Alguns meses antes...
Meu casamento está longe de ser o que um dia sonhei para mim mas tenho que ser compreensiva com meu esposo. Afinal, o trabalho exige muito dele e todo esse esforço que ele faz é por nós assim como pelo futuro da família que estamos construindo. Hoje decidi fazer-lhe uma surpresa, irei até o escritório “sequestrar” meu amor para que possamos passar o restante do dia juntinhos. Sei que ele vai gostar dos planos que tenho para hoje.
Vestida com o meu mais belo vestido floral e com os cabelos caídos em cascatas pelos ombros, me encaro no espelho e sorrio para o reflexo que me olha encantado. Estou linda! Sim, linda para ele. O amor que trago no peito é algo surreal, maior do que eu, maior que o mundo. Como pode alguém amar tanto uma outra pessoa assim? Não sei explicar, apenas sentir
* * *
A cada rua que meu carro passa, me aproximo do meu destino. Hora e meia olhava para a caixa de chocolates que estava no banco do passageiro ao meu lado. Ela é similar a que ganhei de Giancarlo no nosso primeiro encontro. Lembranças de um dos melhores dias da minha vida vinham em minha mente e isso fez meu sorriso aumentar. Cada olhar, toque e palavras estão gravados em minha memória e até mesmo os aromas que senti naquele dia tão especial. Tudo está bem guardadinho em meu coração, um dia contarei para meus filhos e netos o quão felizes meu amor e eu, fomos, e somos.
Estaciono o carro e em passos largos adentro o imponente prédio Sitk Cia, um nome estranho para uma companhia de empresas e industrias, estranha. Eles exportam e importam coisas, meu marido nunca se aprofundou nesse tema, então não sei ao certo o que fazem. Sei que ele apenas não quer ficar pensando em trabalho quando está comigo, e isso é muito fofo da parte dele, né?
-Senhora Montenegro?
-Alicia, essa é minha sogra. A mim pode chamar de Ivy, querida. – a simpática recepcionista dá uma amostra grátis de seus lindos dentes branco em um sorriso tímido.
-Tudo bem, se assim deseja, Ivy. Em quê posso ajuda-la? –fala colocando uma mecha de seus cabelos ruivos atrás da orelha.
-Vou subir...
-Devo anunciar ao Senhor Montenegro? –fala docemente
-Não! Não querida, venha aqui – a chamei para perto, ela se inclina na cadeira e se apoia na bancada – Vou fazer uma surpresinha ao meu esposo – falo balançando gentilmente a caixa em minhas mãos.
-Ah, que lindo! Ele ficará contente, de certo. Lembra-se do andar?
-Na verdade, não. Por isso, vim até você –sorri amarelo
Certo. É o décimo segundo andar , Ivy.
-Agradecida, meu doce. –mandei beijinhos no ar e fui até o elevador
* * *
Saindo do elevador, contemplei alguns funcionários me olhando estranho. Talvez estejam estranhando a minha presença, uma vez que vi aqui apenas por duas vezes a muito tempo atrás.
-Ivy Evangeline? -uma colega de escola, hoje funcionaria da Stik, segura minha mão me impedindo de passar.
-Oi, Jessica. Quanto tempo, minha linda. Tudo bem? - a saúdo com um abraço e como recompensa pelo gesto amoroso recebo um abraço “morno”, ela parecia estar nervosa.
-Si... Sim, estou... Bem. É... hm... E você? –dá um sorriso estranho que aparenta esconder algo.
Ótimo! Temos que marcar de tomar um café juntas qualquer dia desses, certo? Agora tenho que ir, foi bom revê-la.
-Ivy –segura em meu ombro impedindo que prossiga –Poderia ser agora, o que acha? Tem ótimo lugar aqui perto. Você com certeza não vai se arrepender se decidir ir comigo, agora. –só eu notei o quão estranha Jess está?
-Adoraria certamente mas já tenho planos para hoje, infelizmente. Com sua licença...
-Ivy... – mandei um beijo no ar como sinal de despedida.
-Senhora Ivy Montenegro? O senhor seu esposo não poderá lhe atender agora, ele está um pouco ocupado agora. Sugiro que a senho...
-Deixe a mulher ver o marido dela! –alguém grita atrás de mim, me viro e vejo que quem gritou foi Alexander, primo de Giancarlo e meu ex-namorado. Namoro esse não passou de bobagem infantil de dois adolescentes imaturos. Ainda bem que eu vi o erro que estava cometendo e terminei com ele.
-Alex, quanto tempo?! Você parece ótimo, fico contente – apesar de tudo ainda tenho sentimentos por ele, quero vê-lo feliz. Um amor fraternal, eu diria.
-Você está maravilhosa, Evangeline. Como sempre, alias. –diz se aproximando –Saia! –ordena ao homem que se encontra entre ele e eu.
-Alexander, você não acha que ela....
-Apenas saia, Carlos.
-Giancarlo ficará uma fera ao....
-Isso está ficando chato, saia logo antes que eu tenha que te tirar aos chutes.
-Por quê meu marido ficaria uma “fera” ao me ver? Ele certamente ficará muito contente em me ver, não sabes que o que diz é uma bobagem sem fundamentos? –levantei minha voz em um tom que ela suou extremamente fina.
-Não dê ouvidos a ele, minha querida. Com toda certeza do mundo seu maridinho ficará muito feliz em vê-la. Venha, a conduzirei até a sala dele. –como eu nunca tinha ido até a sala onde Gian trabalhava, deixei Alex “me levar” até lá.
-O que está acontecendo com as pessoas que trabalham aqui? Jessica foi bastante insistente em me manter afastada daqui e logo após dou de cara com o tal Carlos.... Estou confusa, Alex. A algo que eu não sei?
-Essa é a sala do seu amado marido.
-Certo...
-Veja com seus olhos o maior motivo para ter me escolhido ao invés dele. Sou imperfeito mas meu caráter é impecável e inquestionável. – ele dá dois passos para trás, meu coração se aperta e em minha garganta se forma um nó. O que essas paredes escondiam? O que poderia ter lá dentro que fizesse Jessica e Carlos agirem daquela forma?
Abro a porta lentamente e quase que em instantâneo lagrimas rolam da minha face. Pisco os olhos e até me belisco mas não se trata de um pesadelo. Não, não era pesadelo. Era real, estava acontecendo, a não sei quanto tempo, embaixo do meu nariz. O que farei agora? Não notei que deixei a caixa de chocolates cair até que senti minhas mãos virem de encontro ao meu peito que subia e descia muito rápido, freneticamente. O único som que ouço é o do meu coração se quebrando em milhares de pedaços. Isso não pode estar acontecendo, ele nem me notou na sala? Como faço para evaporar dessa planeta?
-Giancarlo? -minha voz soa baixo mas auto o suficiente para que ele pare o que está fazendo e me encare espantado.
-Ivy, eu posso explicar....
-Pode? Vim lhe fazer uma surpresa só não sabia que a mais surpreendida seria eu.... –meu mundo caiu e foi pisoteado por uma manada de elefantes raivosos.
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