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História Entre um cappuccino e outro - Capítulo único


Escrita por: Buccellati

Notas do Autor


Oioi~
Aqui estou eu novamente com essa oneshot de Miraculous.
Para quem acompanhava a minha outra fic da mesma categoria, aqui a primeira parte do que prometi :D
Só acho que a outra oneshot que planejo saia pra lá de dezembro.
Beijos e boa leitura.

Capítulo 1 - Capítulo único


Não importa o quanto estava cansado, exausto ou até mesmo triste, ele sempre poderia  pedir refúgio emocional para Nino. E isso sempre ocorrera desde que se tornaram melhores amigos, na escola. Agora, Adrien, com seus vinte e três anos nas costas, tinha de lidar com a ausência do amigo. Claro que uma hora eles teriam de se separar por causa dos estudos, emprego e entre outras coisas, mas mesmo assim, ambos sempre arranjavam uma forma de se comunicar.

Adrien era um dos mais requisitados modelos da empresa Agreste, fundada por seu pai, um dos maiores designers de moda de Paris. Lógico que carregando um sobrenome tão famoso, as pessoas também poderiam vir a pensar de Adrien como um rapaz que levava com orgulho aquele velho estereótipo de um cara rico, esnobe, que não liga para a posição social inferior dos outros, pois ele era o melhor e coisas do tipo. Mas não. Fugindo de todo esse conceito, ele é apenas um homem solitário, carente e triste. Sempre quisera apenas ter uma vida normal, amigos que o vissem como uma pessoa normal. Além de um pai que fosse um pouco mais presente… e mais pai.

O trabalho de Gabriel havia o consumido de tal forma que para se tiver uma ideia, ele falava pessoalmente com o filho uma vez por semana, isso quando não era através de um monitor ou um por tablet. Crescera com aquela atitude fria de seu pai, então agora era muito mais difícil poder ter uma conversa amigável, mesmo que seja para falar sobre coisas do dia a dia. Eles se distanciaram muito. E agora que Adrien era um jovem rapaz, dono de uma beleza disputada por câmeras e mais câmeras, parece que a única coisa que ainda os unia ainda era o ramo profissional, pois ainda posava para a empresa de seu pai.

Era triste, e isso o depreciava muito.

E era justamente nessa parte que Nino entrava, retirando qualquer resquício de infelicidade emocional do amigo, sempre dando aquele “up”, e isso começara desde que sua mãe falecera devido a sua frágil saúde. Adrien sempre o agradecera por ser apenas… o Nino. O jovem não se importava com todo aquele luxo que rodeava Adrien, pois ele o via apenas um rapaz normal. As brincadeiras, os “bate papos” descontraídos recheados a muitas besteiras e “gordices”, alegravam o loiro. Nino não sabia, ainda, mas ele salvara Adrien diversas vezes de ter chegado a beirar a depressão.

E naquela tarde de uma segunda tumultuada, pelo menos no estúdio fotográfico e que estava, Adrien recebera uma mensagem de Nino. Este o convidava para sair e tomar um café, claramente um daqueles deliciosos convites para por o papo em dia. Ele sorrira, era justamente disso que estava precisando.

— Bom, já que meu trabalho por aqui está terminado, eu estou vazando. — disse sorridente enquanto pegava seu casaco e a sua mochila, rapidamente catou dali a chave de sua moto — Bom trabalho a todos.

Saiu correndo pelos corredores, era aquela sensação de liberdade que Adrien amava. De poder fazer o que quisesse sem se importar com as câmeras. Queria viver sua vida normalmente.

Pôs o seu capacete e ligou sua moto, uma MV agusta preta com detalhes em verde, anotando mentalmente o endereço que Nino lhe enviara.

.x.

O moreno tamborilava os dedos na própria perna, fitava os detalhes da delicada e solitária orquídea azul que enfeitava o centro da mesa em que ocupava. Há alguns minutos, uma moça havia lhe entregado um cardápio para que pudesse fazer o seu pedido, mas só o faria assim que o amigo chegasse.

Era o seu dia de folga, e ele sempre convidava Adrien para se encontrarem em algum lugar específico, sempre longe dos paparazzi.

Foi por acaso que descobrira aquele Café. Sempre passava por aquela rua, já que era o caminho para a sua casa, então quando o novo estabelecimento abrira ele resolveu conhecer por curiosidade. Era bem calmo, apesar da quantidade de pessoas que ali havia.

