História Entregue - Capítulo Único

Senti por trás de meu pescoço a proximidade de seus lábios soltando palavras com tanta calma e precisão, como se soubesse com toda certeza o que deveria fazer para me deixar naquele estado. Não conseguia abrir minha boca se não para liberar aquela sensação, em pequenas expirações mais ofegantes, pois ele havia me pedido para não emitir sons muito altos a fim de não acordarmos ninguém e de não termos que nos largar naquele momento tão bom. Puxava-me lentamente o quadril para si, obrigando-me a agarrar na parede gradeada, porque doía, a melhor dor que jamais senti. Ele fazia com que eu me sentisse como um masoquista, cada vez mais e mais frágil e inferior ao seu controle, sua força, algo que nunca esperaria ser tão gratificante assim.

Minha transe apenas aumentava ainda mais após ele ter tirado sua mão de minha barriga e, aos poucos, tê-la feito descer até minhas virilhas. Ele sabia o que eu queria, mas forçar-me a pedir era algo muito mais interessante.

Tentei sussurrar algo, porém, ao movimentar meu rosto um pouco para a direita, com o braço que me prendia pelas cadeiras, pôs esta mão em minha bochecha, introduzindo seu polegar na minha boca, desconcentrando-me. Internamente, desesperava-me. Consegui, ainda que levemente trêmulo, fechar os lábios devagar e beijar-lhe a mão como que sua boca. Por dentro ele dançava com seu dedo em minha língua, e eu agia como se estivesse sob efeito de uma droga. E estava: a droga era ele.

Após muito resistir a mim mesmo, puxei minha mão, presa entre as barras de ferro da janela, levando-a até a cabeça dele em busca de seus cabelos. Segurando-os firmemente, ele se aproximou de mim ainda mais e, retirando a mão de minha boca, empurrou meu rosto para o lado, vidrando seus olhos nos meus, que estavam a pouquíssimos centímetros de distância uns dos outros. Percebia sua respiração acelerar enquanto a minha ia relaxando. Eu era seu, sem dúvidas, e nesse ponto ele já estava certo disso. Beijei-lhe o queixo, mordi-lhe o pescoço, deixando uma marca que ele notou e logo se empolgou para revidar, aplicando mais força no que já vínhamos fazendo, sem cessar.

Começou a beijar minha nuca, minhas costas, meus ombros, parecia querer arrancar-me os cabelos até que eu finalmente pedi, quase em silêncio, contorcendo meu pescoço para trás afim de poder vê-lo. Gemi, praticamente, que ele não me deixasse e ele relaxou por completo. Sentia sua energia dentro de mim, e como ela queimava... Acariciou a parte do colo do meu peito e me olhou como se estivesse bêbado. Virando meu corpo, abraçou-me, encostando seus cabelos em mim, provocando cócegas até beijarmos-nos.

Já não mais senti a dor do começo, era minha vez de cuidar dele, cansado como estava. Ainda assim, lambeu-me os lábios e desceu, pouco a pouco, com aquela boca tão úmida e macia, pelo meio do rastro que minhas costelas deixavam sobre minha pele, mordendo de leve o que ele gostava de chamar de meu "peitoral", chupando meus mamilos e quase arrancando um brinco que tinha no esquerdo. Ele me fazia sorrir tão facilmente...

No instante em que percebeu que já ia eu me distraindo, deslizou suas mãos de minhas orelhas até a parte posterior de minha cintura, indo além, forçando-me a conter minha voz. Arranhei suas costas com minhas unhas curtas, contudo ele não parava, queria ver até que ponto eu aguentaria. Sua língua começava naquele momento a brincar com meu corpo, que não se movia mais por ele ter contido-o entre seus braços, porém não tinha mais a capacidade que imaginei ter, deixando desenhos vermelhos perto de sua face devido a minha sensação. Então, e só então, realizou meu desejo inicial e eu era mais dele que meu.