim, beijar alguém sempre tendia a ser... Vou parar com isso.

Engoli em seco e voltei à triste realidade que me cerca, sendo a farsa que eu sou.

•°๑۞๑°•

A ida ao bar fora agraciada por um silêncio sepulcral.

Ao chegarmos lá, por volta das 20hs, apresentei o rapaz ao dono do bar e os deixei tratarem do assunto.

Fui ao balcão e me servir do whisky mais barato disponível, Johnnie Walker Red Label. E, em dado momento, Alan estava devidamente uniformizado e... era difícil não encará-lo.

Seu porte físico foi valorizado com a roupa mais justa. Muito melhor que aquele uniforme que meu pai escolheu aos funcionários na droga da festa de ontem.

Alan usava uma camisa branca, mangas dobradas em meio braço e colete e calça sociais da cor preta, com detalhes bordados em vermelhos da logo do bar.

Nada demais, é verdade. Eu só estava fantasiando, novamente.

Há tempos que não me relaciono com pessoas, me dediquei aos estudos para não dar margem as frequentes implicâncias de meu pai.

Apesar de não sair muito de casa aos finais de semana como qualquer jovem da minha idade, eu sei que ele ainda me condena por atentado ao pudor e envergonhar o nome da família.

Não soube lidar quando o primogênito não era bem aquilo que pensou que seria.

— Está deprimido, Ed? — Lennon, o dono do bar; meu amigo e ex. Digamos que se não fosse por ele, eu teria sérios problemas psicológicos. Ou estaria morto.

— Não vou ficar muito tempo, terminarei esse copo e vou embora. — Sorvei de mais um gole do quarto copo, despretensioso.

Eu fiquei embriagado, o whisky estava bom, puro e queimando meu estômago. Chamam essa dose servida de “Cowboy”, não vai gelo – gelo em whisky é um ato de heresia para com a bebida. Não façam isso!

— Pode me dizer por quê? Seu pai ainda está...

Ah, não...

— Não começa, tá? Não estou no pique. — Porra, Lennon... principalmente para falar dele. — Parabéns pelo bar... Está fantástico.

— Eu sei, a ideia foi sua, então, te agradeço. — Ele sorriu.

Eu sorri forçadamente de volta, apertando minhas pálpebras. Sequer me lembro desse fato, mas se ele disse, devia ser verdade.

Lennon, moreno alto e de olhos claros, sempre foi mais independente que eu, mais corajoso que eu.

E vivia a sua vida sem precisar se esconder. Era admirável.

Talvez, eu também tivesse essa vida tranquila se minha família não me repreendesse só porque o beijei quando tínhamos 15 anos.

Meu pai nos flagrou, imagine a cena... E, sim, meu pai o odeia, sequer pronuncia “Lennon” desde então.

Abri meus olhos ao sentir uma respiração muito próxima ao meu rosto, me afastei bruscamente.

Lennon tentando me beijar, que porra é essa?!

— O que está fazendo?! — Virei-me para o balcão, instintivamente, e lá estava Alan testemunhando aquela cena.

Senti meu rosto arder completa e instantaneamente. Que inferno!

— Eu... — Lennon ligou pontos que não existiam e compreendeu tudo errado. — Ah, certo... Desculpa, não sabia que...

— Está precipitando as coisas, amigo. — Foi o que consegui responder. Queria que ele calasse a boca. E assim o fez.

Acabei ficando até a hora em que seria finalmente inaugurado ao público e, por incrível que parecia, o bar lotou.

Na verdade, Lennon era bastante popular, por isso não era surpresa alguma. Seus amigos da faculdade vieram, que trouxeram os amigos de amigos dos amigos.

Enfim, não interagi, me apossei de uma mesa ao fundo e aguardei os petiscos que me foram prometidos; para não passar mal, meus olhos caídos denunciavam o meu nível alcoólico.

Música aleatória, movimentação de pessoas e conversas estridentes formavam o ambiente do bar. Não observei aquela loucura distorcida à minha frente, senão ficaria enjoado.

