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História Equal - Norminah. - Prólogo.


Escrita por: norminahanonimo

Notas do Autor


Bom, não tenho muito o que falar, apenas espero que gostem do enredo dessa história. Sabem que eu amo escrever, e se possível, lotarei wattpad e spirit de fanfics norminah somente por vocês.

E eu quero ver com quem vocês se identificarão mais: Dinah Jane ou Marie Jane? Qual o seu team?

Ou talvez se identifiquem com a Normani, porque eu me identifiquei bastante! KKK.

Eu tenho mais outras três fics para atualizar, não as esqueci, viu?!

Aproveitem essa nova história!

Capítulo 1 - Prólogo.


Fanfic / Fanfiction Equal - Norminah. - Prólogo.

Setembro 2006. Santa Ana, Califórnia. 

Normani POV. 

E lá estava eu mais uma vez admirando-a como uma completa idiota. Porque eu não era tão atirada ao ponto de ter coragem em ir até lá e dizer um "oi"? Talvez por eu ser tão nova por aqui? Ou porque essa maldita timidez não me deixava fazer absolutamente nada?! As pessoas nesse lugar me intimidavam, dava medo de simplesmente chegar perto dessas meninas do SCE. Elas me olhavam como se eu fosse uma estranha, bom, eu sou, afinal, faz apenas seis meses que me mudei pra cá. Ninguém me conhece direito, fora Jilly e Ally. Duas loucas que gostam de festas, muitas bebidas e homens. Ao contrário de mim. Jilly é a mais nova e sem juízo entre a gente, e Ally, a mais velha e centrada. Apesar de eu já não conseguir ficar sem essas duas, ainda sinto saudades do Texas. Estar com os meus antigos amigos, na minha antiga escola na qual estudei desde a quinta série, e na minha antiga casa. Mas só acabei me mudando pra cá por conta do meu pai. Ele é da Marinha Americana, foi transferido por causa de sua nova missão, seus comandantes sempre faziam isso para destraí-lo psicologicamente com a falta da minha mãe. Bom, não sei de muitas coisas, só que ela faleceu quando eu ainda tinha seis anos. Meu pai evita tocar nesse assunto e me dar mais detalhes, mas com o pouco que eu soube, ela teve um enfarto. É um pouco complicado passar sua infância sem a mãe, chegar na adolescência sem aquela imagem materna, onde você começa à se espelhar, pedir conselhos e etc, mas eu estou conseguindo seguir em frente com isso. 

Suspirei pesadamente com àquela beldade descendo as escadas da escola enquanto dava-me a perfeita imagem de seu lindo sorriso. Aquele uniforme de cheerleader encaixando perfeitamente em seu corpo; a saia rodada num tom vermelho sangue com listras brancas na barra, o top branco carregando o nome "School of Califórnia Educational" em seu busto avantajado, os cabelos caindo sobre os ombros em um loiro que só ela conseguia ter, realçando aquela pele aparentemente tão macia e clara. Não sei exatamente o dia em que me apaixonei por ela, mas, sei que aquilo estava mais forte do que eu pensava. Nunca pensei que me apaixonaria por alguém de um lado tão oposto de mim. Eu sempre soube que sentia atrações por garotas, mas não tão forte como eu sentia por ela. Nem sequer cheguei perto para conversar, ouvir sua voz, fazer amizade ou algo do tipo afim de ter alguma aproximação, porque, eu sou a nerd estranha da história. 

Meus olhos seguiram-a como um imã, observando cada passo da mesma até chegar no carro de seu... Namorado. Céus! Aquele maldito e nojento namorado. Como o odeio. Como odeio o fato dele ter conseguido namorá-la, de não aproveitar os momentos em tocá-la, vê-la sorrindo, ou até dar-lhe atenção quando fala. Aquele garoto era nojento, só se preocupava consigo mesmo, com os sapatos de marca e seu time de basquete. 

