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História Equally - Mas no fim


Escrita por: dreamingnabi

Notas do Autor


Olá, vocês.
Desculpem pela demora para isso aqui sair, mas é aquela coisa... eu não estava confiante para postá-lo e preferi esperar um tempo livre para ver se melhorava alguma coisa. Não que isso tenha mudado alguma coisa na minha confiança, mas penso ter melhorado um pouquinho o capítulo e isso que importa.
De qualquer forma, boa leitura pra vocês~

Capítulo 3 - Mas no fim


 

 

 Todos os trainees encontravam-se sentados no chão, aguardando a sua vez de serem chamados para a avaliação mensal. Todos sabiam que se tratava de uma prova importante e que muitos eram eliminados através destas se os jurados não os julgassem bons o suficiente.

 

Luhan ouviu seu nome ser chamado e seguiu até o centro da sala, sentindo os olhos atentos em si. A primeira prova foi de canto, algo em que ele era confiante. Os juízes fizeram suas anotações assim que ele acabou e ele soube pelo sorriso discreto da presidente Kim que ele fora o suficiente para aquele mês.

 

A prova seguinte, entretanto, fez com que suas mãos suassem e as pernas tremessem um pouco.

 

Ele já começou dando tudo de si, soltando-se ao longo da música ao perceber que se estivesse calmo a coreografia viria facilmente à sua cabeça e ele passaria. Ao fim da música ele estava contente com o próprio resultado, mas os jurados não pareciam muito certos.

 

“Luhan-ssi, você viu a apresentação do Sehun-ssi?” Perguntou a Kim, naquele tom formal que ele realmente odiava.

 

“Sim” assentiu com a cabeça para enfatizar sua resposta de tão nervoso que estava.

 

“Você acha que sua apresentação chegou aos pés da dele?”

 

Ele abaixou os olhos, as mãos juntas na frente do corpo.

 

“Eu acho que não?”

 

“É bom que saiba disso. Para o próximo mês quero que treine mais, você não está se esforçando o suficiente. Sabe que não é por ser meu filho que você não será eliminado, certo?” Assentiu lentamente. Ele não era o suficiente? Todos aqueles calos em seus pés não haviam resultado em nada? “Ótimo. Quem é o próximo?”

 

Luhan se sentou em seu lugar, sequer prestando atenção nos outros e apenas encarando o chão.

 

Todos os dias ele ouvia aquilo. Sempre que voltava para casa sua mãe dizia o quanto ele tinha que se esforçar para ser equivalente ou superar Oh Sehun. Ele não entendia a obsessão da mulher por aquele garoto; se gostava tanto dele, por que não o adotava em vez de fazê-lo com Luhan? Não era como se o pequeno negligenciasse o treino ou qualquer coisa do gênero, ele realmente tentava o seu máximo em cada minuto para orgulhar a mais velha, então por que não via os frutos de seu trabalho duro?

 

Assim que as avaliações terminaram, ele saiu da sala e seguiu para a sua de ensaio. Encolheu-se em um canto do cômodo, sentindo as lágrimas escorrerem por seu rosto.

 

Ele era fraco. Fraco e inútil, assim como Sehun dizia. Não tinha talento o suficiente para agradar a sua mãe, o que ele fazia naquele lugar, então? Preferia ser devolvido a ser um estorvo para aquela que se encarregara de cuidar de si.

 

Não soube exatamente quanto tempo ficou ali, assim como Sehun não soube quanto tempo passou escutando o choro alheio por trás da porta. Vendo que este não se findaria tão cedo, entrou cautelosamente no lugar e se aproximou do outro devagar.

 

“Por que está chorando?”

 

Luhan se afastou, recusando-se a falar com ele.

 

“Pare de chorar, isso está me irritando” tentou, mesmo que soubesse que aquilo não funcionava como antes.

 

“Vá embora. Eu não quero ver sua cara. Eu te odeio, Oh Sehun.”

 

O menor mordeu o lábio, hesitante.

 

“Se eu for embora você para de chorar? Você fica feio assim.”

 

Luhan pegou a primeira coisa que encontrou pelo caminho – um caderno onde ele tentava escrever uma música minutos antes da avaliação – e atirou contra o mais novo.

 

“Sai daqui!!”

