História Escrevendo - Capítulo Oito

Eu estou ganhando!

Se existe algo que me deixa feliz é ganhar em jogos. Seja ele com cartas, de tabuleiro, com peças, bingo, dominó ou até mesmo par ou impar. Eis uma verdade sobre mim: Sou competitiva. Muito competitiva.

— E temos aqui 10 para Rose. – Digo rindo histérica. Sou um ouço maluca com vitórias.

— Me explica como assim o Hugo tem namoradas? – Lily está há muito tempo me questionando sobre a nova vida social de Hugo. Eu tentei explicar essas coisas acontecem, com algumas pessoas antes e com outras depois. – Ele não namorou ninguém durante nossos tempos de escola.

— Está gastando o tempo perdido. – Lorcan responde enquanto analisa as peças do jogo. – Rose? Você não está marcando as peças não é mesmo?

— Não venha subestimar minha sorte querido Lorcan. Eu sou uma jogadora justa. – Respondo enquanto deposito minha ultima peça. – 11 para Rose.

— Vocês podem me dar atenção! – Lily pode ter uma voz bem alta quando está nervosa. – Como assim o Hugo virou um cafajeste conquistador? Por que não estão preocupados? Ele disse que só volta amanhã.

Por um segundo percebi minha prima começar a ventilar como se tivesse acabado de correr uma maratona.

— Ele não é um cafajeste conquistador. – Lorcan diz enquanto mistura as peças. – Porque as garotas não entendem que existem pessoas que estão felizes tendo encontros e desencontros sem um compromisso?

— Lorcan, acho que não é o momento. – Resmungo entre os dentes, mas sei que é tarde. Sempre é o momento para Lorcan.

— Lily, você conhece o Hugo desde que nasceram. Por um momento pensei que eram irmãos siameses de tanto tempo que passavam juntos, mas ai você começou a namorar e finalmente vi que eram apenas primos e melhores amigos. Você está chamando seu melhor amigo de cafajeste só porque ele está tendo encontros aleatórios? – Lorcan começa a rir. – O Hugo é o tipo de cara que não consegue ser cafajeste, ele precisa explicar que é só um encontro, só uma noite, nada de namorar por cinco anos entre brigas e reconciliações.

— Ele está saindo com várias garotas. – Lily diz ficando vermelha. Ela está com raiva. Eu estou prestando atenção neles e Lorcan está ganhando esta rodada.

— Garotas que querem sair com ele. – O loiro responde. – Existem mulheres que querem encontros curtos, mulheres que querem passar a noite com uma pessoa e depois esquecer que aconteceu. Mulheres podem tudo. Hugo está com mulheres poderosas que conseguem entender que ele precisa explorar o mundo.

— Não acredito que estou ouvindo isso. – Minha prima levanta-se e joga os cabelos ruivos para trás. Meu Deus ela está incorporando alguma personagem de meninas malvadas.

— Ponto para Lorcan. – Ele diz colocando a ultima peça.

— Você é inacreditável. – Respiro fundo. – Agora vou ter que ser a prima malvada e defender meu irmão tarado.

— Rose, você sabe que o Hugo pode ser tudo menos cafajeste. – Lorcan me encara. – Ela nunca se decide. Ele precisa viver. – O melhor amigo do meu irmão sussurra.

— Eu sei. – Respondo.

— Ela está presa em uma roda gigante que sempre para no mesmo lugar. O Hugo ficou sentado passando sempre pela mesma paisagem, girando e girando. – Lorcan tem olhos profundos. Algumas vezes acho que vê minha alma. – A roda parou e finalmente ele desceu.

— Quando Lily vai descer? – Questiono.

— Quando ela não sentir mais medo. – Lorcan suspira. – Só que o Hugo não vai está esperando por ela. Essa é a vida.

Levanto-me para poder consolar minha pessoa arco Iris.

— Rose... – Lorcan segura minha mão. – A vida não espera por ninguém. Ela passa. Com medo. Sem medo. Com amor. Sem amor. Ela passa.

Não sei se Lorcan estava falando sobre a Lily, ou se estava apenas usando o momento para falar comigo, sobre mim. Só sei que ele está certo. A vida passa. E estou sentindo que a minha está passando tão rápido. Para na porta do meu quarto antes de seguir para o de Hugo. Minhas paredes estão manchadas porque não terminei a pintura. Meu guarda roupa está aberto e praticamente vazio. Me enxergo no espelho e vejo uma mulher de shorts jeans com blusa de moletom do namorado, com o cabelo armado, e sardas na pele amarela. Ela me encara, e me questiona. Quem é você Rose Weasley? Quem eu sou? Ela sorri. Com sua voz igual a minha diz que não importa quem sou, o que importa é que não vou deixar a vida passar.

Sigo em frente.

Escuto as lágrimas antes mesmo de chegar. Essa noite realmente será longa.

— Por que está chorando? – Questiono isso porque é estranho ver a ruiva deitada na cama do meu irmão segurando um travesseiro enquanto o rímel mancha todo o seu rosto.

— Eu não sei. – Lily continua chorando. – Hoje está tudo muito estranho.

Eu a entendo. Era eu quem estava assim. Chorei no ombro do meu irmão, chorei no chuveiro, chorei muito e nem sabia o motivo. Eu a entendo tão bem. Que apenas a abraço. Conversas podem ficar para depois.

Nosso amigo excêntrico acabou mexendo na ferida dentro de Lily. Ela namorava com Nathan há cinco anos. Entre brigas e reconciliações ao menos uma coisa sempre foi estável.

Hugo Weasley. Irmão fofo. Amigo confiável. Primo amável. Pessoa constante. Baterista considerável. Desenhista Impecável. Sempre a mesma pessoa, até que o sempre muda.

            — Quer conversar? – Pergunto enquanto ajeito o cobertor sobre ela.

            — Quero. – Ela diz com os olhos molhados. – Com o Hugo.

            Continuo a abraçando. Não sou o Hugo, mas posso ser uma substituta desajeitada.

            — Lily, as coisas mudam. – sussurro.

            Ela está dormindo.

            Não sei se fico ao lado dela, ou ao lado de Hugo. Porque nem sei se existe um lado.

            Um lembrete: Nada de redação ainda.