:- Mani, você ouviu o que eu falei? — Despertei-me ao ouvir seus estalares de dedos em frente ao meu rosto. Meneei com a cabeça, voltando para a realidade, focando minha atenção em Allyson usando um lindo vestido laranja com estampas de girassóis, e o ombro direito preenchido pela alça preta de sua mochila.

:- Me desculpa, Ally, eu acabei me distraindo...

:- Com a sua rainha do pedestal? — Soltou divertida. Olhei por cima de seus ombros em direção ao carro, que saía de onde estava estacionado, e tornei à olhá-la. — Como pode gostar tanto assim de Dinah? Ela é tão sem sal.

Dinah; o nome que me dava calafrios e borboletas no estômago só de ouvir. Era esse nome que eu sempre pensava antes de dormir. 

:- Eu não sei, só aconteceu. — Dei de ombros. Ajeitei a alça da minha mochila cinza, trazendo-a mais para perto do meu pescoço. Olhou-me com cara de nojo e negou com a cabeça. — A gente não escolhe por quem se apaixona, tá legal? Também não a conhecemos direito pra julgá-la ser boa ou não. 

:- Sei, sei... — Disse tediosa. — Vamos falar sobre o que nos importa aqui: Hoje à noite terá uma festa incrivelmente incrível na casa do Fredd, parece que ele está comemorando a maioridade e o último ano da escola. Me diga que vai?

:-  Desculpem o atraso, meninas, a professora Debman é um demônio. Ela me procurou a escola toda para dar esses livros. Disse que seria bom para eu estudar na segunda chance de prova. — Antes que eu pudesse respondê-la, Jilly surgiu ofegante, carregando sua bolsa de lado e os braços preenchidos por livros de geografia. Seus olhos percorreram entre eu e Allyson à espera de uma resposta. — O que eu perdi?

:- Se você não tivesse faltado semana passada, estaria livre como eu e Mani. — A pequena deu de ombros. 

:- Se quiser ajuda, é só avisar, Jilly. — Respondi amigavelmente, e ela sorriu assentindo, sabendo que poderia contar comigo. 

:- E o que vocês estavam cochichando? 

Perguntou num tom curioso, enquanto encarava eu e Ally.  

:- Fredd fará uma festa comemorando o quase término do ensino médio e aniversário. Disseram que ele sempre faz festas muito fodas, nunca fui, sou curiosa, então, minha presença já está marcada. Só falta as de vocês, e aí?

:- Acha mesmo que vou perder festa em plena sexta-feira?! Onde assina pra marcar presença? — A maior respondeu empolgada, tirando um largo sorriso da menor. — E você, Mani? 

:- E-u... — Gaguejei. Empurrei meu óculos com as pontas dos dedos, encaixando-o perfeitamente na linha do nariz. Elas bufaram em reprovação por já saberem qual seria a minha resposta sobre isso. 

:- Ah, não, Mani! Você já furou com a gente duas vezes. Uma foi porque seu pai precisava de ajuda, outra você estava passando mal, e agora vai ser o que? — Ally dizia impaciente. — Sabemos que você é nova por aqui, que não se sente confortável de ir em festas porque não conhece ninguém, mas você tem a gente. Se quer se enturmar e deixar de ser a nerd excluída da sala, precisa comparecer nas festas. 

:- Fora que o seu amorzinho intocável vai estar lá. Pode ser uma boa oportunidade de você se aproximar e ter, sei lá, qualquer envolvimento. — A maior ao seu lado completou, sabendo que, quando se tratava do meu "amorzinho intocável", como ela o chama, eu toparia ir até a lua para admirá-la por longas horas. Afinal, era só isso que eu podia fazer; Contemplar sua exótica beleza.

:- Não acho que seja uma boa idéia, ela vai ficar o tempo todo com o namorado, e as amigas dela não parecem gostar de mim. Me olham como se eu tivesse uma verruga na testa.

:- Deixe de ser careta, Normani. — Jilly revirou os olhos em tédio. — É só uma festa comum, apenas queremos nos divertir como amigas.Vamos, por favor? 

