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História Enygma. - Chuva e Promessas.


Escrita por: bellarabella

Capítulo 16 - Chuva e Promessas.


A cabeça de Sooan girava sem parar, enquanto toda a equipe de perícia vinha e voltava no apartamento de Jongin. O Sargento estava perto dela, sem tirar o celular do ouvido nem apenas por um segundo, gritando ordens, tentando mobilizar todo o departamento em função do caso. Enygma fora longe demais. Quer dizer, ele ainda podia ir atrás de Sooan, e talvez, essa fosse a sua prioridade naquele momento.

- Eu quero peritos em eletrônica aqui em casa, o mais rápido que der! Eu quero câmeras que funcionem com eletricidade, mas tenham autonomia de horas à fio apenas por bateria, e quero uma fechadura nova. Vou desistir das eletrônicas, chaves continuam sendo práticas na luz ou no apagão…

O corpo de Flume estava sendo analisado rapidamente em um dos balcões de Jongin e o quarto provisório de Sooan estava revirado. Suas roupas, sua história, seus momentos bons com Flume…

Ela se sentia invadida ali. Por Enygma, pela sua crueldade e pelos próprios colegas que precisavam fazer seu trabalho de perícia e investigação, independente da dor que ela estava sentindo ou não. E naquele momento, ela se colocou no lugar dos familiares e amigos das vítimas que tinham suas privacidades reviradas, seu momento de luto interrompido para que a justiça fosse feita. Mais do que invadida, ela se sentia sufocada. Queria se ver longe dali. Assim que as pessoas que estavam na sala junto com ela, se afastaram para ver alguma coisa em outro cômodo, ela se aproveitou para sair dali sorrateiramente. Saiu pela porta escancarada e ganhou as escadas, onde correu e pulou tantos degraus quanto a suas pernas a deixavam. E foi ali, no 12º andar, que ela se lembrou. O rapaz descendo apressado com a lanterna do celular acesa, esbarrando com eles. Ele parecia ansioso, talvez? E a voz anasalada… era uma voz engraçada. Como se ele estivesse usando um modulador, ou apenas alterando a voz. E se… e se aquele rapaz fosse o Enygma? Eles estiveram um fio de cabelo perto dele… podiam tê-lo pego. Mas, mesmo assim ele já havia matado Flume. Ele já teria conseguido atingir Lee Sooan da maneira mais dolorosa possível.

As lágrimas voltaram a encharcar os olhos de Sooan, fazendo com que a visão ficasse embaçada. Ela não parou de correr. E assim que alcançou o andar da portaria, nem olhou para o porteiro que a avistava com curiosidade e pena. Ele sabia dos acontecimentos no vigésimo andar, mas nem imaginava o quanto a moça que saía do prédio desesperadamente, estava envolvida.

E agora que ela estava na rua? Para onde iria? Sooan sentia como se não pudesse se esconder. Talve z o Enygma estivesse ali na esquina, escondido, olhando cada passo dela.

- Vamos! Você conseguiu o que queria! Eu estou aqui, vulnerável! Me mata, me mata logo! - disse Sooan berrando na rua vazia. Ela continuou andando, sentindo a chuva leve que caía sobre a cidade quente, beijando-lhe os ombros. E teve vontade de ir, a um lugar onde a sua mãe costumava a levar depois da escola para tomar sorvete. Obviamente, a barraquinha de sorvetes já estaria fechada. Mas sentar-se nos banquinhos e lembrar-se da sua mãe, talvez fosse o que ela precisava no momento. O lugar ficava apenas a algumas quadras do colégio onde ela e Jongin estudaram. Era uma praça com monumentos históricos sem graça, e passava batida por turistas e jovens. Mas, possuía o melhor sorvete da cidade. Ali, nos banquinhos cimentados, ela e a sua mãe conversavam durante um bom tempo. Naquele dia, em que Jongin a humilhou com o suco de laranja, Sooan foi cabisbaixa encontrar a mãe na praça. E naquele dia, também chovia.

- Sooan, o que houve com as suas roupas? Sabe que não tenho dinheiro para comprar outro uniforme e…

- Mãe, eu quero sair daquele colégio. Kim Jongin… ele é cruel comigo. Ele me maltrata por eu não ser tão bonita como as outras. Não quero ser diferente…

- Quer ser igual a eles?

Sooan ficou pensativa. Seria melhor ser igual, ter o mesmo dinheiro, os mesmos gostos e principalmente, o mesmo caráter de Jongin e os outros três Kim?

