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História Especial - 9


Escrita por: PortugaGirl

Capítulo 9 - 9


Pela primeira vez, ela acordava depois de Reita. Estranhou a ausência do Elády naquela casa improvisada, saiu do seu saco de cama, vestiu o casaco de cabedal negro, desembaraçou rapidamente os seus longos cabelos com os dedos, apanhou-os num alto rabo d’cavalo, arrumou as suas coisas, prendeu o cinto que guardava a sua adaga de prata junto da lombar, botas á militar calçadas e saiu pela abertura que servia de porta. Procurou aquele loiro em redor da grande árvore e pode confirmar que nada de estranho estava por perto, suspirou e olhou o céu escurecido; afastou-se da arvore e viu um vulto perto do rio, sobre uma rocha grande e plana, reconheceu os cabelos loiros do Elády e o seu jeito desgrenhado e de crista que ele tem, sorriu e caminhou apressadamente para junto de Reita. Quando a sua visão a deixou vislumbrar pormenorizadamente aquele homem, Naya parou de caminhar e a sua garganta secou-se-lhe de súbito.
Reita continuava em pé sobre aquela rocha plana, não fazia uso de uma blusa sobre o seu tronco, as calças que ele vestia, só agora Naya reparava, que eram meio descaídas, revelando um pouco do tecido dos boxer’s negros e justos que Reita usa, toda a imagem daquele homem chamava pelo desejo mais intimo da mulher. Gemeu para si e reprovou as ideias indecentes que lhe começaram a assombrar os pensamentos. Que estava aquele loiro a fazer?
As espadas dos Dragões Gémeos repousavam ao lado dos pés do Elády e a do Dragão do Norte parecia brilhar mais que o normal, falando do seu punho com um rubi nele incrustado. Naya não conseguia perceber o que Reita estava a fazer ali, ele não movia um único musculo, parecia ter cessado a sua respiração, em baixo da rocha as águas do rio moviam-se lentamente, reproduzindo o som calmo que era característico da água quando corria sem pressa, mantendo o seu ciclo habitual.

A jovem queria chamar aquele loiro mas algo a fazia manter-se quieta, a observa-lo e em pleno silêncio, assim como Reita estava. Elády eram os seres mais ligados ao ciclo da Natureza, eles sentiam as mudanças nelas muitos antes de qualquer outra raça, o seu ser era por norma tranquilo e amigo da paz, se bem que Naya tinha bem a noção que colocava aquele Elády em especial, meio louco devido á atitude que ela tinha para com ele. Sorriu vagamente e voltou a estudar cada forma daquele homem atraente, as suas costas largas, seu porte meio magro mas de músculos notáveis, havia aquele calor que lembrava fogo para Naya que provinha dele, era como se tudo em Reita a atraísse. Só os Vampiros é que tinham um forte poder de atração sobre qualquer outras das raças, fazia parte deles, Elády eram os tranquilos, os amantes solitários…mas não era da raça daquele homem, era ele mesmo, o que ele era fora da sua raça bonita, Reita chamava por algo nunca antes notado em Naya, ela desejava-o de modo muito intenso, sabia controlar-se mas nas últimas horas o seu controlo ameaçava expirar a qualquer momento. Não seria possível ou seria? Seria Reita…aquele que prende os sentimentos de amor daquele ser único? Seria ele?

- Naya. – a voz do Elády trouxe-a de volta ao seu local físico – Estás bem? – saltou da rocha já carregando as bainhas em X das espadas á suas costas e de blusa vestida. Naya fungou, gostava mais de ver aquele homem sem blusa mas era melhor assim. Para o bem do seu controlo físico. – Chamei-te umas três vezes. – falou com um vago sorriso – Estavas a vaguear mentalmente?

- Talvez. – ela respondeu calmamente – Que estavas a fazer até á pouco? – olhou a rocha plana.