Parando para olhar melhor, Nino resolveu fitar calmamente os detalhes do lugar. Não era grande, mas o pequeno espaço fora bem aproveitado de forma que deixassem os clientes confortáveis. As mesas redondas, todas eram decoradas com vasos achatados, cada um de uma cor diferente, mas a orquídea azul era a dominante no espaço. Em um canto próximo à porta de entrada, havia uma parede revestida com várias tiras de madeira, com cores diferentes, dando um contraste bonito e elegante. Além de conter umas espécies de tubos de porcelana, nelas havia garrafas de vinho. Uma mini adega. As outras paredes continham quadros de paisagens, todas eram em estilo aquarela, com cores vivas, dando um contraste mais animado ao local.

A porta do estabelecimento foi aberta, passando por ela Adrien.

— Desculpe a demora, quase me deixavam preso no estúdio. — resmungou já se lembrando do tumulto de mais cedo.

— Relaxa cara. — sorriu e fez um sinal para que se aproximasse e sentasse — E o que aconteceu? Conta aí.

— É que um das modelos que posaria comigo resolveu brigar com outra… — suspirou cansado — algo sobre estarem disputando por mim. O de sempre.

— Por que elas ainda não se tocaram que tu não tens interesse nelas? — disse incrédulo. Sabia que Adrien nunca namorou, já tinha tentado algo sério com algumas como a última com quem ficou; Lila. Mas não daria muito certo, descobrira que ela era muito falsa; chegara até mesmo ao ponto de tentar acabar com a amizade entre ele e Adrien — Já falaste com elas?

— Nem vou perder o meu tempo com isso. — passou a mão pela testa, sentia que logo uma dor de cabeça o acertaria assim que chegasse a sua casa. Pior que nem sabia onde tinha deixado o remédio para dor — Deixemos esses assuntos de lado, por enquanto, e vamos ao que interessa. — disse malicioso — E quanto a Alya?

— Bom, apesar de ser um pouco cedo ainda, eu a pedi em noivado. — falou sorridente.

Alya era uma das amigas de Adrien e Nino na escola, mas no último ano escolar acabou se distanciando um pouco deles. O moreno só foi descobrir pelo modelo que a causa do seu afastamento era justamente por um amor que ela tinha por Nino e tinha medo de ser rejeitada. Após tudo se encaixar, eles acabaram por engatar um namoro firme. E agora tudo parecia caminhar para algo melhor.

— Eu fico feliz pelos dois. — Adrien disse emocionado, ele fora um papel muito importante na reaproximação deles, fazia parte da história também — Então eu devo mesmo aceitar seu convite, sim?

— Claro, meu melhor amigo, meu irmão, tem de ser meu padrinho.

— Como se eu fosse fazer essa desfeita. — riu-se — Se me convidasse até mesmo em cima da hora, eu aceitaria.

Uma moça aproximou-se da mesa, em mãos um bloco vermelho e uma caneta preta, para anotar o pedido dos amigos. Adrien não a notou, já que estava de costas para ela. Nino entendeu e lhe mostrou o cardápio para que escolhesse.

— Vou querer um profiterole e um cappuccino, por favor. — disse ele ainda com os olhos nas fotos do cardápio, ele era cuidadoso com isso, amava doces — E tu vais querer o que Nino?

— Um café com leite e macarons, por favor. — disse enquanto a moça anotava cuidadosamente o pedido.

Adrien fechou o cardápio e foi se virar para entregar a jovem. Ao fazê-lo ele travou por alguns milésimos de segundos.

No crachá estava “Marinette Dupain-Cheng”. O rosto dela parecia ter sido esculpido por anjos, era linda, até mesmo com aquela cara de assustada dela por aquele olhar estranho do modelo. Os cabelos eram tão negros que seu reflexo era azulado, de aparência macia e sedosa, estavam presos em duas marias-chiquinhas. A roupa de garçonete, composta por uma saia vermelha com pequenos detalhes em preto, meias ¾ pretas, uma camisa branca de mangas dobradas, um avental com a logo do Café e seu crachá.

Nino cutucou levemente a bochecha do amigo, tentando tirar o outro de seus devaneios. Sabia que essas viagens ao nada de Adrien eram frequentes, pois o loiro vivia se isolando em seu mundinho. Para o moreno era normal acorda-lo. Mas o que ele não sabia era que o caso não era o que pensava.

— Adrien, não viaja, para de pensar nos seus problemas. — beliscou o braço do outro. A moça, que parecia estar rodeada de pontos de interrogação, entendeu que era um problema deles, então sorriu e voltou para o balcão de atendimento.

Adrien passou boa arte de sua vida sendo modelo de seu pai. Já trabalhara com diversas modelos, uma mais linda que a outra, mas nada o agradava.

Será Adrien?

