A foto de Enygma estava percorrendo toda a 1ª Delegacia. Todos sabiam que a Detetive Lee Sooan e o Sargento Kim Jongin estavam fazendo progresso na caçada ao assassino. O Capitão Park se sentia satisfeito com o atual trabalho dos dois.
- Finalmente pararam de tatear no escuro, hãn? - disse o homem, alisando os bigodes.
- O Senhor nos disse que não admitiria mais erros. Levamos à sério. - disse Jongin.
- Estamos chegando ao encalço desse louco, mas ainda assim algumas perguntas não foram respondidas ainda. - o Capitão respondeu.
- Quais perguntas, Senhor Capitão? - perguntou Sooan.
- Primeiro: de onde o Enygma conhece você e o seu trabalho, detetive? Por que ele propôs essa caçada à você?
Sooan ficou quieta por alguns minutos, era óbvio que ela não sabia a resposta. Realmente, nunca tinha parado para pensar o por quê, dentre tantos oficiais, detetives dentro de 5 delegacias de crimes especiais, ela tinha sido a escolhida para brincar de gato e rato com ele.
- Não sei lhe dizer, senhor.
- Isso dá muito o que pensar. Talvez, o motivo para esse cara saber tanto sobre você, a polícia, e os seus métodos de investigação, seja porque ele trabalha para a delegacia. Quando vocês prenderam o perito Byun Baekhyun isso fez muito sentido para mim. Ficou claro que o pobre Byun não é o culpado, mas bem que podia ser…
Jongin ficou tenso. Uma veia em suas têmporas latejava, com a possibilidade.
- Ou seja, mesmo aqui dentro Sooan pode estar correndo perigo?
- Acredito que sim. Talvez até o ar que a detetive Lee respire, pode estar contaminado com Enygma.
Sooan sentiu as pernas amolecerem e os joelhos enfraquecerem. Afundou-se ainda mais na cadeira do chefe. Ela nunca tinha se sentido tão perto do perigo, da morte. Em cinco anos trabalhando para a Polícia, ela nunca experimentou esse calafrio que estava sentindo. Se ela pensasse demais nisso, o medo podia até paralisá-la, e ela nunca se perdoaria se isso acontecesse.
- Eu volto a perguntar: Sooan precisa mesmo continuar nesse caso? Olha, eu poderia muito bem transferi-la temporariamente para Busan ou outra cidade no interior… e isso seria apenas entre eu e você, Sooan. Nem Jongin saberia.
- Senhor…?
- Sim, Jongin. Nem mesmo você. Todo cuidado é pouco.
Jongin sentiu-se profundamente ofendido com o que o Capitão disse. Sooan pensava à mil por hora, sobre que decisão deveria tomar.
- Eu… eu preciso continuar aqui. Essa é a minha profissão. Quando decidi que trabalharia como investigadora e profiler na Polícia, eu assinei um termo comigo mesma, que eu não fugiria das minhas obrigações. Se eu tiver que morrer… morrer para que a Polícia apanhe esse monstro, estarei cumprindo com o meu trabalho.
Jongin virou o rosto para Sooan, com os olhos cheios de dor. Não queria deixar que esse caso chegasse a esse ponto… se ele tivesse que morrer no lugar dela, ele morreria. Finalmente, ele faria a coisa certa com relação à Sooan.
- Não deixarei que isso aconteça, Sooan. - disse ele, desejando abraçar a parceira que novamente se via em lágrimas.
O Capitão Park suspirou.
- Voltem ao trabalho. Eu vou reunir todos os oficiais e investigadores para uma reunião para tratar sobre a possibilidade do Enygma ser um de nós. Vocês, revisem o caso quantas vezes for preciso até acharem uma brecha. Eles sempre deixam uma brecha. Dispensados.
Jongin sorvia o Bubble Tea com avidez. Ele e Sooan estavam naquela cafeteria havia um tempo… apenas revisando o caso, pela décima vez desde que entraram nele. Perfil das vítimas, nome, sobrenome, idade, faculdade, endereço… algo ali tinha que formar um padrão. Mas o único que achavam era que realmente todas cursavam exatas.
- Isso pode demonstrar muita coisa. Às vezes, o fato de todas as vítimas serem de exatas, não significa que o Enygma odeie mulheres de 20 e poucos anos que cursem exatas, mas sim que elas são as vítimas mais fáceis para ele. - disse Sooan.
- Realmente, acho que faz mais sentido. É por isso que não houve resposta da população sobre suspeitos ou perfis próximos que batessem com essa característica.
- E o pior é que não tem nenhum conselho regional de monitores e professores particulares de física, onde nós pudéssemos procurar o perfil de alguém…
- Se você fosse dar monitoria ou aulas para alguém, como você ofereceria essas aulas?
Sooan teve um estalo mental.
- Qual o melhor jeito de você oferecer algo com total sigilo num mundo cibernético como o de hoje?
Jongin não soube responder.
- Minha cabeça está fritando nesse calor, não faça perguntas difíceis Sooan!
A detetive levantou-se da cadeira, e atravessando a rua da cafeteria, comprou um jornal na banca logo à frente.
- Jornal! Como não pensei nisso antes?
- O que seria de você, Sargento, sem mim?
Jongin deu um sorriso vadio à Sooan, que automaticamente abriu o jornal para não olhar mais para ele. Foi direto ao caderno de classificados, e deu duas das quatro folhas da seção para ele.
- Com certeza ele deve oferecer essas aulas na seção de Anúncios e Classificados. Procure atentamente qualquer anúncio de aulas particulares para universitários.
