História Escrevendo Minha Vida - Capítulo 1

Aquela aula de história tinha que existir para estragar meu dia perfeito!? Eu estava tão empolgada pra passar o natal em Belo Horizonte, que nem prestei atenção na última matéria do dia- e a que eu mais odiava-: história.

Por que precisamos saber quem descobriu a América? Afinal, isso não é problema meu. Meus problemas eram bem mais importantes pra mim, como: dever de casa, Davi- o garoto mais gato da escola, que era da minha sala =)-, malas, Davi, minhas notas e Davi.

"Triiiiiiim" o sinal finalmente tocou e toda a escola saiu correndo para casa, eu juntei rápido meu material e fui falar com a Dilah- minha melhor amiga- que sentava no fundo da sala (eu sempre fui dos CDFs, e me sentava na frente).

"Vamos?" perguntei em inglês.

"Claro!" ela respondeu na mesma língua "Você vai para o Rio hoje?"

"Ah, eu não vou mais para o Rio: minha mãe inventou um 'retrocesso do colégio' domingo, meu voo sai às 14:00" respondi

"Faltam..." ela olhou no relógio "2 horas, sei que o aeroporto fica a 10 minutos do seu prédio e que vocês demoram menos de 30 minutos para fazer o check-in, mas é melhor você ir pra casa agora..."

Ela tinha razão.

"Falo com você no Skype amanhã às 10 horas pelo nosso fuso, Ok.?"

"Claro, Mary! Tchau! Boa viagem!" nos abraçamos.

"Tchau! Obrigada, pra você também!"

"Valeu!"

A Dilah ia todos os anos para Nova Iorque, visitar a avó.

Sei que fui o caminho inteiro pensando na minha amiga, que nem percebi quando cheguei em casa.

"Planeta Terra chamando Clarinha, tem alguém aí?" minha mãe disse me acordando dos meus devaneios.

"Ah, oi." falei rápido dando um abraço nela.

"Tem dever de casa?" ela perguntou, aparentemente satisfeita, indo para a cozinha.

"Não." respondi.

"Ainda tem que arrumar as malas?" que pergunta absurda! Todo mundo sabe que quando se trata do Brasil, minhas malas fica prontas assim que sou comunicada da viajem.

"Não." respondi, ao que ela abriu um sorriso do tamanho da Lua Crescente e disse: "Então, vá tomar banho, seu pai chega em.." ela olhou no relógio. Agora não tinha mais a expressão feliz, agora estava preocupada. "10 minutos. Ah é! Quase esqueci... Coloque sua mala ali." minha mãe apontou para um canto ao lado da porta, onde tinha uma mochila, que eu sabia ser de eletrônicos.

Eu tinha mesmo que tomar banho fazendo 10˚C?

"Tenho que tomar banho?"

"Sim" falou indo em direção à estante que guardava os milhares de filmes melosos dela.

"Banho de gato?"

"Não." pegou alguns DVDs e pediu pra eu segurar.

"De lencinhos umedecidos?"

"Não." ela guardou em uma mala os discos que eu segurava.

"De roupa de nelpreine?"

Ela parou de fazer o que quer que estivesse fazendo para me olhar.

"Como você vai se lavar?" ela meio que afirmou que eu não conseguiria e antes de dar tempo de eu responder, se virou e continuou a seleção de filmes.

Resolvi mudar de tática.

"Mas está fazendo 10˚C lá fora!" disse com ar de preguiça.

"Lá fora, não qui dentro." ela deu uma piscadela rápida para mim.

Sem argumentos, fui emburrada e reclamando para o quarto.

"Quanto mais você demorar, mais a gente demora para ir pro Brasil!" gritou.

Aí eu praticamente saí correndo. Joguei a mala no chão do quarto- que estava nas minhas costas e eu nem tinha percebido, me despi e entrei no banho.