Intercalei olhares entre as minhas duas melhores amigas paradas à espera de respostas. Elas sempre estavam tentando me levar aos lugares para me convencer que Califórnia era tão legal quanto o Texas. Eu nunca iria achar isso, já que amo a minha cidade natal, mas precisaria acostumar com tudo daqui, será o meu novo lar daqui pra frente. 

:- Está bem! — Respondi totalmente vencida e sem forças de relutar com as duas. Não tinha mais boas desculpas para dar também. Elas comemoraram entre si. — Mas me prometam que não aprontarão nada. 

:- Prometemos! — Responderam juntas. Mordi os lábios sentindo um nervosismo subir por minha espinha só de pensar nessa noite; minha primeira festa em Santa Ana. 

[...]

:- Como está se sentindo? — Ally perguntou próximo ao meu ouvido por conta da música alta. Virei o rosto para admirá-la sentada ao meu lado, segurando um copo de plástico vermelho. Estávamos em cima de uma caixa de madeira, que suponho ter objetos velhos dentro. Aqui foi o único lugar onde a movimentação de gente era pouca, Ally e Jilly não curtiram muito quando optei por esse lado, mas era calmo pra mim.

:- Me sinto incomodada. As pessoas me olham como se perguntassem o que estou fazendo aqui. 

:- Não se preocupe, todos daqui são uns babacas. É normal ficarem te olhando como se você fosse de outro planeta, afinal, você é nova por aqui. Apenas aproveite a festa e não se importe. — Levantou-se num solavanco. — Vou procurar Jilly e pegar mais bebida. Você quer? 

:- Quero, por favor! 

Entreguei-lhe o copo vazio, deixando que a pequena virasse sobre seus pés e caminhasse em direção a parte onde estão dando as bebidas. O som estava insuportavelmente alto, pessoas subiam no telhado da casa pra pular na piscina, outras caídas na varanda extremamente bêbadas, casais se pegando em tudo quanto era canto, mais pessoas dançando, conversando, ou até mesmo correndo pela casa. Aquilo estava me dando agonia, muita bagunça, muita movimentação. E por estar um pouco mais afastada, acabei não vendo se ela havia chegado na festa, o que deixava a minha animação em menos trinta.

Alisei o tecido do meu vestido de bolinhas pretas sobre as minhas coxas, puxando-o para que não subisse com a pequena ventarola que batia por ali. Hoje o calor estava insuportável, mesmo estando de noite, parecia que a lua nos aquecia como o sol. Resolvi dar um pouco de atenção ao meu celular, sabe, checar as minhas redes sociais e ver novidades. Trocar algumas mensagens com os meus amigos que deixei no Texas, contar sobre a vida tediosa que estou tendo em Santa Ana. 

:- Ela está alí! — Ouvi vozes vindas do fundo do pequeno corredor da varanda. Ergui a cabeça achando que fosse as minhas amigas, mas eram as pessoas que eu estava evitando ver por hoje. Dinah surgiu usando uma jaqueta grande vermelha com o símbolo do time escolar, por baixo uma camisa branca, jeans claro rasgado nos joelhos, tênis vermelho e cabelos soltos caídos abaixo dos seios.

Oh, espere! Ela está vindo até mim juntamente daquele cardume?! 

:- Você é a Normani, certo? 

Como ela sabe o meu nome?!

Desci em um pulo de onde eu estava sentada, sentindo meu corpo estremecer com aquela voz rouca por conta de sua embriaguez. Enfiou as mãos dentro dos bolsos da jaqueta, depositando todo o seu peso para a perna direita e me encarou com as sobrancelhas erguidas. As garotas atrás riam e cochichavam entre si, o que me causava mais desconforto e nervosismo. 

:- Sim, sou eu. — Respondi sem retirar os olhos da loira à frente.

:- Bem, Normani, é meio difícil admitir isso, mas acho que estou gostando de você. — Retirou as mãos de dentro dos bolsos, dando passos lentos mais próximos de mim. 

