ALEX VAUSE
Segundo dia na prisão e acho que está tudo ocorrendo bem. Margem de erro é de zero.
Passo minha maior parte do dia com Red em minha cela, ela é uma pessoa simpática e tem um sotaque russo estranho, mas o único problema é que fala demais.
-Diga outra palavra para “amor”.
-Em que contesto? - pergunto.
-Ah você sabe, no contesto “eu te amo mas não vou parar de traficar”. Só que com classe. Estou pedindo Healy em casamento.
-Por carta?
-Tem um jeito melhor?
-Cara a cara me parece muito bom.
-Por carta não é muito romântico, então vou pedir para que ele leia essa carta olhando para o Empire State, então ele lê até o final! É incrível, quase como se eu estivesse la. Só que não estarei. – ela diz com desânimo.
-Tente “paixão”.
-Paixão, boa!
-Hora do pátio, detentas!
Sigo para o pátio com um objetivo, dar mais um passo em meu plano e entrar para o I.P, sei que não vai ser muito fácil, mas tenho alguns truques na manga.
Vejo Miss.Claudette sentada em uma mesinha com algumas outras detentas jogando algum jogo de cartas, me aproximo e falo:
-Claudette, quero que me coloque no I.P.
Ela e as outras mulheres olham pra mim e riem.
-Dê o fora, novata.
-Talvez deva ouvir o que tenho a dizer.
-Você não tem nada que eu precise, vou falar uma última vez. Dê o fora.
-Eu não teria tanta certeza disso. – Falo colocando um pato de origami em cima da mesa.
Ela olha e fala:
-Você tem razão, o que eu preciso mesmo é de um pato de papel.
-I.P, Claudette. Talvez perceba que posso ajudar mais do que pensa.
As mulheres sentadas se levantam e vem em minha direção, eu viro as costas e saio de perto. Talvez ela perceba o quanto sou valiosa, mas ela não vai perceber agora.
-Vause! – Mendez me para e segura pelo braço. – Chapman quer vê-la?
-Chapman? – digo me fazendo de desentendida.
-A enfermeira gostosa daqui. Anda vamos logo.
Sei exatamente quem Chapman é. Piper Chapman, filha do prefeito formada em medicina. A enfermaria é um dos pontos principais do meu plano e é por lá que vamos escapar.
-Aqui Chapman. – Mendez diz soltando meu braço e saindo da sala.
-Sente-se.
Piper Chapman era menos bonita pelas fotos, tenho que manter o foco.
-As tatuagens parecem recentes. – Ela diz furando meu braço com a agulha. – Acho que por ser diabética nunca ligou para agulhas, não é mesmo?
-Pois é! – digo rindo. – Sou a Alex por falar nisso.
-Eu sei, Alex Vause. Eu vi sua ficha.
-E você é?
-Dra. Chapman.
-Chapman como o prefeito? – digo provocando, e porque quero passar o máximo possível aqui. Não por ela ser gata, e sim porque tenho que saber os mínimos detalhes da enfermaria. – Não são parentes, são?
Chapman ficou calada e anotou algumas coisas em minha ficha.
- Nunca imaginei que a filha do “justiceiro” Bill Chapman trabalhasse em um presidio feminino. E como médica.
-Sou parte da solução, e não do problema. – ela diz me olhando séria.
-É como dizem “seja a mudança que você quer ver no mundo”.
Ela parou o que estava fazendo e me encarou por alguns segundos.
-O que? – digo estranhando seu ato.
-Nada. É que eu falei isso quando me formei.
-Você disse? Sempre pensei que fosse o Gandhi. – digo rindo e ela ri também.
-Muito engraçada. – ela diz se levantando. – Fique um pouco ai, eu já volto.
Aproveito o tempo que ela sai e jogo um de meus patinhos de origamis no duto da enfermaria. Olho em volta do local e pela janela, é um dos lugares que tem menos segurança e é por lá que vamos escapar.
-Pronto, voltei. – ela diz se sentando na cadeira.
-Vai me dar algumas semanas de suprimento?
-Boa tentativa. – ela ri. –Sem agulhas nas celas.
-Não sou uma viciada, pode confiar. –digo sorrindo.
