P.O.V. Naomi
- O que raio vocês fizeram, seus imbecis?
- Aquilo que é justo, Reiji. – Apenas observava a conversa deles, notando que o ruivo se encontrava irritado. – Eles roubaram-nos a Yui e nós roubamos esta moça, seja lá ela quem for…
- Prefiro a professora, a Yui… - Laito passa a sua língua no meu rosto, fazendo-me fechar a cara com nojo.
- A policia que esteve cá no outro dia, estava atrás dela… é um risco muito grande tê-la aqui… - O tal Reiji aproxima-se de mim e agarra o meu pulso, sem qualquer modos.
- Livrem-se dela! – Um loiro a um canto pronuncia-se. Agora realmente começava a temer pela minha vida.
- Além disso, vocês estão a comprar uma guerra com os Mukami. Eles virão atrás dela. – Eu apenas apreciava a conversa, tremendo por todos os lados. De repente, o tal Reiji baixa as alças da minha blusa e afasta o meu cabelo. Meu ritmo cardíaco disparou. – Ela está praticamente limpa, quase não tem mordidas, seus imbecis. É bom que se preparem, eles não vão deixar isto barato! Está na cara que para eles, esta moça não é apenas alimento.
Com alguma violência, ele atira-me para o chão, fazendo-me cair de joelhos aos pés de Laito. Sentia uma enorme vontade de chorar, mas por experiência, sabia que isso apenas lhes traria gratificação e contive-me até ao extremo.
- Eles que venham, somos seis puros!
- Não somos não, Ayato… - Levanto a cabeça para ver de onde vinha aquela voz grossa e um tanto assustadora, vendo um rapaz de cabelos brancos a encarar-me. – Vocês querem-na, lutem por ela… Não contem comigo!
- Nem comigo! Essa guerra é vossa… - Reiji dá costas e sai do salão, sendo seguido pouco depois pelo loiro e o rapaz de cabelos brancos.
Os outros três nada disseram, permanecendo com a cara fechada. Não era difícil perceber que a relação deles não era a melhor, embora fossem todos irmãos. Não tive coragem para me mexer ou sequer levantar-me dali, meu corpo parecia completamente paralisado. Segundos depois, vejo Laito apanhar o chapéu do chão, o qual havia caído quando fui atirada para o chão. Um rapazinho, de cabelos roxos começou a aproximar-se de mim, ajoelhando-se a minha frente. Em seus braços, encontrava-se um urso de peluche assustador, que mais parecia encarar-me.
- Ela é bonita, não é Teddy? – O rapazinho parecia ouvir uma resposta muda do urso, fazendo-me erguer uma sobrancelha. – Ela ficaria bem juntamente com as outras noivas, não é Teddy?
- Cala a boca Kanato… - O ruivo de cabelos curtos, aproxima-se e agarra o meu pulso, puxando de qualquer maneira.
Prendeu-me entre os seus braços com força. Meus olhos bateram diretamente nos olhos dele, que mais pareciam duas grandes esmeraldas, assim como os de Laito. Infelizmente e ao contrário dos Mukami, não vi nada no olhar daqueles rapazes. Um enorme foço sem fundo, completamente vazios, era o que os três pareciam.
- Eu vi-a primeiro Ayato! – Laito fala de forma agressiva, detonando tudo aquilo que eu conhecia dele. Não parecia a mesma pessoa.
- E eu ajudei a trazê-la para cá!
Sem que eu contasse, ele afasta o meu cabelo e morde o meu pescoço sem qualquer cuidado. Uma dor lancinante atravessou o meu corpo, fazendo-me gritar. Mas minha situação apenas estaria para piorar. Laito afasta o meu cabelo do outro lado e passa o nariz pela minha pele, rindo baixinho.
- Ai que cheiro tão doce… Assim eu morro! – Sua voz parecia embargada de desejo, o que me assustou mais ainda.