:- C-omo?! — Pisquei incontáveis vezes e meneei com a cabeça negativamente. Ela sorriu de canto. — Porque está me dizendo isso?

:- Porque quando a gente gosta de alguém, a gente diz pra pessoa, não é? 

As garotas atrás dela riram. Neguei com a cabeça novamente. 

:- Eu acho... Que sim. Desde quando? Digo, desde quando você gosta de mim? 

:- Desde sempre, Manz. Posso te chamar assim? — Perguntou carinhosa. Concordei com a cabeça totalmente nervosa em tê-la tão perto. — Eu só preciso saber se isso é recíproco.

:- É mais do que recíproco. Meu Deus! — Ri nervosa. Ela continuou me encarando com aquele semblante sério. — Eu gosto de ti também, pra ser sincera, estou apaixonada por você. Não sei como, nem o porquê, mas aconteceu. Coisas anatômicas do corpo. Desde a primeira vez em que te vi naquela escola eu queria te contar, não tive coragem de dizer nada por-

:- Me deve cem dólares, Ray! — Ela me cortou. Franzi o cenho, vendo-a se virar para as suas amigas que riam divertidas com a cena e espalmavam sua mão num cumprimento babaca.

:- Eu disse que a nerd nova além de lésbica, é apaixonadinha por você. — A ruiva, que suponho ser a Ray, disse entre risos divertidos.

:- Você apostou comigo pra que conseguisse fazê-la dizer tudo, e eu consegui. Quero os meus cem dólares. — Apontou para a garota ruiva. — E a única coisa que pode acontecer entre eu e você, é eu te aconselhar à passar alguns cremes contra espinhas no rosto. 

Ela olhou pra mim com uma cara de repulsa, como se não gostasse do que via em sua frente. Alisei minha face com as espinhas evidentes, aproveitando para secar as lágrimas que rolavam. Ela enfiou as mãos dentro dos bolsos da jaqueta, tornando sobre os calcanhares e saindo dali junto das outras garotas que riam como se contassem uma boa piada. Abaixei a cabeça, sentindo vergonha de tudo aquilo, de ouvir as gargalhadas, de ter ouvido o que me dissera. Meu coração se despedaçava como pétalas dentro de mim, enquanto sua voz martelava minha mente. 

 

Setembro 2016. Santa Ana, Califórnia. 

Normani POV.

:- Vou atender o paciente do acidente de carro que acabou de entrar na emergência. Tenho uma paciente no quarto trinta, acidente doméstico, parece que cortou a mão com a faca e ficou com medo de ser algo grave. Dê uma checada, faça exames para certificá-la de que não é tão grave assim e faça o curativo com os pontos. A ficha dela está aí em cima da bancada. — O doutor chefe dizia rapidamente, enquanto dava passos para trás. Alguns enfermeiros juntamente dele, corriam por todo o corredor até chegar na sala de cirurgia onde havia sido marcado a emergência.

Puxei a ficha da paciente em cima da bancada, colocando-a embaixo do meu braço direito e caminhei em passos calmos pelo corredor. Milagroso saber que doutor Hunt não resolveu colocar toda a cirurgia nas costas de sua enfermeira, vulgo, eu. Aliás, tudo eu tinha que fazer, independentemente se eu sabia ou não. Como ele dizia: "Algo à mais para você aprender!"

Aproveitei para passar até a cafeteria, pegar um café bem forte para me manter acordada com esse longo plantão. Ele disse que o corte não era grave, deve ser aquelas velhinhas preocupadas com tudo, qualquer coisa que acontece, correm para o hospital de emergência. Já estava até acostumada. Aspirei o cheiro de café forte e recém feito antes de levá-lo até a boca e bebericar de um bom gole. Enquanto degustava do líquido escurecido, meus olhos varriam por todo o local até chegar no imenso espelho grudado na parede. Observei por longos minutos aquela mulher parada à frente usando o uniforme verde de enfermeira, com a prancheta embaixo do braço e o copo de café em mãos. 

