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História Esperançar - Notícias ruins


Escrita por: _hobisunshine

Notas do Autor


Boa leitura!

Capítulo 41 - Notícias ruins


Algo que odeio, e que é bem típico de Hoseok desde que conhecemos, é o fato dele me tirar o sono. Incontáveis noites mal dormidas tiveram como culpados ele e aquele sorriso bonito.

Seja por amor, por insegurança, pela sua ausência ou pela dor. Todas as formas eram ruins, me causaram muitos sofrimentos desde... Sempre.

Não há um dia que acorde contente após ter sonhado com ele, não depois de ter sido deixado. Do nosso fim tão trágico.

Pela quinta vez naquela manhã respirei fundo, encarando o teto. Mal podia me mover, pois tinha Soonkyu dormindo tranquilamente em um dos meus braços, posição que a culpa me impedia de desfazer.

Não importava quantas coisas ela fizesse, o quanto tentasse me agradar, nem o quão boa fosse. Tudo que eu pensava era sobre o maldito Jung e os beijos que trocamos naquele maldito dia.

Parte de mim queria contar a verdade e me livrar daquele peso, mas a outra parte sabia perfeitamente que fazer isso era enfrentar os meus problemas, e o pior, acabar sozinho outra vez. Completamente sozinho.

Havia experimentado a solidão por tempo o suficiente para saber que não é o que quero para minha vida, mesmo que para isso eu precisasse envolver outra pessoa.

Todos aqueles anos não mudaram muita coisa, mesmo que visivelmente fosse mais corajoso, por dentro ainda era o mesmo menino covarde e assustado que tem medo de ser deixado e que não sabe lidar com rejeição.

Ajeitando meu corpo, virei para a mulher ao meu lado e lhe deixei um beijo na testa enquanto retirava meu braço que servia de travesseiro.

Alguns resmungos foram ouvidos, mas tudo que ela fez foi virar para o outro lado e permitir que finalmente estivesse livre. Ainda nem havia amanhecido, teria algumas horas a sós com a incerteza.

Fui até o guarda roupa e silenciosamente, após afastar algumas toalhas, achei a caixa. Ali onde guardava memórias, coisas as quais me recusava me despedir.

Antes de finalmente abandonar o quarto, dei uma última conferida na cama e minha namorada continuava dormindo. Então abraçando o objeto frio junto do peito, fui até a sala e me sentei em um dos sofás.

Ainda estava escuro, o sol não dera as caras, mas logo o faria. A luz que fugia das janelas era o suficiente. Teria que ser.

Cuidadosamente abri, retirando de lá aquilo que havia me tirado o sono durante todo esse tempo. O colar com pingente de sorvete que Hoseok me deu. Lá havia também nossa aliança de compromisso, a prova física da promessa dele.

Do nosso para sempre. O motivo de ainda acreditar, ter esperanças, e sofrer cada maldito dia esperando. Deixei a caixa de lado e passei o indicador e o polegar nas joias, que batiam uma na outra, fazendo um som engraçado.

Ao fechar bem os olhos, podia imaginar com perfeição o dia que ganhei aquilo, e o quão estupidamente feliz fiquei. Era um menino, um menino cheio de certezas.

— O que está fazendo? — uma voz soou baixa atrás de mim e rapidamente tratei de limpar as lágrimas que me caíam no rosto. — Você está chorando, sozinho?

— Não é nada, está tudo bem — desviei o olhar, passando as mangas da camisa longa que usava em meu rosto. — Ainda é cedo, o que faz aqui?

— Por que estava chorando? — Seokjin ignorou minha pergunta e se aproximou, sentando no lugar vago ao meu lado. — Diga para mim, por favor. Não guarde coisas para si mesmo novamente.

— Eu estou bem, juro.

— Não minta para mim, Yoongi. Eu sou seu melhor amigo, como um irmão — os sussurros saíam em tom de bronca, mas ele procurou minhas mãos para segurar, só que os olhos esbarraram no colar que ainda prendia contra a palma. — Isso... É o que estou pensando?

