História Escrito pelo destino - Fim ou novo começo?

Sabe quando você sente tanta, mais tanta raiva de alguém que da vontade de voar na garganta do ser que você odeia pra mata-lo, mesmo que esse ser seja sangue do seu sangue? Então, é assim que eu estou me sentindo agora. Ethan é um idiota, um completo babaca.

— Atchim! – Rafa espirrou colocando suas mãos em sima de seu nariz, coloquei então a minha jaqueta de couro sobre seus ombros e acariciei levemente suas madeixas brancas já que tá chovendo pra porra, os humanos são mesmo muito sensíveis, até eu estou sentindo frio que é uma coisa que nunca senti em toda a minha vida... Deve ser por conta da minha ligação com o Rafa.

— Então quer dizer que você é filho de Merlin? Isso é muito legal! – Disse Ethan com um grande sorriso no rosto.

— Pois é, isso é meio novo pra mim ainda... – Disse Rafa enquanto coça seu nariz levemente avermelhado, aposto que ele vai pegar um resfriado.

— Que nada, isso é muito dahora! – Disse Ethan animado.

Vou contar agora o que está acontecendo, Rafa como sempre no meio do caminho se cansou e me pediu pra carrega-lo, porém quando eu ia pegar ele no colo Ethan entrou na minha frente e colocou Rafa nas suas costas, lógico que eu fiquei com raiva e quase voei na cara dele mais Rafa como uma pessoa educada e boa que ele é, me repreendeu falando que eu tinha maus modos com meu primo e deixou Ethan o carregar, dei de ombros e acabei por obedecer Rafa como um bom marido. Porém eles estão conversado sem parar a duas horas, isso está me irritando e não é pouco.

— Gente já chega, estamos quase chegando na cidade. – Falei  pulando uma poça d'agua enquanto sinto as gotas da chuva caindo pelo meu corpo e molhando minha pele bronzeada, apontei para algumas casas logo a frente por entre as árvores. Rafa bocejou.

— Que sono, nossa Dylan aquele lugar é muito longe... – Disse Rafa apoiando sua cabeça no ombro de Ethan. Bufei irritado porém não deixei transparecer meus sentimentos, aprendi isso com minha mãe, ela sempre me ensinou a camuflar sentimentos ruins pra não machucar a minha marca mais tá difícil.

Eu e Ethan nos transformamos em completos humanos e então ele colocou Rafa no chão, logo saímos do meio das árvores parando em uma calçada. Temos sorte que a floresta fica bem colada a cidade já que essa é uma cidade pequena e afastada das outras. Por isso não chamamos muita atenção ao sair-mos do meio da floresta até porque está de noite e chovendo. Rafa deu outra bocejada cansado e eu decidi carrega-lo, me aproximei de Rafa e o peguei no colo circulando suas pernas na minha cintura e  colocando sua cabeça na curva de meu pescoço, Rafa capotou... Foi um longo dia afinal de contas.

— Nossa, os humanos são mesmo delicados. – Falou Ethan ao ver Rafa dormindo intensamente no meu colo como uma criança, ele está com a minha jaqueta grande de couro o cobrindo, sorri de canto e assenti com a cabeça.

— Ele é tão delicado que tenho medo que quebre nos meus braços. – Falei acariciando levemente o rostinho molhado e levemente avermelhado pelo frio de Rafa enquanto vejo algumas gotas de chuva rolarem por ele.

— Me desculpe... – Murmurou Ethan baixinho, quase não escutei. Arregalei os olhos surpreso, Ethan está... Pedindo desculpas?!

— Está se desculpa do por que? – Falei começando a andar até a minha casa sendo acompanhado pelo Ethan, Ethan suspirou.

— Não sei... Eu só queria saber o que faz você me odiar.  – Falou ele me fazendo parar de andar só pra encara-lo com uma sobrancelha erguida.

— Tá de brincadeira né? – Falei e Ethan me fitou confuso.