 

O outro aguardou alguns minutos antes de suspirar, levantando-se em seguida. Pegou sua mochila e juntou algumas coisas, saindo da sala no momento seguinte.

 

Não havia nada que pudesse fazer pelo outro.

 

 

xxxxx

 

 

Luhan olhava para a televisão totalmente apreensivo. A cara de Sehun brilhava na enorme tela e ele ainda aguardava que a ficha caísse.

 

Não era possível que o mais novo fosse burro o suficiente para escolher o primeiro programa de variedades ao vivo. Havia tantos famosos que eram gravados, por que ele não podia ser uma pessoa normal?

 

Meses havia se passado desde as dicas de Luhan e ele pensou que o outro apenas fingira ligar para o que dissera, já que não houve nenhum rastro de que ele tentara mudar em algo. E então, de repente ele estava participando de uma transmissão ao vivo, sendo que a única coisa com a qual tinha experiência eram rádios ao vivo. Até mesmo seus fãs estavam confusos – porque sim, Luhan só descobrira sobre a transmissão por causa das fanbases de Sehun que ele se pegou acompanhando de repente.

 

Até o momento tudo corria bem, mas ele sabia que algo daria errado quando o MC entrou no próximo tópico do roteiro.

 

Então ficamos sabendo que você e Kim Luhan são amigos próximos. Como esta amizade se deu?

 

Sehun riu seco e Luhan se empertigou no sofá. Observou os olhos que zanzavam para todos os lados, as mãos se entrelaçando no colo e a língua percorrendo os lábios ressecados.

 

Ah, eu e o Luhan-ssi nos conhecemos desde novos, quando ainda éramos trainees. Ele chegou depois de mim e eu lhe ensinei algumas coisas, e então criamos uma relação de irmãos. Às vezes brigávamos um pouco, mas é isso que irmãos fazem, normalmente.

 

O castanho revirou os olhos. Irmão a minha bunda.

 

Uma relação de irmãos? E ela continua até os dias de hoje?

 

Sim… mais ou menos” riu, coçando a nuca.

 

“Oh, não.”

 

Hoje nós temos compromissos separados que nos afastaram um pouco, mas ainda nos vemos algumas vezes. Nós temos boas memórias juntos. Afinal, ele foi como meu primeiro amor e meu primeiro beijo também foi com ele

 

Luhan quase arremessou o controle na televisão. Jogou a cabeça para trás e berrou. Ele sabia que quando o outro ficava nervoso ele dizia coisas que não devia, mas não esperava que ele dissesse algo tão indevido daquele jeito. Um calor subiu por seu corpo e torturou as bochechas, assim como o coração começou a bater mais rápido. Se a raiva lhe desse poderes especiais, Sehun já teria morrido enforcado com a força de sua mente.

 

Os MCs arquejaram, surpresos, controlando um sorriso.

 

Seu primeiro beijo com ele foi uma boa memória?” Um deles riu e Sehun acompanhou.

 

Mas não entendam mal, por favor. Foi apenas uma brincadeira que acabou saindo assim. Quer dizer, ninguém mais tem problemas com relações entre homens nos dias atuais, certo? Não que essa seja uma relação muito louvável” Gesticulou como se não fosse nada, mas todos sabiam que aquilo não acabaria daquela forma.

 

O MC conseguiu guiar o assunto para outra direção mais segura e o mais novo se saiu melhor. Ao fim do programa seu telefone já estava tocando.

 

“QUE HISTÓRIA É ESSA DO SEHUN DIVULGAR O PRIMEIRO BEIJO DELE NA TELEVISÃO?! E COM UM HOMEM! VOCÊS NÃO SE ODIAVAM? COMO QUE TEVE ESPAÇO PARA BEIJO? PRIMEIRO AMOR?! É CLARO QUE TODOS SE IMPORTAM COM RELAÇÕES HOMOAFETIVAS!!!!”

 

Luhan havia afastado um pouco o aparelho do ouvido, revirando os olhos.

 

“Calma, Minseok. Ele não disse que foi apenas uma brincadeira? É porque foi.”

 

“SE EU NÃO ACREDITEI NO QUE ELE DISSE VOCÊ ACHA QUE OS OUTROS ACREDITARÃO?! FOI UM DESCULPA RIDÍCULA!!”

