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História Escolhas - Escolha final


Escrita por: S126-Orihime

Notas do Autor


E assim encerramos a saga de Escolhas...

Capítulo 12 - Escolha final


Fanfic / Fanfiction Escolhas - Escolha final

Era sua última manhã na Austrália, a última vez que acordava ao lado de Dakota. Naquela tarde voltaria para o Brasil, para sua realidade. Não podia mais adiar, havia coisas para fazer e pessoas que contavam com ela. Sentada ao lado dele, envolta num lençol, Joana estudava a expressão do loiro, como se assim pudesse guardá-la para sempre em sua memória.

Decidida a não atrasar mais sua partida, em silêncio levantou-se e depois de pronta, deixou a casa que passara praticamente o último mês. Nunca se esqueceria dos momentos ali vividos, porém não poderia deixar de lado suas responsabilidades e muito menos coagir Dake a se envolver em seus problemas. Estava certa do que sentiam um pelo outro, só que deixaria a escolha para ele.

O dia estava chuvoso e por conta disso, o trânsito estava mais intenso. Fitava as gotas de chuva escorrendo pelo vidro da janela do táxi. Toda a bagagem de Joana estava no porta-malas, todavia sentia que deixava algo para trás e ela bem sabia o quê. O percurso demorou mais do que de costume, mas Joana até preferiu que tivesse sido assim. Em seu coração dizia a si mesma que daria tempo de chegar, que daria tempo para ele se decidir...

Já no aeroporto, com as malas despachadas e em frente ao portão de embarque, ela não parava de olhar no relógio. Eram 15:59, em um minuto teria que partir e nenhum sinal dele. Fechou os olhos com força e finalmente deu-se por vencida. Ele não a tinha escolhido.

 

Não precisava abrir os olhos e nem se mexer para saber que ela não estava mais lá. Joana tinha o deixado sem dizer uma palavra. Aquilo doía tão fundo no peito que dava a Dake vontade de chorar como uma criança. Sozinho, deitado em sua cama o loiro se permitiu ser uma criança novamente.

Nunca tinha experimentado uma conexão tão forte com uma mulher antes, nunca tivera vontade de querer acordar ao lado da mesma todos os dias até quando se tornasse velho. Parecia piegas, no entanto era o que realmente sentia. Sabia que não partilharam apenas uma aventura de verão e agora tudo havia terminado. Joana estava voltando para o Brasil para seguir com sua vida e ele também teria que fazer o mesmo. Mas como? Dakota sentia que                 Joana era a centelha para que pudesse mover-se.

Sim, ele precisava dela... e muito.

Munido com essa certeza, colocou-se de pé, disposto a tomar uma atitude. Estava prestes a sair de casa quando passando pela sala, viu um papel dobrado sobre a mesa. Rapidamente o pegou e viu que era uma carta. Não foi preciso sequer um segundo para saber que aquela caligrafia era de Joana.

 

Bom dia Dake,

 

Se você está lendo isso significa que eu já deixei sua casa e que devo estar a caminho do aeroporto ou assim espero, já que eu não sei exatamente a hora que você vai acordar. Bem... sei que foi uma atitude covarde, mas não consegui dizer adeus. Eu não queria que nossa última lembrança pudesse ser um momento triste. Fazer o quê, eu prefiro me lembrar da nossa última noite juntos.

Você sabe que tenho que voltar pro Brasil para cumprir um projeto que sonho há muito tempo, que vou ajudar pessoas que precisam. Só que minha vontade neste instante que estou escrevendo esta carta é simplesmente voltar pra sua cama e ficar com você. Mas infelizmente querer não é poder, não posso te amarrar e colocar na mala :(

Como eu vou partir, não quero ir com arrependimento algum e apesar de nunca ter dito isso com minha boca... Acho que você já deve saber de qualquer forma...

Eu amo você.

Eu amo muito você e sei que nunca mais vou ser capaz de amar alguém dessa forma.

Se você pedisse, deixaria tudo pra ficar ao seu lado.

 

P.S. meu voo sai às 16h do aeroporto de Melbourne.

 

Joana

 

Trabalhar como voluntária num dos maiores abrigos da capital era um grande sonho de Joana e ao ler aquilo Dakota soube que ela abriria mão disso para ficar com ele. Ele também abriria mão de tudo para ficar com ela. Com a carta nas mãos, pegou as chaves do carro e o mais depressa que pôde, dirigiu até o hotel de Joana, porém ela já havia feito o checkout.