Ser pego no flagra não é o que tinha em meus planos, muito menos chorando. Ser descoberto pelo meu melhor amigo significava preocupação desnecessária.

Desviei o olhar para minhas coxas e apenas concordei em um aceno, sentindo aquela vontade esmagadora de chorar chegando mais forte dessa vez.

— Foi Hoseok quem te deu, não foi? Naquele tempo, eu lembro o quão feliz você ficou — carinhosamente passeou o polegar em minha bochecha, limpando a lágrima que havia fugido. — Não chore, Yoongi. Vai me fazer chorar também.

— Eu o amo, Jin. Ainda amo Hoseok e me odeio tanto por isso — rapidamente me aproximei, abraçando-o, escondendo meu rosto no pescoço marcado. — Eu o amo mais do que a mim mesmo ou meu orgulho, isso é tão vergonhoso.

— Oh, meu amigo — o tom era choroso e ele passava a mão em meus fios, como uma mãe consolando um filho. — Nós vamos achar um jeito

 

 

 

 

{...}

 

 

 

 

O expediente na revista milagrosamente havia terminado cedo naquela sexta em especial, e eu sabia que aquilo tinha dedo do Jung e do seu dinheiro. Há exatos sete dias ele havia feito a mesma coisa, o que me dizia que tinha a ver com minha dispensa precoce hoje também.

Por sorte pude dirigir lentamente até onde Jungkook tirava algumas fotos e esperá-lo no carro enquanto fumava alguns cigarros e ouvia uma música qualquer.

Não queria chegar sozinho naquele lugar, nem cedo o suficiente e ficar a sós com meu ex-namorado. Andei evitando sua presença, apenas trocávamos algumas mensagens. Estávamos nos inserindo na vida um do outro novamente.

— Isso vai acabar te matando — surpreendeu-me ao puxar o cigarro da minha mão e pisar em cima. O olhei cheio de indignação e ele sorriu. — Estou te fazendo um favor.

— Você me livrou de um — liguei o carro assim que o atrevido se acomodou no banco do passageiro —, eu ainda tenho muitos deles.

—Acho que um já é alguma coisa.

O bar que os meninos escolheram era um lugar bem mais calmo, música baixa, um ambiente refrigerado e confortável. Nada de multidão, ou uma grande concentração de pessoas.

Os poucos que estavam por ali fumavam e conversavam, som esse que era abafado pela banda que tocava. Um bom lugar para conversar, coisa que não queria fazer, não com tanto assunto pendente me incomodando e umas boas doses de álcool na cara.

Não foi difícil encontrar a nossa mesa, a mesa que deveríamos seguir. Taehyung, Hoseok, Namjoon, Seokjin e Jimin conversavam animadamente, mas tinham alguns lugares vagos ao redor.

Uma garrafa de uísque descansava bem no centro, com um balde de gelo pronto para ser consumido ao alcance das mãos. Jimin tomava uma cerveja, diferente de todos ali, e foi o primeiro a nos enxergar.

— Olha, olha. Os atrasadinhos chegaram!

Nos sorrimos e Jungkook correu para abraçar Jimin e expulsou Taehyung para sentar ao lado dele. Eu me aproximei com mais calma, sentindo o olhar de Hoseok sobre mim.

— Eu pensei que você sairia bem mais cedo hoje, Min — Hoseok foi o único a levantar quando nos aproximamos, estendendo a mão para um aceno.

— Você está muito inteirado sobre meus horários recentemente, não é senhor Jung? — apertei levemente a mão, sorrindo de canto com a provocação. — Precisei buscar Jungkook, que tipo de chefe e amigo seria se o deixasse vir sozinho?

— Oh, claro. Que cabeça a minha — saiu de seu lugar puxou a cadeira para que eu sentasse, todos os olhares caíram sobre nós. — Sempre que penso em você, lembro-me do quão bom seu coração é.