 

Aquele era um bom ponto.

 

“Bem, e o que você quer que eu faça?” Suspirou. “A culpa é do Sehun, não minha.”

 

“Isso também vai te afetar, Luhan.”

 

“E então eu farei aquele pirralho lidar com isso. Está tudo sobre controle, hyung. Não se preocupe.”

 

Minseok ainda resmungou um pouco antes de avisar que desligaria, derrotado, e eles se despediram. O castanho suspirou, surpreendendo-se por conseguir manter a calma naquela situação.

 

Minseok não havia acreditado em Sehun, mas aquilo era porque conhecia os dois. Quem não os conhecia e não sabia do relacionamento que tinham entenderia que foi uma brincadeira, certo? E que ele se referia a relações homoafetivas no geral e não estava insinuando que eles tinham algo.

 

O castanho só foi entender que não havia motivo para se acalmar no fim do dia. Entrou em um site de notícias famoso, apenas para checar, e encontrou uma matéria na primeira página com uma das fotos que tiraram para a revista alguns meses atrás.

 

Seria Kim Luhan o primeiro amor de Oh Sehun?
Na transmissão ao vivo do WTS de hoje, o estreante no mundo das variedades, Oh Sehun, comentou que seu primeiro beijo foi com o artista da mesma empresa, Kim Luhan. No episódio, o artista comentou: Hoje nós temos compromissos separados que nos afastaram um pouco, mas ainda nos vemos algumas vezes. Nós temos boas memórias juntos. Afinal, ele foi como meu primeiro amor e meu primeiro beijo também foi com ele”. Após a afirmação o MC fez a pergunta para confirmar a situação ao que Sehun, parecendo nervoso, acrescentou: Mas não entendam mal, por favor. Foi apenas uma brincadeira que acabou saindo assim. Quer dizer, ninguém mais tem problemas com relações entre homens nos dias atuais, certo? Não que essa seja uma relação muito louvável”, dando a entender que também manteria um relacionamento amoroso com Kim Luhan, apesar da agenda ocupada atrapalhá-los. Confira abaixo.

 

Luhan desceu os olhos pelos comentários. Alguns diziam que sempre souberam que Luhan era gay por sua aparência feminina mas não esperavam aquilo do mais novo, enquanto outros faziam link com a sessão de fotos para a revista e a notícia vinda de Sehun, como se aquele projeto de meses atrás fosse uma preparação para a notícia que saiu naquele dia.

 

O castanho lia tudo rapidamente, consumindo as palavras numa velocidade incrível. Tudo o que ele sentia era uma vontade enorme de esbofetar a cara do Oh por ser tão irresponsável com suas palavras, e logo depois um desejo de responder a cada um daqueles comentários, informando que não era bem assim que as coisas funcionavam. Que Sehun dizia a verdade e realmente fora uma brincadeira e eles se odiaram por uma semana inteira para recompensar o momento, que não havia nada de amor entre eles e o Oh apenas não sabia se expressar. Entretanto, não podia fazer aquilo.

 

Passou a noite vagando pelos sites e lendo as matérias, atendendo as ligações de Minseok que estava cada vez mais desesperado com as teorias que se desenrolavam e as publicações que ampliavam mais ainda a situação a fim de chamar a atenção do público. A senhorita Kim achara melhor que Luhan ficasse em casa e este não pensava em discordar. Era melhor esperar a poeira abaixar.

 

Havia visitado a conta de seus fãs e vira quantos saíram do fancafe apenas por cogitar a possibilidade dele ser gay. Os fãs de Sehun estavam em igual pavor e ambos se juntavam para criar comentários maliciosos direcionados aos dois. Atrás da telinha do computador Luhan só podia pensar no quão errado eles estavam, as palavras lidas lhe preocupando cada vez mais. Ele só faltava revelar que era ele naquela conta falsa e implorar para que não deixassem de gostar dele por causa daquilo.

 

Entretanto, o pior não chegara naquele dia e sim dois dias depois.

 

Um site criara uma matéria com uma teoria sobre o relacionamento dos dois e, ligado a isso, um vídeo de Luhan batendo em Sehun no dia da sessão de fotos.

