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História Esperançar - Novas amizades


Escrita por: _hobisunshine

Notas do Autor


postei e saí correndo

mentira, nos vemos nas notas finais, por favor

Capítulo 37 - Novas amizades


Fanfic / Fanfiction Esperançar - Novas amizades

O terno azul marinho fora um dos achados entre tantos outros na revista. Precisou de grandes ajustes para que se moldasse ao meu corpo magricela, mas no geral ficou bom.

Os sapatos novos foram o único item comprado do look, um universitário não tem muito dinheiro. Boa parte do meu salário ficava com para os livros e com as contas de casa.

Porém, fizera um bom trabalho com o pouco que me restava. Meu reflexo no espelho não parecia nada confiante e realmente não estava, as minhas mãos suavam excessivamente.

— Namjoon está te esperando lá embaixo — Seokjin entrou sem bater, com toda sua velha mania. — Uau, que lindo. Sua bunda ficou bem marcada nessas calças.

— Meu Deus, eu tô quase vomitando e você fala da minha bunda — desviei o olhar do espelho, pegando o celular que estava jogado na cama. — Acho que não vou conseguir, Jin.

— Vai dar tudo certo, Yoongi. Eu confio em você! — se aproximou, limpando uma sujeira inexistente em meu terno. — Lembre do que o Dr. Shin sempre fala, você precisa enfrentar o problema.

— Certo, enfrentar o problema — repeti para mim mesmo buscando um pouco de coragem.

Saindo da boca de outra pessoa, assim, parecia tão fácil. Enfrentar Hoseok, enfrentar o homem que me deixou para trás há alguns anos e seguiu sua vida.

Mesmo que eu tivesse me envolvido com algumas pessoas (pode acreditar, não eram poucas), nenhuma chegava perto dele, nem chegava perto do terror que ele me causava.

Terror no bom e no mau sentido, no caso agora, era no mau sentido mesmo, no pior deles. Meus joelhos tremiam levemente, precisei encostar na parede do elevador para não acabar no chão.

Uma vizinha perguntou se estava bem e tudo que fiz fora concordar em um aceno de cabeça. Ela repetiu a pergunta, mas foi prontamente ignorada. Só tinha olhos para o convite em mãos, o convite que tinha o sobrenome Jung escrito em letras douradas e bem desenhadas.

Deus, isso não devia ser tão difícil. Se Dawon não fosse tão importante para mim, eu certamente nem me daria ao trabalho de tentar ir ao casamento dela.

— Você está pálido, Yoongi — foi a primeira coisa que Namjoon falou quando entrei no carro. — Está tudo bem mesmo?

— Sim — usei o convite como abanador, mesmo que não estivesse calor. Estava mesmo era suando frio. — Eu só acho que... Sei lá, vai ser esquisito? Não sei se vou me sentir bem com isso.

— Se até lá não estiver mesmo se sentindo bem, eu posso te trazer de volta. Fique tranquilo.

— Obrigado.

Como esperado de toda a fortuna da família, o casamento acontecia em um local bem refinado. Haviam fileiras e fileiras de carros chiquérrimos se formando, lembrando o quão miserável eu era.

Queria chegar na parte em que subo de cargo na revista e ganho dinheiro de verdade. O convite entre meus dedos estava molhado, sofrera maus tratos o caminho inteiro. E quando desci, serviu mais uma vez de abanador.

Homens em ternos caros passavam, acompanhados mulheres lindíssimas e eu mal conseguia me manter de pé. Tinha borboletas dançando meu interior, na verdade, elas pareciam querer me comer por dentro.

— Pode ir na frente, Nam? — travei, tateando meus bolsos. — Eu preciso da porra de um cigarro.

— Está tudo bem? Posso ficar com você ou te levar em casa se quiser.

— Não! — neguei rapidamente. — Essa é uma coisa que quero fazer sozinho. Por favor.