Os dois procuraram cuidadosamente nas folhas com anúncios intermináveis se achavam alguma coisa relacionada. Quando já perdiam a esperança, os olhos de Sooan brilharam.
- Bingo! “Ofereço aulas particulares e monitoria em Física, para estudantes que estejam cursando a Universidade. Atendo em todos os distritos de Seoul. Contate-me para dúvidas e orçamentos. Professor Eun YangMa. Telefone: xxxx-xxxx.”
- Eu não acredito que conseguimos pegar ele. Mas, e se esse número for mais um chip frio?
- Talvez não… se ele colocou o número aqui, é porque está esperando ligações de novos estudantes. Ele deve estar com ele ativo nesse momento, esse jornal é de hoje!
- Vou ligar para o estagiário! - disse Jongin.
- Pobre Sehun… vamos usar e abusar dos talentos dele, até que tudo isso acabe.
Os dois investigadores iam à toda velocidade em direção ao endereço que Oh Sehun passara por telefone. O chip estava localizado em algum lugar em uma esquina em Dobong. O local era um lugar ermo, sem muitas casas e poucos comércios.
- Onde esse maldito se esconde? - disse Jongin entredentes, enquanto procurava a rua onde o chip estava localizado.
- Parece que é aqui.
Tinham chego a uma esquina, onde havia um prédio abandonado.
- Será que ele montou um QG aqui nesse prédio? Esperto… - analisou Jongin, enquanto olhava o lugar. A maioria das pessoas devia sentir medo até mesmo de passar ali do lado, era o lugar perfeito para trabalhar sem ser notado. Os dois saíram do carro. Sooan decidiu ligar para o número indicado para tentar ouvir um toque. Eles puderam ouvir um zumbido em algum lugar, assim que a chamada foi completada.
- Eu estou ouvindo o celular vibrar… onde ele está? - Jongin já estava com a arma sacada e olhava em direção à todos os lados. Ambos estavam com coletes a prova de balas, mas ainda assim todo o cuidado era pouco. Com o ouvido aguçado, Sooan tentou procurar de onde vinha o zumbido da ligação.
- Tocou até cair na caixa postal. Vou tentar de novo.
- Cuidado, ele pode estar se movimentando…
O toque ficou ainda mais alto quando Sooan chegou perto de algumas lixeiras bem na esquina do prédio. Ela abriu a tampa de uma delas, e um celular brilhava com o número dela no visor, bem lá no fundo.
- Merda!
Jongin largou a arma no coldre novamente, passando as mãos sobre os cabelos.
- Sempre um passo a frente, sempre um passo a frente… maldito! - ele chutou a lixeira com o celular dentro. O rompante ecoou pela rua pouco movimentada.
O bairro de Gangnam estava um caos. Jongin e Sooan lutavam para voltar para casa, em meio ao trânsito, mas a parte do distrito onde ficava o edifício de Jongin estava sem luz há quase duas horas. Os semáforos piscavam em luz de alerta e os agentes de trânsito se desdobravam para manter a ordem entre carros e pedestres.
- Isso só pode ser brincadeira… - disse Jongin, exausto.
- Esse dia não foi dos melhores, Jongin… mas estamos cada vez mais perto. Eu sinto isso.
- Tomara. Esse cara tá acabando comigo.
Finalmente chegou a hora da fila de carros onde a BMW do Sargento estava, seguir caminho. Em 10 minutos, a SUV estacionava na garagem do edifício de luxo.
- Pronta para mais uma rodada de escadas? Dessa vez, são vinte andares…
Sooan suspirou só de pensar se aguentaria viva todos os lances. Subiram com calma, para não cansar, iluminando o caminho apenas com a lanterna do celular de Jongin. Quando estavam no 12º andar, um rapaz com capuz e um celular na mão descia os lances correndo. Ele era alto, mas o capuz escondia parte do seu rosto.
- Boa noite vizinhos, que dia hein? - disse ele. Ele tinha uma voz engraçada, anasalada…
- Nem me fale. Espero que a luz volte logo. - disse Jongin.
Finalmente chegaram ao vigésimo andar, onde ficava o apartamento de Jongin. E ambos foram surpreendidos com a porta aberta.
- Malditas fechaduras eletrônicas. - disse o Sargento abrindo a porta. Tudo parecia normal no apartamento no escuro.
- Pobre Flume… todo esse tempo sozinha, no escuro… - disse Sooan se encaminhando ao quarto dela.
Jongin ficou na cozinha, para beber uma água. O calor, os lances de escada e o dia estressante o deixaram sedento. Mal tinha colocado a água no copo de vidro e um grito lancinante vindo do quarto de Sooan o fez derrubar o copo e espatifá-lo no chão.
- Sooan? O que houve? - ele disse, correndo até onde a detetive estava. Ao chegar no quarto onde ela estava hospedada, viu Sooan ajoelhada, tremendo da cabeça aos pés. A gatinha cinzenta, jazia em seus braços.
- Ela foi estrangulada… ele matou ela, Jongin… Ah, Flume, Flume… - Sooan chorava em desespero.
Com a lanterna do celular, Jongin tentou procurar alguma coisa que evidenciasse que o Enygma estivera ali. Ele não faria aquilo sem deixar um recado. E logo ao lado de Sooan, onde ela recolhera a gata estrangulada, havia um papel dobrado. Com a luz da lanterna, Jongin leu:
“Não me faça ir atrás de você tão logo, detetive.”
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