História Espelhos da Alma (em revisão) - Desgastada

27. DESGASTADA

"Eu não sei o que posso fazer? O que mais posso dizer, é com você. Eu sei que nós somos um, só você e eu, eu não posso continuar. O que é amor? Querido, não me machuque. Não me machuque mais." 

What is Love- Jaymes Young (cover) 

Milla

-Você está linda.

 Edward disse me dando um selinho. Ele estava sentado na beira da cama encostado na cabeceira, e eu com a cabeça apoiada em seu peito. Estávamos assim há algum tempo, apenas aproveitando a companhia um do outro. Em seus braços me sentia segura, o meu novo lugar favorito no mundo.

-Deixe de besteira, eu estou horrível. -nem no espelho eu tive coragem de me olhar. Eu provavelmente estaria com os olhos arroxeados e lábios cortados. 

-Como pode saber? Você nem se olhou no espelho. -seu rosto agora emanava paz. 

-E nem pretendo, tive sorte que Alice e Rose estavam aqui para me ajudar a camuflar essa situação.

-Do mesmo jeito, você continua linda para mim. 

 Ele me beijou, dessa vez de forma rápida.

-O que houve com você? -perguntei com um sorriso divertido.

-Comigo?

-É, não para de me beijar desde que chegou. 

-Pensei que estivesse gostando, mas já que não está posso parar. -ele disse fazendo chantagem. Mas logo o sorriso voltou ao seu rosto.

 Nós dois rimos.

-Eu quase perdi você, não acha que me deve esses beijos? Como compensação por ter me deixado preocupado.

-Assim não vale, quem está tirando vantagem disso sou eu. 

-Então o que sugere?

-Não faço a mínima ideia... 

 Antes que eu pudesse terminar de falar Emmett apareceu na porta. Fiquei envergonhada.

-Não precisam se separar. -ele disse rindo- Não vim atrapalhar os pombinhos, Alice pediu para avisar que daqui a uma hora seus tios vão chegar.

-Obrigada, Emmett. -eu disse sorrindo para ele- Eu amei o ursinho.

-Eu tenho que cuidar da minha nova irmãzinha. 

-Nova irmã? Não entendi. 

-Agora você e Edward estão juntos, certo?

-Estamos? -eu disse brincando. Percebi que Edward havia ficado sério- Você ainda não me pediu seu bobo.

-Não seja por isso. -ele se levantou e se ajoelhou na minha frente- Milena Arcker, você aceita namorar comigo? Eu queria que fosse em uma ocasião mais planejada, mas...

-Eu aceito. -o interrompi.

-Está falando sério? -ele perguntou surpreso.

-Me internem em um hospício, só posso estar louca. -brinquei- Mas hoje, e sempre a resposta será sim. Porque eu te amo, Edward, é sempre vou amar.

 Ele deu um sorriso divertido e se aproximou para me beijar.

- Hoje você me fez a pessoa mais feliz do mundo, vou cuidar de você.

-Pensei que já fazia isso. 

-Mas era um segredo nosso, agora posso falar para todos que você é minha. 

-É melhor eu ir, não quero atrapalhar a lua-de-mel de vocês. -Emmett disse saindo.

 ***

  Não percebi que horas eram quando havia acordado, agora era por volta das oito da manhã. Edward estava lendo um poema para mim, quando de repente parou de ler e se levantou da cama, ficando de pé perto do sofá que havia no quarto.

-O que houve? -perguntei sem entender o que estava acontecendo.

-Está quase na hora de Tessa e Joe chegarem. 

-E se levantou por que? 

-É melhor eu pedi eles sua mão em namoro primeiro, do que eles chegaram e nos verem... juntos desse jeito.

-Também acho melhor, mas não vá embora.

-Nem se me obrigassem. -ele assegurou.

 Escutei a voz de Tessa vinda do corredor. Outra voz me fez estremecer. Talvez Tessa tivesse ligado para ele e falado que não precisávamos mais da presença dele, mas não, ele estava aqui do mesmo jeito. Não tinha boas recordações da última vez que vi meu pai.

