Minha cabeça latejava. Abri os olhos e meus pais estavam ao meu lado. Senti um tremor. Provavelmente nunca mais sairei de casa, nem acompanhada. Seria o meu fim. Na verdade, eu quase tive um fim. O rosto daquele homem ficou gravado na minha mente e só de lembrar já quero gritar e correr para longe.
Minha mãe disse que um rapaz ouviu meus gritos e chamou a polícia. Eu não sei quem ele é, mas eu devo muito mais que um agradecimento a ele.
— Lucy, este é John. Ele que te acompanhou até o hospital. O rapaz que te ajudou deve chegar logo. – Meu pai alerta. Ainda estou um pouco tonta, então apenas concordo e continuo deitada.
Eu não acredito em amor a primeira vista. Muito menos em heróis, mas eu juro que quando aquele cara passou pela porta do meu quarto de hospital, eu senti algo diferente. Minha barriga estava revirando e pude notar meu coração se acelerando. Quando seus olhos olharam em minha direção, senti todo meu corpo quente e vulnerável. Se ele foi o meu salvador, então por favor chame o médico outra vez, porque agora ele está me matando com seus olhos verdes.
— Este é Harry, Lucy. Harry Styles. Soa familiar? – Meu pai diz animado, e minha mãe se irrita.
— Olá. – É tudo que sai da boca dele.
— Obrigada por ter me ajudado. Eu nem sei como te agradecer. Nem sei como retribuir.
— Não precisa. Que bom que você está bem. – Ele parece impaciente. — Preciso ir. – Ele se vira em direção a porta.
— Queremos retribui – lo. – Minha mãe diz.
— Realmente não precisa. Estou bem que a garota está a salvo. Preciso ir. – E sem se despedir, ele se vai.
Fico perplexa. Será que ele não percebe que acabou de salvar uma vida? A minha vida.
— Perdoa a atitude do meu cliente. Ele acabou de sair de um show. Aqui está meu cartão. Se precisarem de algo, não hesitem em ligar.
— Obrigado. Ligaremos, sim.
Na volta para casa minha mãe não pode deixar de citar suas novas regras e me culpar por sair escondido. Mas minha cabeça está longe. Esta em Harry. Mesmo que ele tenha belos olhos, há uma tristeza em seus olhos. Meus pais disseram que Harry é cantor de um dos CDS que papai sempre trás para mim nas sextas. Tudo fazia sentido agora. A movimentação na cidade. As meninas estéticas. E caras maus dispostos a estruparem garotas inocentes. Minha mãe estava certa. Eu não deveria ter saído. E agora, não vou poder sair nunca mais.
Dois dias depois daquela grande confusão, alguém bate em minha porta. Como sempre, minha mãe me manda para o quarto. Espio da espreita da porta e escuto minha mãe recebendo John.
— Tudo bem se gravarmos aqui? – Ele pergunta a minha mãe.
— Sim, mas Lucy não aparecerá. Ela está cansada e traumatizada.
— Como a senhora quiser. – Ele sorri. — Harry, qual lado você prefere ficar? – Harry? Harry está aqui?
Alguém se movimenta na sala, mas não vejo ou escultor Harry. Até que ele passa e de relance olha para a porta na direção do meu quarto. Assustada fecho a porta e sei que ele nota, pois o barulho é alto. Ouço alguns passos na direção do meu quarto e a porta se abre. Minha mãe está aqui e com a cara mais furiosa do mundo.
— Lucy? O que você estava fazendo? – Ela fingi está calma, pois John, Harry e uma equipe de filmagem está na sala nos olhando. — Venha cumprimentar a todos.
Totalmente envergonhada, me direciono até a sala. Pego na mão de cada um, assim como minha mãe me ensinou. Quando chego em Harry, ele me encara. Seu aperto de mão é leve, apesar da sua expressão fácil ser rígida. Ele me encarava outra vez, porém seus olhos trazem uma mensagem diferente. O que você esconde, Harry?
— Agora Lucy vai se deitar. Ela teve um dia cheio, né querida? – Minha mãe diz forçando um sorriso me puxando.
Minha mão ainda esta segurando a mão de Harry e aos poucos se desliza até que eu me afaste. Entro no quarto e minha mãe bate a porta atrás de mim.
Fico sentada ouvindo o barulho que acontece lá fora. Eles vão gravar uma entrevista. Algo que seria bom para a reputação da banda de Harry. E como pagamento por ele ter salvo a minha vida, meus pais falaram por mim. Já que minha a mãe insiste que eu não aparece para ninguém.
Depois de longas horas sendo mantida dentro do quarto. Ouço a casa silenciosa. Todos se foram. Minha mãe me trás uma bandeja com um lanche e sai novamente. Meu pai se desculpa pelo que fizeram sem mim e eu tento entender.
As vezes, penso que tudo é muito vago para mim. Viver sozinha. Sob proteção obsessiva dos meus pais. Sem conhecer o que o mundo tem a oferecer lá fora. Eu sei que tem coisa ruins, todos temos lados ruins, mas existe beleza também. Porém, não sei se terei a oportunidade de vê-la um dia.
Me aproximo da janela. Um carro, modelo Audi de cor preta está estacionado em frente a minha casa. Não consigo ver através do vidro quem está lá dentro.
— Filha? – Meu pai chama.
— Oi, pai. – Sorrio para ele.
— Só queria te chamar para jantar e pedir desculpas outra vez. Por mim e sua mãe. Nos só queremos o melhor para você.
— Tudo bem, pai. Eu já sei. – Falo tranquila.
— Então vamos jantar? – Ele me olha esperançoso. Meus olhos voltam para a janela. O carro não está mais lá.
— Vamos, pai. Vamos jantar.
Meu pai pousa a mão em minhas costas e ainda encarando lá fora, nos dois saímos do quarto.
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