— Sua memória pode estar fraca. Já faz algum tempo, certo?

— Touché!

— Estávamos falando sobre a festa de casamento, Yoongi — Seokjin me chutou por baixo da mesa e tentava me falar alguma coisa com o olhar, mas tinha um sorriso caloroso no rosto. — Namjoon e eu decidimos que será ao ar livre, na casa de campo da família dele.

— Na mansão de campo — Taehyung acrescentou —, você quer dizer.

— De qualquer forma, não é muito cedo para pensar sobre isso?

— Nós vamos acelerar o processo um pouquinho, grandão — Namjoon sorriu carinhosamente. — Só vamos esperar nossa casa ficar pronta. Tem espaço o suficiente para você, e será muito bem vindo, se quiser.

— Por Deus, não. Eu já te vejo sem camisa todos os dias, não quero ter essa visão para sempre — movi as mãos em frente ao rosto e todos riram. — Além do mais, preciso dar um jeito em minha vida. Eu também quero um futuro, e certamente ele não é ficar de vela para vocês dois.

— Então vai pedir Soonkyu em casamento? — perguntou Jimin, que estava calado desde que sentei. — E onde ela está? Não vai se juntar a nós?

— Ela ainda está no trabalho. Mal de advogados, sabe como é — forcei um sorriso e levantei a mão, pedindo um copo ao garçom.

— Eu entendo perfeitamente, meu Hobi é um advogado e está sempre ocupado demais para seu noivinho. Não é, amor? — um bico infantil e ele rodeou o pescoço de Hoseok com aqueles braços fortes.

— Jiminie... — um Seok desconcertado deixou um carinho em um dos braços, livrando-o do aperto em seguida.

Não tardou para que um corpo me fosse concedido e para que Namjoon mudasse do assunto casamento, aquele papo apenas estava me causando inúmeros constrangimentos. Respirei fundo antes de encher o copo com uísque puro e sorver tudo em um único gole.

Meus amigos deram seguimento ao papo, que momentos depois descobri ser sobre o novo escândalo político pelo qual o país estava passando. Por sorte era um campo qual entendia, bem longe de mim e do meu passado ou futuro, coisas que me incomodavam recentemente.

Logo me envolvi e alguns novos copos de bebidas vieram, o tempo parecia voar. Por mais que o coração desse pulinhos dentro do peito, conseguia fingir com perfeição que Hoseok não me atingia, que estar cara a cara com ele não era sufocante.

Conseguia até mesmo conversar calmamente, não o ignorando como costumava fazer, mas sim incluindo ele e o noivo nos assuntos sem receio algum. A novidade não me assustava como antes, não sentia mais que o ruivo era de fato uma ameaça.

— Eu avisei, avisei que era estranho. Mas ele não me queria ouvir, então saiu, e demorou a entende por que todos estavam rindo. Era uma peça feminina, estava do avesso, e no lugar errado! — contei e todos gargalharam. Menos Jungkook, que era o foco da minha piada. — O garoto colocou os braços no lugar das pernas!

— Você tem fotos disso? — Jimin visivelmente alterado batia na mesa, gargalhando.

— É claro que eu tenho — vasculhei a bolsa em busca do celular —, não poderia deixar isso passar. Tenho várias cópias, em vários lugares.

— Não, hyung... Por favor!

— Me mostre isso também, Yoongi-ah! — Taehyung gargalhou. — Essa foto custaria caro em nossa família.

Por mais que estivesse um pouco alterado devido ao álcool, consegui encontrar o aparelho com facilidade e entreguei para Taehyung.

O smartphone foi passando de mão em mão, todos gargalhavam e passavam para a pessoa que estava ao lado, mas foi só chegar às mãos de Jimin que o ciclo se fechou.

Ele gargalhou como os outros, mas passou para as fotos seguintes. Hoseok, que estava ao lado dele e ria também, logo fechou a cara e depois me encarou, intercalando assim o olhar entre mim e a tela.