 Minha tia foi a primeira a entrar no quarto, veio direto me abraçar.

-Minha querida, eu senti tanta a sua falta. Eu sinto muito por tudo o que aconteceu. -ela estava chorando.

-Tia Tessa, não precisa de chorar. -tentei consolá-la.

-Como não, Milla? Nós somos os culpados de tudo isso, não demos atenção a você. -tio Joe me abraçou também.

-Não diga uma coisa dessas vocês sempre me deram atenção.

  Frank permaneceu imóvel na porta até que Tessa e Joe terminassem de me abraçar. 

-O que você estava pensando? Estava querendo atrair problemas para mim? -ele disse sério.

-Oi pra você também. -eu disse sarcástica.

-Não venha com brincadeiras, Milena, olhe só a sua situação! Precisamos ter uma conversa séria.

-Frank, não pegue pesado com ela. Ainda está se recuperando. -Tessa disse.

-Não se intrometa, Tessa, eu deixei ela com vocês e olhe o que aconteceu. São dois irresponsáveis.

-Frank, vamos conversar com calma. -Joe tentou acalmar a situação.

-Eu quero que você e Tessa se retirem, preciso conversar a sós com a minha filha. 

-Você precisa conversar comigo? Então agora você quer conversar comigo, eu não quero conversar com você.

-Você ainda não é maior de idade, e está sob a minha tutela.

-Que eu saiba, quem tem a minha guarda são os meus tios. -respondi arrogante.

-E onde eles estavam quando aconteceu isso com você? -ele disse nervoso.

-Onde você estava? Desde o começo, você nunca foi presente!

-Milla, e melhor se acalmar. O Dr. Cullen disse que você não pode ficar nervosa. -Tessa me abraçou e levantou- Joe, vamos. Espero que Frank seja sensato e não faça mais mal a filha dele.

 Eles saíram. 

-Ótimo, você está de parabéns. -eu disse irônica- Conseguiu estragar tudo de novo.

-Chega de gracinhas, arrume suas coisas. Você vai comigo para Atlanta.

-Não vou com você. 

-O que? Quem manda em você sou eu Milena. Se não quer ir para Atlanta, então é melhor que fique em um colégio interno.

-O que?! -estava quase explodindo de raiva.

 Como ele chega aqui querendo dar ordens e gritando com todo mundo?! Eu não sou mais a garotinha carente de antes que implorava pelo amor dele. Eu tenho Tessa e Joe, e agora tenho também os Cullen. A última coisa de que preciso é de Frank me levando para longe deles.

-Senhor, acho melhor dar um tempo a ela. Milena não pode ficar alterada, ainda está se recuperando de uma cirurgia complicada. -Edward disse calmo.

-Quem é você, garoto, algum médico ou enfermeiro? -meu pai perguntou a Edward.

-Não, senhor. Eu só quero o bem da Milena. -ele respondeu cabisbaixo- Levá-la assim do nada não é uma boa escolha.

-E quem é você para pensar que sabe o que é melhor para minha filha? -ele examinou Edward- Se não é nenhum médico, pode se retirar. Já opinou demais onde não deveria.

-Não fale assim com ele, Edward é meu... namorado.

-Namorado? Não me lembro de ninguém pedi a minha permissão. -ele disse.

-Eu pediria, se não andasse tão ocupado a ponto de não dar atenção a sua própria filha. 

-Como ousa falar nesse tom comigo? Agora vejo como Tessa tem criado você, uma rebelde. A decisão está tomada, você vem comigo para Atlanta hoje ainda.

-Não pai! O senhor não vai me arrastar pra Georgia por puro orgulho, sem se preocupar com a minha saúde! Eu vou ficar aqui, em Forks, com Tessa, Joe, e todas as pessoas que se importam de verdade comigo. 

-Está me dizendo que eu não me importo com você? Você acha que eu passo dias trabalhando atoa?! Tudo o que eu faço é pensando em você e na sua irmã, no futuro de vocês duas. 

