História Equalize (Romance Gay) - Photo

Chegamos ao hospital às pressas. A menina estava mole e fraca, cada vez mais. Percebi que os sintomas batiam com uma doença, mas não quis arriscar para não por sua vida em risco.

Levei-a ao hospital que eu trabalho e pedi para minha amiga pediatra atendê-la.

Eu não conseguia me conter olhando aquela cena: uma criança linda abandonada, sem um lar. Sofrendo. Entrei na ala pediátrica e o Oscar ficou me esperando do lado de fora.

Eu e minha amiga começamos a examiná-la, e sua situação ia de mal a pior. Decidi falar pra ela:

- Raissa, suor frio, fraqueza sem fim, fome e boca pálida. Só pode ser uma coisa... 

- É claro, Léo...! - Ela falou com um tom de entendimento.

Nos olhamos e falamos ao mesmo tempo:

- Essa menina tem diabétes tipo 1!

Corri para a enfermaria pegar um medidor de glicose e, para caso extremo, açúcar para ela. 

Como eu suspeitava, a pequenina estava com LO (que nos diabéticos é muito arriscado, pois a taxa de açúcar no sangue estava em menos de 30). Coloquei uma luva e pus açúcar nos dedos, passando depois na gengiva dela. 

A menina começou a pegar sua corzinha de novo, seu rostinho voltou a ficar rosadinho depois de um tempo.

Eu e o Oscar resolvemos ficar no hospital, por que, de algum modo, aquela menina mexeu com a gente. Passaram-se duas horas, quando a Luana me ligou: 

- Ei! Léo? As meninas me falaram que o Oscar foi com você ao hospital. Tá tudo bem? 

- Tá sim, Lu. Eu tô com o Oscar aqui. Encontramos uma menina abandonada e claro que iríamos ajudar. - Falei olhando para o Oscar.

- O que ela disse? - Oscar falou.

- Ah, espero que fique tudo bem com ela, quando ela melhorar vocês ainda virão?  - Ela falou.

- Se não ficarmos pra festa, ao menos vamos aí te dar um abraço! 

- Tá bom! Beijo! Manda um beijo pro Oscar. A Raissa tá aí? Manda um beijo pra ela! - Luana falou.

- Tá, tá sim! Mando sim. Outro! Tchau! - Falei desligando o telefone.

- O que era, amor? - Oscar perguntou-me.

- Era a Lu, perguntando se ainda iríamos. Ela te mandou um beijo. - Respondi-o.

- Ah, sim! Mas acho que nem vamos mais. - Oscar falou.

- Não quero deixar aquela menina sozinha, eu não iria me perdoar. - Falei abaixando a cabeça.

- Eu sei que não deixaria! Eu entendo completamente. Amor, foi por isso que me casei com você! Você pensa mais nos outros que em si. Vai ser um grande médico um dia! - Ele falou, colocando minha cabeça que estava abaixada, em seu ombro.

Passou-se uma ou duas horas quando uma enfermeira falou com a gente:

- Dr. Clinton, Sr. DeMayo, a Dra. Viegas está esperando vocês no quarto 212.

Fomos até o quarto 212 e vimos a pequenina acordada e em um estado bem melhor. Nos aproximamos dela, mas ela parecia bem tímida. Eu perguntei pra Raissa: 

- Quanto que está a glicemia dela agora, Raissa? 

- 107, normal. - Ela respondeu-me.

- Ah, e a Lu te mandou um beijo! - Falei.

- Haha! A Lu é um doce. Pena que não posso ir vê-la hoje. - Ela falou.

Aproximei-me mais da pequenina e falei:

- Oi, princesa! Qual o seu nome? - Ela não respondeu, acredito que ela estava estranhando o lugar. - Quantos aninhos você tem? 

Ela fez "dois" com o dedinho. Eu quase não me contive de tanta fofura.

- Quer dizer que você tem dois aninhos e já é desse tamanho? Que coisa, hein? Vai ficar maior que eu. - Falei, fazendo-a sorrir e mostrar o mais belo sorriso que eu já tinha visto.

- Eie Magai. - Ela falou, deixando-nos confuso.

- O que você disse, princesa? - Eu falei enquanto o Oscar se aproximava de nós.

- Meu nome, Eie Magai. - Ela falou, mexendo as bochechinhas rosadas.

- Ellen Magali? - Oscar falou, fazendo-a acenar com a cabeça e sorrir.

Saímos do quarto, e enquanto eu fechava a porta, falei pro Oscar:

- Temos que ficar com essa garota! Ela é um milagre! - Falei animado.