 

Agora, em vez de ambos estarem sendo difamados pelo suposto relacionamento, alguns se questionavam se a afirmação era mesmo verídica, se se tratava de um relacionamento abusivo e odiavam Luhan por se aproveitar de um sunbae que é mais jovem do que ele e ainda ter a audácia de lhe bater no rosto sem motivo aparente. Quem divulgara o vídeo o fizera sem o áudio, de modo que ninguém sabia da situação que se desenrolara antes do soco e agora ele duvidava que mesmo se soubessem sua situação melhoraria.

 

Ele desligou o telefone para evitar as chamadas insistentes da Kim que queria gritar com ele e pedir explicações sobre o vídeo. Encolheu-se naquela sala, sem saber o que fazer, e apenas chorou por horas a fio por estar recebendo tanto ódio de uma hora para outra, o medo de ter destruído a carreira construída com tanto esforço sendo crescente e sufocante no peito.

 

Ele realmente gostava tanto de homens quanto de mulheres, mas não era a sua aparência delicada que o fazia se apaixonar por um homem. Por que ele precisava ser julgado baseado em fatores tão sem sentido e sendo algo que ele não poderia mudar, que não tinha culpa de nascer daquela forma?

 

Lá pela tarde ele verificou uma atualização no twitter de Sehun, observando o vídeo que imediatamente ganhara vários retweets. Clicou imediatamente na imagem, abrindo o vídeo em seguida.

 

Sehun aparecia de cara limpa e o rosto impassível para o seu discurso, aparentando tranquilidade plena.

 

Eu realmente não ia me pronunciar sobre isso, já que achei que logo passaria por se tratar de algo realmente besta. Eu disse claramente no programa que se tratou de uma brincadeira, por que precisamos sofrer com tal tipo de comentário? Eu e Kim Luhan não possuímos tal tipo de relacionamento. Nós somos amigos que mal se veem por causa do trabalho e só. O que eu comentei sobre as relações homoafetivas não era relacionado a nós, mas essas pessoas incapazes de me compreender me comprovaram que isso ainda é um problema neste país. Nós somos do tipo que tem brincadeiras estranhas que envolvem punhos e tapas, de modo que não vejo nenhum motivo para uma algazarra por causa de um vídeo em que estamos apenas brincando. Fala sério, vocês acham que eu o deixaria me bater?” Riu, sarcástico. “Era apenas uma brincadeira. Portanto, parem de espalhar rumores e coisas sem sentido quando não sabem nem metade da história. Obrigado.

 

Luhan estava aliviado por Sehun ter explicado as coisas pessoalmente, mesmo sabendo que a presidente Kim realmente ficaria brava com ele.

 

Ainda assim, nos comentários, as pessoas perguntavam se Luhan havia lhe forçado a fazer aquilo ou se ele estava com o amigo do lado.

 

O castanho suspirou, fechando rapidamente o notebook e seguindo para o quarto. Virou os últimos tranquilizantes da cartela na boca e engoliu, entrando debaixo das cobertas para apagar enquanto chorava.

 

 

Já era madrugada quando ele abriu os olhos, coçando-os um pouco para se livrar do sono. Virou na cama, assustando-se quando deu de cara com um corpo parado ali, observando-lhe.

 

Quase pulou para trás, levando uma mão ao coração enquanto o mais novo o olhava, preocupado.

 

“Como entrou aqui?” Indagou, magoado.

 

“Eu peguei a cópia da chave na casa da sua mãe.”

 

“O que você estava fazendo lá?”

 

Sehun ficou em silêncio por um momento.

 

“Você viu o vídeo que eu postei?”

 

Luhan assentiu lentamente.

 

“Eu juro que não queria te fazer mal, Kim Luhan. Eu falei aquilo sem pensar, estava nervoso com o questionário. Eu nunca pensei que teria uma repercussão tão grande ou que te odiariam tanto por ter me batido.”

 

“Você é ridículo, Oh Sehun” cuspiu, sentando-se na cama. “Você passou a sua vida inteira se vangloriando sobre como era melhor do que eu em tudo, mas na hora de entrar para o mundo das variedades você é burro o suficiente para pedir um programa ao vivo na primeira tentativa. Você achou o quê? Que só por ser melhor em tudo também se sairia melhor na primeira vez em uma transmissão ao vivo sendo novato na televisão?”

 

“Sim.”