— Me dê isso aqui, Jiminie — estendi a mão.

— Você tem muitas fotos de Soonkyu aqui, e formam um belíssimo par. Olha essa, amor. Eles est- — me inclinei sobre a mesa e finalmente consegui recuperar o aparelho, mas ele não pareceu muito contente com aquele bico enorme. — Você a ama mesmo, não ama?

— Amo...

— Vão ser muito felizes juntos, eu sei disso.

Para driblar o clima ruim que o ruivo parecia não perceber, mostrei outras fotos, essas menos perigosas, o que fez com que todos sorrissem outra vez. Não foi preciso muito, já que fazia algumas horas que estávamos bebendo e ficar sentado não ajudava em nada.

Chegamos ao estágio de rir de qualquer coisa, e foi assim que a nossa noite teve um fim, com sorrisos. Na despedida ganhei um abraço apertado de Hoseok antes de entrar no táxi onde Seokjin e Namjoon estavam – já que todos beberam demais para dirigir.

Acabei deixando um beijo discreto no pescoço dele, o que fez com que se arrepiasse e me devolvesse com um suspiro pesado e um aperto grosseiro na cintura.

Murmurei que estava lindo naquele terno cinza e nos separei, abraçando também Jimin bem forte como se nada tivesse acontecido. Certamente uma coragem oriunda dos seguidos copos de uísque.

Finalmente dentro do veículo, contei aos meus amigos o que havia feito e eles gargalharam como nunca, dizendo o quão louco era.

E certamente sou, louco por Jung Hoseok. Permaneci com um sorriso insistente até chegarmos ao apartamento, onde minha namorada me esperava com uma cara de poucos amigos.

— Onde você estava, Min Yoongi? — praticamente rosnou quando fomos deixados a sós.

— Fomos ao bar, todos os meninos, como nos velhos tempos— me inclinei para tocar meus lábios aos dela, mas fui empurrado. — O que houve?

— Ele estava lá?

— Ah, não. Isso de novo não.

Ignorando os chamados pelo meu nome, segui corredor adentro em direção ao meu quarto. Encontrei Hope dormindo no tapete, respirando pesadamente, alheio aos nossos problemas e a tudo que aconteceu mais cedo.

Passei reto em direção ao banheiro, mas sabia que era seguido de perto, que tinha um olhar me queimando as costas.

— Não pense que vai me deixar falando sozinha como das outras vezes — impediu que fechasse a porta. — Por que falar dele te incomoda tanto? Ainda sente alguma coisa por aquele infeliz?

— Porque é meu passado, passado precisa ficar no passado — cantarolei, tirando a camisa que usava.

— Não é passado quando isso te afeta, quando te deixa dessa forma. Pensa que não vejo como fica todo sorridente quando encontra com ele? Eu vejo, Yoongi. Não sou cega.

— A gente só tomou alguma coisa, conversou. Eu nem fiquei sozinho com ele.

— Mas bem que queria, não é?

— Quer saber? — virei de frente para ela, apontando a porta. — Saia, isso não vai dar certo.

— O problema é que você não gosta de ouvir a verdade, eu sempre saio como louca. Não é me expulsando do banheiro que vai resolver as coisas.

— Não, eu mandei sair da minha vida. Acabou! Eu tô de saco cheio, só vai e me deixa em paz. Quando sair do banho, não quero te encontrar aqui.

Os olhos grandes se arregalaram ainda mais com minha resposta, a boca se abria várias vezes, mas nenhum som saía. Impaciente e embriagado, a única resposta foi finalmente fechar a porta e me livrar do restante da roupa.

Optei pela banheira que pareceu convidativa, sem qualquer noção de tempo, permanecia afogado nos meus sais preferidos. Aquele banho demorado foi uma recompensa por aguentar tanto tempo ao lado do meu problema sem fazer a coisa errada.