Oscar hesitou por um tempo e depois falou:

- Ficou maluco? Não podemos, Léo. Nem sabemos se essa criança tem pai ou mãe.

- Oscar, que pai deixaria uma criança diabética naquele estado? Isso não seria um pai, e sim um monstro. Duvido que alguém tenha feito isso.

- Léo, isso pode ser perigoso, aquela parte da cidade é meio estranha. Temos que avisar aos oficiais.

- É... acho que é o certo a fazer.  - Falei desanimado.

- Esperem! Antes de irem, nós queremos promover uma campanha do hospital, e vocês seriam o casal ideal para isso com a Ellen. - A Dra. Viegas nos chamou. - Vocês topam tirar algumas fotos? 

- Hmm, não vejo porquê não. É só marketing, não é? Isso ia chamar atenção pra minha empresa. - Oscar respondeu positivamente.

- E se ela tiver realmente pais? Os pais dela podem não gostar da imagem veiculada por aí. - Falei, prevendo riscos.

- Não se preocupa, Léo. A imagem de vocês três vai ser usada para uma campanha do bem, para angariar fundos. E parte do lucro vai pra ela, então ela vai poder arcar com os gastos da diabétes tipo 1. Aposto que os pais dela amariam isso. As fotos vão ser amanhã - Raissa falou-nos, influenciando.

- Tá bom... eu topo. - Falei positivamente, segurando a mão do Oscar.

Assim que saímos, avisamos os oficiais de onde encontramos ela, seu nome e sua idade. Voltei ao quarto 212, mas a pequena Ellen já tinha dormido, então, como ainda eram 23h00min, aproveitamos para ir até uma loja próxima ao hospital e ir até a festa da Luana. 

Lá, ficamos com Sal e Emília, comemos, dançamos, brincamos, bebemos até ficarmos cansados. 

23/03/17

Eu e o Oscar pegamos um táxi porque tínhamos bebido e chegamos em casa 4 da manhã. Dormimos de conchinha na nossa cama. 

Parecia que mal tínhamos dormido, quando o despertador toca. Já era 13h00 da tarde. Eu estava atrasado para ir ao hospital, corri para o chuveiro e comecei a falar:

- Oscar! AMOR! Acorda! Estamos atrasadíssimos. Temos que tirar a foto e hoje meu dia está lotado de cirurgias, tem que ser logo! 

- Hmmmp - Ele falou levantando com preguiça.

Estávamos com tanta pressa que banhamos juntos na banheira, nos vestimos e saímos ás pressas para o hospital.

Chegando lá, fomos até o quarto 212, tinha um monte de câmeras e fotógrafos. A Ellen estava toda feliz, pulando na cama, bem mais agitada e menos tímida, com seu vestidinho rosa, e suas asinhas de enfeite. A Raissa mandou-nos sentar próximo:

- Sentem, sentem. Nossa, que cara de ressaca é essa? Vocês vão precisar de base no rosto. Sentem aí do lado da Ellen que tiraremos as fotos.

Nos maquiaram, escondendo os rostos de ressaca. Começaram as sessões de foto.

O resultado não poderia ser melhor, uma foto mais fofa que a outra. Acabamos a sessão e fomos até a lanchonete do hospital com a Ellenzinha.

- 3 sanduíches naturais! Ah, e um sem creme com açúcar, a menininha aqui não pode! - Oscar falou.

Sentamos e ela começou a lanchar o sanduíche. Resolvi perguntar para ela sobre sua família:

- Ei, princesa? Cadê sua mamãe, ou seu papai? 

Ela fez um rostinho triste enquanto mordia o sanduíche, deixando-nos morrendo de pena. 

- Você vai gostar das fotos! A pessoa que cuida de você vai lhe achar! - Falei para ela.

No momento em que falei isso, ela começou a se comportar de uma maneira estranha, começou a chorar e fazer birra, gritando e jogando o sanduíche em mim. Tentei acalmá-la:

- Calma, calma! O que houve, Ellenzinha? Conta pra gente?

Ela me olhou com aqueles olhinhos verdes cheios de lágrimas e abraçou minha perna. Não queria soltar, era como se não quisesse nos deixar.

Não entendemos nada mas ficamos muito preocupado com a situação. Não sabíamos nada da pequena Ellen Magali, e não queríamos ver a pequena sofrer. Eu a peguei no meu colo, a abracei e ela me apertou com seus bracinhos, morrendo de medo. Oscar se aproximou da gente meio  assustado e nos abraçou, ela retribuiu abraçando nós dois e chorando com medo. O que quer que fosse, aquilo não era normal para uma criança.