-Essas palavras não significam nada aqui. – Ela diz focando em meus lábios. – Você só recebe insulina se eu aplica-la em você.
-Então vamos nos ver bastante?
-Acho que sim. Está liberada, Vause.
-Obrigada Dra. Chapman, e pode me chamar de Alex se quiser.
-Prefiro Vause, assim nós mantemos a formalidade.
-Como quiser Dra. – digo saindo da enfermaria.
Estava indo para o pátio acompanhada de alguns guardas quando vi que tinha uma missa acontecendo.
-Com licença guarda Bennet, posso assistir à missa?
-Claro, Vause.
Entramos na capela e logo procurei por Nicky. Ela estava no primeiro banco e com algumas algemas, estava prestando atenção na missa, então decidi esperar até que acabe e assim falarei com ela.
Após dez minutos o padre nos libera e Nicky levanta, vou em sua direção e ela me reconhece.
-Alex? – Ela diz confusa e eu esboço um sorriso ao vê-la.
-Por quê? – ela me pergunta séria.
-Vou te tirar daqui.
-É impossível.
-Andando, detentas! – um guarda grita.
-Pra quem desenhou o lugar, não é. – digo a deixando pra trás e indo para o pátio.
Já não tinha muito tempo lá no pátio pois gastei o tempo na enfermaria e depois na missa, decidi ver se os dutos estavam ligados uns aos outros. Fui no mesmo duto que tinha posto a revista ontem e vi que meu patinho de origami que joguei no duto da enfermaria já tinha chegado no do pátio e parado na revista que coloquei justamente para que o patinho não passasse de ali.
Foi o que eu tinha pensado, os dutos estão ligados uns aos outros, meu plano está dando certo.
-A hora do pátio acabou, detentas!
Voltamos todas para nossas celas e Red me parecia chateada.
-Paixão? O que você estava pensando?
-Você gostou quando disse.
-De certo ele acha que virei marica. De agora em diante sou uma mulher de uma sílaba, sem rodeios. Será só sim ou não, amor ou ódio. E me lembre de não pedir mais concelhos pra você.
-Dê um tempo, Red.
-Um tempo? Ta brincando? Eu o pedi em casamento, e a resposta é sim ou não. Uma sílaba, cara. Temos visita conjugal na terça e ele sempre me liga antes, mas dessa vez ele não ligou. Você o assustou.
-Ok desculpa.
-Vause, Caputo quer vê-la. –minha cela se abre e Bennett aparece.
-Isso não é nada bom, novata. Você só é chamada para sala do Caputo quando faz alguma besteira.
-Vamos Vause, não tenho o dia inteiro.
Fomos caminhando até a sala do Sr.Caputo, sei exatamente quem é ele também. Conheço essa prisão como a palma de minha mão.
Entrei em sua sala e ele pediu para que eu me sentasse, me encarou por alguns segundos e falou:
-Melhor da turma em Loyola, graduada em engenharia civil... fico imaginando como uma pessoa com suas qualidades vem parar aqui.
-Entrei em uma contramão esses dias. – disse como se fosse obvio.
-Faz soar como se fosse uma infração de trânsito.
-Cedo ou tarde todos infringem.
Ele me encara mais alguns segundos e prossegue:
-De qualquer jeito eu te chamei aqui porque... – ele diz se levantando. – você colocou desempregada em sua ficha. Não é verdade, é?
Fiquei em silêncio pois não sabia o que ele faria se respondesse essa pergunta.
-Sei que é engenheira civil, Vause. Preciso de sua ajuda. – ele me leva a uma sala em que tem uma escultura feita de palitos de dentes.
-Shah Jahan construiu o Taj Mahal como homenagem ao amor eterno que tinha pela sua esposa. Minha mulher gosta muito dessa história. Vou te contar uma coisa Vause, é terrível estar casada com alguém que trabalha para o serviço penitenciário. Ainda assim, em 39 anos minha mulher nunca reclamou. O pior é que nunca agradeci. Já que não me expressei com palavras resolvi construir isso aqui. – ele apontou para o monumento inacabado. – em junho faremos 40 anos de casados, mas olhe. O problema é que se eu continuar ele vai a tona como um castelo de cartas. Achei que talvez você pudesse ajudar.