Olá, Normani sem espinhas, óculos, mais alta, madura, cabelos longos e negros, encorpada, tendo mais estilo nas roupas e mais... Mulher. 

Se me colocassem ao lado da Normani de 2006, provavelmente diriam não serem as mesmas pessoas. Conforme fui crescendo, aquela timidez foi sumindo, eu fui me reorganizando internamente e criando vergonha na cara como uma mulher adulta, em trocar todo aquele estilo infantil que eu tinha. Posso continuar sendo uma nerd, mas uma nerd mais atualizada. Onde as pessoas agora conversam e sentem vontade de estarem perto. Ter passado aquilo naquela festa, me fez abrir muito os olhos e enxergar o que eu precisava enxergar. Mudei para o que me fazia bem, claro, mas mudei para melhor. Ter aquela paixãozinha barata que todo mundo tem por alguém na adolescência, mexeu muito comigo. Aliás, sou grata por aquela babaca, afinal, foi um grande empurrão para que eu pudesse me tornar a mulher maravilhosa que sou. Por eu me amar mais, pensar mais em mim, cuidar somente de mim.  Hoje, com vinte e sete anos, sou assumida para o meu pai e amigos, tenho a minha vida, a minha casa, os meus relacionamentos e privacidade. Tudo o que eu duvidava depois de ter o coração partido.

:- Está maravilhosa, não se preocupe! — Sorri ao perceber de quem era aquela linda voz ressoando pelo corredor. Ally caminhava calmamente com as mãos dentro do bolso seu jaleco entreaberto.

:- Digo o mesmo! Onde pensa que vai assim? — Arqueei uma sobrancelha curiosa. Seus cabelos estavam desgrenhados, mas elegantemente penteados nas pontas. Por baixo do jaleco, usava um vestido longo na cor preta e sapatos de salto.

:- Vou no jantar em família na casa dos tios do William. Acho que depois ele vai me propor o noivado. 

:- Não brinca! — Exclamei boquiaberta. — Porque não me contou? 

:- Nem eu sei exatamente. — Torceu o nariz. — Ele começou a dar indícios sobre casamento e noivado. Perguntou se eu tinha vontade de ter filhos, e como toda mulher é uma boa entendedora, duas palavras já bastam. 

Tomei mais um gole do café, sem retirar os olhos da loira de vestido. Allyson estava maravilhosa, encorpada, charmosa, cabelos longos na cor mel e aquele semblante calmo e sutil de sempre. 

:- E se não for um pedido de noivado, mas sim, uma proposta para você finalmente morar com ele antes?

Ela revirou os olhos.

:- Ele sabe que ainda não estou pronta para esse negócio sério de morar juntos, casar e afins. 

:- Vocês estão juntos à seis anos, ele acha que está pronta para esse próximo passo. 

:- Mas eu não estou pronta. Ele sabe que o meu trabalho não me deixa ter uma vida normal, que eu preciso primeiro me estabilizar melhor até resolver dar esse passo em questão de casar e ter filhos.

:- Então você conversa melhor com ele. Decidam qual é o melhor pra vocês daqui por diante. Eu torço muito que você e Will dêem certo. 

:- Eu sei, amiga. — Sorriu abertamente, aquecendo o meu peito com aquela doçura de sorriso. — Mas ainda sinto que não é com ele esse meu passo à mais. Mesmo estando há tanto tempo, ainda prefiro continuar no namoro até ver no que dá.

:- Siga o seu coração, princesa. — Aquele último apelido a fez sorrir novamente. 

:- Falando em coração... — Mudou aquele sorriso doce para um cúmplice e diabólico. Agora foi a minha vez de revirar os olhos e suspirar pesadamente. — Como ficou a sua história com a Mel? 

:- Não ficou. — Larguei o copo vazio dentro do lixo, e ela enrugou a testa. — Mel é complicada, diz querer ter algo sério comigo, mas vive saindo por aí. Você sabe que eu não gosto disso. 