 

“O quê?” Encarou-lhe, descrente.

 

Sehun também se sentou, suspirando.

 

“Você quer que eu seja sincero? Sim, foi isso que eu pensei. Eu tentei ser eu mesmo como você falou mas, aparentemente, o meu eu verdadeiro não é bom o suficiente para a televisão.”

 

“Você vai colocar a culpa em mim?”

 

“Não, Kim Luhan, eu…”

 

“Saia daqui, Oh Sehun. Eu não quero ver a sua cara” cruzou os braços e virou o rosto.

 

Sehun estendeu a mão, tocando no ombro alheio, e recebeu um forte tapa no braço que o fez afastar o mesmo.

 

“Saia agora.”

 

“Eu não posso.”

 

Luhan se virou para ele, o ódio já crescendo em seu corpo.

 

“Tem vários paparazzis lá embaixo e eu recebi um ovo na cara quando entrei no prédio.”

 

“Foi bem merecido” comentou, ríspido.

 

Sehun riu, concordando.

 

“É, eu acho que sim.”

 

Luhan suspirou.

 

“Tinha vários paparazzis e mesmo assim você entrou no prédio, com um rumor de relacionamento entre nós?”

 

Sehun arregalou os olhos, só então notando o que fizera.

 

“Que merda.”

 

“É só isso que você sabe fazer, Sehun. Merda.” O mais novo abaixou o olhar, encarando os próprios dedos que descansavam na perna. Luhan lhe encarou por alguns segundos, só então se lembrando. “Você não me disse o que foi fazer na casa da presidente Kim.” Estreitou os olhos.

 

“Ela me obrigou a apagar o tweet.” Luhan arregalou os olhos, sentindo o desespero lhe invadir. “Ela vai nos ajudar, não se preocupe.”

 

O mais velho correu os olhos pelo quarto, sem saber o que fazer. Com um simples comentário, talvez sua vida como artista estivesse destruída. Ele duvidava que qualquer movimento feito pela mais velha seria para lhe ajudar.

 

Ele virou o rosto, sentindo as lágrimas escorrerem por suas bochechas e caírem no lençol. Sehun tocou seu ombro, apreensivo, e teve sua mão espantada mais uma vez.

 

“O que veio fazer aqui?”

 

“E-eu sabia que você estaria mal com tudo isso, eu queria te ver…”

 

Sehun havia gaguejado?

 

“Kim Luhan…” chamou, levando a mão ao seu ombro novamente.

 

O mais velho deixou ser puxado e Sehun lhe abraçou, acariciando sua cabeça.

 

“Para de chorar” pediu, não sabendo muito bem o que fazer com o outro que só parecia se desesperar ainda mais.

 

“Eu te odeio, Oh Sehun.”

 

“Tudo bem.”

 

O menor tentou se soltar, mas o outro apenas lhe apertou mais e deitou consigo na cama. Lembrou-se das noites e madrugadas que passara chorando na sala de ensaio.

 

Mesmo depois de tanto tempo, ainda era aquele que ele tanto dizia odiar que ia lhe confortar.

 

 

xxxxx

 

 

Sehun cutucou o corpo inerte pela quinta vez, já irritado com a birra do outro.

 

“Kim Luhan, levanta logo e vamos praticar.” Deu tapinhas no rosto alheio para ver se, no mínimo, o outro levantava para revidar.

 

Entretanto, ele continuava esparramado naquele chão, os olhos fechados e o corpo sem reação. Ele se fingia de morto, mas o mais novo sabia que ele estava bem acordado.

 

Ficou de joelhos e andou desta forma até se aproximar dele, colocando as mãos sobrepostas em seu peito e forçando para baixo com força. Um sorrisinho despontou dos lábios finos, mas ele não se mexeu mais do que isso.

 

Em um impulso Sehun segurou no nariz alheio e entreabriu a boca antes de juntar a sua ali, forçando o ar para dentro da cavidade alheia. Suas línguas se tocaram por um milésimo de segundo quando Luhan gritou, abrindo os olhos e sentando-se rapidamente, a mão seguindo para os braços delgados e deixando uma marca vermelha ali pelo tapa que dera.

 

O local ardia, mas o mais novo sequer se mexeu. Seu coração pulava em seu peito e quase não o deixava respirar enquanto pensava no que fizera e observava os olhos castanhos lhe encararem, indignados.