Fucei meu celular, era algo que poderia me concentrar sem vomitar, e me peguei torcendo para que algum empregado de casa atendesse a ligação que eu ainda pretendia fazer.

Queria voltar para o conforto do meu quarto e morrer.

Um prato fora posto à mesa. E não foi Lennon que trouxera a porção.

— Está bem? — Era Alan. Balancei a cabeça em positivo e comecei a comer os bolinhos de queijo e presunto. Estavam bons. Só reparei que o rapaz permaneceu parado ao abrir a boca e falar o mais alto que pôde perto do meu ouvido. — Seu amigo me deixou tirar uma pausa, quer ir fumar comigo?

Minha preocupação; se eu levantasse, perderia a mesa. E havia acabado de iniciar minha degustação. Deus, não! Por que essa interação, agora?

Não prestei atenção em sua expressão ao me limitar em respondê-lo com a mão; movendo o dedo indicador em negativa.

Acho que, mesmo bêbado, eu ainda estava constrangido com a cena de horas atrás, que parecia ter acontecido eras atrás. Só, então, Alan se afastou.

Terminei de comer e senti o sal e a gordura causarem o efeito de lucidez momentânea em meu ébrio cérebro e observei ao redor por um tempo.

Alan não havia voltado e já fazia mais de 15 minutos. Lennon estava operando o balcão com mais três funcionados e nada do substituto.

Por fim, resolvi sair dali para procurá-lo e aproveitar para tomar um ar fresco, fumar um cigarro, o que fosse.

O barulho da música reverberava em meus ouvidos, o que me causaria ainda mais dor de cabeça que a própria ressaca traria.

Fui aos fundos do bar, tropecei em baldes e rodos deixados no corredor escuro, e praguejei por quase cair.

Da porta de ferro à frente, de repente, soou batidas bem fortes. O som da agitação do bar estava abafado ali dentro, porém, pude ouvir a voz de alguém vinda do outro lado.

Aproximei-me da porta e confirmei, com a ajuda da luz do celular, que a trinca estava presa ao feixe de ferro, deixando a pessoa que pedia ajuda, trancada. Comecei a rir ao imaginar o desespero do garoto que queria tirar uma pausa rápida e ficou preso no lado de fora do bar.

Com esforço, consegui destravá-la e abrir a porta. Minha risada desapareceu quando me deparei com a cena que não esperava presenciar e somente instantes depois fui me dar contar do que havia acontecido.

A porta não se fechou sozinha, Alan não foi desastrado. Não.

Alan parecia ter levado a pior em uma briga; nariz sangrando, um corte no supercílio direito e provavelmente com dores nas costelas, pois não tirava a mão no tórax. E foi trancado no lado de fora para que ninguém o ouvisse.

— Me ajuda, por favor... — logrou em dizer.

Restou-me acatar aquele pedido.

•°๑ A l g o  M a i s — P a r t e: II ๑°•

Conseguimos chegar ao apartamento que constantemente uso para “fugir” de casa (não seria esse o termo correto, mas não há necessidade de explicação).

O meu medo de bater o carro era tamanho que fiquei sóbrio num piscar de olhos, e também para compreender direito o que havia acontecido com o plebeu.

Ri internamente ao pensá-lo dessa forma.

Durante o caminho, Alan se limitou a dizer que provocou pessoas erradas (dois marmanjos, palavras dele) e que levou uma coça.

Não acreditei nessa história, cheguei a pensar que poderia ter sido a pedido de Lennon, ainda que não pudesse acreditar (outra vez) que ele seria tão baixo nível.

Mandar bater no próprio garçom por achar que temos alguma coisa? Que putaria!

Levei Alan ao banheiro do apê para que seus ferimentos fossem higienizados e tratados.

Lavou o rosto e secou na toalha oferecida.

