Espírito Selvagem
Prólogo
Desistir por simples vontade de não continuar é algo muito fácil e vago de ser feito. Mesmo assim, muitas pessoas continuam parando antes de começar. O que te diferencia de pessoas assim? Você é só mais um ser humaninho preso dentro de uma bolha que flutua pelo cosmos.
Uma bolha frágil que, á qualquer momento pode simplesmente estourar e acabar com tudo que você conhece e tudo o que você ama, tudo pelo que você luta. Pop. Acaba sem que você sequer tenha tempo de pensar.
E então? Você é um garoto, ou uma garota sem bolha agora. Mas isso não é tão ruim, dependendo de como você vê sua própria situação. Você não está mais preso á nada e a ninguém, não está sujeito á mais nenhuma regra, á padrões que você apenas não quer seguir.
Você é livre. Você está preso do lado de fora.
E então, como continuar?
Ato I – A Bolha
Cena I: A Raposa Azul
(Som de despertador)
(Bocejo)
(Alguém bate numa porta de madeira)
Mãe: Clarisse! CLARISSE!
Clarisse: To indo...! (Ela balbucia)
Deus do céu... Que preguiça...
Clarisse jogou suas pernas pra fora da cama, ficando sentada e começando um bocejo longo acompanhado por seus braços e pernas se espreguiçando.
Levantou-se da cama, indo até a janela e abrindo uma pequena fresta para observar o movimento da rua naquela hora. O Padeiro tocava sua buzina em frente á sua casa, e a garota observou sua mãe saindo pelo jardim da frente e indo até ele. Senhora Melissa, uma mãe de família e dona de casa. 42 anos, cuidava praticamente sozinha de sua filha e do pequeno Lucas, pois seu marido havia falecido fazia alguns meses.
Clarisse abriu a porta de seu quarto e desceu as escadas para o andar debaixo. Lucas estava em seu carrinho de bebê, e ela fez questão de segurar a mão do pequeno, que apertou seus dedos.
A garota sorriu, olhando para os olhos da criança, claros e azuis como a água do mar.
Melissa entrou na casa com quarto pães na sacola.
- Tem mortadela na geladeira. E suco de acerola.
Clarisse soltou a mão da criança e abriu a porta da geladeira, encontrando a mortadela e o suco. Também havia um pequeno pudim de chocolate na parte debaixo.
- Surpresa!
A mulher colocou as mãos nos ombros da menina, que demorou um pouco ainda á entender o que estava acontecendo.
- 15 anos! Minha filha já é uma mocinha..
- Ah, é!
- Como você esquece do próprio aniversário?
- Mãe, não precisava...
Melissa tirou o pudim da geladeira, o colocando em cima da mesa.
Clarisse encarou aquele tentador doce, que parecia derreter em cobertura de caramelo e canela enquanto sua mãe pegava uma faca para cortar o Pudim.
Repentinamente, ouviu um som peculiar. A lata de lixo caindo no chão, e com a cabeça dentro dela, uma pequena raposa azul.
- Mãe, entrou um bicho aqui.
Ela virou seu olhar para a mãe, que servia o Pudim e apontou na direção da lixeira. Melissa levou os olhos ao canto da cozinha, mas ambas viram apenas lixo espalhado pelo chão.
- Será que foi um rato?!
A Mulher se levantou da mesa, pegando uma vassoura
- Era uma raposa, mãe. Era uma raposa.
- Uma raposa? No centro de São Paulo, filha?
Clarisse se aproximou da lata de lixo, e realmente, não havia nada ali.
- Que estranho...
O Ocorrido foi deixado de lado por um tempo, e Melissa, Clarisse e claro, o pequeno Lucas voltaram a comer o pudim.
Sobrou ainda um pouco, que Clarisse decidiu deixar pra terminar depois da janta, junto com sua mãe.
- Você pode faltar aula hoje se quiser. Mas eu vou ter que sair.
Disse a mulher, levando os pratos á pia.
Clarisse levou os copos.
- E ficar só? Prefiro ir, quero sair com Isabela depois da aula hoje. Posso?
- Pode. Mas esteja em casa antes das 18:30h.
- Obrigada mãe!
Disse a garota, puxando o rosto da mãe e beijando sua bochecha.
Assim feito, Clarisse tomou banho, arrumou seu material e saiu rumo ao Colégio Municipal Lim Pedores.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.