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História Era da Ascensão - A Casa na Clareira


Escrita por: Meneghelli

Notas do Autor


Olá, desculpem a demora. Fiquei sem internet por quase uma semana :(
Boa leitura. :)

Capítulo 4 - A Casa na Clareira


Eles demoraram aproximadamente trinta minutos para chegar na cabana de Merwin que ficava entre as árvores de Volkyr. Claro, apenas Merwin conhecia a entrada para o lugar, pois era muito bem disfarçada e em vários pontos durante a trilha ela se dividia e apenas ele sabia qual seria o lado certo a escolher. Trocaram poucas palavras durante a pequena viagem, a maioria delas foi por parte de Merwin que comentava uma ou outra coisa sobre as arvores e os animais. Até que chegaram a uma clareira com uma cabana soltando fumaça pela chaminé.

                A clareira formava um circulo dentro da floresta, mas não muito grande. Dentro da clareira se estendia um grande tapete de grama que ao chegar nos limites, viravam arvores gigantes. A cabana seguia um modelo rustico, nada de adornos ou brilhos, era apenas a moradia de um velho bobo. Atrás dela ficava um lugar onde deveria ficar os cavalos, e mais ao lado um poço.

                - Eis minha morada. – Comentou Merwin respirando fundo.

                Ele guiou os cavalos até a entrada da cabana e parou.

                - Entre, vou guardar essas coisas e prender os cavalos lá trás, logo eu preparo algo para a gente comer e conversar.

                Eórion assentiu e desceu da carroça, passando as mãos na calça para tirar a sujeira, não que tivesse tido algum efeito. Antes de abrir a porta, percebeu um símbolo no alto dela, anotou mentalmente para perguntar a Merwin depois.

                O interior da cabana era tão surpreendente como o exterior. Ao abrir a porta você já estava na sala, onde havia algumas cadeiras e um tapete. Logo atrás, separando a sala da cozinha havia uma construção de madeira que parecia um muro, ía mais ou menos até a altura da barriga. Assim, do lado oposto uma humilde cozinha com seu fogão a lenha. Havia só dois quartos, ambos sem portas só com uma persiana improvisando a função, mas Eórion não entrou em nenhum deles, pois Merwin tinha chegado antes.

                - E aí, curtiu? – Perguntou, com seu chapéu pontiagudo na cabeça pendendo para os lados.

                - É... bem simples.

                - Sim sim, afinal, que idiota precisa mais do que isso para sobreviver? – Resmungou caminhando rápido para a cozinha enquanto arrumava o chapéu. – Vou fazer algo para tomarmos, um liquido dos deuses eu diria, meu rapaz.

                - Merwin, você é um pouco... fora da casinha, como minha mãe diria. – Eórion não conseguiu evitar o comentario.

                - Talvez um pouco, admito. – Havia um sorriso travesso em seu rosto. -  Você conhece o .... café? – Seus olhos brilharam.

                - Claro, meus pais sempre faziam para mim. – Respondeu dando de ombros.

                Merwin arregalou os olhos.

                - Seus pais conhecem o café? Eu só o descobri a pouco tempo!

                - Não é algo muito raro. – Retrucou. Merwin resmungou algo, mas Eórion não conseguiu entender.

                - Sente-se ali, precisamos conversar. – Apontou para as duas cadeiras na sala. – Vou deixar a água esquentando, sorte nossa eu ter ido buscar ontem no poço, bom, vamos lá.

                Merwin se aproximou e sentou na cadeira oposta a de Eórion que o fitava.

                - Você não parece estar assustado, quantos anos você tem, luto?

                - Por que me chama de luto?

                - Ora, eu não sei seu nome, e você tem esse cabelo preto e esses olhos, com essa roupa toda esfarrapada e suja escura. – Respondeu fazendo alguns gestos com as mãos em direção ao garoto. - Parece que tá em um luto eterno.

                - Por que não perguntou meu nome antes então?

                Merwin coçou a barba por alguns segundos antes de responder.

                - Sinceramente, não sei. Acho que me esqueci. Enfim, qual o seu nome, luto?

                - Eórion.

                Merwin ficou estático por uns dois segundos antes de acenar.

                - Sabe para onde seus pais foram? – A voz de Merwin ficou mais séria.

                Eórion abaixou a cabeça negando.

                - O que aconteceu lá, rapaz?

                - Eu estava brincando com as outras crianças quando vi uma luz caindo do céu... Ela bateu bem no centro do Vilarejo... e então, só isso.

                - Nada mais?

                - Acho que... percebi um homem, não, nem sei dizer se era homem ou humano, mas estava no centro envolto em uma chama meio escura.

                Merwin estava sentando, absorvendo cada palavra do garoto, quando se levantou num pulo.

                - O café! Já volto. – Se dirigiu rapidamente a cozinha, elevando um pouco a voz.  – Você é um garoto bem esperto para a sua idade, quantos anos tem? 16?

                - 12.

                -12? – Repetiu se virando para Eórion na cozinha e arregalando os olhos. – Bom, você é certamente um menino bem alto para a sua idade. – Assim que disse isso já estava voltando com duas xicaras que soltavam um vapor quente.

                Eles tomaram um gole antes de Merwin tossir e chamar a atenção de Eórion.

                - Posso saber o que você e seus pais estavam fazendo lá?

                - Estávamos fugindo.

                - Para onde? – Perguntou erguendo uma sobrancelha. – E de quem?

                - Para Elianor, e acho que daquela coisa que atacou o vilarejo.

                Merwin se engasgou e quase cuspiu o café no chão.

                - Certamente pequeno Eórion. – Falou olhando diretamente para ele. – Você é um garoto muito interessante.