-Futuro? É o senhor passa dias trabalhando sim, é a única coisa que tem feito desde que a mamãe morreu. Trabalhar. Não se importa comigo, nem com Nancy, só se importa com você mesmo e com seu sucesso. Isso é o que realmente importa.

-E quem se importa com você então? Tessa? Joe? Esse garoto? A conduta da Tessa foi inadmissível, você poderia ter morrido.

-Eu preferia, mas ao invés disso estou aqui. E as discursões não vão parar, a menos que eu meta uma bala na minha cabeça, tome veneno ou pule na frente de um carro. Aposto que ficaria feliz em ter um fardo a menos.

  Frank saiu da sala sem falar nenhuma palavra. Antes da porta bater, Edward já estava do meu lado. O abracei com todas as minas forças, não pude controlar as lágrimas que inundavam meus olhos. Ser forte, do que vale isso agora? Nunca tive coragem para dizer tudo o que queria para meu pai, e olhe no que deu.

-Eu...

-Shhh... -ele acariciava meu cabelo- Você me prometeu que nunca mais ia pensar em se machucar novamente. 

-Eu sei, foi um erro meu. Mas é a verdade, ele não se importa comigo... me desertaria se pudesse.

-Não diga isso, seu pai te ama. Vocês só estão com os nervos à flor da pele, dê um tempo a ele, as coisas vão ficar bem.

-Eu dei anos a ele, estou cansada de esperar que ele seja um pai de verdade pra mim. E eu não me importo se ele não me quiser, eu tenho meus tios, sua família. Eu tenho você.

 Ele sorriu de canto e limpou das lágrimas do meu rosto.

-Sim, você tem. E sempre terá, independente do que aconteça, mas ele é seu pai. Apesar de tudo o que aconteceu ele ama você, e também está triste e se culpando pelo o que aconteceu.

-E ele acha que a solução e me afastar de todos que eu amo? 

-Talvez seja melhor você ir com ele...

 Olhei para ele. Sua boca se contraiu.

-O que está dizendo...? É claro que eu não vou ir com ele. 

-Você tem que ir... Então eu não vou poder machucar você mais.

-Está me machucando com as suas palavras, pensei que me quisesse por perto.

-Eu quero, mas isso machucar você... então seria melhor você partir. -a expressão dele fechou e fico séria. 

-Então é isso? Vai abrir mão de nós por uma coisa boba?

-Boba? Olhe como está, você quase morreu...E tudo isso é culpa minha.

-Vai ficar se culpando o resto da vida? Já aconteceu e não podemos mudar nada sobre isso. Se... se me quer longe de você não deveria ter se aproximado na primeira vez que me viu.

-Eu pensei nisso, pensei em fingir que não sentia nada por você. Seria melhor me afastar do que colocar sua vida em risco.

-Se sabia que me colocaria em risco, por que não se afastou?

-Por que meu amor por você é mais forte do que eu. 

 Fui pega de surpresa por seu beijo. Dessa vez ele não preocupou em se afastar de mim, suas mãos me puxavam para mais perto, mais do que podíamos. Estava tão envolvida por ele que esqueci do que me preocupava. Me esqueci de tudo, era isso que ele queria. Ele sabia sobre a influência que exercia sob mim e estava usando ela para me fazer aceitar a proposta de ir morar com Frank.

-Edward... -tentei dizer entre o beijo. Mas ele parecia não me escutar- Pare! 

 Quase caí da cama ao tentar me afastar, mas ele me segurou.

-Se está fazendo isso achando que eu vou aceitar ir embora, pode esquecer. Eu não vou, mesmo que você use todos os seus charmes comigo. 

-Eu ainda tenho muitos truques.

-Está mesmo disposto a me afastar de você? -perguntei decepcionada.

-Te afastar não, me afastar de você. Se for pela sua segurança, sim. 

-Esquece essa promessa idiota, eu quero você na minha vida. 

-Eu poderia acabar com a sua vida.

-Eu me arisco, acabe com minha vida. Mas me deixe amá-lo. 

-Não tem ideia do que está dizendo. -ele disse nervoso.

-Se não for por você, então será por desgosto e solidão. 

  Ele saiu do quarto, me deixando sozinha.