Será que a encontraste?

Nino puxou alguns assuntos e a conversa entre eles flui normalmente. Os clientes foram aumentando e os pedidos também. Mas isso não os incomodava de forma alguma, o ambiente era o mais aconchegante possível na visão de Adrien, não havia fãs, fotógrafos. Apenas pessoas que o cumprimentavam ao reconhecê-lo, e que respeitavam o seu espaço pessoal.

Passou-se cerca de uma hora e meia e Nino recebeu uma mensagem; era sua noiva. Adrien entendeu e logo chamaram Marinette para pagar a conta.

— Eu vou me encontrar com Alya, quero leva-la para jantar fora. — disse Nino assim que entrou em seu carro — E cara, vê se acerta logo de vez com essas garotas aí, porque elas não vão largar do teu pé se tu não tomares uma decisão.

— Mas qual?

— Sei lá, deixar bem claro que não queres nada sério com nenhuma delas? Já seria um aviso, ao menos eu acho. Eu sei que tu não dizes nada porque tem medo de ferir os sentimentos delas, e assim acabar comprometendo o seu trabalho. Mas poxa, de uma forma ou de outra isso já te prejudica. — suspirou — Mas espero que fique bem, mano. Até a próxima.

— Até.

Adrien andou até a sua moto. Assim que a montou ele deu uma rápida olhada para o Café. E lá estava ela atendendo uma adolescente.

Marinette era seu nome, não?

.x.

Em frente ao Café tinha uma praça, havia alguns bancos em baixo de árvores. Casais passeavam e…

Adrien estava ali. Usando um gorro preto para tentar se disfarçar um pouco, sentado em um banco ele fitava a frente do Café. Haviam se passado três semanas desde a primeira vez que a viu, e ali estava ele. Sempre no mesmo horário, o final do expediente, todos os dias.

Era fim da tarde e o sol estava se pondo lentamente, logo os funcionários começavam a sair e rumar para as suas casas. Marinette sempre saía por último, pois ela quem ficava responsável por fechar o estabelecimento.

Durante todos os dias que ele a observava, percebeu que ela era bem comunicativa com seus colegas de trabalho, vez ou outra eles iam embora juntos. Mas naquele momento não. Por algum motivo ela tinha um sorriso no rosto ao guardar a chave no bolso de seu casaco marrom, arrumou o cachecol vermelho e foi andando despreocupada. Usava fones de ouvidos e cantarolava baixinho alguma canção.

O modelo levantou-se, iria para sua casa. Era sempre assim, esperando que ela fosse embora.

Desde aquele dia ele não tivera mais a coragem de entrar no Café e encara-la, então ele sempre a observava de longe, sempre tendo o maior cuidado para não ser visto. Verificou o celular, havia uma mensagem de Nino, era sobre ele o convidar para saírem e comer uma pizza.

Iria responder, mas algo o chamou atenção.

— Eu já lhe disse que não temos mais volta. — a voz dela mostrava certa resistência.

Adrien rapidamente guardou o celular e fitou a jovem já quase no fim da esquina, pronta para dobrar quando fora parada por um rapaz. Ele era dois palmos mais alto que ela e o seu cabelo ruivo tinha um tom bem intenso, uma franja caía-lhe pelos olhos. Sua face demonstrava algum arrependimento, de tal forma que o modelo chutou sobre o assunto ali sendo discutido seria uma relação entre eles. Ou o que era para ser uma relação. Continuou a observar atentamente.

— Nathaniel, quantas vezes eu já lhe perdoei pelos teus vacilos? — esperou uma resposta dele que não veio — Muitas! E eu quem sempre tinha de puxar assunto para não acabarmos brigando de novo. Tu só tens essa cara de anjo, mas é um belo de um safado. — disse dando dois passos a trás — Eu não quero mais olhar-te na cara, muito menos que mande seus amigos para me obrigar a conversar contigo. Deixa de seres um ridículo, vê se cresce!

O loiro levantou as sobrancelhas, tinha acertado no palpite. Cruzou os braços emburrado consigo mesmo, não era de seu feitio ficar fuçando a vida alheia, mas de certa forma ele não conseguia simplesmente deixar aquilo por ali e ir embora.

O ruivo ainda tentava argumentar tentando apelar para o lado emocional dela, citando momentos felizes que eles tiveram, mas nada parecia fazer efeito e ela continuava a recuar. Era como se ela tivesse levantado o seu escudo e estava a se defender de todas as formas possíveis dele.

Em certo momento, no ponto alto daquela conversa que foi beirando uma discussão, Nathaniel a puxou pelo braço com certa força. Adrien deu um passo à frente, pronto para ir até lá e se meter.