- A recarregar energias, manter-me tranquilo e a me preparar. – respondeu prontamente e por fim olhou o rio – Vamos ter que o atravessar a nado. – disse – A ponte a sul e a norte estão bloqueadas por corrompidos. – informou – Aparentemente um Sem Forma deve ter referido que Tu deves existir. Isso coloca os inimigos em sobressalto. – gargalhou e caminhou de volta para a arvore. Naya vi-o a esticar os braços para os lados e fazer um gesto de empurrão para baixo com as mãos, as paredes de terra que os havia protegido toda a noite da chuvada baixaram e a terra voltou a ficar normal em redor daquela grande árvore.

- Tudo bem? – ela questionou num tom tímido.

- Aquilo que me passou ontem, foi apenas ontem. – olhou por cima do ombro – Estava em jejum. – relembrou-lhe – Depois de alguns metros da outra margem do rio deveremos ter uma Vila. Tive que olhar o mapa que carregas contigo quando acordei. – falou num tom de desculpa, ela agitou a cabeça, movendo assim as pontas do seu longo cabelo castanho.  – Vamos então. – anunciou ele por fim enquanto colocava a mala a tiracolo e Naya lhe seguiu o exemplo com a sua mochila. – Sabes nadar, certo? – perguntou divertido

- Não nasci ensinada mas o meu pai fez questão que eu aprendesse a fazer de tudo. – ela falou divertida. Reita olhou-a atentamente e sorriu, aquele seu sorriso foi como um sismo sentimental para a jovem, ela baixou de imediato a cabeça e voltou a reprovar os pensamentos que andava a ter com demasiada frequência sobre aquele homem.

Encaminharam-se para a margem do rio, olharam em redor e sentiram que corrompidos andavam por perto mas não naquela clareira vasta que se estendia atrás de si. Olharam-se rapidamente e mentalmente sabiam que a qualquer momento em que entrassem pela outra margem, seriam atacados. De um salto alto e bem executado, Reita mergulhou fundo no rio; Naya respirou bem fundo e saltou também para dentro das águas geladas daquele rio, arrepiando-se totalmente assim que o choque térmico aconteceu, não era uma experiente nadadora como o Elády que nadava mais á sua frente e com uma facilidade assustadora, mas ainda dava para se desenrascar. Deu forte golfadas de ar quando as correntes do rio a puxaram para debaixo da linha de água, nadou agitadamente para mais perto de Reita que também nadava debaixo de água. A água estava turva devido á lama revolvida pela chuva do dia anterior e Naya estava com serias dificuldades em vislumbrar o homem á sua frente, chegou ao ponto de só sentir os movimentos dos seus pés, nada via. Voltou ao cimo de água para poder respirar de novo, Elády aguentavam muito tempo debaixo de água ou terra, mas ela não. Nadou furiosamente contra as correntes que se tornavam mais fortes e desejou alcançar o quanto antes as margens do rio. Prendeu de novo o ar nos seus pulmões e mergulhou rapidamente antes que um grande ramo de árvore a apanhasse na sua descida pelas águas, um remoinho aconteceu junto de Naya e ela ficou presa neste por momentos, livrou-se. Boa. Era uma lutadora como ninguém conseguia ser naquele planeta, mas em questão de nadar, cavalgar ou conduzir veículos era das piores. O ar ameaçava faltar-lhe e por mais resistência típica de elády que ela tivesse de nada lhe servia contra os remoinhos de água e debaixo desta. Foi agarrada pela parte de trás das suas calças de ganga negra e puxada fortemente para cima; deu uma brusca golfada de ar e tossiu fortemente, viu que era arrastada pelas ervas molhadas e terra da margem do rio. Aos poucos acalmou a sua respiração e tentava não ficar atolada de lama. – És uma lenda muito não hábil a enfrentar correntes e remoinhos de água, Naya. – Reita falou divertido enquanto soltava as calças dela, que era por onde a arrastava.

- Não podias puxar-me de um modo mais agradável. Pareço um saco ou coisa que se lhe valha. – ela protestou, esperneou e voltou a ficar de pé, repleta de lama sobre as calças e parte da blusa, o casaco de cabedal passara de preto a lama.

