História Escravos do Amor - Como cheguei até aqui

                       Como cheguei até aqui.

    A última coisa que lembro é de me deitar para dormir. E de acordar com o baque de minhas costas contra o chão.

   Haviam varios homens brancos naquele lugar. Um deles meu puxou pelo braço até o lado de fora da casa, onde o prendeu junto a vários outros escravos. Fomos levados a uma das carroças e jogados todos lá.

   Sem saber ao certo para onde iriamos,  ficamos todos calados. Com o tempo havíamos aprendido que o silêncio era a única alternativa que tinhamos.

   Depois de um certo tempo a carroça foi parando. Ouvíamos vozes grossas conversando do lado de fora. Quando abriram a pequena portinha, um a um todos saíram e, então, entendemos.

   Muitos de nós estavam desaparecendo, alguns eram levados à luz do dia, e já haviam vários boatos sobre o que acontecia. Mas precisou que um de nós conseguisse fugir e vir ver o que realmente era. Estávamos sendo levados de barco para algum outro lugar.

   Então passamos pela rampa que ligava o barco ao chão deheguei. Fomos levados até o interior do navio, onde, em uma fileira todos paramos. Eles passaram a discutir sobre como nos colocariam lá dentro.

   Sem demorar muito um deles empurrou o primeiro da fila para aquele buraco, e presos pela corrente de ferro, como em um efeito dominó, um a um todos caímos dentro do imenso buraco.

   Quando acordei novamente já estavamos todos soltos. Alguns estavam deitados, outros sentados e algumas mulheres choravam. Eu me sentei encostado a parede gelada daquele imenso barco de madeira, e apenas fiquei a imaginar para onde estaríamos sendo levados.

               
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   Os meses que passei dentro daquele barco foram os piores meses da minha vida. Foram piores do que levar 100 chicotadas. Piores do que ser queimados com ferro quente. Piores do que ser furado nos olhos por um pedaço de madeira.

   Alguns dias depois de sermos jogados dentro daquele barco ele parou e mais de nós foram jogados lá dentro. Eu não sei nem contar quantas vezes isso se repetiu. No final éramos tantos.

   Mas quando chegamos em terra novamente, não éramos mas nem a metade.

   Eu vi muitos morrerem de fome. De sede. De gripes e doenças que tivemos de enfrentar.

   Quando chegamos a nova terra fomos todos presos por correntes novamente. Fomos levados ate uma casa onde alguns de nós, os mais velhos ou os que não haviam se recuperados de doenças, foram levados. Os que sobraram puderam se limpar e vestir uma outra roupa. 

   Depois de pouco tempo lá, nos acorrentarem de novo e fomos levados a um lugar ainda mais longe. Andar naquele calor, e com os pés descalços era horrível.

   Chegamos a um local aberto. Haviam vários negros lá, e alguns brancos. Mas os negros, e até mesmo os brancos, eram diferentes de todos os que já havia visto.

   Nos soltaram e nos fizeram sentar. Eles separaram alguns de nós em um canto, outros em uma outra parte e assim por diante.

   Eu passará três dias indo e voltando para aquele lugar. Brancos vinham todos os dias e nos levavam aos poucos. Já quase não tinha mais de nós lá.

   No terceiro dia, quando o sol estava quase para se por, um casal branco entrará com uma moça e um jovem ao seu lado.

   No começo eu não me importará, era sempre a mesma coisa, eles deixavam um pouco de tecido, leite, milho, trigo, cana-de-açucar e pegavam alguns de nós.

   A mulher e sua filha foram ate um canto mais separado aonde se encontravam mulheres, e garotas. O homem e seu filho vieram ate onde eu alguns outros homens estavamos. Todos levantamos.

   Eles nos olharam com uma cara de nojo, nos rodearam, e depois conversaram entre si.

   Como sempre, um dos homens brancos que nos trouxeram para cá veio até nós. Conversou, com os dois homens que estavam a nossa frente e depois puxou-me junto a outro rapaz mais novo que eu. Nos acorrentaram com outras duas moças ainda mais novas. 

   Os jovem e homem junto das duas mulheres foram embora. E nós fomos levados para uma fazenda.

   Iria começar tudo outra vez.