Inicialmente não senti culpa ou receio algum pelo que havia feito, mas aos poucos a consciência retornava e foi sair do banheiro que dei de cara com um rosto choroso.

Não sabia o que fazer, nem como reagir, a mente lenta me levou em direção ao guarda roupa. Rapidamente vesti apenas uma calça moletom e desejei que ao virar, não a encontraria mais ali, só que a cena que se seguiu foi ainda pior.

Soonkyu se aproximava, só que agora tinha lágrimas no rosto. Se o coração estava apertado antes, agora estava a um passo de desistir. Ela estava certa, eu fazia mesmo coisas erradas quando encontrava Hoseok.

— Você não pode fazer isso! — o nervosismo fazia as mãos pequenas tremerem ao se agarrarem em minha camisa. — Não pode terminar comigo.

— Fica calma, está tudo bem.

— Não, não está nada bem. Você não pode terminar comigo!

— Se ficar calma, vamos poder conversar — carinhosamente toquei os fios castanhos.

— Você não entende, não é? Se me deixar agora, todo o trabalho que tive vai ter sido em vão! E diferente de você, eu tenho muito a perder.

A frase soou muitíssimo suspeita, entretanto o álcool me nublava a razão. Por mais que quisesse cobrar explicações, estava cansado demais para qualquer discussão.

Aproximei-me, puxando-a para um abraço e pude jurar ver o pânico nos olhinhos antes que ela se pregasse junto de mim. Por esse motivo, fiz com que me encarasse por meio de um aperto firme no queixo.

— Do que está falando?

— Do trabalho que tive para te conquistar, é claro! — a voz vacilou, o sorriso era fingido e soube no mesmo momento que não era sobre isso que se tratava. — Vamos dormir, sim? Fingir que nada disso aconteceu. Você bebeu muito e realmente não parece bem.

 

 

 

 

 

{...}

 

 

 

— Isso nunca me aconteceu antes — levei as mãos ao rosto, totalmente frustrado.

— Ah, jura? — o sorriso irônico da minha namorada estava lá no momento em que se afastou de mim. — Não acredito que fez isso comigo.

O medo de ficar sozinho falou mais alto e acabei cedendo noite passada, não me lembro de mais do que uma discussão rápida e algumas tentativas de desistência.

Era meu lado ajuizado falando justamente quando estava alcoolizado, talvez a culpa falasse mais alto em momentos como aquele, e eu não soubesse lidar com isso.

O problema é que não me aproveitei do pico de coragem e isso nos leva à situação mais constrangedora de toda minha vida. Fui acordado com beijos e carícias nada pueris que aproveitaria se não tivesse com um único rosto na cabeça.

Por culpa, acabei não conseguindo me excitar. Pelo menos gostaria de acreditar que era esse o motivo.

— Eu não sei o que houve, acho que foi essa dor de cabeça...

— É porque está nervoso, pensando em outra coisa — gesticulava nervosa, e então pareceu pensar. — Não me diga que...

— Se vai falar do meu ex, nem começa. Não é uma boa hora, não depois de ter broxado.

A discussão da noite anterior serviu de lição, por mais que Soonkyu soltasse fogo pelas narinas, não falou nada.

Apenas se trancou no banheiro e vestiu as roupas sem falar comigo, estava com a cara tão fechada que temi sequer tentar me aproximar.

Ao saímos para o café da manhã, encontramos meus amigos chegando de sabe-se lá de onde e ela se juntou à Seokjin, fofocando, certamente.

Frustrado, me joguei no sofá e me preparei para aquele final de semana que seria muito longo. Namjoon lentamente se aproximou, sentando no sofá em minha frente. Não falou nada por um tempo, então sorriu.

— Aquele seu não sobre morar comigo e Jin foi mesmo sério?

— Sim.

— Então tem outros planos?

— Por enquanto não — desviei o olhar da televisão, encarando-o. — Falou sério sobre me querer morando com vocês? Pensei que o lance da amizade fosse apenas porque Hoseok pediu. Sabe, ele me contou tudo.