— Tu sabes que eu nunca quis que aquilo acontecesse, eu a Chloé nunca tivemos nada. — disse ríspido.

— Quer dizer que eu te pegar aos beijos com a minha vizinha não é nada? De alguma forma acabaste de me chamar de cega e ingênua! — incrédula, ela tentava se soltar do aperto — Largue-me agora, eu disse que não quero mais nada contigo. E ainda por cima tem a cara de pau de mentir, ficar com ela quando deveria ter ido ao jantar com nossos amigos que tu mesmo marcaste.

Nathaniel a puxou novamente, e iria joga-la na parede se não fosse parado por uma mão. Assustado com o intrometimento em sua discussão e por ter o pulso apertado dolorosamente, ele livrou-a do aperto.

— Marinette, eu estava lhe esperando. — disse ele com um sorriso gentil a ela — Ele lhe incomoda?

— Sim.

A jovem estava pasma com a situação que acabara por se desenrolar, ver aquele lado bruto de Nathaniel era algo que sequer lhe passou pela cabeça, pois ele sempre demonstrara ser tão gentil, carinhoso e sorridente. Ainda mais com aquele estranho que lhe salvara do que poderia ter sido algo bem mais sério.

— Quem és tu? E o que queres com a minha namorada?

— Que parte dessa discussão toda tu ainda não entendeste? Eu não quero mais te ver na minha frente, suma! — ela falou enquanto segurava o pulso que fora apertado, e antes que este reagisse, ela se virou para o estranho — Por favor, tire-me daqui.

— Claro, minha senhorita.

Com um sorriso ainda, ele ainda deu uma chave de braço no ruivo, empurrando-o para a parede. Sussurrou algo que ela não conseguira escutar, mas pôde ver a cara de assustado que o ex fez assim que fora solto. E só após ele sair correndo é que o loiro se aproximara.

— Pronto, espero que ele não lhe incomode por um bom tempo.

— O que lhe disse?

— Apenas um aviso, nada de mais, para que não voltasse a lhe importunar. — disse pegando as chaves da moto — Queres uma carona?

Marinette ainda lhe observou atentamente antes de responder. Não sabia quem ele era, e o que fazia da vida, mas algo lhe dizia, dentro de si, que aquele loiro era de confiança.

— Sim, por favor.

O que mais a deixava com pontos de interrogação na cabeça, era o fato de ele ainda estar sorrindo mesmo após tudo que se passou.

.x.

Nino fitava a cara abobada do amigo enquanto a pizza ainda não chegava. Desde que apareceu na pizzaria que Adrien parecia estar mais disperso de tudo e de todos. Tudo o que perguntava era respondido vagamente ou ele nem ouvia.

— Adrien está tudo bem, mesmo, contigo? — tentou pela quarta vez a mesma pergunta.

— Sim. — disse pensativo.

Passou a mão pelo rosto tentando arranjar paciência para entender o amigo. Sabia que ele tinha umas fases assim, que do nada começava a olhar para algo e se dispersava de tudo, somente focado em seus próprios pensamentos.

— É sério, Adrien! — beliscou o outro que pareceu estar mais acordado — O que está acontecendo?

— Eu não sei, só estou agindo normalmente.

— Se normalmente tu queres dizer com a sua cara de viagem multiplicada por dez? Não, isso não é normal. — emburrou — Cara, eu já te disse, se tem algo que te incomoda, compartilha comigo. Tu sabes que pode contar tudo, eu vou te entender.

Suspirou derrotado. Lembrava-se de alguns momentos atrás em que a levara de moto até sua casa, até mesmo decorou o caminho, para o caso de querer — sei lá, espioná-la — vê-la de novo.

Fitou as mãos e contou tudo o que vira desde que vinha observando ela, até o momento em que a deixou em casa. Nino levantou uma sobrancelha, um sorriso malicioso então brotou.

— Sério? — ajeitou-se em seu lugar — Quer dizer que o grande Adrien Agreste, o homem mais cobiçado entre as mais famosas modelos de Paris está apaixonado? O cara que desde que me entendo por gente nunca, sequer se interessara por ninguém? — riu-se — Posso mesmo apostar minhas fichas?

— Não podemos chamar isso de paixão, apenas de atração, por enquanto. — disse chateado pelo seu título de modelo cobiçado solteiro estar começando a ruir aos poucos — Mas eu ainda vou ver se consigo uma amizade dela.

— Quero meus agradecimentos por isso, senhor Agreste. Quem lhe levou lá no Café fora eu.

— Aquele milk shake de hortelã com chocolate belga, hm? — sorriu.

