História Entre o céu e o inferno - Spinoff-Believe

Quando pequeno Dean sempre ia passar as tardes com seu tio, era divertido, eles brincavam e saiam da vila, em lugares que John nem sonhara que o primogênito foi, Crowley era engraçado e fazia piada de tudo e todos, o pequeno o adorava, mas do que ao próprio pai. Tinha cerca de 11 anos quando tudo começou, seu avô, o antigo “rei”, nomeou seu pai como sucessor ao invés do tio e a partir dai tudo decaiu. As gracinhas e piadas terminaram e ele começou a ficar agressivo, eram apenas 10 da manhã e o corpo do Winchester mais velho já tinha 5 hematomas espalhados, sendo um deles no rosto. Crowley não se importava de que o pai do garoto ou os outros, vissem as marcas roxas. O menino mentia para seu velho, dizendo que havia caído ou algo do tipo, se John soubesse o real motivo, era capaz de duplicar os ferimentos, alegando que a culpa era do filho, por ser um fraco inútil.

Dean reúne parte da força que lhe resta e levanta do chão frio em que seu tio o deixara, passando suas pequenas mãos na marca roxa meio ensanguentada na bochecha, ele segue para seu quarto. Lava o rosto limpando o liquido vermelho e levando junto os pensamentos de auto piedade que o importunava; ele iria treinar com Sam, não podia de jeito nenhum deixa-lo saber do acontecido, não podia de jeito nenhum preocupa-lo com coisas banais que o menor provavelmente se importaria de mais, não, o garoto era o mais velho, ia aguentar tudo, preferia mil vezes que  Crowley descontasse suas frustrações nele do que em Sammy. Desliga a torneira, faz um rápido curativo para esconder um pouco aquilo e vai para a sala onde costumavam praticar, O pai deles ensinava Sam a lutar, pessoalmente;  já o outro, treina com seu tio, ou ao menos treinava , fazia 2 meses que o adulto não aparecia para outra coisa que não fosse bater no Winchester. Dean perguntou a John o por que dele não lhe ensinar, algumas milhares de vezes, e o pai dizia que seus poderes eram complicados, que não havia como lhe ajudar, que ele teria de aprender sozinho.

Mas Dean não era burro, ele sabia.

John não botava fé nele, nunca botou, ele achou que o garoto jamais fosse ser capaz de controlar o imenso poder da marca, chamada por todos de a “praga” do primogênito, Dean tinha que aturar ser chamado de verme por alguns dos demônios do castelo, soldados, que chacoteavam dele sempre que possível. Foi Crowley quem veio até o menino e ofereceu sua ajuda, que Dean claro, aceitou de bom grado e com um imenso sorriso no rosto.

O mais velho chega na sala e ao não ver Sam, supõe que o mesmo se atrasou. Ele observa a sala deserta, as milhares de armas diferentes espalhadas, apoiadas nas paredes velhas do lugar, o cheiro de mofo, o loiro começa a se perguntar em quando sua vida se tornou tão dolorosa, o menino sentia falta de seu tio carinhoso e protetor, de sua mãe, de uma figura adulta que realmente se importasse com ele, Dean quase não sorria mais, a não ser na presença de Sam, onde ele se esforçava para manter um sorriso doido em seu rosto, afim de não preocupar o menor.

-Deeeeean! –Gritou o moreno se jogando em seus braços.

-Bom dia Sammy. –Retribui o abraço.

-O que foi isso no seu rosto Dean? –Pergunta curioso e preocupado, tocando de leve no local, o mais velho solta um quase inaudível gemido, causado pelo toque.

-Machuquei treinando com o tio. –Mente

-Oh. –É tudo que o menor pronuncia antes de se separar. –Conseguiu progredir? –Sam estava realmente preocupado com o irmão, ele sabia que Dean se remoía e apedrejava mentalmente por não conseguir controlar a marca, o mais velho cobrava muito de si mesmo.

-Não muito. –Respondeu cabisbaixo. –Desculpe Sammy, eu sou o irmão mais velho, mas você é mais forte que eu, nem sou capaz de te proteger.

O pequeno balança a cabeça em negativo e retira um colar de seu bolso, ficaram algum tempo olhando para o pingente até que Sam quebra o silêncio, pegando a mão de Dean e colocando a corrente nela.

-Eu ia dar pro pai, mas no final, acho que fica bem melhor em você.

Pela primeira vez em alguns meses, o loiro abre um enorme sorriso, um sincero, de coração, ele ficou feliz, se sentiu importante para alguém, ao menos uma vez.

-Obrigado Sammy. –Diz verdadeiramente agradecido, contendo uma lágrima que queria descer.

O menor apenas sorri e se afasta, adentrando mais na sala, se posiciona no meio do local e com uma cara sapeca encara Dean, silenciosamente convidando-o a se posicionar para que começassem o treino.

...

-O que ta acontecendo Dee? –Pergunta o pequeno Sammy preocupado.

Dean se levantava do chão após ser nocauteado pelo menor.

-Ãhn? Nada, por que?

-Suas habilidades parecem não estar mais melhorando, parou de praticar?

O mais velho nem se quer cogitou contar a verdade, já tinha aceitado que o resto da vida dele seria um fracasso, mas a de Sam? A não. A de Sam seria gloriosa, o orgulho da família, o sucessor do trono, e Dean garantiria isso, nem que tivesse que sofrer sozinho. Não foi difícil para o Winchester mais velho inventar uma desculpa, ele havia ficado muito bom nisso, mentir era a única coisa que sabia que fazia direito.

-Na verdade, o treino com o tio foi bem pesado, estou exausto e meu corpo inteiro dói. –Diz rindo o menos forçado que conseguia. –Eu ainda sou melhor que você, baixinho. Ao menos em quesito punho x punho. –O loiro bagunça o cabelo do menor e segue para a saída.

-Dee.

-hm? –Para de andar e presta atenção no irmão.

-Não desista de si mesmo, se não eu te encho de porrada.

“Não vai ser o primeiro que faz isso”. –Não vou Sam, não se preocupe. –Diz e sai pela porta, deixando o pequeno Winchester com um sorriso perdido no rosto.