— No começo. No começo pode ter sido, mas eu te amo, seu idiota. Você é um dos meus melhores amigos, mais do que isso, é alguém da família. Não foi à toa que te escolhemos como um dos padrinhos. Você é parte da nossa vida.

— Ah, isso foi tão lindo — zombei e ele me jogou um dos travesseiros que agarrei e abracei junto do peito.

— Jin tem razão, seu coração foi substituído por uma pedra.

— Sério, fico mais do que feliz que forme uma família com seu amor verdadeiro.

— É o que espero que aconteça com você também.

 

 

 

 

{...}

 

 

 

 

 Quando cheguei em casa nem estranhei ao ver toda aquela gente reunida, de algum modo o apartamento antes silencioso virou nosso ponto de encontro.

Todos meus amigos (incluindo meu ex-namorado e seu noivo) e minha namorada bebiam, comemorando com assobios quando cheguei. Não sei como não receberam uma ligação do síndico, pareciam muito alterados, mesmo para um final de semana.

— O que aconteceu aqui? — me aproximei, puxando a única mulher no lugar pela cintura para perto de mim. — O que estamos comemorando?

— Nossa amizade — Seokjin me entregou uma garrafa com um sorriso nos lábios —, não é motivo o suficiente?

— Vocês estão me escondendo algo...

— Como foi o desfile, amor? Chegou tarde.

Soonkyu virou de frente para mim, puxando-me pela cintura para mais perto. Nossos lábios se encontraram em um beijo rápido, finalizado por alguns selares.

Enquanto ela me roubava mais alguns beijos tentava explicar baixinho como fora meu dia, aproveitando-me de seu momento de fala para tomar um longo gole da bebida.

Minha mão ainda acariciava a nuca por baixo de todos aqueles fios, carinhosamente. Só que por cima dos ombros dela poderia ver alguém bastante incomodado, era o olhar de Hoseok queimando em nós dois.

Então sentei, seria demais ficar encarando-o, ele parecia realmente incomodado com a proximidade, com nosso relacionamento. Aquela intensidade passada pelo mar castanho me assustava, mas não me deixei abater.

Nossos olhos permaneceram conectados e com um sorriso no rosto, ergui a cerveja na direção dele e de Jimin quando minha namorada sentou em meu colo, mesmo com tantas outras opções disponíveis.

— Sem mistérios, eu presenteei meu lindo noivo com algumas ações do hospital em que trabalha. Boa parte delas — Namjoon falou como se fosse a coisa mais normal do mundo e meu queixo caiu. — Ele adora aquelas crianças, aquele emprego. Nada mais do que justo que trabalhe na direção daquele lugar também. Nosso Seok nos ajudou com a compra.

— Jin, meu Deus! Você tem um noivo maluco!

— Eu sei!

— Não é por nada, mas eu quero mesmo dançar! — Jimin se remexeu no sofá, como se estivesse rebolando.

— E então? — Jungkook que até então conversava distraidamente com Jimin se aproximou de mim, fazendo um carinho em meus fios. — Já que meu querido hyung chegou, podemos sair?

— Vamos ouvir primeiro o que ele quer — Hoseok sorriu, afrouxando o nó na gravata de um jeito que me pareceu malditamente sexy. — Quer sair ou ficar, Yoongi?

— Eu...

Ainda perdido pela imagem em minha frente, não sabia o que responder. Acabei levando um beliscão nada discreto da mulher que estava sentada em minhas pernas.

Apertei carinhosamente a cintura dela e todos os olhares caíram sobre mim. Por sorte o celular tocou e eu levantei, me afastando do aglomerado com o aparelho em mãos.

O número era desconhecido, então encarei a tela alguns segundos antes de atender.

Você é Min Yoongi? — uma voz desconhecida perguntou e concordei. — Sou de Daegu. Seu número estava na casa de Min Shinhye para o caso de alguma emergência.