- Eí, eu ajudei-te. Achas que estava a olhar a pontos para te puxar para aqui? – ele respondeu rapidamente

- Mas devias. – tentava limpar alguma coisa das suas roupas – Olha para o meu estado, Elády. – resmungou – Para um ser delicado és muito pouco disso. – ele gargalhou com muito sarcasmo – Idiota. – murmurou.

Mal atravessaram aquela confusão de lama e ervas amachucadas e molhadas ambos se depararam com uma surpresa desagradável na clareira. Naya revirou os olhos e logo puxou da adaga de prata que mantinha junto da lombar. – Mas era o que me faltava. – ela resmungou – Estou mal disposta. Portanto peço desculpa á falta de delicadeza futura da minha pessoa. – falou para o elevado numero de corrompidos que os encaravam – Gosto mais quando são no máximo cinco, agora… - tentava contar as cabeças que via mas era baixinha demais para tal tarefa.

- 20. – Reita respondeu calmamente e logo desembainhou a espada vermelha

- Óptimo. – ela limpou o canto dos lábios que estava com um pouco de lama ainda – Dez para mim e dez para ti, enfaixado. – ela falou confiante.

- Eles estão aqui por tua causa, sabes. – ele respondeu impaciente

- Bom que mantenhas a tua fidelidade á missão. – ela falou já a olhá-lo de soslaio – E não me atormentes quando estou mal disposta, enfaixado. - Ele encolheu os ombros e vendo os Neutros que haviam, pode confirmar que dos seus dez, dois deles eram vampiros e o outro Elády; dos dez de Naya, dois eram Elády e um Sem Forma. De resto eram Neutros. – Vamos despachar esta merda. – ela proferiu irritada e Reita soube que aquela mulher não deveria ser muito adorável quando mal disposta, aliás, ele ainda não tinha visto cenas adoráveis de Naya. Achava-a atraente demais e determinada, mas carinhosa…ele ainda desconhecia tal faceta naquela mulher.

Os Neutros iniciaram o ataque, Naya correu para eles determinada e com cara de amuada, Reita vendo que seria aborrecido só usar a sua espada vermelha, desembainhou a azul, sorriu e correu levemente contra os seus dez adversários.
Naya deu de costas para os primeiros, iniciado um bailado violento por entre os corpos, cortando-lhes a pele de modo brusco com a sua adaga e evitando ser acertada por armas inimigas. Reita fez as espadas giraram em cada sua mão e sorriu, começando a saltitar de corpo para corpo e defrontando arduamente o Elády que procurava crava-lo com a sua espada pequena mas bem aguçada. A jovem lutadora foi acertada por um punhal, cerrou os dentes por ter mais uma blusa rasgada por culpa daquelas cenas, o seu sangue manchou a blusa e ela optou por passar a deferir punhadas violentas e pontapés demasiado pesados sobre os adversários. A Sem forma que tentava ataca-la com feitiços mortais e cortantes começara a exagerar na dose de tão irritada que estava com aquela mulher de cabelos castanhos; por pouco Naya escapou a um feitiço torturante logo seguido de um para desmembrar, aquela Sem Forma era a primeira a sofrer a ira da adaga de prata.

Reita lançou uma cotovelada violenta contra o peito do Elády que o atacava, deixando-o inanimado. Depois voltou a exercer movimentos rápidos e hábeis com as suas espadas matando uns e incapacitando outros. Depois os dois vampiros tomaram a iniciativa em conjunto, Reita embainhou a espada vermelha e alcançou o punhal de prata que escondia entre a bainha da espada vermelha e cravou o primeiro imortal, transformando-o logo em cinza, o segundo vampiro parecia possesso de raiva e começou a batalhar com o Elády de modo intenso, ao loiro só restou guardar a segunda espada e manter o punhal em mão, defendendo-se de golpes e atacando depois.
Naya foi projetada com violência contra umas rochas, gemeu em forma de protestou e olhou furiosa para a Sem Forma que a havia atacado, odiava-a, odiava-a profundamente e isso seria mau para essa tipa. Saltou das rochas e lançou-se á Sem forma, rodando pelo chão e dando murros esmagadores contra a cara daquela tipa, ela gritou de dor e logo lançou um feitiço novo, projetando de novo a de cabelo castanhos contra uma árvore, desta vez, a árvore partiu-se em duas e a sem forma mostrou-se surpreendida com a resistência de Naya e o facto de não se magoar. – Sua cabra maldita! – gritou furiosa e limpou o canto do lábio que lhe havia rebentado mas já se regenerava – Vais morrer á punhada e pontapé. – os Neutro em redor recuaram passo e aguardaram o final daquele combate entre mulheres. – Domaï! – gritou para os Elády que faziam parte dos seus dez e deu-lhe as suas ordens dominantes, estes fugiram da clareira.

