História Entre Mundos- A Nova Era - IX- Parede falante.

Havíamos chegado ao parque, andávamos em uma parte campo aberto, onde o sol batia forte e uma leve brisa balançava meus cabelos, estávamos em pleno outono, mesmo assim um número considerável se fazia presente ali.

Algumas crianças brincavam com seus pais e cachorrinhos, turistas de vários lugares do mundo observavam a paisagem com seus guias, casais de todas as idades andavam tranquilamente de mãos dadas, alguns jovens jogando bola ou andando de bicicleta e skate em uma parte não muito longe dali.

Marvin caminhava animado ao meu lado direito. Enquanto Nat observava tudo ao seu redor, absorto a realidade, ele parecia estar mergulhado em lembranças e o sorriso que sempre estava em seu rosto já não era mais visto ali.

– Que tal uma corrida? – Propus.

Marvin balançou a calda freneticamente, mas o loiro parecia nem ter ouvido.

Cutuquei seu ombro e me deparei com um olhar vazio de sentimentos bons, aquele azul igual ao céu em dia de sol, deu lugar à um tom tão azul quanto o do mar em dia de tempestade.

– Uma...uma corrida, o que acha? – Perguntei receosa.

– Claro. Mas não sei pra onde vamos.

– Não se preocupe, vai estar atrás de mim. – Sorri sarcasticamente. – Vão comer poeira, os dois.

– Não conte tanto com isso. – Me respondeu com um sorriso debochado.

– 1...2...3 – Corri em disparada. Minha autoconfiança estava no ápice, uma coisa que eu sabia era correr.

Olhei pra trás, e quando me dei conta, Nathan estava ao meu lado, parecia nem estar fazendo esforço para manter tal velocidade. Marvin nos ultrapassou e correu mais a minha frente e Nathan que o seguiu. Fui ficando pra trás, até que diminui a velocidade.

– Porra, não consigo mais correr tanto assim. Os treinos me fizeram falta durante as férias, isso que dá ficar o dia todo assistindo séries e comendo. – Sussurrei comigo mesma.

Estava olhando para baixo, ainda correndo, quando me choco com alguma árvore. Cai de bunda no chão com o impacto.

– Árvore dura do cassete, minha cabeça vai ficar com um galo depois disso. – Resmunguei, olhando para baixo, passei a mão no local sentindo uma leve deformação.

“ Espera, não tem árvores no meio do campo. ”

Dirigi meu olhar a tal árvore, mas só consegui ver os contornos de homem, não conseguia ver seu rosto.

– Olha por onde anda porra, não olha pra frente não? – Uma voz grave vociferou.

– Aí caralho, como ia adivinhar que ia dar de cara com uma parede falante? – Resmunguei.

– Elliot! Não fale assim com ela, ela só estava distraída, seu grosso. – Uma voz feminina soou, parecia um anjo.

– SCARLETT! – Ouvi Nathan gritar de longe.

– Scarlett... – O homem sussurrou.

– Não, não, é o papai Noel. – Resmunguei alto suficiente para ele ouvir.

Ainda não conseguia ver quem era a parede de concreto que fala, mas nem tive muito tempo pra pensar quando vi ele já estava se afastando.

– Não liga para o meu irmão não, ele só está estressado ultimamente. – A voz feminina soou novamente.

Estava olhando para baixo vendo os estragos e passando as mãos tentando tirar a terra de minha roupa, olhei pra cima e quase cai pra trás.

A minha frente havia uma menina com um corpo franzino, de estatura baixa, devia ter lá seus 14 ou 15 anos. Seu rosto era bem contornado, ela tinha bochechas grandes, o que a deixavam parecendo uma criança fofa, seus cabelos pretos e olhos verdes davam um ar gracioso a ela.

Ela era familiar, só não sei onde à vi. Parei de examina- lá, quando a mesma estendeu a mão para que eu apertasse e se apresentou.

– Sou Melina, mas pode me chamar de Mel, é um prazer te conhecer. Desculpe pelo meu irmão, ele é um babaca as vezes.

– Sou Scarlett, mas me chame de Scar. – Apertei sua mão gentilmente. – Obrigada pela ajuda, e seu irmão é um idiota mesmo.

– Scar, estava te procurando, olhei e você não estava mais atrás de mim. – Nathan chegou falando sem dar pausa para respirar.

– Eu estou bem, só esbarrei em uma parede falante, mas ela me ajudou. – Olhei para Melina e ela riu.

Nathan parecia não ter notado a garota ali até o momento. Quando se virou, ficou extremamente surpreso.

– Mel? – Nathan, deu um sorriso e a abraçou. – O que faz aqui sozinha?

– Meu irmão veio encontrar uns amigos aqui e eu resolvi vir, já que não tinha nada pra fazer em casa. Então ela esbarrou nele e ele foi grosso com ela, eu o repreendi, aí ele não gostou e saiu pisando duro. Sabe como ele anda né? Depois daquilo, ele só vem ficando mais estressado a cada dia... – Respondeu.

– Espera, vocês se conhecem? Como?

– Ele e meu irmão são melhores amigos desde sempre, essa criatura vive lá em casa. – Mel respondeu apontando para Nathan.

– Ah sim, então quem é seu irmão? – Perguntei a ela.

Ela e Nathan se entre olharam e Melina disse:

– Bom, quem sabe eu não te mostre outro dia? Poderíamos marcar de tomar um sorvete juntas qualquer dia. Preciso ir agora, até mais Scar.

Estranhei aquilo, porque não queriam me falar quem era? Tem caroço nesse angu e eu vou descobrir.

– Até mais Mel. – Sorri a garota que saiu andando na mesma direção que seu irmão tinha ido anteriormente.

– Vamos? Seus amigos estão esperando. – Nathan perguntou.

– Claro. – Sussurrei.