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História Escape - Morte


Escrita por: LysEvans

Capítulo 16 - Morte


Capítulo 16

POV. Jared

-NÃO. - gritei correndo até onde Caroline havia caído.

Afastei o piloto do meu caminho, caindo de joelhos ao lado do corpo dela. A blusa que ela usava estava ensopada em sangue, mas diferente do carmesim que fazia seu caminho desde meu ombro até minha mão, o seu era mais escuro, indicando que o ferimento era grave.

-ALGUÉM CHAME UMA AMBULÂNCIA! - gritei sem saber o que fazer, vendo a cor se esvair do rosto dela. - Por favor, aguente firme Caroline. Eu te proíbo de desistir agora.

Mesmo depois de tudo que ela havia feito, eu não queria que as coisas terminassem assim. Apesar de todo esse plano feito pra pegá-la, toda a atuação, de tudo que ela fez, eu ainda me importava. Ela foi a única pessoa depois de meu irmão que realmente chegou sequer a se importar comigo e eu joguei tudo isso fora.

-A ambulância já está a caminho. - ouvi Shannon se abaixando do lado oposto de Caroline. Ele tocou o pescoço dela em busca dos batimentos cardíacos e sua expressão se tornou sombria quando olhou para mim. - Ela está perdendo muito sangue, os batimentos estão muito fracos.
-Aguente firme. - murmurei apertando a mão dela que estava perdendo calor.

Vários agentes nos circulavam quando dois paramédicos abriram caminho, fazendo com que Shannon e eu nos afastássemos. Um dos paramédicos checou a pulsação dela novamente enquanto o outro analisava o ferimento, mas fez o primeiro fez um sinal negativo.

-Finalmente tudo acabou. Ela não tem como sair dessa. - falou Vee atrás de mim com um sorriso satisfeito vendo os paramédicos colocarem Caroline sobre a maca e cobrirem seu corpo com um lençol branco.

-Demonstre um pouco de respeito alguma vez na sua vida. - rosnei a olhando de lado, e era como se uma mão invisível estivesse apertando meu interior quando os paramédicos levaram o corpo para longe. - Vou acompanhar a ambulância.
-E pra que? Ela está morta! Não há motivo para tudo isso. - Vee disse em tom de deboche.

Minha mão se fechou em um punho apertado, e falei entredentes:

-Saia da minha vista antes que eu faça algo que me arrependa. Agora!
-Você não sabe do que está falando. Você me ama.
-Não seja estúpida. Você nunca passou de sexo fácil e nunca será nada alem de uma desculpa patética de agente. - falei com um sorriso amargo e acrescentei para Shannon - Você vem?
-Sim.

Já dentro do carro, com Shannon dirigindo, encostei a cabeça no banco fechando os olhos e deixei a dor do braço me consumir juntamente com a dor da perda dela. Repassei todos os momentos que estivemos juntos, bons e ruins.

-Eu sinto muito. - falou Shannon me retirando de meus devaneios.
-Como? - perguntei abrindo os olhos para encará-lo.
-Sinto muito por tudo. Por ela ter morrido. E por ter dormido com ela, eu sei que isso não estava no plano mas aconteceu.
-Não se preocupa com isso. É passado. Acabou. - respondi voltando a fechar os olhos.

O silêncio prevaleceu até chegarmos ao hospital que estava com as viaturas na entrada e alguns carros da imprensa. Provavelmente devia ter vazado algo ou eles apenas aparecem por que o FBI estava em um hospital. Logo que descemos do carro fui cercado por repórteres fazendo perguntas diversas que fiz questão de ignorar entrando diretamente no hospital. Na recepção pedi pra ser atendido por um médico por causa do tiro que recebi e fui encaminhado a uma sala.

Não demorou e um médico apareceu. Depois de retirar a bala e fazer o curativo ele falou que eu já podia ir, me entregando um frasco de analgésicos para a dor. Já no corredor voltei pra sala de espera, onde Shannon estava com alguns dos agentes que haviam permanecido.