— Leu minha mente.

Ficaram ainda algum tempo rindo, até a pizza chegar.

.x.

Nino sabia que aquela era a chance de finalmente Adrien ter seu coração roubado, pela primeira vez na vida. Então, lógico, ele queria que o amigo ao menos tentasse algo. Mas diferente do que Adrien falara, ele sequer tentou se aproximar dela novamente. Era tímido demais para isso.

Ele sabia que o modelo era muito arisco com suas palavras, ele tinha medo de acabar criando uma ilusão. E tudo isso veio da experiência ruim de Nino com sua primeira namorada, a garota simplesmente o humilhou de uma forma que ficara mal por dias a fio; se não fosse o ombro amigo de Adrien aqueles dias teriam se tonado meses. O loiro então ficara com receio de ter um relacionamento, justamente por ter compartilhado dos mesmos sentimentos negativos do amigo, e acabar por desconhecer a garota, pois ele sabia que como ser humano, mascarar sua verdadeira personalidade para agradar o outro é muito fácil. E ele é um homem do tipo de se entregar em uma relação de corpo e alma. Romântico à moda antiga como era, queria fazer tudo como a etiqueta pedia. Flores, chocolates, poemas… mas faltava o principal.

A dona de seu coração.

E foi com esses pensamentos em mente que Nino resolveu conversar com Marinette no Café.

— Olá, eu gostaria de saber se é possível fazer uma encomenda?

.x.

Adrien sabia que o amigo estava a aprontar alguma, mas não sabia o que exatamente. Conhecia Nino tempo suficiente para saber que parado ele não ficaria após saber de seus sentimentos para com Marinette. No momento o modelo segurava com força a chave de sua moto, faltavam dois passos para entrar no Café e poder vê-la. Tudo por causa de uma encomenda de doces que — supostamente — Alya pedira para o aniversário de uma de suas irmãs. E como Nino estava ocupado em seu trabalho, ele quem teria de fazer isso, mesmo que tenha se disponibilizado em cima da hora.

Respirou fundo e empurrou a porta de vidro.

— Boa tarde, em que posso ajuda-lo? — era ela, sentiu o ar escapar-lhe.

— Eu vim para pegar a encomenda de doces… — travou, mudou o foco de visão para o balcão atrás dela — Está em nome de Nino. Sou um amigo dele.

— Oh sim, eu me lembro! Aguarde um instante, por favor.

Com um sorriso gracioso ela foi até o balcão para pegar uma caixa em um tom marrom com alguns detalhes em caramelo e preto. Foi registrar o pedido como realizado e logo voltou com o pacote em um embrulho. Gentilmente lhe entregou, nem percebeu o olhar demorado do loiro em si.

— Muito obrigada e volte sempre. — disse.

Lógico que ele voltaria.

Sem palavras, ele apertou o pacote, e com uma das mãos ele ergueu a dela delicadamente, deixando um beijo suave.

— Muito obrigado pelo atendimento.

E com um último olhar, ele deu as costas e saiu em direção de sua moto. Não vira a face abobada de Marinette pelo ato.

Assim como também não viu o sorriso sereno que ela deu ao recolher a mão junto de seu rosto.

.x.

Incrédulo, Nino olhava para o amigo deitado na cama, tentando esconder seu rosto vermelho no travesseiro. Suspirou e sentou ao seu lado. O enorme quarto estava silencioso, e Adrien preferia que assim estivesse até que pudesse dormir de exaustão.

O loiro tinha tido um dia péssimo, as modelos com quem trabalhava, resolveram arrumar confusão por ele, novamente. Era quase uma rotina, que lhe presenteava com dores de cabeça, parecia que estava trabalhando com adolescentes histéricas. Adrien não gostava de ferir os sentimentos de ninguém, então óbvio que ele não seguira o conselho de Nino sobre conversar com elas, pois elas não entenderiam, pelo andar que estavam. E só agora se arrependera. No fim, acabou que as duas foram afastadas da sessão de fotos, e acabou sendo somente dele mesmo, para seu grande alívio, pois o diretor — que estava até os cabelos daquela briguinha delas — resolveu que assim seria. Só ele.

E como se aquilo não fosse necessário, ainda vira o tal do Nathaniel rondando o Café. Ele sabia que havia sim aquela possibilidade do ruivo não ter levado tão a sério assim seu “recado”, e que uma hora ou outra ele ousaria por os pés ali para vê-la. Então, mesmo após aquilo, ele não faltava um dia sequer em que estava sentado no mesmo banco da praça esperando o fim do expediente dela, para assim, poder acompanha-la de longe. Ele queria ter a certeza de que ela estivesse realmente segura ao chegar a sua casa.

