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História Escassez (em revisão) - Testada


Escrita por: vanValentine

Capítulo 2 - Testada


Fanfic / Fanfiction Escassez (em revisão) - Testada

Eu olho pela janela enquanto bebo o ultimo gole de chá em minha caneca, esta ventando e as folhas das arvores estão dançando com o vento, me pergunto qual foi a última vez que fiz isso em minha vida, parar e contemplar a natureza. Este último mês tem sido complicado para mim, muitas coisas para decidir, muitas perdas. Juro que achei que minha mudança de país seria bem diferente do que vem sendo, sinto falta de minha amiga Christina e meu último semestre na nova escola com certeza vai ser horrível. Mas segundo meu padrasto, Marcos, hoje é um dia especial, não sei bem o que ele planeja, mas de uns tempos para cá ele tem me ensinado tudo o que ele sabe em artes marciais, o que não é pouca coisa, tenho tido quase um treinamento militar, mas para ser sincera é bem legal.

 

– April, vamos, está na hora! – diz Marcos na porta da cozinha, coloco a caneca na pia, pego minha bolsa e corro atrás dele.

 

– Aonde vamos mesmo? – pergunto quando alcanço ele no corredor.

 

– Você vai ver.

 

Entro no carro sem fazer mais perguntas, me sinto desconfortável com a ideia de não saber onde vou, eu não confio nas pessoas por isso me assegurei de pegar minha adaga no guarda roupas antes de sair, a última vez que precisei dela foi quando um homem me abordou na rua na primeira semana em que me mudei para cá.

Marcos entra em uma rua e para em frente a uma casa com um enorme jardim na frente, bonita. Ele buzina três vezes, e vejo um rapaz alto sair da casa com uma mochila nas costas, ele caminha até o carro e entra sem olhar para nenhum de nós.

 

- Como vai Adam? Pronto para o teste? – Marcos se vira no banco para olhar o rapaz “Adam”.

 

- Sempre estou pronto Marcos, mas me diga por que você não deixou essa criança com uma baba? – sua voz soou arrogante, como se ele fosse maior e melhor que todos, e eu senti a raiva queimar dentro de mim, mas antes que eu pudesse retrucar qualquer insulto Marcos me corta.

 

— Apenas não se deixe enganar pelas aparências, esta é April. – Ignoro-o, olhando para fora da janela do carro. Fico imaginando, seja qual for o bendito teste, para o qual Marcos está levando o poço de arrogância sentado no banco de traz eu também o faria, esse foi o motivo dele não ter me falado, sabe que eu odeio testes.

 

– Bem chegamos! – Ele parou o carro em frente ao prédio onde funciona a loja de discos do Otto. Ai será o teste? Juro que não esperava por isso. Mas me lembro do que Marcos falou a Adam, “Apenas não se deixe enganar pelas aparências” ele não nos traria aqui atoa. - Vamos desçam.

 

Saímos do carro, entramos na loja e Marcos tira algo de sua carteira e mostra ao balconista, Otto. Um senhor de meia idade rechonchudo que levava ao pé da letra o lema dos roqueiros, com longos cabelos grisalhos, amarrados com uma bandana, ele coçou a longa barba e nos encarou, ele nos conduziu até uma porta nos fundos da loja que era a única coisa que parecia funcionar naquele prédio, descemos as escadas em direção ao porão e nos deparamos com mais uma porta, maior e mais resistente que a anterior, e quando esta se abriu um homem de meia idade saiu e estendeu a mão a Marcos, seus olhos eram castanhos profundos, seu cabelo grisalho era perfeitamente penteado para tras dando um ar de polidez, seu semblante sério não mostrava nenhum sinal de sua idade, talvez fosse mais novo do que aparentava ser.

 

— Marcos! Traga os recrutas, o teste já vai começar. – Ele toma a dianteira, nos guiando por um extenso corredor - Atenção recrutas, meu nome é Curt, sou o líder e responsável pela agência, hoje é dia de testes de iniciação para se tornar um agente da S.H.O.R.T.A.G.E, dêem o melhor de si e apressem-se os outros ja estão esperando.

 

Outros? Que outros? Pensei comigo enquanto entravamos em uma enorme sala cheia de equipamentos. Sacos de pancadas, armários, varios tapetes onde pessoas lutavam “tatames” pensei, mas por que eles precisam de tatames? Ele disse teste de iniciação para se tornar um agente, mas que diabos Marcos pretende me trazendo aqui? Passamos por todas aquelas pessoas lutando. Então olhei para o fundo da sala onde haviam mais ou menos umas 30 pessoas de todos os tipos, magras, altas, baixas, musculosas, mas todas com o mesmo olhar estampado no rosto, frio e sereno, como se não estivessem realmente ali.  Eu pensei que se me fizessem lutar com eles minha experiência não me adiantaria muito, sou rápida, mas eles são visivelmente mais preparados do que eu.

