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História Escrevendo - Capítulo Dezesseis


Escrita por: AnnyGrint

Notas do Autor


Hello!!! Gente eu sei que sou super relapsa e que fico sem postar, sem responder, sendo uma autora péssima. Me desculpem! Pretendo voltar ao normal agora que as férias se aproximam, e nos meus dias de folga! Obrigada por continuarem!!!
Boa Leitura!

Capítulo 16 - Capítulo Dezesseis


Estamos todos quebrados.

            Alguns estão com o coração quebrado, já outros estão com a auto-estima quebrada. Alguns não estão necessariamente quebrados, podem estar rachados, gastos, fracos, prestes a estourar.

            Estamos todos com alguma fratura não exposta. O medo de perder o emprego, o emprego que nos prende, o amor que machuca, a dor da falta de amor, o inimigo que puxa o tapete, o tapete que nos faz escorregar. Nossas fraturas são tão sutis que às vezes só percebemos quando elas estão afetando outras partes da gente.

            — Rose, você está quebrada?

            Fecho o computador o mais rápido possível. Antes de ver quem estava atrás de mim lendo algo particular.

            — Hugo, qual é o seu problema? – Questionou irritada.

            — Seu texto estava ótimo. É esse que vai enviar? – Ele senta-se no meu lugar e abre o computador.

            — Não sei. – Me apoio no ombro dele e releio o texto. – Acha que está bom mesmo?

            — Você sempre escreveu melhor que eu. – Ele diz analisando cada palavra do texto.

            — Você era melhor com os desenhos. – O abraço pelo pescoço. Meu irmão continua sendo o mesmo de sempre. Ele precisa de afirmação sobre seus talentos.

            — Quando termina o prazo?

            Ele está abrindo alguma página aleatória apenas para não ficar sem fazer nada.

            — Daqui uma semana. – Digo cansada.

            — E seu outro texto? – Hugo pergunta. Sei que esta preocupado, mas fingi não se importar.

            — Está salvo, só não está realmente do jeito que eu quero. – Suspiro. – É difícil decidir. Precisa ser o meu melhor.

            — Talvez cada texto seja seu melhor no momento. – Ele sempre foi bom com as palavras, mesmo sem escrevê-las.

            — Sempre vai ser o meu Huguinho. – Aperto suas bochechas cheias de sardas. Isso é o que mais temos de parecidos, ambos somos cheios de pintinhas pelo rosto.

            — Rose, pare de ser tão melosa. – Ele se levanta limpando o rosto. – Preciso conversar com você.

            — Seu chato. – O vejo sentando-se na cama e puxo a cadeira até ele. – Qual o problema?

            — Isso vai parecer um pouco esquisito para um homem...

            Estou rindo sem parar. Hugo um homem. Ele ainda é uma criança.

            — Homem?

            — Rose, não estrague o momento. – Ele fica nervoso.

            — Tudo bem. Pode falar.

            Eu continuo rindo, mas forço uma expressão séria.

            — O que achou da Ísis? – Meu irmão parece soltar todos os pesos do mundo.

            — Sério? Mesmo? – Estou rindo demais.

            — Rose...

            — Hugo, você está mesmo gostando dela. – Digo constatando a verdade. – E está preocupado com o que eu achei ou com o que nossa querida família vai achar?

            — Mais ou menos isso. – O rosto dele começa a ficar completamente vermelho, na verdade quase roxo.

            — Ela é ótima. Não sei como você conseguiu alguém tão legal. – Falo sinceramente. – Mas a mamãe vai odiar o cabelo dela. Hermione é clássica demais para gostar de tantas cores. Mas ela é perfeita para um integrante de banda.

            — Pare de ser engraçadinha. – Hugo parece aliviado e feliz. – Ela é mesmo ótima.

            — Ela parece ser o que você precisava. – Digo distraidamente.

            — Talvez eu seja o que ela precise. – Ele fala pensativo. E acho que pelo que ela falou com Lily isso pode ser verdade.

            — Acho que precisassem um do outro. – E sei que é verdade.

            Meu irmão não fala mais nada, mas continua em minha cama. Eu empurro a cadeira para perto do computador e volto a escrever. Ele é implicante e chato, e eu sou igual, mas não sei o que seria de mim sem esse pedaço de laranja que chamo de Hugo.

            Quando estamos quebrados precisamos arrumar um jeito de nos consertar. Seria possível outra pessoa ser capaz de curar as nossas feridas? Será que o melhor não é se curar primeiro antes de tentar curar o outro? Não sei como consertar, curar, fazer renascer o outro, normalmente não sei nem o que eu fiz na noite anterior, mas sei que quando estamos a ponto de arrebentar os fios, de rachar os vidros e de deixar as fraturas expostas é hora de parar.

            Todos nós precisamos de um pouco de cola, de esparadrapo, de remédio e pomadas. Preciso de um pouco de bebida quente, um café ou um chocolate. Preciso de um bom livro que me faça sorrir um pouco. Preciso dos abraços. Preciso de sorrisos. Preciso de um pote de sorvete e de uma comédia romântica antiga. Preciso de um banho quentinho.

            Tão bom fosse se todos os consertos fossem assim. Tão bom fosse se pudéssemos curar todas as doenças com coisas tão simples. Tão bom fosse se não estivéssemos todos quebrados. Tão bom fosse se não precisássemos de outras pessoas para curar nossos problemas.

            Estamos todos quebrados.

            Nos ensinam a sermos assim. Ensinam que você não pode se amar se vestir mais que tamanho 38. Ensinam que meninas precisam se comportar como meninas. Ainda estou tentando entender o que significa fazer coisas de meninas. Ensinam que se você não possui um namorado provavelmente está fazendo tudo errado. Ensinam que não gostar de crianças é simplesmente algo terrível. Ensinam que estamos errados. Não faça isso. Isso é errado. Você poderia mudar. Deus não aprova. Precisa crescer. Não reclame tanto. Seja forte. Seja inteligente. Seja vitoriosa.

            Nos ensinam como nos quebrarmos. Nos obrigam a controlar os fios até que se rasguem e nos deixe perdidos. Nos dizem como fazer, Nunca como consertar.

            Estamos todos quebrados.

            Estamos todos juntando as peças.

            Estou pesquisando o melhor jeito de curar as feridas, de consertar os rachados. Alguém me ensinou que é preciso se amar, antes de amar qualquer outra pessoa. Alguém me disse para sair da roda gigante e ir para a montanha russa. Alguém me mostrou que estar presente já basta. Alguém me ensinou que viver a vida é a solução. Eu aprendi que escrever pode ser a cura perfeita.

            Estou escrevendo.

            Estou me curando em cada palavra solta. Me curando com ponto final e exclamações. Me curando com virgulas, traços, sinais, palavras compostas. Escrevendo. Escrevendo a vida.

            Salvo mais um arquivo na pasta de textos. Realmente não sei qual deles enviarei para que meu futuro seja o que espero dele. Olho para Hugo dormindo e fecho o computador. Ainda não estou pronta para decidir qual texto enviar.

            — Obrigada.

            Digo baixinho. Toda vez que converso com Hugo entendo um pouco mais sobre a vida, mesmo ele sendo mais novo e mais confuso que eu.

            — Eu acredito em você, espinhenta. – Hugo diz enquanto estou saindo, mas consigo ouvir.

E eu também acredito nele.


Notas Finais


E ai o que estão achando dos textos de Rose? Espero comentários!!
Beijos....


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