 

“O que você acabou de fazer, idiota?!” Berrou, dando outro tapa nele.

 

Foi uma brincadeira… eu não tinha pensado muito… você não queria levantar.”

 

Luhan revirou os olhos, passando as costas da mão na boca.

 

“Você é ridículo.” Cuspiu, levantando-se rapidamente e saindo da sala. Tomaria um pouco de ar, e só então voltaria para praticar.

 

Eles não discutiam há três dias, o que tornara o relacionamento realmente estranho. Quem olhava de fora ficava confuso sempre que os via: uma hora eles estavam discutindo e deferindo socos um no outro, os berros sendo ouvidos por quase todo o corredor; na outra, dividiam o almoço e riam juntos, mesmo que os tapas e as palavras rudes estivessem presentes.

 

Luhan ficou no telhado até seu coração parar de bater tão forte. Sabia que aquilo era por causa do susto de ter aquela boca suja encostando na dele, ele tinha certeza.

 

Só não conseguiria tirar nenhuma conclusão quando, nos próximos dias em que voltara a discutir com Sehun, ele se pegasse pensando naquele simples encostar de lábios e seu coração voltasse a acelerar.

 

 

xxxxx

 

 

O castanho se levantou num rompante, sentando-se na cama enquanto ofegava.

 

Novamente ele suava e as cenas de um pesadelo onde todos lhe odiavam e atiravam coisas nele ainda o atormentavam. Ele pôs as mãos nos ouvidos e balançou devagar, tentando se acalmar. Respirou fundo, pensando que aquilo era apenas um sonho. Entretanto, bastaram alguns minutos tentando pensar que a realidade era diferente para que ele se lembrasse de que não, a realidade era exatamente aquela.

 

Virou-se para trás, lembrando-se do calor que lhe enlaçava enquanto dormia, e encontrou os olhos negros lhe encarando. Sehun permanecia com o semblante sério que nada dizia, mas, no fundo, estava realmente preocupado. Seu hyung passara todo o sonho gritando e pedindo desculpas, e ele se lembrou das noites em que adormeciam na sala de ensaio e ele acordava com os gritos do outro que não parecia ter descanso nem quando dormia.

 

“Com o que você sonhou?”

 

“Você não se importa.”

 

Eles ficaram em silêncio enquanto o mais novo pensava no que dizer.

 

“Claro” confirmou, simplesmente.

 

Luhan sentiu a barriga roncar; havia ficado sem comer o dia inteiro. Saiu das cobertas e resolveu fazer alguma coisa para ingerir a fim de preencher aquele vazio.

 

Oh Sehun o seguiu a passos lentos pela casa, sentando-se em uma das cadeiras próximas ao balcão para observá-lo na cozinha.

 

O menor realmente não tinha a obrigação de fazer aquilo, mas adicionou mais um pacote de ramen na panela. Quando ficou pronto, serviu os dois pratos e se sentou ao lado do mais novo para comer.

 

Eles ficaram em silêncio enquanto degustavam da comida preparada rapidamente até que o castanho se levantou, pegando o celular e se voltando para a bancada. Ligou o aparelho, percebendo que alguém poderia precisar falar com ele, como Minseok ou a presidente Kim. Entretanto, assim que Sehun notou que o outro se dirigia até o site de notícias, pegou o celular da mão dele.

 

“O que você acha que está fazendo? Devolva.”

 

“Você não devia olhar essas coisas.”

 

O mais velho estreitou os olhos, vendo os alheios desviarem de si e vagarem aleatoriamente pelo ambiente. Havia algo de errado.

 

“O que eles publicaram?”

 

“Não sei” deu de ombros, fingindo-se alheio à situação.

 

Luhan segurou no braço do outro com força e puxou o aparelho, enxotando a mão do outro que tentou pegar o objeto novamente com um tapa. Os dedos correram com ansiedade pela tela, os olhos dirigindo-se para os artigos de primeira página. Lá estava.