Analisei sua proposta com cautela e respondi.
-Não posso.
Se eu aceitasse ia tomar muito do meu tempo aqui dentro e tempo é o que eu mais preciso.
-Vause, aqui dentro é melhor eu ficar te devendo um favor do que você me devendo, pode acreditar.
-Eu vou me arriscar Sr.Caputo.
-Então a conversa acabou. Guardas! – ele diz irritadamente e guardas me levam novamente para minha cela.
Passo o restante do dia na cela conversando com Red, ela está agoniada com Healy e não para quieta. Felizmente deu a noite e nós dormimos.
-Vause, você tem visita! –Mendez me acorda logo de manhã cedo.
Vou para a sala de visitantes me encontro com Lorna. Nos abraçamos e sentamos em uma das mesas.
-Como você está, Al?
-Bem...melhor do que pensei que estaria.
-Litchfield não é uma das melhores prisões de Chicago. Você poderia ir para Taylorville ou Marion. Mas fez questão de ficar aqui.
-Estaria fazendo a mesma coisa que faço em Litchfield, comendo gelatina e bebendo refrigerante.
-Eu sei o que está fazendo, não foi sorte estar aqui com Nicky. Esqueceu que eu conheço vocês duas? O conceito de amor de vocês é a coisa mais estranha que já vi em toda a minha vida. Ela batia em você para mantê-la fora das ruas, e você acaba em Litchfield com ela. Pra que? Pra salva-la?
Eu fiquei em silêncio olhando para Lorna.
-Eu mereço saber Al. Eu a amei o tanto quanto você.
-Você a amava no passado, eu sempre a amei.
-Dei uma chance a ela antes de saber que ela tinha uma filha. Ela jogou fora junto com drogas e bebidas.
-Já pensou que ela ficou mal justamente porque você foi embora?
-Não vamos brigar Alex, eu só quero seu bem. O que está fazendo é idiotice.
-Não é idiotice! Quer fazer algo? Descubra quem está tentando mata-la.
-Ninguém está tentando matá-la. Tem provas contra ela.
-As provas foram plantadas. Procure pelo Bispo McMorrow, ele é amigo do governador, estudaram juntos. Talvez consiga cancelar ou adiar a execução.
-Farei isso.
-O horário de visitas acabou! – um guarda fala pelo alto-falante.
-Até mais Al.
-Até. Faça o que eu te pedi.
Miss Claudette
-Miss Claudette, tem um telefonema para a senhora. – uma de minhas capangas me avisa.
Estamos em horário de pátio e está tudo calmo, vou para o local de telefonemas e atendo.
-Claudette falando.
-Miss Claudette, aqui é Jean Baptiste.
-Oh sim, Baptiste. Alguma notícia de Fibonacci?
-Sim.
-Como?! – digo espantada.
-Achamos o filha da puta que te dedurou, Claudette.
-Pensei que ele tivesse desaparecido.
-Obviamente alguém o achou.
-Tem alguém mexendo conosco?
-Você não vai acreditar nisso.
-Quem?
-Não sei... não tem remetente. Apenas uma carta com uma foto de Fibonacci e... Um pássaro de papel dobrado.
-Como um origami? – digo já tendo em mente a novata.
-Sim, como um origami.
Desligo o telefone furiosamente e tenho em mente que vou ter que “ter uma conversinha” com a novata. Ela não sabe com quem está se metendo.
ALEX VAUSE
Mais um dia no pátio, olho ao meu redor e vejo algumas pessoas conversando, vou até Norma, vulgo D.B Cooper.
-Norma Romano, certo?
-Eu te conheço?
-Conheci seu marido, antes de falecer.
-Conheceu Mark?
-Quer dizer Bob? – digo esboçando um sorriso.
-Como o conheceu?
-Demos aulas em Boston.
-East Farmington?
-Quer dizer West Wilmington? – digo rindo de sua desconfiança.
-Sem mais testes. Eu prometo. – ela sorri. – Parece que sabe tudo sobre mim. Quem é você?
-Alex Vause. Como ele entrou aqui? – me refiro ao gato em seu colo.