— Ok, isso tudo eu entendi. — disse Nino — Agora explica porque está jogado aí dessa forma? Levaste um fora ou algo do tipo?

— Eu não consigo chegar lá e ter uma conversa descente com ela. — a voz embargada demonstrava a sua derrota — Só nos falamos duas vezes, e ambas era sobre um assunto totalmente diferente do que eu queria tratar.

— Bem, eu ando conversando com ela esses dias, Alya realmente me ocupou demais com aqueles doces. Se quiser eu posso pedir o número dela para ti, que tal?

Adrien levantou-se rapidamente com uma cara assustada. Agarrou os lençóis com mais força do que ele mesmo esperava.

— Não! Não faça isso, pois vai parecer que eu estou interessado nela e…

— Mas tu estás mesmo.

— Nino, eu disse que pode ser uma atração por parte de mim, é unilateral. — resmungou baixinho e deixou-se cair na cama — E além do mais, ela não deve querer conhecer outra pessoa depois do que ela passara com esse Nathaniel. As defesas de uma mulher aumentam quando se é traída, e fica difícil passar por toda essa barreira sem se machucar. — olhou para o teto — E é esse o ponto que eu pretendo evitar, me machucar por alguém que eu possa estar cegamente amando. Não quero isso para mim.

— O amor é uma faca de dois gumes, meu caro. Tu sabes o que eu passei mais do que ninguém. Mas dar uma pequena chance não iria custar-lhe muito, somente um encontro mesmo. E mais, as mulheres não são iguais umas as outras. — sorriu — Está certo que com seu sobrenome tão famoso em Paris iria atrair mulheres que só cobiçam o teu dinheiro e tua beleza. Mas têm aquelas que realmente não se importam com tudo isso, elas querem ser amadas pelo que são, e se esse for o caso dela? Para mim, Marinette parece ser um doce de pessoa, totalmente atenciosa para com as pessoas, romântica. Quer mais que isso?

Adrien agarrou suas pernas entrando em seu modo pensativo. Ele achava sim que deveria dar o primeiro passo, nem que fosse apenas para tudo encaminhar a uma amizade verdadeira.

— Tudo bem então, já que insistes tanto…

— E eu acho que ela pode sim cair em teus encantos. Tu verás.

.x.

Marinette sorriu ao vê-lo ali, sentado a uma mesa. Estava entretido em escolher algum doce para acompanhar seu cappuccino, mas estava em dúvida. O café abrira há alguns minutos, então o movimento estava ainda começando. No momento só havia ele e mais umas cinco pessoas, além de um casal. Enquanto ela esperava que o loiro pudesse se decidir, o jovem encostou-se ao balcão, mandava discretos olhares a ele.

Adrien, desde a última conversa com Nino, há uma semana, resolvera que já era hora de tentar investir, não poderia ficar simplesmente a vida toda rejeitando mulheres. Mas sabia também, que o fazia porque não se sentia atraído por elas. Nino também pensava assim. Marinette é a única que até agora conseguira quebrar as barreiras que o modelo erguera em volta de seu coração, pouco a pouco ela o dominava.

A jovem percebera que todos os dias ele estava ali, era um dos primeiros clientes, e sempre fazia questão de comprar algo para passar o tempo, sempre acompanhado de seu adorado cappuccino. Tanto, que Marinette já até sabia como ele gostava, a ponto de ela mesma preparar.

Na verdade, era sempre ela quem o atendia, mesmo tendo mais cinco funcionários ali.

Com um sorriso ele abaixou o cardápio, era sinal de que ele finalmente se decidiu no que pedir. Ajeitou-se já alcançando o bloco de notas; e em passos lentos ela dirigiu-se até o rapaz.

— Bom dia, o senhor gostaria do mesmo de sempre? — disse ela.

— Sim, mas desta vez com macarons, por favor. — respondeu baixinho.

A garçonete escreveu e logo voltou ao balcão, repassando o papel para outro funcionário que iria preparar o pedido dos macarons. Marinette voltou a se escorar ali enquanto fazia o cappuccino dele.

Desde que ele aparecera da primeira vez ali, lhe chamava a atenção de alguma forma. No dia da briga com seu ex, ela ficara espantada sim, pois tinha suposto que o loiro era tímido demais para falar algo diretamente a ela. Ele sempre virava o rosto ao tentar conversar, nunca era um olhar direto em seus olhos. Não reclamava disso, entendia muito em que era algo dele, mas isso não evitava que um sorriso brotasse.