 

                **********************************

                - Quanto tempo eu vou ficar aqui? – Gritou Eórion da sala.

                Haviam se passado dois dias desde que Merwin o havia encontrado do que restará do Vilarejo Springs. Ele o ensinou o que significava “tomar banho”, e depois que aprendeu para que servia, ficou tirando sarro de Merwin o resto do dia. Comeram, conversaram e até tiveram alguns momentos de diversão. Mas dos dois lados, eles evitavam tocar no assunto.

                - Isso vai depender, Luto. – Gritou em resposta do quarto.

                - Do que? – Insistiu.

                Merwin voltou do quarto com seu tipíco manto cinza com o chapéu meio pro lado. A única coisa diferente nele era que já não possuía mais sobrancelhas, o que lhe dava a impressão de estar sempre assustado. Fruto de uma explosão de ingredientes errados postos juntos numa mesma solução, foi o que dissera Merwin sobre o caso.

                - Você tem para onde ir, rapaz? – Perguntou mansamente.

                - Claro, meus pais. Eles devem estar em algum lugar me procurando!

                Merwin se sentou em uma das cadeiras e olhou para o chão, balançando a cabeça de um lado pro outro.

                - Já está na hora de ver a verdade, Eórion. Seus pais não vão voltar mais.

                Merwin levantou o rosto e viu um Eórion que era tão grande e sorridente, desaparecer e parecer tão pequeno de repente.

                - Como...não vão voltar mais? – Seu corpo ficou imóvel na cadeira. A alegria e brincadeira que o acompanhavam desapareceram. Uma profunda agitação envolveu sua mente e seus olhos ficaram vidrados em um único lugar.

                - Você foi o único que sobreviveu... embora eu ainda não entenda o por que. Todos que estavam no Vilarejo... morreram. Assim como tudo em volta também.

                - Todos eles? – Balbuciou. – Quer dizer que... nunca os verei novamente, Merwin? Meus pais, Mendy, os garotos...

                Merwin se levantou da cadeira rapidamente e foi até Eórion, abraçando e apoiando a cabeça dele em seu peito.

                - É claro que vai, pequeno. É claro que vai. – Disse devagar. Então começou a sentir a lagrimas mancharem seu manto, e ele não se importou nem um pouco. – Nunca se esqueça quem eles foram e o que lhe ensinaram. Assim, uma parte deles vai estar com você. – Merwin sentiu Eórion concordar entre os choro silencioso.

                Eles ficaram assim por alguns minutos, até que Eórion se acalmasse.

                - Gostaria de um café, Luto? – Perguntou depois, afastando Eórion do seu ombro todo melado e molhado e lhe dando um sorriso.

                - Claro. – Uma resposta baixa e envergonhada.

                - É pra já!

                Alguns segundos depois Eórion começou a se remexer na cadeira, inquieto.

                - Merwin...

                - Oi?... – Respondeu enquanto procurava desastradamente os itens pro café.

                - Eu vou atrás de quem fez isso com meus pais.

                Merwin parou todo seu movimento e se virou para trás, devagar, com um sorriso.

                - Ah é? É um desejo complicado, meu jovem.

                - Não importa. Seja o que for que matou meus pais, matou um vilarejo inteiro também.

                - Isso por si só é uma grande coisa. Eu conseguiria contar em uma mão as pessoas que chegam perto de fazer isso. – Como que para enfatizar, levantou uma mão e ficou mexendo os dedos. – Escutou bem? Chegam perto. Talvez, com algum esforço eles fizessem a mesma coisa, mas teria uma preparação antes. E pelo que me contou, foi em um instalar de dedos.

                - Não importa! Se eu me preparar...

                - Vou ser sincero com você, Luto. – Comentou enquanto enchia duas xicarás com café novinho. – Nâo sei com quem estamos lidando para tal poder.

                - É por isso que... que... – As palavras foram morrendo antes de conseguir terminar.

                - Acredito que eu tenha a solução. – Falou, dando uma xicará para Eórion, que a essa altura só estava com alguns vestígios no rosto do que acontecerá, enquanto Merwin ainda andava com um manto meio encharcado. Ele se sentou e abriu um grande sorriso. – Eu vou treinar você.

                - Você? – Retrucou erguendo uma sobrancelha.

                - Não se exiba só por que tem sobrancelhas. Sim, eu, Merwin, Ex-Membro do Segundo Circulo da Aliança de Magia de Eriméia, e pertencente ao nível de Magia de Dárium. – A sua entonação parecia dizer que estava enunciando a entrada do Imperador.

                - Já ouvi palavras parecidas antes... – Comentou baixinho. Mais para sí do que para outro.

                - Duvido, é difícil alguém chegar nessa posição. – Respondeu mesmo assim Merwin, com um dar de ombros. Eórion deu um mentalmente também, deixando pra lá o que quer que estivesse cutucando sua mente. – Sabe o que elas significam?

                Ele negou com cabeça fazendo junto com a mãos: “Não tenho a mínima ideia”.

                - O que vamos aprender?

                - Tudo. Vou lhe ensinar a ler e escrever, duvido que saiba alias. Matemática, Química, Alquimia, Lingua,...

                - É bastante coisa.

                - É verdade, mas nada que você não pegue rápido. – Falou dando uma piscadela.

                -E a lutar?

                - E a lutar também, apesar de velho, sei alguns truques.

                - E Magia?

                - Ah, e Magia, é claro. – Merwin estava tomando a sua xicara de café, mas Eórion percebeu um sorriso no canto dos lábios. – Essa é a parte principal.


Notas Finais


Espero que tenham gostado!
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