Hesitante, ele ainda me encarou por longos segundos antes de dizer que ficaria na porta, que não entraria sem mim.

Concordei aliviado e fiz o caminho inverso que todas as outras pessoas, andando uns bons quarteirões até que não se visse mais carro algum e toda a riqueza sufocante.

O problema em si nem se tratava apenas de Hoseok, haviam seus pais, aqueles que nos separaram, pessoas desprezíveis que prometi evitar até o fim dos meus dias.

Meu corpo todo ainda tremia e com o cigarro balançando, tive trabalho em acender. Patético, assim que me sentia.

Sentei na calçada e deixei o convite ao lado, acompanhando todos os carros que passavam. Após três deles, cheguei à conclusão de que não conseguiria.

Estava desistindo, desistindo de encarar Hoseok e toda aquela corja de malucos. Dawon que me perdoasse, mas o esforço não valia minha saúde mental.

Tirei o celular do bolso e rapidamente disquei o primeiro número que me veio em mente.

— Soonkyu, você está em casa? Será que eu posso ir até aí agora?

 

 

 

[...]

 

 

 

••• Um ano depois •••

 

A música se repetia pela terceira vez naquela noite, e diferente de mim, ninguém parecia se importar. A maioria esmagadora eram de alunos, os poucos convidados, como eu, estavam sentados a uma certa distância apenas acompanhando tudo com o olhar.

Desde que Soonkyu me convidou para sua formatura algumas semanas atrás, soube que não seria lá grande coisa.

Não tinha como um bando de advogados recém formados serem boas companhia, e com o olhar pesado do pai dela sobre mim, não podia fazer nada além de bebericar o uísque em silêncio e aproveitar o tédio sozinho.

Desde que começamos a sair não parecia algo sério, não deveria ser, mas eu tinha um enorme problema em dizer não para mulheres. Elas me envolviam e sem perceber, já estava perdido em um caminho sem volta.

Por mais suportável que ela tivesse se tornado, não gostava de ideia de ter um relacionamento, não agora. Meus últimos namoros foram todos traumáticos, tanto que depois de Joohyun, curti a época de solteiro por longos meses.

Beijava qualquer pessoa atraente que visse pela frente, e isso incluía meus amigos. Em uma noite qualquer, também incluiu Soonkyu.

Então acabamos dessa forma, namorando. Não uma prisão como da última vez, era mais natural. Porque primeiro de tudo, ela sempre foi uma amiga. A única diferença é que agora nós transamos – bastante, devo acrescentar.

— Vai ficar só olhando? — ela se aproximou de mim com um sorriso nos lábios, tinha um leve rubor na face por ter dançado há alguns minutos.

— Com seu pai de guarda? Sim! — sorri. — Prefiro me manter quieto e seguro, estou bem aqui com a minha bebida.

— Nunca pensei que fosse ter medo do meu pai — um sorriso brincalhão enfeitava a face, ela deslizou a mão sobre minha coxa. — Nossa festa vai acontecer mais tarde, na sua casa, naquela cama.

— Tudo bem. Soa interessante.

 

 

 

 

 

 

[...]

 

 

 

 

Imaginei por quase todas as noites como seria encontrar com meus pais depois de tantos anos, como seria ficar cara a cara com eles e imaginei diversas saídas para a situação.

Mas naquela sexta, quando coloquei os pés para fora do apartamento novo e dei de cara com os dois perdi as palavras, congelei. A mente trabalhava em mil formas de fugir, ao mesmo tempo que meus pés pareciam ter sido engolidos pelo chão.

Soonkyu apertava minha mão, e por ser uma manhã fria, ela perguntou duas vezes se queria pegar um casaco antes de notar os dois que vinham em nossa direção.

Os Min não haviam mudado coisa alguma, nem mesmo as pastas, sempre o trabalho. Além da cara de cansados e as olheiras bem visíveis, eles tinham um sorriso assustador no rosto.