 

KSH Entertainment se pronuncia sobre o caso de Oh Sehun e Kim Luhan
Na noite de ontem um representante da KSH Entertainment se pronunciou sobre o caso de Oh Sehun e Kim Luhan, que supostamente estariam em um relacionamento romântico abusivo.
“Nós conversamos com os senhores Oh e Kim, e eles afirmaram que os rumores são falsos. Pedimos que tenham maior paciência com Oh Sehun pois ele é estreante na área e é normal cometer erros, não sabendo discernir o teor de suas brincadeiras. Ele se encontra profundamente arrependido por suas palavras terem machucado tantas pessoas e irá refletir sobre seus atos.”
Quando questionado sobre os rumores de agressão por parte de Luhan, entretanto, o comentário foi breve: “Nós estamos investigando o caso e a origem do vídeo. Garantimos que quem estiver errado será devidamente punido, e isso inclui aqueles que espalharem rumores falsos dos artistas.”
Ainda não se tem informações de antecedentes agressivos ou perigo que o artista poderia apresentar uma vez que a empresa ainda está investigando o caso.

 

Luhan deixou o telefone na mesa, rindo seco em seguida. Sehun lhe encarava, temeroso, enquanto o outro parecia estar em branco total.

 

Agora ele era visto como alguém agressivo e como um perigo para os que estão em volta. As coisas não pareciam que melhorariam tão cedo.

 

Ele suspirou e continuou a comer, ainda com o olhar atento sobre si. Quando terminou, jogou os palitinhos dentro da tigela e juntou as mãos no colo.

 

“Eu devia ter morrido junto com os meus pais.”

 

“O quê?!” Espantou-se. “Não seja dramático, Kim Luhan.”

 

“Não estou sendo dramático. Se eu não estivesse vivo não teria ferido os sentimentos de várias pessoas por ter lhes decepcionado. Eu não teria manchado o nome da empresa, Sunha não estaria se descabelando naquele prédio, eu não teria manchado o seu nome. Isso é tudo culpa minha.”

 

“Não, não é. Você não sabe de nada, cala a boca.”

 

Luhan riu.

 

“É claro. Com certeza sou eu que não sei de nada.”

 

Sehun ergueu o rosto do outro, fazendo-lhe olhar em seus olhos.

 

“Você realmente não sabe. Você não sabe o quanto pode ter feito essas pessoas felizes, não sabe se elas vão acreditar ou não em você quando a situação for explicada. Essas pessoas te amam, Kim Luhan, e com certeza muitos ali ainda te apoiam. Mas você não sabe disso.”

 

“Você devia ir embora.”

 

“Você não sabe…” Cortou-lhe, reunindo coragem para continuar. “… o quanto você mudou a minha vida, porque se não fosse você eu ainda seria aquele garoto rude que achava que uma celebridade precisa ser arrogante para ser respeitada. Talvez eu sequer tivesse debutado, porque a cada dia que passava eu só me sentia mais solitário naquela sala e você chegou para que eu pudesse ter alguém com quem brigar.”

 

Luhan arregalou os olhos, tentando entender o que acontecia ali.

 

“Você não sabe o quanto eu admiro a sua voz, nem o quanto suas músicas me motivam a continuar neste sonho que a cada comentário malicioso só me parece um pesadelo. Você não sabe o quanto doeu ouvir você falando em suicídio no passado porque não se achava o suficiente e ter que continuar te criticando porque eu preferia que você recebesse as minhas críticas e aprendesse a lidar com elas a ser fraco e não saber como agir quando as recebesse no futuro. E você não sabe o quanto está doendo agora, te ouvindo dizer que preferia ter morrido no acidente que levou seus pais como se sua vida não fosse nada. Meu pai foi uma celebridade que não aguentou a pressão e se suicidou. Porra, Luhan, você sabe muito bem disso, e por isso eu queria te fazer forte. Então quando eu digo que não, você não sabe das coisas, não é porque eu estou querendo te irritar para que você bata em mim. É porque é a verdade.”

 

Luhan lhe encarou, espantado, e o outro suportou o seu olhar até que os olhos castanhos fossem desviados.

 

O Kim encarou as próprias mãos no colo, hesitante, enquanto pensava nas palavras do outro que, naquele momento, faziam total sentido.


Notas Finais


O que dizer dos vacilos do menino Sehun? Ao menos ele fez uma coisa correta nessa vida que foi se explicar, né?
Espero de verdade que tenham gostado. Beijo no coração de vocês e até o próximo~


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