01/02/2018
Os dias passaram bem rápido. Chegou o dia que iríamos depor contra o Hélio Costa. A Ellen não precisava ir. Depois de tudo o que houve, resolvemos nos mudar para Europa, mais precisamente Paris. Não queríamos mais aquele drama que estava acontecendo conosco no Brasil.
A Sabrina voltou para Manaus com a Emília ainda desacordada.
Luana se mudou também depois de tudo o que aconteceu. Ela resolveu trabalhar ajudando crianças necessitadas de Lesoto, mas estava morando na África do Sul.
- Amor, me ajuda aqui. - Oscar falou tentando dar um nó na gravata.
- Desde nosso casamento e você ainda não sabe dar nó amor? - Falei rindo dele.
Ele chegou perto de mim se inclinando porque eu ainda não conseguia ficar em pé e eu dei o nó em sua gravata.
- Ah, meu lindão! - Ele falou me beijando.
Retribuí o beijo segurando a nuca dele para ser um beijo demorado.
- Vamos, amor? Temos que deixar a Ellenzinha na creche ainda.
O Oscar saiu empurrando minha cadeira para a sala de estar. Aquela sala me lembrava as coisas ruins que tinham ocorrido naquele natal. Eu não via a hora de me mudar para o outro país. Sair daquela zona que estava i Brasil depois do grande terremoto de 12 de Junho.
O Oscar pegou a Ellen no colo e falou:
- Dá um beijinho no papai bonito. - Ele falou, fazendo-a beijar a bochecha dele. - E no papai feio. - Ele falou brincando e me provocando. Ellen ficou parada.
- Não tenho papai feio. Meus papais são lindos! Reis tem que ser lindos se não a princesinha é feia! Rum! - Ela falou fazendo-nos achar super fofo e rirmos.
Ela beijou minha bochecha e disse que eu era o papai mais lindo.
- Hahahaha! Tá vendo, Oscar? Eu sou o papai mais lindo. - Falei zombando do Oscar.
Saímos todos rindo e fomos até o carro. Deixei a Ellen na creche e fomos pro tribunal.
- Por quê... porquê que o Hélio Costa faz isso? Querer agredir uma criança. Eu não... entendo... - Falei perguntando ao Oscar.
- Ele é um psicopata, amor. Não há razão pro que ele faz. Ele só faz.
Chegamos no tribunal e o Oscar foi me empurrando até a sala que residiria a sessão. Com o João Fonseca no Chile, teríamos um novo avaliador no caso. Ou melhor, avaliadora. A juíza da vala criminal e infato juvenil, Dra. Ana Borges, ia ser a juíza da sessão.
Um dia antes de tudo isso, ligamos para o nosso advogado, o Antônio, mas ele estava muito ocupado com um concurso no Pará e não poderia vir para Boa Vista. Então acabamos optando por chamar uma antiga amiga do Oscar. A Renata Rodrigues.
Entramos na ala que residiriamos, e logo em seguida a Dra. Rodrigues entrou.
Hélio sentou do outro lado já algemado e começou assim, a sessão.
- Pelo que posso ver, o juíz João Fonseca condenou o réu, mas depois do incidente no sul do país, o senhor Hélio Costa acabou fugindo. Logo, procurou o casal junto a sua filha e resultou no estado de coma da advogada Emília Áurea, e nos danos físicos ao Dr. Leonardo Clinton. Bom, o procedimento será simples. Pelos crimes, o senhor deve permanecer preso. Mas será transferido pra unidade de prisão máxima de Alcatraz, em San Francisco na Califórnia.
- NÃO! NÃO, ESPERA...! - Hélio falou nervoso com a sentença. - Eu preciso falar a verdade! Eu preciso...
- Seu advogado que deverá se pronunciar, Sr. Hélio. - A juíza Ana falou.
- Meretíssima, ele não tem nada a declarar. Não é, Sr.? - O advogado falou muito suspeitamente ao Hélio.
- Sim... é verdade. - Hélio falou.
Levaram o Hélio para a prisão onde seria transferido depois para Alcatraz.
- Bom, Dr. Clinton, Sr. DeMayo. - Parece que o caso foi solucionado. - A Renata Rodrigues falou num tom de despedida.
Estávamos saindo quando o Oscar disse:
- Finalmente teremos paz, graças a Deus!
Mas eu comecei a suspeitar de tudo. O que o Hélio falaria? O que se passava pela cabeça dele? Nós tínhamos que descobrir o quanto antes.
- Espera. Dr. Rodrigues! Eu quero um momento pra falar à sós com o Hélio. Sem ninguém, apenas nós dois. - Falei, pegando-a no ombro.
- Eu posso conseguir um parecer, mas é muito perigoso, doutor.
- Leonardo! Ficou maluco? Qual seu problema? - Oscar falou reclamando.
- Esse caso ainda não foi solucionado, Oscar! Temos que acabar com isso de uma vez por todas. - Falei.