Sem eu contar, suas presas cravaram-se do outro lado, fazendo-me gritar mais ainda. Logo meu pulso foi agarrado por uma mão fria e também lá senti uma dor terrível. Os três irmãos alimentavam-se de mim, sem qualquer piedade. Não demorou para que começasse a sentir-me fraca. Certamente que não ia durar muito nas mãos deles e simplesmente fechei os olhos, levando a minha mente para outro lugar, ou tentar pelo menos. Apenas a imagem de Yuma se montava na minha cabeça. Apesar de tudo aquilo me estar a acontecer por causa dele, não conseguia sentir odio, na verdade, nunca consegui. Não sei como, mas acabei realmente por me apaixonar por ele e se havia uma coisa que eu realmente queria antes de morrer, era poder beijar seus lábios novamente. Aos poucos ia perdendo a consciência, sentindo toda a força do meu corpo abandonar-me por completo.
Ao abrir os meus olhos, novamente, vi que estava numa cama. Senti alguém afagar-me os cabelos e levantei o olhar, vendo Laito ali comigo. Minha cabeça estava pousada sobre o seu colo, mas nada daquilo fazia sentido na minha cabeça. Ele olhava-me com aquele sorriso inocente, que de certa forma, passava confiança. Contudo, novamente o medo invade-me e eu levanto-me rapidamente, fugindo para o outro lado da cama.
- O que vocês querem de mim? – Perguntei furtivamente, não desviando por um segundo o olhar dele.
- O mesmo que os Mukami… - Como assim? A sua descontração, em nada me agradava. – O seu sangue…
- Pois aproveitem enquanto podem… - Começava a sentir raiva, ao aperceber-me que não adiantava fugir. Sempre que eu tentasse recomeçar, alguma coisa vinha para arruinar a minha vida.
- Não acredita mesmo que eles vêm salva-la, pois não? – Vejo sorrir de canto, nitidamente divertido com o meu sofrimento. – Humanos, não passam de brinquedos nas nossas mãos!
- Não, realmente eu não acredito. – Respondo friamente, vendo-o perder o sorriso. – Sou uma peça, facilmente substituível…
- Não pra mim… - Ele começa a gatinhar na cama, vindo na minha direção com um olhar faminto. – Nada me custou mais do que deixar aquelas aulas! Eu contava dos dias, as horas, os minutos e os segundo, só para a poder ver e passar aquelas duas horas consigo!
- Não acredito, numa única palavras que venha da tua boca… - Levanto da cama, mesmo antes de ele conseguir alcançar-me, caminhando para trás, até encostar na parede. – Para ti, nunca fui mais de um saco de sangue que te dava aulas…
- Isso não é verdade! – Ele fecha a cara e senta-se na cama, com a cabeça baixa. Estranhei aquela atitude. – Eu realmente gostava de si… Senti-a bem, mais leve e menos pervertido dentro daquela sala de aulas…
Eu nada respondi, permanecendo na mesma posição. Com o olhar, procurava alguma coisa com que pudesse defender-me. Vejo um ferro na lareira, mas estava longe demais. Olhei para Laito que permanecia de cabeça baixa e voltei a olhar o ferro, tentando arquitetar algo na minha cabeça.
- Sentia-me amado, sentia que era querido por alguém! – Ele levanta a cabeça, assustando-me com aquele seu sorriso psicopata. – Nem a minha própria mãe me amou…
- Sinto muito… Laito!
- Não sinta! E se quer saber a verdade, fui eu que decidi não ter mais aulas, pois tive medo de colocar a única pessoa que me deu algum conforto, em perigo.
- Estás a por agora… - Respondo calmamente, tentando encontrar alguma brecha nele, que me permitisse sair dali.
- Não, estou a fazer aquilo que devia ter feito a mais tempo… - Sem que eu contasse, ele ataca-me.