- Eu… eu queria ser invisível, mãe.

- Bem, você não é. Kim Jongin te nota, porque entende que você não é igual a ele. E talvez, isso tenha algum efeito sobre ele: ou ele teme isso, ou ele gosta disso demais para admitir.

- Eu não quero vê-lo nunca mais, mãe!

A mãe assentiu e levou Sooan para casa. Ela nunca mais viu Jongin, até que descobrir que ele seria seu Sargento.

Sooan queria que a mãe estivesse viva para ver como Jongin havia mudado. O quanto ele deixou de ser cruel, egoísta e o quanto a relação deles havia mudado. Agora, ele era cheio de cuidados com Sooan e por trás dos olhos com cor de mel, ele ainda sentia algo que ela não entendia. Palavras quenão eram ditas, eram compartilhadas entre os dois. E a cumplicidade improvável que nascera entre os dois, desde que o destino selou as suas vidas nesse caso. Em suma, Enygma lhe tirou muitas coisas, mas deu à ela sem saber, coisas inesperadas, que ela já não conseguia se imaginar sem.

 

No edifício, Jongin finalmente se dera conta do sumiço de Sooan.

- Como assim ninguém a viu sair? - ele vociferava com a equipe que se espremia cada vez mais, no espaçoso apartamento. - Estamos em quase cem pessoas aqui, e ninguém viu a detetive Sooan sair por aquela porta?!

Ele não sabia há quanto tempo ela poderia ter saído. Ele estava distraído demais, tentando resolver o circo que Enygma tinha armado na sua própria casa. Caçar esse maldito, até a morte se fosse preciso, seria o ar que Jongin respirava. Mas, sua prioridade número um era cuidar de Sooan. E de novo, ele falhou miseravelmente. Ligou para a portaria desesperado.

- Olá Senhor Kwon, você por acaso viu uma moça saindo pela portaria ou pelas câmeras? Isso foi depois de a equipe policial chegar.

- Sim, eu a vi. Ela saiu chorando, desabalada. Ela gritou algumas coisas em frente ao prédio e aí saiu correndo pela direção oeste.

Jongin mal agradeceu a informação e já descia em direção à garagem para pegar o carro e ir atrás da parceira. Ele tinha medo que o Enygma pudesse ter levado-a, bem diante dos seus olhos, sem que ele percebesse. Ambos estavam tão paranoicos com Enygma e todo o seu poder quase sobrenatural sobre eles, que tudo o que pensavam que poderia acontecer de ruim, vinha dele. Ele tinha conseguido o que queria, fazer um jogo mental com eles, até que ambos se entregassem à insanidade e ao fracasso. Mas, ele não conhecia Kim Jongin. Jongin podia apanhar o quanto fosse, ele nunca caía sobre os joelhos e se rendia. Ele preparava o melhor ataque para revidar de uma vez só.

A BMW deslizava sobre as ruas molhadas pela chuva fina, e Sooan com os cabelos negros caindo sobre os ombros não entrava no campo de visão do Sargento. O desespero estava batendo a cada segundo a mais em que ele não via a parceira ali. Seria tarde demais?

 

Sooan ouviu o carro estacionar atrás de si. Ela não quis olhar para trás. A influência que ele tinha sobre ela era tão forte, que ela podia saber de quem se tratava, muito antes de olhar em seus olhos.

- Você ficou louca?! - ele gritou, assim que alcançou Sooan.

- Eu… eu precisava de um ar. Não pensei em outra coisa, senão vir aqui.

- Eu fiquei desesperado Sooan, eu…

- Como sabia que eu estaria aqui?

Jongin respirou fundo, passando a mão sobre os cabelos.

- Eu… eu me lembrei de ter visto você e a sua mãe aqui várias vezes, enquanto voltava da escola. Eu não faço ideia de como essa lembrança me guiou até aqui.

Sooan sorriu, entre as lágrimas. E sem perceber que também chorava, Jongin aproximou Sooan de seus braços e a envolveu fortemente, como se quisesse colar ambos os corpos.

- Você não entende? Como eu poderia continuar vivendo, em um mundo em que não existisse você?

- Eu tenho tanto medo. - disse Sooan com o rosto aninhado no ombro de Jongin, com a voz abafada.

- Eu estou aqui.

Sem dizer mais nada, Jongin apanhou o rosto de Sooan com as duas mãos e colando os lábios nos dela, selou a promessa com a chuva fina e as poucas estrelas como testemunhas. 


Notas Finais


Finalmente esses dois! <3

O que estão achando? Comentem! <3


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