Já com a bandeja em mãos, voltou à mesa dele. Adrien estava distraído com algo, parecia bem hipnotizado pelas belas pétalas da orquídea azul de sua mesa, sequer percebeu a presença dela. Mesmo assim ela resolveu por o pedido ali, delicadamente, fazendo assim, ele despertar de seus pensamentos. Gentilmente ela o olhou.

— Aqui, tenha um bom apetite.

Adrien a via se afastar novamente, era sempre assim. Ia até o Café, pedia algo, ela o atendia, comia e ia embora; toda a conversa não chegava a mais de vinte palavras. O loiro se sentia derrotado por estar agindo dessa forma. E o progresso era quase nada.

Certo que ele pensava em toda uma lista de assuntos que poderia conversar com ela, mas na realidade ele nem chegava perto do plano inicial. E vendo o seu reflexo na tampa embaçada do cappuccino, ele suspirou.

— Ah… Marinette?

Para a surpresa dela, a voz dele saíra mais alto do que ele gostaria.

— Sim? O senhor precisa de mais alguma coisa? — virou-se, analisava o loiro atentamente.

— É… não precisa me chamar de senhor. Chama-me de Adrien, somente.

.x.

Ok.

Da última vez ele perdera totalmente o controle de seus nervos.

De novo!

Adrien cobria o rosto com as mãos geladas, não acreditava que tinha dito aquilo. Tinha ensaiado um assunto por vários minutos… para aquilo. Até mesmo esperou que ela fosse debochar de sua cara, mas ela apenas riu-se e com a voz mais doce que ele já ouvira, ela respondeu: “Tudo bem, Adrien”.

Não contara a Nino, e nem o faria, sabia muito bem como o amigo reagiria. Diria algo sobre ele ter mais atitude que aquilo se ele realmente quisesse chamar a moça para sentar um pouco e conversar civilizadamente.

Seu celular vibrou no bolso da sua calça. Provavelmente era Nino.

 

“Adrien, eu estou preso no trabalho, ocorreu um imprevisto. Tu poderias pegar o bolo que encomendei para Alya no Café, por favor?”

 

Suspirou, Nino gostava de doces, mas como não tinha muito tempo para prepara-los, ele preferia encomendar; tanto que sempre quando ia visita-lo havia um bolo na mesa. Mas aquela ocasião era especial; era o aniversário de Alya. E como um bom namorado que era, Nino resolveu fazer uma surpresa a ela.

Após escrever rapidamente a resposta a ele, Adrien correu pelos corredores do estúdio, já que estava liberado.

E aquela era mais uma oportunidade de poder vê-la de perto.

Rapidamente chegara ao Café, estava até mesmo com a respiração descompassada de tão ansioso que estava.

— Olá Adrien. — disse ela simpaticamente.

E novamente ali estava Adrien Agreste.

O maior nome da moda jovem parisiense, travado na presença de uma jovem garçonete.

— Eu… eu vim para pegar a encomenda de Nino, por favor.

E com um aceno ela puxou para o meio do balcão uma caixa delicadamente lacrada, para evitar que  a embalagem pudesse abrir. Marinette estava concentrada em seu trabalho, mas não deixara de notar a forma intensa com que o loiro lhe observava. Ela já presenciara esse comportamento tantas vezes dele que sequer se incomodou, até mesmo achava fofo a cara de viagem dele.

— Aqui sua entrega. — passou o pacote ao modelo — Mais alguma coisa?

Ele ficou em silêncio por um bom tempo, como se ele não tivesse ouvido o que disse. A jovem teve de repetir a frase novamente para que ele despertasse e sorri-se envergonhado.

— Só uma coisa.

E perdera a sua postura de novo, as palavras estavam presas em sua cabeça. Tinha feito um pequeno discurso para que pudesse dizer ali para ela, imaginado um local apropriado para se confessar e tudo.

Mas no momento, enquanto fitava aqueles lindos olhos azuis brilhando na esperança de que ele pudesse pedir algo ou que agradecesse pelo atendimento.

Eu te amo!

Disse baixinho, ainda perdido no olhar dela, tanto que sequer percebeu o que dissera, pois para ele aquela frase era a que tanto assaltava seus pensamentos nas últimas semanas.

Marinette levantou as sobrancelhas, fora pega desprevenida. Jamais esperaria uma declaração tão aberta quanto aquela; ainda mais em seu local de trabalho. Sorriu lindamente e inclinou-se no balcão chegando mais perto do loiro.

— Mesmo? — tocou na testa dele — Pois é recíproco.

O puxou levemente pela gola da camisa e lhe deu um pequeno selinho.