-Ele não, ela. Meg é uma exceção da época em que as prisioneiras ainda tinham direito.
-Fiquei sabendo que é DB Cooper.
-Todas as novatas ouvem que sou DB Cooper. Vou te dizer o que sempre digo. Quer acreditar nessa história? Tanto faz. Eu não sou ela.
-Que pena. Esperava que fosse verdade. A mulher é uma lenda. – digo mesmo sabendo que ela é sim DB Cooper.
-Eu que o diga. Se eu fosse ela teria 1,5 milhão me esperando lá fora. Acho bom você dar uma volta. – Ela diz quando vê Miss Claudette se aproximando com sua gangue.
-Seria muito mais fácil se me contratasse, Claudette. – a ficha dela caiu.
-Do que se trata?
-Digamos que... você consiga fugir. Você tem quem possa faze-la desaparecer?
-Sim e dai?
-Só curiosidade.
-Onde está Fibonacci?
-Não é bem assim que funciona Claudette.
-Miss Claudette pra você, novata! – ela diz indo embora e suas capangas se aproximando de mim.
-Se elas me atacarem, irei atrás de você. – falei me levantando.
-Eu duvido. – ela disse e uma mulher baixinha me acertou um soco na barriga.
Me ergui rapidamente e dei um soco em Miss Claudette fazendo a cair no chão. Suas capangas me seguraram e começaram a me bater. Logo a prisão virou um tumulto. Ouvimos sirenes e tiros no chão. Todas nos abaixamos com as mãos na cabeça.
-Vause você vem comigo. – Mendez diz me puxando pelo braço até a sala do Caputo.
-Eu te avaliei mal Vause. Não imaginei que fosse do tipo agitadora. Não tolero esse tipo de comportamento. 90 dias na solitária.
- Dois meses?
-Exatamente.
Não precisa ser nenhuma genia pra saber que um mês tem menos que 90 dias. Se eu fosse para a solitária não conseguiria salvar Nicky da morte. Preciso agir rápido.
-Quer dizer algo? – ele diz estranhando meu comportamento.
-É só que... eu não terei valor na solitária. – o que eu estou fazendo?
-Valor?
-Seria uma pena se o Taj Mahal cair só porque a tensão não está completamente distribuída.
-Corretamente distribuída?
-Exatamente, as juntas estão sobrecarregadas. Elas não oferecem o suporte necessário.
-É muito trabalho? – ele diz retirando seus óculos e se aproximando.
-O senhor quer pra Junho?
-Isso.
-Então é melhor começarmos, não acha?
LORNA MORELLO
-O que você tem, meu amor? – Vince pergunta pois estou muito distante.
-Nada é só que...Estou preocupada com Alex.
Vince faz uma cara de desânimo pois sabe minha história com a irmã de Alex.
-Você fez o melhor que pode.
-Mas ela não!
-Tudo bem meu amor, se acalma ... quer dar uma olhada nas amostras dos cartões de casamento que nos mandaram?
-Agora não, Vince.
-Olha, Amor. Uma hora ou outra teremos que apertar esse gatilho e preparar as coisas do casamento, entende?
-Eu sei... é só que eu só vou fazer isso uma vez na vida. Então que seja direito.
-Ok, você que sabe. – ele diz cabisbaixa. –Lorna, você não está adiando não é?
-Claro que não meu amor! – digo o beijando. – Eu quero ser sua esposa!
Vince da um sorriso e volta a dormir. Depois de um tempo eu me deito e durmo também.
Será que Alex estava mesmo falando a verdade? O único jeito de saber é investigando. Marquei uma reunião com o bispo McMorrow para hoje e saberei mais a respeito do caso.
O Bispo McMorrow é um grande amigo e principalmente influência para o governador. Ele estava tentando fazer com que o governador desista da pena de morte de Nicky, já que é o governador que decide se vai ocorrer ou não.
Acordei animada para ver no que essa história vai dar. Fui para o escritório e chegando lá minha secretária Flaca me deu as notícias:
-Sra.Morello, pediram para avisar a senhora que o Bispo McMorrow foi assassinado ontem à noite enquanto dormia.
-Ah, obrigada Flaca. E sabem quem foi?
-Não, senhora.
-Tudo bem. Obrigada novamente.