— Está ocupado, filho? — meu pai perguntou calmamente, como quem teme minha reação. — Acho que precisamos conversar.

— Agora sou filho, é? — soltei uma risada soprada. — Na verdade, estou ocupado sim e vocês são as últimas pessoas que quero ver em um momento tão feliz e importante da minh- — minha namorada pigarreou me atrapalhando e os dois levaram finalmente os olhos até ela. — O que foi? Preciso resolver algumas coisas, minha festa de formatura é no final de semana. Falamos uma outra hora.

— Sim, os pais de Seokjin nos contaram a novidade... Parabéns! — minha mãe sorriu cheia de carinho, nos encarando atentamente. Foi então que algo pareceu despertá-la.  — A gente se conheceu antes, não é? Você não é a-

— Não, não — meu pai se intrometeu rapidamente. — Você deve estar confundindo ela com outra pessoa.

— Isso mesmo, nunca nos vimos antes. Me chamo Lee Soonkyu — a baixinha sorriu educadamente, estendendo a mão livre para um aceno —, sou a namorada do Yoongi.

Os olhos de ambos de arregalaram e de imediato notei algo um pouco estranho. Os dois trocaram alguns olhares suspeitos, pareciam conversar silenciosamente. Soonkyu se remexeu incomodada do meu lado.

Mas isso não durou muito, pois um sorriso orgulhoso se formou no rosto do meu pai, como se estivesse descrente no que via. Provavelmente a felicidade por me ver acompanhado de uma mulher.

— E então Yoongi, podemos tomar um café? — meu pai me tirou dos devaneios e como resposta concordei roboticamente depois de receber um beliscão da minha namorada. — Ótimo, vamos os quatro. Então você nos conta todas as novidades.

 

 

 

[...]

 

 

 

No espelho encarava os fios recentemente pintados de loiro que me deram uma autoestima desconhecida até então. A coragem surgiu após a ideia de mudar ser dada por um amigo do trabalho, um editor de moda que conheci em meio à um ensaio fotográfico da nova edição.

Ele disse algo sobre combinar com meu tom de pele e estilo. No final das contas acabei cedendo e após uma passada no salão, me sentia um homem. Não mais o menino, o Yoongi medroso havia ficado para trás, definitivamente.

O terno preto e chique sobressaía, dando um toque a mais ao visual já não tão convencional. Nos pés um coturno, além dos fios loiros, piercing no septo e na orelha e algumas poucas tatuagens no braço.

Decerto não era mais o mesmo, tanto por dentro quanto por fora. Uma batida na porta chamou minha atenção e Namjoon, já devidamente arrumado, entrou com um sorriso no rosto.

Ele se aproximou e tinha uma caixa de veludo em mãos, mas antes que protestasse, enfeitava meu pulso com uma pulseira de ouro que brilhava e tinha minhas iniciais decoradas nela.

Sem dizer uma só palavra, concordei em um aceno. Nos encaramos antes de nos abraçar por longos segundos. Precisei me segurar para não chorar.

— Tem um presente para você que vai ser entregue antes da festa, então se apresse — nos separei e arqueei as sobrancelhas, pedindo explicações. — Você é um menino esperto, Yoongi. Sabe quem enviou. Então se apresse que estou curioso pela sua reação.

— Bonito terno — sorri mudando de assunto e ignorando o nervosismo, ele apenas retribuiu. — O seu namorado está pronto também? Ele não pode me atrasar para minha própria formatura.

— Sim, está — ele levou as mãos até minha gravata também preta, ajeitando-a, depois me virou para o espelho de modo que nossos olhos se encontrassem pelo reflexo. — Tenho orgulho de você, do homem que se tornou. Muito bom acompanhar seu crescimento profissional de perto, seu crescimento como ser humano também. Acho que fiz um bom papel cuidando de você.

— Só porque você se formou o ano passado se acha muito mais importante do que eu.

