De: Eu
Para: Minha Musa
Muitas vezes me perguntaram "De onde vem tua arte?". Querem saber o segredo de meus poemas sofridos, versos tediosos, pinturas incolores e desenhos rabiscados.
E sempre respondo:
"Minha arte vem de Minha Musa."
E sim, sempre com iniciais maiúsculas. Afinal, é teu nome em meu coração.
"E quem é ela?" Eles prosseguem. A curiosidade humana é algo, como você bem sabe, infinito.
"Ela é meu oposto. Eu, como podes ver, sou a calmaria, o passivo-agressivo, a estabilidade. Sou e sempre serei, mesmo em meus momentos de fúria ou tristezas profundas, um passei tranquilo na praia." Faço uma pausa, pensando em como definir alguém/algo sem definição. "Minha Musa não. Ela é complexa, é violência e carinho, amiga e solitária, amor e ódio. Minha Musa é uma viagem turbulenta de avião, um tornado de dúvidas."
"E... Como ela se parece?"
"Oh, Minha Musa não tem face."
Me olham com espanto. Um poeta precisa sempre dizer palavras com sabor de mistério.
"Como assim?"
"Minha Musa é a vida. É colorida e em preto e branco. É feliz e um mar de lágrimas. É perdão e amargura. É decência e safadeza. Ela é tudo, nada, muito, pouco."
Então, escrevo agora para ti, Minha Musa. Sei que estás se esvaindo por entre meus dedos, sei que irás embora para ser a inspiração de outro.
Quero agradecer-te. Por ter-me dado tudo e por, muitas vezes, ter-me tirado até mesmo o que não tinha.
Este é meu último adeus,
minha última obra,
meu último minuto ao teu lado.
De: Eu
Para: Minha Musa
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