-O que aconteceu? - perguntei chegando perto.
-O médico quer saber o que fazer com o corpo, já que ela não tem família - informou Shannon indo direto ao ponto.
-Ela sempre disse que quando morresse queria um velório, só que com o caixão fechado. E que queria não queria discursos nem falsas histórias de como ela incrível. - comentei com um sorriso sem humor, lembrando de como ela havia falado aquilo tão tranquilamente anos antes.
-Certo. E acho que de qualquer forma terão agentes que querem se despedir.
-Então está decidido. Vou encontrar o médico responsável.
-Ele disse que estaria na sala dele no subsolo, no inicio do corredor. - Shannon informou com um aceno de cabeça.
-É melhor você ir com o resto do pessoal de volta ao QG e informar a decisão. E também adiantar a papelada.
-Tudo bem. Você volta de táxi? - perguntou e eu assenti confirmando.

Andei pelos corredores ate o subsolo procurando a sala quando uma enfermeira passa por mim. Ela estava toda de branco, com a touca e a mascara, deixando só os olhos visíveis. Olhos iguais ao da Caroline. Segurei o braço dela, fazendo com que a mesma soltasse um grito e indagasse confusa:

-Você é louco? Me solte!
-Me desculpe, eu me confundi. - falei a soltando rapidamente e piscando algumas vezes.

Eu realmente cheguei a pensar que fosse a Carol. Essa enfermeira era idêntica a ela, só que mais baixa, muito mais baixa e tinha a voz muito aguda. Talvez eu esteja ficando louco.

Continuei andando pelo corredor até chegar à porta do escritório onde informei ao médico as informações necessárias.

~~~~~~

Todos estavam no funeral. Aparentemente grande parte da equipe do FBI da cidade e vários outros agentes de outros lugares haviam aparecido. Muitos a haviam conhecido, e admiravam pelo seu trabalho, outros apareceram por curiosidade e outros apenas pra marcar presença.

Fiquei o tempo inteiro ao lado do caixão. Diversas vezes Shannon veio me dizer pra ir embora, mas eu o ignorava. Até que chegou a hora do enterro.

Um padre foi chamado, por mais que eu soubesse que ela não tinha nenhuma religião.

No cemitério, depois que o padre falou todas as coisas típicas, foi a minha vez de fazer um discurso. Todos esperavam por aquilo. Eu não tinha um discurso pronto, eu só iria até lá na frente dizer poucas palavras. Mas palavras verdadeiras, não "qualquer merda para deixar o morto lisonjeado".

-Hoje, estamos aqui presente pra nos despedir de uma agente. Todos a conheciam como Caroline, ou como Agente Sparks. Ela foi uma das melhores agentes que o FBI já teve até hoje, senão a melhor. - dei uma pausa pra recuperar ar e continuei olhando pra multidão que escutava impassível. - Ela pode ter cometido os seus erros, na verdade muitos erros, mas ainda assim nunca deixou de cumprir com o seu dever quando em serviço do país. Peço que a todos os presentes que se algum dia admiraram-na, me acompanhem nessa salva de palmas. Obrigado.

Logo em seguida todos os presentes ali irromperam em uma salva de palmas. Meu olhar foi atraído então à entrada do cemitério, de onde era possivel ver e ouvir toda a cerimônia. Lá havia uma mulher parada. Senti a minha respiração se prender na garganta. Era ela. Ela estava parada em frente do cemitério com um sobretudo bege, os cabelos soltos e óculos escuros na mão. Ela tinha um dos típicos sorrisos irônicos no rosto, e acenou pra mim antes de colocar os óculos e seguir andando pra fora do meu campo de visão.

Olhei pros lados pra ver se alguém tinha visto o mesmo que eu, mas as pessoas estavam mais ocupadas prestando atenção ao enterro e umas às outras. Ninguém havia percebido nada. Talvez não houvesse nada pra perceber. Ela morreu. Minha mente só não queria aceitar isso.

Mesmo com o tempo eu nunca iria esquecê-la nem me arrependeria de nada.



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