 

-ALTO!  - grita Curt e imediatamente todas aquelas pessoas que chutavam e socavam ferozmente param e se unem, ombro a ombro em frente a Curt. – Muito bem, batalhão este é o novo grupo de recrutas. Pelos meus treinamentos já passaram soldados honrados e hoje estamos recebendo eles para incorporar nossa família, todos os recrutados passarão duas semanas em um rigoroso treinamento, serão levados ao extremo de seus limites, testados todos os dias e muitos deles fracassarão nessas duas semanas até restar apenas os melhores que se unirão a agência, então espero que deem o melhor de cada um.

No final de cada dia, cinco recrutas serão escolhidos para mostrar suas habilidades e nada melhor que começarmos hoje mesmo com isso, então Cameron traga-me a lista. – uma mulher nova, surgiu dentre os demais, com um corpo delineado e definido caminhou firme e elegante até Curt, seus traços delicados contrastavam com a frieza de seu olhar. Ela trouxe consigo uma prancheta com a lista de nomes, os nomes de todos os recrutas, eu sou uma recruta, e se eu tiver que lutar? Contra esses soldados enormes, eu estou ferrada. Então Curt começou a ditar.

 

— Zoe, Ron, Sirius, Megan e April – meu corpo gela quando ele pronuncia meu nome, vejo corpos se movendo para frente, a moça ao meu lado parece apavorada ela dedilha sua coxa enquanto anda em direção a Curt, sinto os dedos de Adam envolvendo meu braço. E não sei por que, mas onde ele tocou parece queimar.

 

– Não há muitos músculos aqui não é mesmo? – Ele diz sorrindo. Afinal qual é a desse cara? Puxo meu braço de seu aperto e o encaro. - Calma garota! Só fiz uma piada, mas você sabe que não vai durar muito tempo aqui não é mesmo? – ele não perde a arrogância na voz. Não faz nem uma hora que o conheço e já não gosto nem um pouco desse cara.

 

- Veremos quem não durara muito tempo aqui -  Ele arqueia a sobrancelha e segura a minha mão puxando-me violentamente contra seu corpo ele olha dentro dos meus olhos e diz.

 

- Olha, ela sabe falar. Bom, não sou seu inimigo aqui April, mas não me faça ser. Para mim você é apenas uma criança mimada e essas pessoas são maquinas de destruição! Eles não terão misericórdia de você só por que você é nova e fraca. – ele me solta e eu fico perplexa com sua ação, afinal ele duvida de mim e não sei por que, mas tenho uma sensação de tontura naquele momento, aqueles que tiveram seus nomes chamados ficam em fila, ombro a ombro, esperando a hora de lutar. Percebo Marcos caminhando até mim.

 

- April, lembre-se do que te ensinei por favor, magreza significa agilidade, e você é rápida não deixe que eles te acertem okay, não quero problemas com sua mãe.

 

- Minha mãe?! Porra Marcos você me trouxe para um campo minado, de onde eu nem sei se sairei com vida e diz que não quer problemas com minha mãe! Ora faça um favor a nação e vá se foder cara! – Okay, eu estava realmente desesperada, eu não sabia exatamente onde estava, o único que eu conhecia era Marcos e bom, foi ele quem me trouxe aqui. Havia acabado de conhecer um cara que era extremamente arrogante, que me julgava “criança” sendo que parecia ter a mesma idade que eu e que sabe-se lá como Marcos conhecia... Cova de leões era pouco.

Uma garota alta é a primeira a lutar, seu nome é Zoe, ela está visivelmente assustada, um soldado dá um passo à frente, e ela se põe em posição de combate, abrimos uma roda em torno dos dois, e eles começa a girar como se estivessem procurando pontos fracos ou coisa parecida. Ela é a primeira a se mover levanta a perna tentando atingi-lo nas costelas, ele a agarra e a puxa, ela cai com um baque só e ele acerta um chute em seu estomago, meus músculos se enrijecem.  Adam disse que eles não teriam misericórdia de mim, ele tem razão, mas o que posso fazer agora? Correr nunca é uma opção, desistir jamais, eu tenho de enfrentar quem quer que seja.

 Me perco em meus pensamentos e nem vejo a hora em que Zoe é atingida, só vejo quando eles a tiram de dentro da roda desmaiada, Marcos cochicha algo para Curt e me pega olhando em sua direção, o encaro de volta. Ele não é quem eu pensava que fosse, também não me surpreende não saber nada sobre ele, mas nesse momento ele não parece ser o mesmo Marcos que me ensinou a lutar, o cara que não quis tomar um papel de pai que eu nunca tive em minha vida, mas aquele que se tornou meu amigo, ele era outra pessoa, e esse lugar fazia parte de seu passado. Ele volta a olhar em minha direção, mas dessa vez não para mim, mas para Adam que está ao meu lado, ele o olha com certa ternura, uma ternura que desconheço, Marcos não tem filhos e aquele olhar é um olhar que somente um pai da a um filho, aquilo me intriga, Marcos não me disse quem era, ou de onde conhecia Adam, apenas me apresentou a ele, disse seu nome a mim e meu nome a ele, é tão pouca informação como se ele tivesse algo  mais a esconder.