— Sim, é minha avó. O que houve?

O homem falava, porém eu demorava a assimilar, juntar todas as informações. A primeira ação foi deixar a garrafa que segurava cair e se quebrar em um estrondo, chamando assim a atenção dos meus amigos.

Nervosamente, me aproximei deles que agora olhavam em silêncio. As mãos trêmulas passaram pelos meus fios e sentei na poltrona.

Meu avô não resistiu a um AVC, minha avó passou mal e agora estava no hospital. Ele explicava termos técnicos e enrolava acerca do assunto, só que meu nervosismo não conseguia esperar.

O coração pulava dentro do peito e precisava de respostas imediatas, e já. Sentia algumas lágrimas, mas não queria chorar na frente de todos eles, então cobri meus olhos com uma das mãos.

— Diga logo o que aconteceu com ela, droga! Eu não posso perdê-la também!

Ela está bem, só vai ficar em observação por um tempo e precisa de um acompanhante.

O motivo principal pelo qual ligou é que alguém precisava pagar as despesas do hospital, não que estivesse preocupado com o quão desolada minha pequena avó estava em um momento daquele.

Após acertar todos os detalhes precisei explicar aos meus amigos preocupados o que acontecera, as lágrimas nem tinham a decência de permanecerem bem guardadas, elas caíam descaradamente e mostravam uma face frágil que não deveria ser vista por ninguém.

— Amor, eu tenho uma reunião importante amanhã. Não posso cancelar em cima da hora.

— Não tem problema, eu vou sozinho — passei as mãos no rosto, levantando. — Preciso arrumar minhas coisas, tenho que ir agora, ela precisa de alguém. Deve estar se sentindo tão sozinha.

— Ficou maluco? Você não pode ir sozinho — Seokjin que largou a garrafa há tempos esbravejou. — Como vai conseguir um voo em cima da hora?

— Eu vou dirigindo, não sei. Não posso ficar sentado e esperar.

— Tem o meu helicóptero, só que vai precisar de mais ou menos uma hora para tudo ficar em ordem — Namjoon puxou o celular do bolso antes mesmo que aceitasse ou não.

— Enlouqueceu? Eu vou dirigindo, está tudo bem.

—Eu vou com você — Hoseok finalmente falou, atraindo o olhar de todos. — Não posso te deixar sozinho em um momento como esse. Nunca. Nem deixar que dirija nesse estado.

— Não precisam se preocupar tanto, eu sei me virar.

— Olha só o seu rosto, hyung — Taehyung passou o braço sobre meu ombro e deixou um carinho ali. — Está chorando desde que recebeu a notícia, precisa de alguém para lidar com as formalidades. Do jeito que está não vai ajudar em nada.

— E Hoseok é advogado — Jimin acrescentou inocentemente. — Vai ser uma boa ajuda num primeiro momento.

— Se não vai aceitar meu meio de transporte, acho que deve pelo menos aceitar a companhia de Hoseok. É mais seguro, grandão — Namjoon se aproximou de mim. — E evitará novos problemas.

— Eu apenas avisei que vou te acompanhar, Yoongi. Não pedi para ir — ditou daquele jeito autoritário, digno de um homem de negócios que agora é e remexeu nos bolsos em busca de algo. — Não aceito um não como resposta. E por favor, Jin. Arrume as coisas dele, eu volto logo para busca-lo.

Ainda trêmulo, não consegui reclamar e nem tive forças para retrucar com mais uma das minhas provocações.

Meu peito ardia em dor pela minha avó, ela quem me ajudou tanto agora passava por apuros, eu deveria ser o único a fazer algo.

Abracei Taehyung e afundei meu rosto em seu pescoço, logo sentindo Jungkook se juntar ao nosso aperto. Eles me encorajavam dizendo que tudo ficaria bem, e no momento é tudo que mais desejava.


Notas Finais


o que acham desse viagem? eu sinto cheiro de confusão, e vocês? vamos conversar


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