Alex tinha razão. Alguém está armando para Nicky.
Fui até a algumas estantes e peguei o relatório do caso de Nicky, vou dar uma revisada.
POUSSEY NICOLS
Passei uma infância difícil, minha mãe Nicole traiu minha mãe Lisa e começou a usar drogas. Eu não queria ter nenhum contato com ela, mas ela acabou insistindo tanto para que nós voltássemos a sermos amigas que eu cedi.
Passaram-se anos e quase tudo tinha voltado ao normal, mas um dia a mãe Nicole foi presa por assassinar o irmão do presidente. Na época isso foi um escândalo, minha mãe aparecia na televisão toda hora sendo acusada e meus amigos da escola me zoaram por ser filha da assassina do irmão do presidente. Passei anos sofrendo bulling e decidi que a partir desse dia Nicole Nicols tinha morrido oficialmente para mim.
Estava indo comprar maconha com minha amiga Taystee.
-Você tem certeza disso P?
-Claro Tays, relaxa é logo ali.
Entramos em um beco e lá estava o cara que iria nos vender a maconha.
-E ai, trouxe o bagulho? – disse animada.
-Fala baixo pirralha. Ta aqui. – ele disse me passando uma sacola com a erva.
-Obrigada. – disse colocando o pacote em minha bolsa e subindo na bicicleta.
Estávamos saindo do beco quando o carro da polícia nos cerca e tivemos que nos entregar.
Já em casa minha mãe Lisa começa seu discurso.
-Você não é assim P, bimestre passado você só tirava ‘A’ e agora está... Ei espera ai, é sua mãe Nicole não é?
-Ela não é minha mãe.
-Sei que está abalada por ser seu último mês de vida mas não precisa fazer isso.
-Eu não ligo pra ela.
-Sei que não é verdade, filha. Você irá vê-la.
-O que?! Mãe!
-Acabou, você irá ter uma conversinha com ela amanhã.
Subo para o meu quarto revoltada e acabo dormindo. Logo de manhã cedo minha mãe Lisa me acorda e vamos para Litchfield ver aquela mulher.
Chegando lá preenchemos uma ficha e entramos. Ela estava nos esperando dentro de uma espécie de cabine de telefone. Entre nós só tinha um vidro separando.
-Ela foi presa. – Minha mãe Lisa diz.
-Pelo quê?
-Posse de maconha. Achei que não faria mal algum um concelho seu antes de...você sabe...
-Eu morra?
-Eu não quis dizer isso.
-É claro que não. Obrigada, Lisa.
Minha mãe se retira e me deixa frente a frente com Nicole.
-Maconha? Usando ou vendendo?
-Qual a diferença?
- O que? Acha que isso vai te dar fama nas ruas? Você tem uma vida boa, aproveite.
-Escuta, eu entendo. Eu venho aqui, você me da a porra de um concelho de merda e eu saio uma nova mulher. Notas altas, Harvard, e me formo como uma médica.
-É melhor do que estar aqui dentro. Quem você pensa que é punido com essa atitude? Você pensa que sou eu, mas é você. Eu fiz a mesma coisa. Puni meus pais por terem me deixado e olha onde eu vim parar. Eu não estou pedindo que goste de mim, perdi essa chance a anos atrás. Duas vezes. Estou pedindo que se ame. Você ainda pode mudar as coisas.
-Então isso é um concelho seu? – digo me levantando.
-Aonde vai?
-Tenho dever de casa para fazer. – digo piscado para ela. – Harvard, lembra?
-Eles vão me executar, Poussey. Estarei morta daqui a um mês. Você entende isso?
-Pra mim, você já está morta faz tempo.
ALEX VAUSE
Estou novamente na sala da Dra.Gostosa, vulgo Dra.Chapman.
-Estudou na Loyola. – ela diz se aproximando.
-Parece que andou me investigando, Dra.Chapman.
-Gosto de conhecer minhas pacientes. Estudei na Northwestern. Fica na mesma cidade.
-Ah sim, sei onde é. Talvez tenhamos nos conhecido em um bar.
-Eu me lembraria. – ela diz olhando minha ficha.
-É um elogio? – digo rindo.