Namjoon riu, porque ele sabia que eu estava brincando. Em todos aqueles anos nos tornamos amigos bem próximos.

Se alguém me dissesse que depois da partida de Hoseok me tornaria um bom amigo do melhor amigo dele, diria que a pessoa estava louca. Mas Namjoon abriu um espaço bem grande no meu coração e se alojou por ali.

— Você é como um irmão para mim, Yoongi. Um irmão mais novo que adora confusões e escolhas erradas — riu baixinho, acabei acompanhando. — Obrigado, por me deixar fazer parte do momento mais importante da sua vida.

— É o momento mais importante da minha vida, com as pessoas mais importantes da minha vida — levei a minha mão sobre a dele que estava descansando em meu ombro, apertando desajeitadamente. — Só falta alguém.... Mas você já sabe, é um ótimo irmão mais velho.

Uma outra batida na porta acabou com nossa conversa, nós dois olhamos para o pedaço de madeira que logo se abriu, revelando minha namorada já completamente vestida.

Por um instante me perdi no vestido justo e curto que marcava bem as curvas, tendo um decote generoso como ponto principal. Podia ouvir do lado de fora os outros dois mais novos murmurando e andando apressadamente.

Era o fim do nosso momento. Namjoon passou o braço sobre meu ombro e saímos juntos, andando pelo novo apartamento luxuoso qual nunca me habituaria.

Ali tudo era coberto de requinte que me faria sentir um pássaro fora do ninho se em minha profissão não tivesse acostumado a lidar com tanta gente desse nível.

Seokjin, mesmo que ainda não tivesse perto de se formar, recebia muito bem agora, e eu – finalmente – não ficava muito atrás. Com isso muitas coisas mudaram, entre elas, nossa casa.

Soonkyu se aproximou dando fim aos pensamentos, e por estar usando salto alto, não fez um grande esforço para selar nossos lábios. Meus lábios sujaram de batom, ela sorria enquanto limpava.

— Hyung! — Jungkook gritou, correndo para perto e empurrando qualquer um que o impedisse de me dar um abraço. — Você está mesmo lindo.

— A namorada dele está bem aqui! — Taehyung apontou para a mulher que permanecia ao meu lado e empurrou o mais novo para me abraçar também. — Temos novidades.

— Amanhã, Tae. Amanhã — segurei o rosto dele entre as mãos, fazendo com que me encarasse. — Hoje vamos apenas nos divertir como nunca, beber até cair!

Seokjin rolou os olhos quando apareceu, magnífico com seu terno justo, logo recebendo a atenção do namorado. Ele murmurou algo sobre o fato de eu me atrasar para minha própria formatura, e que não seria uma grande novidade.

Todos riram e iam acrescentando situações que seriam típicas de mim nessa noite. Tudo que fiz foi rolar os olhos.

Nos separamos no térreo, quando Taehyung e Namjoon foram em direção à garagem e o restante de nós andou até a entrada do prédio por indicação do meu amigo.

— Hyung! Não me diga que esse é o seu presente! — Jungkook apontou para o presente exagerado, totalmente maravilhado com o que via.

— Um carro? Esse maluco mandou a porra de um carro dessa vez? — Seokjin andou apressadamente e soltei a mão da mulher ao meu lado, acompanhando-o.

Um laço gigantesco e vermelho rodeava um veículo parado na frente do meu prédio, não um automóvel qualquer, longe de ser um carro do ano.

Era um importado, do tipo que custa milhares e milhares de dólares. Jungkook e Jin pareciam incrédulos, rodando em volta do presente enquanto que eu mirei em um envelope branco e tão exagerado quanto o carro que o enfeitava.

Peguei e em silêncio, me afastei alguns passos do burburinho para poder ler mais um dos bilhetes em paz.

"Para o melhor jornalista do mundo, no qual sempre irei apostar todas as minhas fichas.