Ao sair do hotel, Dake passou as mãos pelos cabelos em desespero. O tráfego estava um caos por conta do mau tempo e tinha que correr contra o relógio para falar com Joana antes que ela partisse. Desceu as escadas e foi novamente para seu carro. Guiava pelas ruas lotadas e quanto chegou na via expressa, relaxou um pouco e pisou fundo no acelerador. A estrada de acesso ao aeroporto estava vazia e como lhe restavam apenas 10 minutos, aumentou a velocidade. Porém num determinado momento, numa curva, os pneus do carro perderam contato com chão. Tentou frear, tentou virar, tentou... E depois daquilo abriu os olhos e se viu deitado numa cama de hospital sem sequer saber seu nome.

 

Joana não estava entendendo nada, afinal o que ela teria feito de tão grave a ponto de não poder ser perdoada? Podia ver através dos olhos de Dakota mágoa, decepção e raiva, que começavam a dar lugar um olhar frio.

– Dakota, eu realmente não tô conseguindo compreender o motivo disso. – falou ao se pôr de pé – Pode me dizer, por favor, o que está acontecendo?

Ele riu e virou a cabeça pro lado.

– Acho que você é quem deve explicações, Joana. – fitou novamente a mulher – Ou você pensa que poderia esconder isso de mim por mais tempo?

– Meu Deus do céu, Dake! – aproximou-se e tocou seus braços – Me diga o que foi?

O loiro tirou as mãos de Joana de si com asco. Ao notar sua expressão, Joana sentiu algo em seu peito despedaçar-se. O que estava ocorrendo ali? Por que ele a tratava assim? Por quê?!

Quando estava prestes a dar uma resposta, Dake percebeu que as crianças estavam vindo em sua direção. Castiel foi o primeiro a chegar e lhe cumprimentou automaticamente, porém no momento que Katherine veio ao seu encontro e pulou eu seus braços, ele não soube explicar o que sentia.

Abraçou a pequena de cabelos rosados pela primeira vez tendo ciência de que era seu pai. Com os braços em volta da criança, permitiu-se demorar um pouco mais, sentindo que por mais que não fosse sua culpa os anos que ficaram separados, ele faria de tudo para ser presente da vida da filha de agora em diante. Com os olhos marejados, separou-se de Katherine, que tinha um ponto de interrogação estampado no rosto.

– Você tá bem, Dake? – perguntou.

– Estou... – passou a mão nos cabelos dela.

Foi então que Joana viu na mão de Dakota uma foto sua, tirada quando estava na Austrália, também notou a data impressa em vermelho no canto inferior da foto. Era 17 de dezembro de 2009, ela tinha 18 anos e curtia suas férias antes de ingressar num programa de voluntariado na África do Sul. A forma que ele olhava para Katy, a foto em suas mãos, fazia pouco tempo que dissera a idade da filha, será que ele...

Instintivamente tomou a mão de Katherine e a colocou atrás de suas pernas ao fitar Dake com intensidade.

– Tá achando que eu vou fazer com você o mesmo que fez comigo? – meneou a cabeça – Não vou roubar sua filha de você.

– Mamãe você roubou a filha do Dake?! – a pequena perguntou horrorizada.

Joana fitou a filha espantada e sem resposta ouviu Dakota pedindo a Valérie se ela poderia ficar com a menina, somente esta noite. Ele e Joana tinham muito o que conversar. Vendo as coisas acontecerem como se fosse um filme na qual ela não era protagonista, viu Valérie e as crianças se despedirem. Viu a si mesma seguindo Dake para sua casa, a mesma que há dois dias se amaram com a mesma intensidade que tinham há 5 anos atrás.

Dakota espalmou as mãos sobre uma mesa no centro da sala e deixou a cabeça cair. Joana podia ver os músculos contraídos através de sua camisa. Não conteve o impulso de tocá-los, porém o homem afasou-se.