Sentou-se na tampa do vaso enquanto eu caçava as bandagens, algodão e Methiolate nas gavetas. Em paralelo, ele começou a desabotoar o colete e a tirar a camisa ensanguentada.

— E esses brutamontes...

— Marmanjos — me corrigiu, como se fizesse diferença. — Estaria morto se fossem brutamontes.

— Dá no mesmo, Alan. — Revirei os olhos e umedeci o algodão, quase sem paciência. Passei-o em seu supercílio ferido. Não sangrava mais e o corte não era profundo, o nariz não foi quebrado, aparentemente, por isso não víamos motivos para ir ao hospital. O rapaz chiou muito. — Não se mexa, vou precisar suturar com adesivo, isso vai bastar. Agora, não faz o menor sentido você “provocar” os caras em seu expediente de trabalho, correndo o risco de levar essa coça, sem motivo aparente. Essa foi de longe a história mais mal contada que já ouvi. Diz a verdade, porra, por que esses caras te bateram?

— Eles estavam falando bosta e acabei me metendo onde não devia, foi só isso. — Coloquei o adesivo no corte com certa força. Odeio respostas evasivas quando quero saber de alguma coisa.

— Falaram da sua mãe, por acaso? Você não tem cara de que se ofende com qualquer bosta, precisaria ser algo mais...

— Era de você. — O silêncio que se seguiu foi terrível para mim. Minha mente foi inundada com um monte de porquês sem respostas. E nesse momento, eram as minhas costelas que doíam. — Foi por isso que apanhei.

— M-mas... q-que merda você tem na cabeça?! — Eu não me estresso, normalmente. Ainda estava alterado devido ao whisky. Alan, por sua vez, começou a rir anasalado. Que retardado, do que está rindo? — Qual é a graça? Não quero... vê-lo em brigas por minha causa. Você é idiota?! Pensa que me deve alguma coisa?! Deixe que falem, eu não...

Fui interrompido por um abraço apertado, envolto da minha cintura. Foi tão inesperado que fiquei paralisado.

Seu rosto se encaixou em meu pescoço e ali ficou. Sua respiração batia contra a minha pele, causando-me arrepios. Pensei que devia afastá-lo, mas não consegui mover um músculo. Esqueci até de respirar, outra vez.

— Obrigado — sussurrou depois de um tempo. Pelo quê?

Mesmo se eu quisesse, não poderia dizer nada. Minha boca foi selada com a dele e foi, então, que descobri o gosto que residia entre os lábios e cigarros de Alan.

E que não fazia ideia da minha própria vontade em tê-lo comigo.

O meu mais novo vício.

•°๑۞๑°•

Agarrei-me a ele um tanto desesperado, confesso. Queria-o há horas. Quiçá há tempos e só não sabia quando seria.

Nossos lábios só se separaram para que pudéssemos respirar. Arfei quando pude sentir seu membro aos poucos em ereção dentro da calça social. Aquilo era a confirmação de que precisávamos um do outro, mas éramos dois tapados que não nos demos atenção devida.

Meu peito ardia enquanto minha boca era novamente invadida, deixei-me levar.

Não queria saber de respostas para o que estava acontecendo. Só queria tê-lo, só queria ele. Alan. O desgraçado plebeu.

Mal percebi quando estávamos próximo da cama. Retirei, como pude, minha camisa e Alan se adiantou em retirar minha calça e cueca de uma vez.

Foi bom saber que eu não era o único desesperado ali.

Meu pênis foi abocanhado e dolorosamente pulsava na boca dele enquanto sua língua alisava a glande com dedicação.

Ele sabia o que estava fazendo e a ironia estava por eu jurar que esse mesmo cara que estava me fazendo gemer – embora eu tentasse me conter –, era um hétero que me traria decepção.

Bem, não tenho mesmo como saber dessas coisas por estar há muito tempo sem interagir com pessoas, ou sequer deveria pensar nessas coisas quando um cara está trabalhando loucamente para me ver gozar.

Na verdade, queria me torturar. Simplesmente parou com o oral e molhou dois dedos em minha boca antes de me beijar.