Continue se esforçando, Yoonnie. Sempre estarei torcendo pelo seu sucesso e te aplaudindo a cada nova conquista.

Com amor, Hoseok.

PS: Não aceito devolução, o carro é seu."

 

— Yoongi! — Namjoon baixou o vidro da janela, parando perto de nós. — Não precisou da minha ajuda para encontrar o seu presente.

— Meu Deus! Por que ninguém me dá um presente desse na minha formatura? — Taehyung estava com o carro logo atrás do de Namjoon.

Seokjin e Jungkook estavam dentro do veículo, olhando o painel de perto e dizendo o quanto era tudo incrível do lado de dentro também. Eu corri para perto do carro de Namjoon com um sorriso estúpido no rosto.

— Namjoon... Caralho! Como? — perguntei, ainda perdido e com o sorriso insistente. No fundo estava contente pelo fato dele não ter esquecido um dia tão especial e importante para mim. — O Hoseok é louco!

— Louco... Louquinho, se quer saber bem — sorriu, me lançando uma piscadela. — Venha, vamos nos atrasar.

Sem pensar duas vezes entrei no carro dele, ainda abraçando o envelope. Jin entrou sentando no banco da frente e logo Soonkyu sentou ao meu lado.

Ainda sorria como um bobo quando pedi que meu melhor amigo guardasse meu envelope e que me entregasse no dia seguinte.

Quando encostei no banco, a mulher do meu lado estava com os braços cruzado e olhava a janela, certamente irada com toda a situação. Não me importei, estava eufórico demais para perder a noite com uma discussão boba.

— Hoseok é mesmo um maluco! — Seokjin quebrou o silêncio, mas também encarava a janela aberta. — Você não vai aceitar, vai? Aquilo certamente custou uma fortuna.

— É claro que ele não vai! — minha namorada finalmente se pronunciou sobre o assunto, tinha um ódio nítido na voz. — Não é uma coisa comum aceitar presente de um ex-namorado, ainda mais um presente tão caro como esse.

— Você não pode falar por mim, amor. E aquele não é um presente qualquer, é um puta de um presente. Um presentão.

De repente o silêncio se instalou no veículo, tudo que se ouvia era a respiração apressada e irritada da minha namorada e o som das rodas.

Os meus amigos no banco da frente nem ousaram olhar para trás, mas pelo reflexo do espelho retrovisor pude ver um sorriso no rosto de Namjoon, ele estava do meu lado. Tirei o celular do bolso, buscando alguma distração.

— Além do quê, devolver seria um grande trabalho. Não é mesmo, Nam?

— Claro, amigão. Um trabalho bem desnecessário, se quer a minha opinião.

 

 

 

 

 

[...]

 

 

 

 

    ••• 2 anos depois •••

 

— Sabe que me fez sair mais cedo da revista, não sabe? Espero que seja importante — joguei o corpo na cadeira giratória, deixando minha bolsa ao lado. — Quando poderemos almoçar? Você ainda nem levantou daí, Nam. Eu vou te matar, cara.

— Logo, fique calmo — Namjoon digitava algumas coisas freneticamente e tinha óculos enfeitando o rosto. — Preciso da sua ajuda. Definitivamente você não é romântico, eu sei. Mas sou ciente de que tem coisas que Jinnie contou para você que nunca contou para mim ou para qualquer outra pessoa. E não tenho escolha, por mais vergonhoso que isso seja.

— Ok. Algo constrangedor e vergonhoso, agora você tem minha atenção — ele parou o que fazia, me encarando sem jeito.

— Ele... Hum... Nunca disse como seria o casamento dos sonhos? Vocês conversam sobre esse tipo de coisa, eu sei que sim.

— Ah, então é por isso que me chamou. Quer usar minhas preciosas informações — cruzei as pernas, dando uma conferida fingida nas unhas bem feitas. — Vai precisar me levar para almoçar em um restaurante bom, caro.