- Ela não mede consequências. – Reita praguejou enquanto ouvia os gritos que a Sem Forma dava quando voltava a ser atacada por Naya. Apunhalou o último vampiro, puxou das espadas de novo e começou a matar os restantes Neutros, já que o Elády continuava inanimado. Um grito agudo irrompeu da garganta da Sem forma e Reita teve que olhar na sua direção, vendo Naya a pontapear alto o corpo da outra mulher, o loiro ficou boquiaberto. Aquela mulher era mortífera e bruta demais.

- Vou partir-te interiormente, exteriormente e acabar com a tua vida depois. – Naya apontava o dedo á Sem Forma enquanto caminhava para esta, a mulher elevou-se a custo do chão, começara a enfeitiçar o seu corpo para este recuperar dos golpes que sofrera. Naya lançou-se para ela e a mulher ripostou com um feitiço violento, empurrando de novo o corpo de Naya e começando a apertar-lhe o corpo com força graças á magia – Cabra! – gritou a de cabelos castanhos, a sem forma riu-se vitoriosa.
Reita fez o seu corpo girar e assim lançou ao chão os que restavam dos seus dez, logo se preparou para abater os Neutros que restavam da parte de Naya, que eram uns cinco agora. Viu o corpo da mulher a ser lançado contra as rochas e fechou um olho como se sentisse a dor de Naya. – Eí, Naya! – chamou-a – Se facilmente és apanhada pelos feitiços, vai ser complicado chegares onde queres, mulher.

- Vai á merda, Reita! – ela gritou de entre as rochas que haviam ficado estilhaçadas

- Que agradável. – ele resmungou e apontou as espadas aos cinco Neutro que iam atacar a jovem – Se fosse a vocês mantinha-me bem sossegado. – abanou a cabeça num gesto de condenação.

- Deixe esses idiotas em paz. Eu própria os vou triturar! – Naya saia de perto das rochas e ainda protestava

- Estou a tentar ajudar-te, sabes! – ele gritou-lhe impaciente

- Eu disse dez para cada. – ela recordou e logo viu o vulto da mulher Sem Forma a se lançar contra si, Naya cerrou os dentes e puxando o corpo atrás deferiu uma punhada, que estalou os ossos da cara da mulher. O grito ouviu-se e até a voz desapareceu, de tal brutidade que havia sofrido.

- Bruta! – Reita acusou-a e ela mostrou-lhe o dedo do meio da mão esquerda – Mal-educada. – gozou e começou a rir.

- Vai á merda, Reita! Já te disse. – puxou da adaga de prata e cravou-a bem no coração da sem forma e o corpo desta começou a se tornar invisível até desaparecer para sempre. – Quem vem a seguir? – ela gritou para os cinco Neutro que restavam.

- Vamos com calma agora, ok. – o Elády pediu e olhou os seus da sua raça e corrompidos – Depois tens que tratar daqueles dois. – apontou atrás de si.

- Sim, sim. – caminhava furiosa e de adaga em punho para o Neutro – Agora nós. – sorriu maliciosamente. Dois dos cinco recuaram e fugiram rapidamente dali, Naya revirou os olhos e correu para outros dois. Estes mostraram-se assustados com a determinação assassina dela. – Domaï. – falou num murmúrio e deu as ordens aqueles dois assustados mentalmente, depois eles foram embora sem rumo.



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