Abri meus olhos e vi apenas a escuridão. Sentei-me, e, no breu total, a única coisa visível é um velho espelho manchado.
Definitivamente não estou mais no banheiro sujo daquela pizzaria.
Meus pulsos já não doem mais. Levantei-me e andei até o espelho, já esperando encarar a imagem com a qual aprendi a conviver – gorda, míope e presa a um maldito aparelho –, mas quando vi o que realmente estava lá, arregalei os olhos e cobri a boca com as mãos.
Sem que percebesse, uma rachadura abriu-se no chão atrás de mim, conforme andei para traz procurando fugir da imagem a minha frente caí.
Ossos e caveiras, labaredas e cascatas vermelhas “decoram” o lugar.
As risadas sinistras e palavras de reprovação vêm de todos os lados.
Nunca pensei sobe tal assunto, mas sei onde estou...
O inferno.
Quando finalmente cheguei ao chão, não senti nenhuma dor, mas não me movi. A imagem no espelho não sai da minha mente.
Olhos negros como carvão, sem córneas, nem íris. Na boca um sorriso rasgado. A pele pútrida e escamosa, azulada, deu-me a certeza...
Eu morri. Eu... Finalmente estou livre!
Foi à última coisa que pensei, antes de entregar-me às chamas do purgatório.
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