— Estou comprando informações? — perguntou incrédulo e balancei a cabeça freneticamente como resposta.

— Vai ter que me pagar carne, carne boa. E pelo menos umas duas vezes pela semana até o próximo ano.

— Desembucha, seu anão chantagista.

— Acha que dou importância para seus xingamentos? É comida, cara — zombei, mas ele me fuzilou com o olhar em resposta, o que me fez ajeitar a postura na cadeira. — O casamento perfeito para Seokjin é ao ar livre, algo romântico, extremamente romântico, mas simples. Com pessoas amadas por ele e pelo noivo, uma cerimônia simples, delicada e íntima.

Jin certamente me mataria por contar coisas assim, mas ao ver o sorriso aliviado nos lábios do homem em minha frente, soube que fazia coisa certa.

Além do mais, ele usaria essas dicas preciosas para pedir meu amigo em casamento, para fazê-lo feliz o restante da vida como tem feito por todos esses anos.

Só por hoje não me sentiria mal em distribuir os segredos do meu melhor amigo, não por um motivo tão importante.

Os planos já martelavam a cabeça de Namjoon há algum tempo, mas ultimamente ele parecia uma bomba relógio. Tinha conversado comigo sobre organizar uma cerimônia, mesmo que aquilo não tivesse legalidade no nosso país.

— Aposte em um pedido mais íntimo, uma noite romântica em um lugar legal, mas só vocês dois — adverti, tomando cuidando com os detalhes. — Jin dá importância à forma como foi feito, o amor em cada palavra, em cada ato, não o quanto gastou. Fora que seria traumático caso tivesse plateia. Vai por mim.

— Muito obrigado, amigão. Muito obrigado. Se não fosse você estaria perdido, acabaria recebendo um não — arrumou os óculos no rosto, e ao ver a máquina desligando, ele começou a organizar alguns papéis que estavam soltos na mesa. — Agora que resolvemos o meu problema, tenho algo para contar.

— Vocês são apaixonados um pelo outro, não existe a mínima chance dele dizer não. Te aturou por todos esses anos — gargalhei e ele sorriu de canto, falando sobre o assunto ser sério. — Se é tão sério, desembuche de uma vez. Ainda temos um almoço bem longo e caro pela frente.

— Hoseok está voltando. Para ficar.

Mesmo após de tanto tempo sem sinal, ele simplesmente decidira aparecer. A simples menção de seu nome causou uma queda livre dentro de mim, o frio gélido atravessou o corpo como um todo.

Nunca agradeci tanto por estar sentado, caso contrário já estaria com a cara no chão. Min Yoongi, editor e fotógrafo respeitado, abalado com a aparição do ex-namorado.

Ri baixinho de nervosismo, mudando de assunto rapidamente. Algo se revirava dentro de mim, o que me fazia, desesperadamente, tentar mudar de assunto para não acabar perdendo o apetite. Hoseok voltando para ficar era muita informação.

 

 

 

 

[...]

 

 

 

Pela quinta vez desde que recebera a notícia de que ele está na cidade, acordei no meio da noite suado e depois de um pesadelo. Não um pesadelo qualquer, era Hoseok partindo uma outra vez, me deixando de forma dolorosa.

Prometi a mim mesmo que faria de tudo para não o encarar, é o que venho tentando arduamente. Há duas semanas ele chegou em Seul, chegou para morar, com suas coisas e todas as novidades.

Os meninos saíram com ele algumas vezes, mas eu me recusava a discutir sobre o assunto, confrontá-lo estava fora de cogitação.

Fechei os olhos e mudei de lado algumas vezes, mas de nada adiantava. Não conseguiria mais dormir. Era sempre assim quando tinha esses sonhos.

Resolvi levantar e como não tinha outra saída, decidi ocupar minha mente com alguma coisa útil. Soonkyu dormia tranquilamente, buscando não atrapalhar seu sono peguei o celular e fui em direção ao banheiro.