— Não, você é o único parente da mesma idade que eu. Nunca entendi o motivo de você me odiar tanto. – Falou Ethan voltando a andar com uma de suas mãos no bolso enquanto a outra  está colocado alguns fios do cabelo longo e molhado dele atrás de sua orelha. Por algum motivo mesmo na sua forma humana o cabelo dele continua longo.

— Você sempre quis tudo o que eu tenho, além de aprender muitas coisas sobre artes marciais e luta de rua só pra ser melhor do que eu, esse já é um ótimo motivo. – Falei. É verdade, Ethan é um ótimo lutador, ele aprendeu vários tipos de artes macias diferentes ao longo dos anos, isso é um ótimo motivo pra leva-lo junto a nós na viajem não vou mentir mas ele sempre competiu comigo em tudo, até pra ver quem pegava mais garotas na adolescência e até hoje ele nunca deixou de ser um baita de um mulherengo.

Ethan então me fitou com um olhar de tristeza como eu já esperava. Porém o que mais me surpreendeu foi que esse seu olhar de tristeza não era daqueles falsos dos quais eu estou acostumado, é um olhar estranhamente... Sincero... Quando vi ele me fitar assim fiquei confuso, eu nunca tinha visto Ethan me olhar assim antes em toda a minha vida.

— O -O que foi? – Falei ao ver que ele não desvia seus olhos de mim, Ethan então suspirou cansado e olhou pra frente colocando seus dois braços atrás de sua cabeça pra apoia-la enquanto anda pela chuva, o acompanhei ainda confuso até que ele começou a falar.

— O que você queria que eu fizesse? – Disse ele me tirando de meus devaneios.

— Quê? – Perguntei e Ethan riu de canto.

— O que você faria se um dia descobrisse que seu único primo sangue do seu sangue um dia viraria o rei de tudo e de todos, você Dylan sempre foi amado e respeitado, sempre teve tudo e todos ao seu dispor, as garotas da alcateia rastejavam e beijavam seus pés. Como você queria que um alfa jovem como eu era na época reagisse sabendo que sempre seria jogado pra trás? E ainda por cima... Saber que nunca teria o amor de seus pais assim como você tinha. – Disse Ethan com uma expressão fria, quando ele começou a dizer essas coisas um sentimento meio ruim de culpa me invadiu, é verdade, Ethan teve seus pais assassinados pelos caçadores humanos quando era apenas um filhote.

— Eu...

— Não, agora eu vou falar. – Disse Ethan me cortando, parei então de falar. — Naquela época eu queria ser reconhecido por todos afinal eu também sou da família, mais acima de tudo queria ser reconhecido pelo meu primo que tanto me odiava, queria alguém pra compartilhar meus medos e traumas que tive logo após a morte de meus pais. – Disse ele. Fiquei sem reação por uns instantes, então quer dizer que meu primo queria chamar atenção... De mim?... Logo depois que Ethan terminou de falar um silêncio constrangedor se apossou do ambiente. Achei melhor não falar nada e continuar a andar lentamente até minha casa.

(...)

No dia seguinte...

— Não Dylaaan! Assim machuca... – Disse Rafa manhoso quando apertei seus pés. Isso mesmo, estou fazendo uma massagem nos pés de Rafa que alega estar com dor após caminhar tanto, coisa que ele não está acostumado.

— Nossa, você foi carregado ontem praticamente o caminho todo e ainda por cima dormiu até agora... – Disse Ethan que está sentado no sofá, agora são exatamente meio dia e Rafa acabou de acordar, o albino se encontra deitado no sofá com suas pernas em sima das minhas coxas enquanto eu faço massagem nos seus pés.

— Dylan não se importa de me massagear não é amor? – Disse Rafa com dificuldade pois está com a boca cheia de pipoca vendo Tv.

— Não me importo. – Falei dando de ombros e voltando a massagear os pés de Rafa.

Logo escutamos alguém bater na porta da minha casa, Rafa revirou os olhos em desgosto.

— Aaaaa não acredito que você chamou mesmo o idiota do Adam... – Murmurou Rafa bufando de raiva, o olhei com um olhar repreendedor ainda o massageando e Ethan foi abrir a porta.