– Dake eu... – começou com dificuldade – Eu sei que não se lembra do nosso último encontro, mas por causa dele eu achei que você não me quisesse mais e tive que seguir com minha vida. Por mais que eu morresse de vontade de te ver ao menos um por um segundo, eu não colocaria meu orgulho de lado e rastejaria implorando por migalhas do seu afeto. – continha as lágrimas – Eu segui com minha vida... – sua voz falhou ao se lembrar daqueles momentos – Eu... Foi muito difícil no começo, mas ter Katherine comigo me ajudou a superar tudo aquilo. – mexia nervosamente no cabelo enquanto falava.

– Você tinha Katherine ao seu lado, e eu? – virou-se para ela – Você me fez virar um pai que ela nem teve o direito de conhecer!? Ou melhor... um pai que você escondeu dele que tinha uma filha? Ha ha ha... – bateu palmas com sarcasmo – Por mais que você achasse que eu não te queria mais, você me conhecia ao menos um pouco pra saber que era de arcar com minhas responsabilidades. Eu sempre fui assim e tenho certeza que você também sabia disso!

Joana fitou a pulseira com o pingente de coroa e então fechou os olhos, tentando impedir as lágrimas. “Você ser minha para sempre”, lembrou-se de Dake falando essas palavras com dificuldade. Mas então as palavras que ele disse começaram a fazer mais sentido em sua mente. Ele achava que Katy era sua filha, mas na realidade...

– Dake, pare. Katherine...

– Pare você... – em sua face estava estampado o deboche – Não quero mais ouvir suas desculpas. Você me viu com Katherine e não me falou nada, veio cheia de pedras na mão e depois que soube do meu acidente, veio pedir desculpas. Você dormiu comigo naquela cama – apontou para o quarto – e não falou nada sobre Katherine! – respirava ruidosamente – Você estava bem consigo mesma, não é? Se sentia amada e importante de novo... o resto que se explodisse!? Joana... – sorriu friamente – Você falou comigo durante estes dias como se não tivesse nada a mais pra me contar. Até quando você ia me enganar? Até quando ia continuar com suas mentiras? – aproximou-se dela – Até quando ia manter o pai morto enquanto ele estava aqui bem vivo e perto de Katherine?! – ela não teve palavras para responder e foi recusando até a parede – Fala!!! – socou acima da cabeça de Joana.

Ela assustou-se e não conseguiu mais conter as lágrimas. Dakota afastou-se um pouco, na tentativa de se acalmar, deixando Joana aos soluços. Não era nada fácil para ela trazer a tona todas aquelas memórias de um tempo difícil, não era fácil ter que revelar seu segredo a ele e acima de tudo: não queria admitir sua impotência. Porém ela tinha que fazer isso, não podia deixar Dake com suas suposições erradas. Após um longo tempo, ela pôde acalmar-se um pouco e por fim falou:

– D-dake... Katherine não é sua... – fungou – Ela nem é minha filha. – falou.

Desacreditado no que acabara de ouvir, voltou para perto de Joana e segurou seus braços.

– O que quer dizer com isso?

– Ela não tem meu sangue. – fitou-o com seus olhos azuis – Ela sequer tem o meu nome.

– C-como assim?

– Eu... – respirei fundo – Você não se lembra mais... Depois eu voltei pro Brasil, fui para um programa de voluntariado. Um dia, num abrigo para menores eu encontrei Katherine. Passei o tempo que podia com ela e conforme os dias passavam, mais certeza eu tinha que ela devia ser minha. Só que eu era muito nova e solteira, houve muitos impedimentos para a adoção. De certa forma tudo aquilo me fez esquecer um pouco da dor que você deixou em meu peito. – Dake continuava em silêncio – No final, sem alternativa, eu convenci meus pais a adotá-la por mim. Legalmente ela é minha irmã, mas eu tenho a guarda dela. K-katy não sabe disso ainda, não tive coragem de contar a ela.

O loiro permitiu que seus braços caíssem ao lado do corpo e sem palavras, deixou Joana e foi para o outro lado do cômodo. Olhando pela janela, era capaz de ver o mar, que no momento estava bem calmo, ao contrário de sua mente. Tinha entendido tudo errado. E a maneira que se portara com Joana? Não tinha desculpas. Sem contar a expressão de tristeza e dor que ela mantinha.

– Eu sinto muito, Joana. – foi tudo o que foi conseguiu dizer.

Incapaz de responder, tudo o que Joana fez foi deixar aquela casa.


Notas Finais


Obrigada pela leitura ^^


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