:- Sim, eu sei. Mas você gosta dela? 

:- Gostar eu gosto, mas não amar, entende? Talvez o meu futuro não seja ao lado dela.

Ela assentiu concordando com a cabeça. Retirei o pequeno pote de soro de dentro do bolso do meu uniforme, pingando três gotas em cada olho, afinal, usar lentes de contato por um longo período sem gotear o soro, acabam irritando os olhos. Guardei o pequeno frasco após ouvir o meu bipe apitar, fazendo-me lembrar da paciente ainda me esperando. Suspirei alto.

:- É o seu plantão hoje? 

:- Infelizmente. — Rolei os olhos. Ela riu. — Tenho que ver a mulher que cortou a mão e acha que é grave. 

:- Deve ser a dona Abgail. Por qualquer coisinha ela vem. 

:- Não, não é. Parece ser outra. — Torci o nariz enquanto meus olhos procuravam o nome na ficha depositada na mesa de café.

:- Bem, bom plantão, então. Vou terminar de ver meus pacientes e depois jantar com o Will.

:- Vai, vai... Só não esquece de contar tudo para a sua melhor amiga, hein. 

:- Depois te ligo, monamour. Beijos. 

Jogou beijos no ar pra mim, saindo enquanto fazia aquela dança horrível que eu tanto odiava, o que me fez rir pela cena. Neguei com a cabeça, tornando sobre os meus calcanhares e direcionando-me para a sala trinta. 

Só eu não estaria me casando, noivando ou namorando? Deus! Onde está a minha alma gêmea? Jilly se casou e foi morar na Suíça, Ally está prestes à noivar sem nem querer, e eu... Solteira. Na verdade, estou solteira porque quero, afinal, minhas duas ex's eram sem juízo algum e eu não queria ter dores de cabeça no final.

Antes de adentrar ao quarto trinta, dei uma breve checada na ficha do paciente na qual eu atenderia. Depositei duas batidas na porta fechada ainda olhando os dados, e empurrei a porta com o quadril. 

:- Boa noite. Doutor Hunt teve uma emergência e pediu para eu analisar sua lesão. Tudo bem? — Retirei minha atenção da extensa ficha, colocando os olhos sobre a mulher sentada na maca segurando a mão direita que era estancada por um papel ensanguentado. As palavras sumiram assim que fitei os detalhes que eu tanto namorei em sua face, os cabelos num loiro ainda mais forte e bem alongados, os lábios pintados com batom vermelho sangue e aqueles olhos verdes chamativo. Arregalei os olhos como se tivesse visto um fantasma, e creio ter ficado pálida também. Algo impossível de se acontecer. — Oh... Bem... 

A loira sentada arqueou as sobrancelhas sem entender muito bem a minha reação ao vê-la, ou talvez, não lembrar muito bem por quem está sendo atendida. Maldição

:- Estava num jantar em família, queriam rodelas de abacaxi e eu me prontifiquei em cortar, mas acabei me furando com aquela faca afiada da minha mãe. — A mulher se explicava, enquanto eu tentava sair daquele transe de ficar encarando-a. Qual é, Normani, você já superou essa paixãozinha barata de adolescente. Pare de olhá-la como uma idiota. — Aquele faqueiro dela fica na ponta do balcão, as facas são bem afiadas e eu já cansei de dizer que é um perigo para a minha irmã caçula.

:- E-Eu vou buscar mais gaze, porque os daqui já acabaram, e... Já venho. — Tornei sobre os meus calcanhares tão rápido, que acabei batendo contra a mesa metálica de suporte contendo os utensílios de rotina. Nem ousei em olhar para trás, apenas saí o mais rápido para o lado de fora daquela sala. 

Como ela teria a cara de pau em vir conversar comigo como se nada tivesse acontecido? Depois de ter sido tão má naquela festa.

E desde quando ela começou à usar lentes?!