Introduziu-me seus dedos umedecidos, forçando a entrada que ainda resistia, involuntariamente. A fisgada não foi-me agradável e Alan percebeu pela contração de meu corpo.

— Hey... Está tudo... — o interrompi.

— Está! Só... por favor... Alan... não pare. — Eu, Edgar Lewis Wright, sim, estava implorando por alívio. Alan continuou com o que pretendia fazer para suprir minha ereção e fazer-me gemer ainda mais alto. Estava cada vez mais difícil conter os sons guturais, mesmo tentando afundar meu rosto no travesseiro, já que com a mão era completamente inútil.

Alan voltou a entreter-se com o meu pênis e, desta vez, não precisou de muito. Já não aguentava mais, cheguei ao limite que uma pessoa introvertida como eu poderia aguentar, e gozei.

Meu corpo tremeu, me contorci quase sem controle. Eu, tolo, acreditava que possuía uma boa concentração para isso.

Não pude ver, mas sentia ser observado por ele, talvez admirando o trabalho feito, não sei.

Poderia parabenizá-lo e presenteá-lo com uma medalha “honra ao mérito”, mas eu não estava satisfeito, não podia estar.

Eu queria mais, ir além e o desgraçado sabia da minha vontade e sorriu. Já estava sem calça quando subiu na cama e deitou sobre mim.

Abraçou-me com tanta delicadeza que tive uma súbita vontade de chorar. Beijou-me de forma diferente, embora demonstrando o mesmo desespero de antes, este que ainda me dominava. Seu pênis roçava contra o meu, rígido e pulsante. Ajeite-me, entrelaçando sua cintura com as minhas pernas e então, ele entendeu o recado. Disse a ele onde encontrar o lubrificante e a camisinha na gaveta e, depois disso, eu só o esperei.

Mordeu meu pescoço enquanto praticamente eu puxava seus cabelos, devo tê-lo arranhado exageradamente nas costas, quando finalmente me penetrou, pois aquilo foi demais para mim.

Faltou-me ar e precisei me agarrar a ele para que eu pudesse voltar a mim.

No final, foi a melhor coisa que fiz naquele dia.

Dentro de mim, Alan aguardou por minha reação, mas só voltei a beijá-lo e forçar o movimento pressionando minhas pernas em sua cintura. Deus... Alan sussurrou meu nome em meio aos seus gemidos e eu só conseguia pensar em chegar ao ápice novamente.

Meu corpo fervia e espasmava loucamente a cada estocada.

Não havia nada de sensato a se dizer, já não possuía forças para conter meus gemidos e Alan não parecia nem um pouco constrangido.

Em dado momento, nas estocadas mais fortes, ele fazia questão de olhar para mim. E sorrir. Um grandessíssimo filho da puta.

Alan se ergueu enquanto me fodia, e segurou minhas mãos no alto de minha cabeça. Alisou-me com a mão livre e apertou um dos meus mamilos com a ponta dos dedos e ao chegar no ápice, ele me beijou. Não me contive e consegui gozar outra vez.

Senti todo o peso do corpo do Alan em cima do meu, ao desabar. Não encarei como incômodo. Era, mais uma vez, a constatação de que eu queria aquilo.

Meu novo vício sendo catalogado em minha mente. E que com certeza, buscaria alimentar-me desse chamado Alan, o quanto ainda eu pudesse.

— Quer um cigarro?


Notas Finais


✩ Ufa! Ainda bem que terminou.

Espero que tenham gostado dessa one-shot, não foi tão longa e nem muito detalhada. Posso ter pecado em alguns aspectos que não teriam em uma história comum, mas essa não é uma história comum.

Deixem seus comentários com os feedback e críticas construtivas para que eu possa respondê-los devidamente. Vou adorar saber o que vocês acharam! *-*

História postada aqui e no Nyah!Fanfiction!

No mais,
Muito obrigada!
E até a próxima! ♥


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