— E eu já sabia que tu me observavas as escondidas, então eu já esperava isso de ti, mas não em meu horário de trabalho.

Adrien levou as mãos até as bochechas tentando fazer com que elas parassem de arder, mas também em um ato de vergonha. Havia se denunciado enquanto flutuava em seus pensamentos, que embaraçoso. E ainda havia sido descoberto quando achava que estava sendo o mais discreto possível. Talvez Nino tivesse razão, ele ficava mesmo bobo na frente dela.

.x.

Nino gargalhava pelo Skype, tanto que caíra da cadeira e agora só se via o seu pé em cima da mesa. Adrien estava jogado em sua cama tentando não ficar mais envergonhado que aquilo. O amigo era um torturador emocional. Sabia que o modelo estava agindo estranho, tanto lhe perturbou para que lhe contasse o que havia acontecido e ao desembuchar tudo ele teve um ataque de risadas.

— Adoraria que pudesse parar de tirar uma de minha cara. Agradecido.

— Foi mau. — disse já digitando em seu celular — Acho que tu vais me agradecer por isso. — guardou o aparelho e levantou-se.

—Pelo que?

— Logo tu saberás. — seu sorriso era suspeito, muito suspeito — Agora tenho de ir, o trabalho me chama.

Despediram-se rapidamente. Adrien, que estava com a tarde livre naquele sábado, resolveu aproveitar para tirar um cochilo. Deixou o celular, que estava sem bateria, no carregador portátil em cima do criado-mudo e jogou-se na cama. Suspirou lentamente e tentou se afastar da imagem dela, para que assim pudesse descansar melhor.

Ele não esperava que a campainha fosse tocada.

Resmungando palavrões atrás de palavrões, ele foi até a sala, tropeçou no tapete e quase foi ao chão. Segurando-se na mesinha de centro — que continha um vaso branco com orquídeas azuis, as comprou, pois gostava da cor das que tinham no Café — ele voltou ao seu equilíbrio.

— Era só o que me faltava. — brigou com o tapete, agora o seu cabelo estava todo desarrumado — Espero que não seja a Nathalie me criticando de novo sobre eu ter sumido da sessão de ontem. — resmungou antes de girar a maçaneta.

Mas qual foi sua surpresa ao encontrar ali Marinette com o celular na mão.

— Tu não atendias, resolvi vir. — sorriu.

— Mas, como…?

— Nino me passou teu endereço. — mostrou-lhe o celular.

— AH, entendi! — passou a mão nos cabelos bagunçados, já sentindo a onda de vergonha lhe invadir.

— Eu estou indo visitar uma amiga, e como sua casa é perto eu resolvi vir.

— Então… gostaria de falar comigo? — perguntou curioso, fez um sinal para que pudesse sentar no sofá.

— Não precisa. Eu tenho de ir ainda. Só queria te dizer algo, sem ser em meu ambiente de trabalho.

Adrien sentiu as bochechas arderem, ela estava mesmo querendo voltar naquele assunto?

— Se realmente disseste aquilo, eu aceito. — virou-se já guardando o celular — Eu aceito os seus sentimentos, da mesma forma como os meus também. E diferente do que eu tinha conversado com Nino. E não é algo que nasceu por interesse… confesso que eu não sabia que tu eras um modelo. — disse envergonhada, ela viu o vaso de orquídeas azuis.

— Eu as comprei porque me lembravam da cor de teus olhos. — disse Adrien.

Ela riu-se da voz fofa que ele fez ao dizer. O loiro sorriu mais ainda. Ser amado pelo que é, e não pelo seu status, dinheiro ou beleza. Agora ele entendia o porquê de Nino estar tão encantado por Alya.

Abraçou-a pela cintura, impedindo-a de ir embora. E pela primeira vez ele pôde sentir a maciez que era a sua pele branquinha e sedosa. O perfume dela lhe deixava em um estado diferente de embriaguez. Todo abobado por finalmente poder ter uma pessoa para poder chamar de sua.

Estava feliz por ter o seu coração roubado por aquele anjo. E tudo acontecera por causa de um simples Café que inaugurou há pouco tempo. O primeiro olhar, ele sabia que fora certeiro.

Ele guarda em suas memórias.

— Amo-te, desde a primeira vez em que te vi. — e iniciaram um longo beijo.


Notas Finais


Era pra esta história ter sido postada há uma hora, mas a net resolveu ficar de frescura com a minha cara bem no momento que enviei, aí apagou tudo porque não foi enviado. Pense numa pessoa que ficou mordida fui eu.
kdsjdndu mas enfim.
Até a próxima <3


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