-Talvez...Bom esqueça isso. Sua glicose aponta 50 mg por decilitro.
-E?
-Está hipoglicêmica. É uma reação de quem não tem diabetes. Tem certeza que tem diabetes tipo 1? – ela diz desconfiada.
-Desde criança.
-Tudo bem... sente algum formigamento ou suor frio?
-Não, Dra. – sim.
-Quero fazer mais testes da próxima vez que vier. Não quero dar insulina para alguém que não precisa.
-O que quiser, Dra.
-Está liberada, Vause.
Estava saindo da enfermaria e indo para o pátio.
-Vause? – Chapman me chama.
-Sim? – digo me virando e olhando para ela.
-É só que... tente não entrar em confusões, ok?
-Pode deixar.
Fui para o pátio e lá me encontrei com Cindy.
-Eu preciso de uma coisa.
-Ah é mesmo, novata? Todas nós precisamos. – ela diz fazendo gesto de dinheiro.
Disfarçadamente passei um maço de dinheiro e passei pra ela.
-Do que precisa?
-Pugnac.
-Minha língua, novata.
-É um bloqueador de insulina. Vende em qualquer farmácia.
-Então pode conseguir isso na enfermaria.
-Não posso.
-E por que não?
-Porque estão me dando insulina.
Cindy solta uma risada alta.
-Você é uma garota estranha, sabia disso?
-Consegue ou não?
-Só se me contar porque quer voltar a enfermaria para a insulina que não precisa.
-Ah você sabe... você já viu a Dra.Chapman?!
-Você é da minhas,novata.
-Negócio fechado?
-Claro.
-Voltem para as celas, detentas! A hora do pátio acabou! – um guarda grita em um megafone.
Voltamos pra cela e Red vem toda animada.
-Ele disse sim! Nós vamos nos casar Alex!
-Meus parabéns.
-Mas tem um problema.
-Qual?
-Helena.
-Quem?
-Minha prima. Ela sempre esteve de olho em Healy, e hoje quem o trouxe foi ela! Nenhuma mulher dirige 800 metros só para levar um amigo para ver sua noiva!
-Calma Red, ela não seria capaz de fazer isso com você.
-Vause! – Mendez chega em minha cela. – Não sei o que fez, mas Miss Claudette lhe mandou este cartão de I.P. Parabéns, acabou de se juntar aos trabalhadores. Venha comigo.
Segui mendez a uma sala onde ele me deu um macacão e rolos de pitar parede.
-Elas já estão trabalhando, entra naquela porta e comece a pintar! Antes que eu te pinte toda. – ele me diz olhando com malicia.
Entro na sala e vejo Nicky, Norma, Miss Claudette e algumas outras detentas.
Começo a pintar a parede e Miss Claudette chega por tras e sussurra em meu ouvido:
-Repito, novata. Você tem coragem.
Após alguns minutos, quase meia hora pintando os guardas mandam a gente guardar os materiais e trocar de roupa. Essa é minha deixa para me aproximar de Nicky.
-Eu vi a Lorna. Ela ainda é noiva daquele cara?- ela diz.
-É.
-Podia ser eu.
-Se você não tivesse estragado tudo, sim.
-Pensa que eu estava mesmo apaixonada por Lisa? Eu estava magoada e eu pensei que um casamento e um filho resolveriam isso.
-Claro.
-Falou sério sobre me tirar daqui? – ela diz sussurrando.
-Eu não estou aqui de férias, confia em mim.
-Sair daqui é só o começo. Vamos precisar de dinheiro.
-Eu terei. – DB.Cooper.
-E gente lá fora que possa nos fazer desaparecer.
-Já providenciei. - Miss Claudette. – Só que elas não sabem, ainda.
-Seja lá o que planejou, me diga, porque eu não faço ideia.
-Foi a empresa em que eu era sócia que fez a reforma de 1999 aqui. Fizemos o projeto todo, pensamos em tudo em até os mínimos detalhes.
-Você viu a planta.
-Melhor que isso. Ela está gravada em mim. – disse abrindo meu macacão e mostrando minhas tatuagens.
Elas eram disfarçadas para parecer uma tatuagem normal, mas na verdade era a planta de Litchfield.
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