 

A segunda luta começa e eu não consigo prestar atenção, a única coisa que vejo é uma nuvem em frente aos meus olhos, eu não vou chorar, mas é como se de repente tudo escurecesse e começasse a girar, me apoio na primeira pessoa que está ao meu lado, qual não é a minha surpresa quando olho para cima e vejo os olhos de Adam. Ele não é bonito, mas está longe de ser feio. Ele segura-me pelos braços e me leva até uma cadeira no fim da sala.

 

- Está tudo bem? – ele pergunta enquanto me ajuda a sentar.

 

- Sim, foi apenas uma tontura. – digo olhando para ele fixamente, ele desvia o olhar e sai. – espere, eu posso te perguntar uma coisa?

 

- Claro. – Ele diz seco e volta se sentando ao meu lado.

 

- Qual é a sua relação com Marcos? – sinto o peso do ar entre nós, ele suspira lentamente, como se quisesse se livrar de algo que o prendesse ou incomodasse, como se quisesse se livrar daquela pergunta. 

 

- Ele é meu pai. – eu fico perplexa, Marcos disse que não tinha filhos! Ele se levanta e vejo uma carranca se formando em seu rosto, levanto-me ainda em choque. Marcos é pai de Adam! Mas por que nunca disse nada sobre isso, não a mim pelo menos, mas minha mãe com certeza sabia.

Então eu fico ali em pé vendo-o juntar-se novamente ao grupo de recrutas, enquanto espero pela minha vez de lutar.


...

  —April você é a próxima. – Olho para o lado assustada. – Vamos. – está na hora, penso comigo. Não consigo esconder que estou apavorada enquanto caminho para o centro do círculo.

 

 Todos estão me olhando, dos recrutas apenas Sirius venceu sua luta. Eu irei lutar contra um armário-seis-portas. O cara é enorme, os bíceps dele são maiores que a minha coxa, um soco e bem, eu dormiria feito um anjo, talvez para sempre. Eu não olho para ninguém, tento me esquecer de todos os pares de olhos que estão me fitando agora, observando meu corpo e comparando-o ao do bruta montes. Eu não o deixaria me atingir eu não posso deixa-lo me atingir.

 

— Está pronta magrela? – ele sorri para mim com o canto dos lábios esperando que eu me ofenda com sou suposto insulto.

 

— Sim, estou e você? Está pronto para virar meu saco de areia particular? – Aquilo soou melhor em minha mente, mas teve o efeito desejado sobre ele, que avançou em minha direção como se eu fosse uma caça e ele um animal faminto. Eu me esquivo, ele se vira e corre novamente em minha direção, quando vou correr novamente me desequilibro e caio, ouço vaias a minha volta, mas as ignoro, ele vem bufando e eu não tenho tempo de levantar, não quero que ele me atinja no chão, então rolo por baixo de suas pernas me pondo de pé o quão antes possível, ele se vira para mim, quase posso ver sua raiva saindo junto a sua respiração e se dissipando com o ar. Ele está parado esperando que eu me mova e eu estou lá, esperando ele se mover, até que ele o faz, joga o punho em minha direção junto com o peso de seu corpo, eu desvio.

 

“Pense, April pense, onde deve ser seu ponto fraco?”. Ele está vindo novamente em minha direção, eu não me darei bem se continuar fugindo dele, não sou covarde apenas estrategista, tenho de ter um plano antes de atacar alguém com o triplo da minha altura e peso. E é então que me vem a ideia, as costelas, a hora que ele chega com o soco formado eu o bloqueio e dói mais do que se eu o tivesse deixado socar, é nessa hora que eu escorrego para a lateral do seu corpo e soco com força o espaço entre seus rins e costelas, ele se arqueia mas não se abate. Eu aproveito e chuto a parte de traz de seu joelho fazendo ele  cair.

Não imagino algo para fazer enquanto ele estiver no chão, então espero ele se levantar. Ele se põe de pé tão rápido quanto caiu e avança para mim novamente, avanço em sua direção, ele levanta os punhos e eu abaixo e soco sua garganta, ele arqueja procurando por ar e eu soco sua orelha, ele pende para trás, dando alguns passos para se equilibrar, e quando vou soca-lo novamente ele pega meu punho, torcendo-o e acerta um soco certeiro no meu queixo. Meu corpo amolece e eu caio no chão. Olho para o bruta montes se preparando para seu último golpe e então, tudo fica preto.


Notas Finais


Espero que tenham gostado.


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