Faltava pouco para o amanhecer e para manter a cabeça ocupada, coloquei as roupas para lavar.

O apartamento novo era nosso, comprado e bem equipado, bem grande e confortável, mas a pessoa que limpava vinha apenas algumas vezes por semana.

Por não querer acender as luzes no quarto que ainda estava escuro, acabei na cozinha, lavando a louça do jantar, deixando tudo organizado para quando Seokjin acordasse.

— O que deu em você? — ele apareceu com uma cara de sono, ainda fechando o roupão. — Acordado tão cedo, caiu da cama?

— Tive um pesadelo — fiz um bico e abri os braços. Logo ele me apertou junto de si, murmurando um "bom dia". — Namjoon dormiu aqui?

— Dormiu — ele gargalhou, se afastando de mim. — Já entendi, estou indo tomar um banho. Ele está no banheiro, eu só vim até aqui para lavar a louça.

— Quer que eu faça um café?

Meu amigo ainda sonolento concordou e saiu, me deixando sozinho na cozinha depois de um beijo na testa. Apoiei minhas mãos no balcão, respirando fundo algumas vezes antes de fingir que estava tudo bem novamente.

Fazer café era uma das poucas coisas que sabia decentemente, então tratei de apagar qualquer pensamento negativo, me colocando a realizar a tarefa que conseguia com perfeição.

O cheiro do líquido pareceu atrair Namjoon, pois logo ele estava ali, com o jornal em mãos e os fios ainda molhados. Tagarelando sobre o quão nervoso estava para o grande dia.

Nós planejamos juntos, mas eu não estaria lá para apoiá-lo. Seriam apenas os dois.

— Vai dar tudo certo, não seja um completo idiota por alguns minutos e pense com clareza — coloquei uma xícara fumegante na frente dele, que sorriu em agradecimento. — Você é o homem mais forte que conheço, confio de olhos fechados.

— Você também é um dos homens mais fortes que conheço, por isso estou admirado com tamanha fuga... — tentei sair da cozinha, mas ele me segurou de modo que nossos olhos se encontrassem e o aperto firme me fizesse ficar — Estou falando sério, Yoongi. Existem coisas que precisa saber, muito aconteceu, muitos anos se passaram. Acho que ele merece essa conversa, você também. Pelo menos me escute sobre as novidades.

— Não quero saber nada que venha dele, Nam. Nada — afrouxei o aperto que ele fazia em meu braço. — Sinto muito decepcionar você, amigão.

 

 

 

 

 

 

[...]

 

 

 

Mentir para uma mulher era uma das coisas mais difíceis que já fiz em toda a vida. Nesses longos anos de existência, nunca me peguei tão desesperado quanto ao marcar algo sem a presença de Soonkyu.

Os meninos combinaram uma noite só nossa há algum tempo, mas no caso, essa seria em uma boate. Ela obviamente escolheria ficar grudada em mim, na minha cola, e já não seria mais uma noite só nossa.

Por esse motivo resolvi mentir e passei o dia inteiro sendo atencioso por mensagem em busca de ganhar algum tempo sozinho a noite toda.

Por sorte ela engolira o fato de que precisava estudar, o que não deixava de ser uma mentira, já que a edição de verão começava a ser preparada e como segundo editor chefe deveria ajudar diretamente na criação e distribuição dos conteúdos.

Ryeowook também não parecia muito disposto a trabalhar até mais tarde em uma sexta, então também me liberou com a promessa de que na segunda ficaríamos até bem depois do horário.

Não reclamei, só corri o mais rápido possível até em casa.

— Yoongi! — Taehyung arregalou os olhos assim que abri a porta. — Por que chegou cedo?

— Pensei que tinham combinado de sair comigo e que ficariam felizes em me ver. Pensei que essa fosse a minha casa também — andava desajeitadamente enquanto me livrava dos sapatos, entrando no apartamento em seguida. — O que houve? Qual o problema em eu querer chegar cedo?