Num ato de desespero, tento proteger-me, conseguindo colocar o meu antebraço na sua garganta, impedindo assim que ele chegasse ao meu pescoço. Mas a sua força era demasiado grande e acabei por perder aquele braço de ferro. Seus dentes cravaram-se sem piedade no meu pescoço, fazendo-me gritar. Tentei empurra-lo e até mesmo bater-lhe, mas nada funcionava. Ao olhar para cima, vi que o trilho da cortina estava meio solto e parei de me debater contra ele. Agarrei as cortinas de forma discreta e recorrendo as últimas forças que me restavam, empurrei o meu corpo para baixo, sentindo os seus dentes rasgar a minha pele. Como Laito não contava com aquilo, acabou por ir junto e connosco, o trilho que caiu mesmo por cima dele. No meio daquela imensidão de pano, tentei fugir, deixando-o a ele lá de baixo.
Assim que consegui sair debaixo das cortinas, sinto a mão dele no meu tornozelo e sem pensar, uso o outro pé para lhe dar um chute, fazendo-o largar-me. Levantei-me e corri o mais depressa que consegui até a saída do quarto, agarrando o ferro na lareira, pelo caminho. Completamente desesperada, abri a porta e saí para o corredor. Corri o quanto pode pela minha vida, mas aquilo parecia não ter fim. Olhei rapidamente para trás, apenas confirmando se alguém me seguia, quando senti o meu corpo bater em alguma coisa dura. Caí para trás, completamente desamparada, reclamando com a dor que senti. Ao levantar a cabeça, vi novamente aquele rapaz de cabelos brancos, a encarar-me com os seus olhos rubi.
Fim P.O.V Naomi
P.O.V. Subaru
Olhei a jovem no chão, completamente apavorada. Em seus olhos, vi algo que me pareceu familiar e que fez o meu coração pesar. Ela tinha o mesmo olhar de minha mãe. Era alguém que tinha fome de viver mas não podia. Não porque não queria, mas porque não a deixavam.
- Pra trás… - Ainda no chão, ela aponta aquele ferro afiado a mim. Certamente que me julgava igual aos meus irmãos. Não podia critica-la. – Não tenho medo de usar esta coisa se for preciso.
Eu nada respondi, apenas ouvindo palmas vindas do corredor. Ao levantar a cabeça, vi Ayato a caminhar lentamente até nós.
- Muito bem maninho, finalmente fizeste alguma coisa de útil… - Diz-me ele com aquele seu olhar de desdém.
- Vou acabar com essa desgraçada! – Laito estava completamente despenteado e com as roupas um pouco tortas, soltando raiva pelo olhar. Jamais o havia visto daquela maneira.
Voltei a olhar para ela, que simplesmente voltou a cabeça para trás, assim que os outros dois apareceram. Não sei por que motivo, mas senti necessidade de a ajudar. Dei um chute leve na sua mão, para a fazer largar o ferro e sem perder tempo, baixei-me e agarrei o pulso dela, a puxando.
- Subaru! – Ouvi Laito chamar por mim, mas simplesmente ignorei-o e peguei nela ao colo. – Subaruuuuu…
Antes que eles pudessem reagir, saí dali o mais depressa que consegui, apenas a pousando no chão, quando já estávamos fora da mansão. Ainda assim, não a larguei e continuei a puxa-la.
- Larga-me! – Ela tentava soltar-se a força toda, obrigando-me a agarrar o seu pulso fino com mais força.
- Se queres sair daqui viva, é bom que me escutes e que confies em mim… - Respondo friamente. – Agora segue-me!
Sem perder mais tempo, puxo-a para a floresta nos arredores da mansão, embrenhando-me no mato com ela. Por que razão fazia aquilo? Sinceramente não sei. Mas também não conseguia ficar parado, ao ver alguém tão bom ser trucidado por aqueles monstros, tal como a minha mãe foi pelo meu pai.
Fim P.O.V Subaru
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