— Rafa... Nós já conversamos sobre isso. Adam vai ser essencial pra você aprender a controlar seus poderes.  – Falei e logo ouvimos a porta se abrir e um Adam todo sorridente entrar.

— Cheguei! – Falou Adam todo animado entrando pela sala, Rafa resmungou um palavrão e logo se levantou do sofá pra fitar o loiro com uma feição de tédio e indignação.

— E o Leo junto com a Alece eu não posso levar né? – Disse Rafa indignado, revirei os olhos sem paciência pra discutir.

— Rafa meu amor, você fala com eles via Skype. – Falei fitando Rafa com uma feição seria, não vou discutir denovo com ele sobre isso sendo que só falamos disso deis da hora em que ele acordou.

— Tá legal gente, a primeira coisa que temos que fazer é sair dessa cidadezinha  fechada e cheia de floresta no meio do nada pois temos que camuflar o cheiro do Dylan com vários outros cheiros. – Disse Ethan indo na direção da porta, Rafa logo pegou sua pipoca e foi comendo na direção da sua mala de rodinha que eu arrumei com algumas roupas que ele deixou aqui enquanto ele dormia, Rafa então começou caminhar porta a fora.

— Qual vai ser mesmo a cidade? – Perguntei pois eu nunca viajei antes, sempre fui de ficar nas cidades pequenas do interior mesmo, tem lobos selvagens como eu que gostam de viver em bandos nas alcateias no meio das florestas mais também existem lobos que preferem se enturmar com os humanos, aprender seus costumes pra viver entre eles e esse tipo de lobo geralmente costuma viver em cidades grandes pra camuflar seus cheiros. Só é um pouco complicado em época de cio que eles tem que se isolar, já lobos como eu que tenho minha marca já vivo mais de boa, não vou sair na rua pra estuprar ninguém. Coloquei então minha mochila e fui na direção da porta pra tranca-la.

— Nova York. – Falou Ethan já perto do carro de Adam que buzinou nos apressando, o carro de Adam é um Lancer GT 2.0 vermelho. Rafa quase chutou o carro de Adam quando entrou, ele não gosta mesmo do Adam.

— Vamos logo Dylan, eu ainda tenho que me despedir da minha mãe que acha que eu ganhei uma bolsa em uma escola de Nova York. Tem varias roupas que eu quero pegar também, não vou viajar só com isso de roupas. – Falou Rafa meio emburrado colocando sua bolsa de rodinha dentro do carro, assenti com a cabeça e corri para o carro.

— Mas não se enganem, lá em Nova York podem existir muito mais lobos misturados pela cidade, podem existir até nas escolas... – Disse Ethan pausadamente colocando seu sinto de segurança no banco da frente. — E você priminho vai me emprestar suas roupas né? – Falou ele com um sorriso sacana, suspirei frustado cruzando os braços e assenti lentamente com a cabeça.

— Acho que vou ganhar bastante dinheiro sendo professor. – Disse Adam sorrindo e dando partida no carro, suspirei meio cansado e Rafa apoiou sua cabeça no meu ombro.

(...)

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* No outro lado da cidade_

— Hum, então quer dizer que o pequeno mago está saindo da cidade? – Disse a garota de cabelos roxos e um sorriso assustador, o garoto de tatuagens sorriu concordando enquanto segura um notebook em sima de sua moto.

— O último mago da história... Temos que descobrir o motivo de nossos pais terem perdido seus poderes e esse garoto não. – Disse o rapaz hacker abrindo uma foto de Rafa no seu notebook, a garota assentiu com a cabeça fazendo cara de nojo.

— Ele não é digno. – Disse ela friamente com uma feição seria.

Logo o garoto guardou seu notebook dentro de sua mochila e subiu na sua moto grande e preta colocando seu capacete, a garota de cabelos roxos logo colocou também seu capacete rosa e subiu na garupa da moto. Logo após o garoto deu partida fazendo a moto cantar pneu pelo asfalto da pequena rua.

A amizade desenvolve a felicidade e reduz o sofrimento, duplicando a nossa alegria e dividindo a nossa dor.

Joseph Addison