— O que acha dessa roupa, TaeTae? — uma figura desconhecida apareceu saltitante atrapalhando a explicação, com Seokjin logo atrás em um jeans justo. — Acho que destaca as pernas bonitas dele.

— Yoongi, já chegou? — Jin fora mais natural e se aproximou, me entregando uma cerveja pela metade. — Esse é Jimin, Park Jimin. Jimin, esse é Yoongi de quem falamos tanto.

— Ele também vai? — apontei a garrafa na direção do desconhecido.

— Waa, piercings legais! — comentou animadamente e tentou tocar meu nariz, mas lhe dei um tapa na mão. — Gostei do cabelo também, você é ainda mais bonito do que disseram.

Era um homem, mas tinha o rosto de um menino e o olhar sonhador de um. O sorriso doce denunciava sua personalidade, que exalava pela casa, quase a ponto de nos sufocar.

Ele tinha o corpo bem malhado, forte, e umas coxas de deixar qualquer um babando. O cabelo vermelho saltitava a cada novo movimento, então o desconhecido se aproveitou da minha distração apertando nossas mãos.

Só que diferente que um cumprimento normal, recebi em seguida um beijinho no rosto. Pensei em xingá-lo, mas um sorriso com aqueles olhos adoráveis quase fechando me desarmou.

— Os meninos falam muito de você, Yoongi. É muito bom te conhecer e ver que não sou o único baixinho aqui — os outros dois gargalharam e eu dei fim à bebida em um único gole, ignorando o comentário do desconhecido. — Se estiver tudo bem para você, gostaria de ir ao bar também — não dei ouvidos e ele passou a acompanhar meus passos, tagarelando próximo. — Eles não me convidaram, mas se me convidar, teremos a chance de nos conhecer melhor. O que me diz?

— Por mim tanto faz — respondi e ele deu pulinhos, comemorando. Andou em direção à Taehyung, grudando no braço do meu amigo como um pequeno coala.

— Uma noite de solteiros — Seokjin comemorou, me entregando uma outra cerveja enquanto falava um "Te explico depois" totalmente sem som.

— E Jungkook, cadê esse pequeno demônio? — me aproximei, sentando em uma das cadeiras que ficavam ao redor do balcão. — Cada parte do meu corpo dói, sinto que vou morrer.

— Quer uma massagem? — o homem até alguns minutos atrás desconhecido se materializou atrás de mim e antes que negasse, já apertava meus ombros. — Nossa, como você está tenso. Bem aqui, aqui e aqui. Muitos problemas?

— Esse último mês foi um inferno — soltei um suspiro e tomei um gole da cerveja. — O amigo de vocês até que é uma boa companhia, podemos trocar o Jeon por ele.

Devia ser uma piada, mas Jin e Tae se entreolharam tensos e se não os conhecessem o suficiente, deixaria passar. Porém sabia que havia algo de errado, poderia sentir, os dois escondiam algo.

Jimin foi o único a dar uma risadinha fofa digna de uma criança bem atrás de mim, mesmo que os movimentos prosseguissem firmes e habilidosos.

A massagem estava boa demais para que me preocupasse com isso agora, e aos poucos relaxava meus músculos. Me encontrava a ponto de fechar os olhos e aproveitar.

Tombei a cabeça para trás, soltando murmúrios em apreciação e mais uma vez o garoto de cabelos cor de fogo gargalhou baixinho.

— O que diabos está acontecendo aqui? — abri os olhos lentamente e dei de cara com Jungkook parado no meio da porta escancarada.


Notas Finais


Então, galera. Ninguém ganhou o doce. Enfim, eu disse que não demoraria para atualizar, se acostumem com os capítulos postados com mais frequência. Agora vamos conversar.

Jimin é vilão ou mocinho?

Mais alguém chegará no próximo capítulo (moonface).


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