Corri até a sala ao lado, procurando um pacote qualquer de gaze. Apenas havia arrumado uma desculpa para sair dali de dentro e respirar melhor. Dá para acreditar que, depois de dez anos, Dinah Jane estava na minha frente novamente? Porra! O que... ? 

Respirei fundo antes de empurrar a porta com as mãos trêmulas, chamando a atenção da loira novamente com aqueles olhos verdes brilhantes. Larguei o saco de gaze em cima da mesa metálica, sem ousar em olhar para a mulher sentada na maca. 

:- É o seu primeiro dia aqui? Parece nervosa. — Puxou assunto. Ela esticou o braço, depositando a mão em cima da mesa e retirou o papel sobre o corte fundo próximo ao dedão. — Gosta de trabalhar em silêncio? Tudo bem. 

:- Farei alguns exames simples para ver se o corte não foi fundo e pegou nos tendões, está bem? — A encarei brevemente. Concordou com a cabeça demonstrando um certo medo naqueles olhos ou lentes, sei lá, mas estavam lindos nela. 

Com o polegar, apertei o pequeno corte descontando toda a minha raiva que senti naquele maldito dia. A mulher soltou um grito, que logo foi abafado com a outra mão. Retirei o polegar de cima para ver se não estava saindo mais sangue do que o normal, e depois, o apertei novamente, causando mais um grito abafado dela. Limpei com a gaze os resíduos em minha luva, enquanto sentia seus olhos cheios de lágrimas, me observarem. 

:- Acha que é grave? — Perguntou com a voz embargada de dor. 

:- Peço que, por favor, mecha o polegar em circulos. — Ela ergueu a mão ferida, começando à mexer o dedo normalmente. — Não é nada grave. Apenas um corte fundo que não pegou nos tendões. Mas precisarei dar uns dois pontos e passar um antibiótico para que não inflame, ok? 

:- Pontos?! — Fez uma cara de criança chorona. Então a Dinah durona tinha medo de agulhas? — Não existe outra forma de fazer fechar? Digo, não sei... Ponto falso daqueles que não se usam agulhas?

:- Não vai doer nada, não se preocupe. 

Ela respirou fundo, enquanto eu ajeitava a linha mais fina dentro da agulha. Lhe dei uma injeção contendo um pouco de anestesia, para que não sentisse a perfuração em sua pele, e iniciei o procedimento em saturá-la. A loira apenas fechou os olhos, depositou a mão livre na boca e evitava até respirar bruscamente para não se mexer. Chegava a ser engraçado. Após rápidos cinco minutos, já havia colocado ponto, passado o antibiótico e protegido com uma atadura. 

:- Viu, eu disse que não doeria nada. — Depositei as luvas um pouco sujas em cima da mesa, levantando do pequeno banco com rodinhas localizado no meio do quarto. — Apenas tome cuidado com o que vai pegar para não acabar inflamando. Tome o antibiótico que eu te passei, e nada de bebidas até que termine de se medicar. 

:- Que droga! — Murmurou emburrada. — É fim de semana em família e eu não vou poder beber. 

:- Faz parte, não é? — Dei de ombros. 

:- Mesmo assim, muito obrigado, senhorita...?

Rolei os olhos com aquela encenação barata de não saber quem eu sou. Posso ter mudado muito, mas não é possível que ela olhe para a minha cara e não se lembre de nada. 

:- Hamilton. 

Ela se levantou da maca, caminhando até onde eu estava e esticou a mão que não estava com o curativo para me cumprimentar. Apenas continuei imóvel fitando-a.

:- Obrigado pela atenção e por ter cuidado de mim, senhorita Hamilton. Sou grata ao seu trabalho. — Elevei minha mão para que ela pudesse apertá-la fortemente. 

:- Não precisa agradecer, só estou fazendo o meu trabalho, senhorita...?

Franzi o cenho, fingindo não reconhecê-la. Entraria nesse joguinho chato também. 

:- Não gosto que me chamem pelo sobrenome, me chame de Marie, ou Marie Jane. Como preferir. 

 

 



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