História Espelho, espelho meu - A história não contada - A verdadeira face

O céu estava enegrecido pelas nuvens densas que encobriam-no impossibilitando que se vissem as estrelas brilhantes acima do reino, mas ela não estava pensando nas estrelas ou na tempestade que se aproximava, seus pensamentos estavam dispersos enquanto seus olhos, tão negros quanto o céu, admiravam sua própria imagem a frente, os cabelos negros destacando a pele branca e pálida da pobrezinha Branca de neve. Ah, coitadinha, a ingênua e pobre princesa que caíra nas garras da malvada bruxa, sua madrasta, que agora queria arrancar-lhe fora o coração. O que seria dela?

Diante do espelho um sorriso se alargou em seu rosto, o sorriso que ninguém naquele reino jamais vira antes, ninguém além dele, do seu próprio reflexo, o seu eu verdadeiro.

— Espelho, espelho meu!

Uma risada malvada ecoou pelas paredes de pedra do castelo e ela caiu na gargalhada. Quem poderia desconfiar de uma pobre princesinha abandonada?

Mas aquele espelho era o único capaz de ver quem ela realmente era; por trás da máscara não havia pureza naqueles olhos, não havia bondade naquele coração, havia apenas a maldade, uma pessoa capaz de mentir e manipular um reino, e uma história, inteira, e transformar a pobre madrasta, na verdadeira bruxa má.