- Eu vou com você e... - Oscar estava falando mas o interompi.
- Não, Oscar! Eu quero ter uma conversa privada. Entre mim e ele!
- Mas que raios de teimosia, Leonardo. Para de querer dar uma de herói.
- Oscar! Eu vou sozinho. Eu quero... Eu tenho que fazer isso! Pela Ellen!
- NÃO DÁ LEONARDO, MAS QUE MERDA SEU IDIOTA. - Oscar gritou exaltado.
- OSCAR, EU TENHO 23 ANOS! EU FAÇO O QUE EU ENTENDER! EU SOU ADULTO, INFERNO! - Gritei com ele.
- NÃO DÁ LEONARDO...!
- O QUE, OSCAR? SÓ VOCÊ PODE SE JOGAR NA FRENTE DE UMA BALA?
- NÃO DÁ... Não dá... não dá pra te perder de novo. - Ele foi se acalmando mas desabou em lágrimas.
Olhei pra ele, empurrei minha cadeira até ele e falei:
- Você não vai me perder, está bem? Eu estou com você. Eu te amo. Mas eu preciso terminar o que eu comecei.
O beijei e voltei para o tribunal com a Dra. Rodrigues.
Conseguimos agendar uma visita para as 16h00 do mesmo dia, antes que ele fosse transferido para a prisão de segurança máxima.
O tempo passou e a hora da visita chegou.
Eu podia vê-lo pela janela da sala que ele estava. Empurrei minha cadeira de rodas até lá dentro. Ele estava algemado na cadeira e tinha um guarda de olho.
Sentei, com medo, mas olhando os olhos dele, e disse:
- Eu quero ouvir suas palavras. Porquê faz isso com as crianças? Onde está o Vitor Rodriguez?
- Você já sabe do Vitor Rodriguez? C-como? - Ele falou assustado.
- O diário... da Maiara. A mulher que se matou por sua culpa!
- Eu... Eu vou falar. Mas você tem que acreditar em mim, Leonardo.
- Fala logo. Só quero ver as suas informações. Eu não prometo nada!
O assunto que ele falou começou a me chamar muito a atenção. Eu estava surpreendido.
- Não precisa acreditar em mim... mas que se dane, eu vou pra uma prisão no quinto dos infernos no meio do mar... lá não vão poder... me matar. Bom, o Vitor e a Ellen foram os herdeiros selecionados para serem guerreiros do armamento da Síria. Acredite! O marido de Maiara era um terrorista. E eu queria salvar sua filha e vocês... Porque era para o Carlos ter dois filhos homens. Lá, meninas têm que ser queimadas na fornalha. O Carlos é um terrorista... e eu também. Fui enviado para exportar os filhos dele. Mas me deparei com um menino e uma menina... Eu tinha que fazer o necessário. Para salvar a Ellen da fornalha... eu precisava matá-la. É chamado de Mate-os com bondade. Conhecido na minha cidade de Aleppo na Síria como Kill Em' With Kidness... Leonardo... eu vou morrer por te contar isso. Acredite em mim e não me faça morrer em vão. Você precisa salvar o Vitor Rodriguez...
Hesitei por um tempo tentando absorver aquela afirmação, em seguida falando:
- Que palhaçada é essa? Você elaborou isso tudo? Conta outra! Como isso pode ser verdade... Se você atirou na Raissa e no Oscar?
- Acredite... tudo que fiz foi preciso... eu já estou fugindo deles. Eles destruíram a cidade... eles são muito poderosos. Eles causaram o terremoto por minha culpa... e agora que eles sabem, você precisa correr. Honre minha morte. O Carlos não morreu. Salve o Vitor e a Ellen deles. Eles vão buscar crianças de cada país do mundo e expandir seu império. E agora... Corra!
- Corra? - Falei sem entender.
- RÁPIDO!
- Fiquei bastante pasmo e assustado, e saí correndo. Assim que abri a porta o Hélio falou:
- Você precisa salvar essas crianças. Por isso... Mate esses terroristas! Mate-os com bondade!
De repente um míssil atingiu a sala que eu estava com ele, me empurrando para fora da sala e dizimando ele completamente. O Hélio tinha morrido.
Tudo que ele contou podia ser verdade... Mas se fosse, quem estaria correndo perigo agora era eu, o Oscar e a Ellen?
Todo machucado, pus-me de volta para a cadeira... tudo que ele falava era verdade. Eu precisava encontrar o paradeiro do Vitor. Mesmo tendo que viajar para a cidade perdida de Aleppo. A guerra lá dura 7 anos, desde 2011.
Se uma grande nação terrorista estava atrás de nós, o que poderíamos fazer?
Mas a verdade pode estar de trás do princípio fundamental de todos os processos deles mesmos. É usar o feitiço contra o feiticeiro.
Matá-los com Bondade.
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