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História Espíritos - Capítulo 2:


Escrita por: GiullieneChan

Capítulo 2 - Capítulo 2:


Na cozinha Shun acabava de colocar o frango xadrez em uma vasilha para esquentá-lo no micro-ondas, ele não percebia o que acontecia com seu irmão devido ao fato de estar ouvindo música com seu mp4, enquanto preparava a refeição.

Ele cantarolava uma música de sua cantora preferida, quando teve a sensação de que era chamado. No início jurava que era por uma voz feminina, mas ao retirar os fones, ouviu foi a voz de seu irmão.

—Nii-san?

Largou o que fazia, e foi a passos apressados até a porta do banheiro guiado por um pressentimento ruim. Bateu na porta, chamando-o.

—Ikki! Tudo bem? Abra a porta!

Do lado de dentro, Ikki lutava com seja lá o que fosse que tentava afogá-lo em sua própria banheira. Ergueu o braço em uma nova tentativa de escapar e agarrou-se a cortina de plástico que circundava a banheira, tentando se puxar para fora.

Com o gesto, parte da cortina rasgou-se. Mas isso não o fez desistir, os pulmões ardiam exigindo oxigênio. Com todas as forças que lhe restavam, antes que a falta de ar lhe jogasse perigosamente na inconsciência. Ikki conseguiu se agarrar a borda da banheira com uma das mãos e a outra segurava ainda firme a cortina.

Ele praticamente se jogou para fora da banheira, tossindo devido a água que engolira involuntariamente, a mesmo tempo que tentava respirar. Neste exato momento, Shun entrou no banheiro, praticamente arrombando a porta. Assustado, viu seu irmão caído ao chão.

—Ikki, o que foi? O que aconteceu?

Ikki com um gesto pediu um tempo para respirar e apoiando a mão no ombro do irmão, levantou-se.

—Depois... -disse por fim, saindo de lá e indo na direção do quarto.

Shun ficou sem entender o que acontecia. Olhou para o chão molhado, havia lama nele...lama preta. Como se alguém andasse por ali, com os pés suja da mesma terra que ele havia visto na mesinha da sala.

Não houve mais nada de estranho naquela noite. Apenas a estranha sensação de que não estava sozinho não abandonava Ikki. Após o jantar, Shun insistiu que passaria a noite ali e foi dormir no quarto que era reservado a ele quando visitava o irmão. Ele não fez pergunta alguma do que houve embora Ikki soubesse que a mente do caçula estava repleta de dúvidas e indagações. Conhecendo o irmão, sabia que ele faria tais perguntas mais cedo ou mais tarde.

Ikki tratou de dormir assim que Shun avisou que também se recolheria.

Em seu quarto, Ikki se jogou na cama, com roupa e tudo. Com gostava de dormir de maneira folgada, havia comprado uma cama de casal. Era muito útil quando trazia companhias femininas para uma noite ou outra de sexo casual.

Uma sensação de que estava sendo observado o invadiu. Mas ele estava sozinho no quarto e a porta estava fechada. Ficou deitado na cama, olhando fixo para o teto, tentando saber o que estava havendo afinal.

O sono custou a voltar. Praticamente havia passado quase a noite toda acordado. Pouco antes do amanhecer, sentiu-se cansado e fechou os olhos. Sentiu que alguém tocava em sua fronte suavemente e abriu os olhos, não havia ninguém ali. Olhou para o lado e sentou na cama ao perceber que o travesseiro ao seu lado estava fora do lugar, como se alguém houvesse deitado ali, bem como os lençóis em desalinho. Como se alguém tivesse passado a noite toda deitada ao seu lado.

Levantou da cama assustado, olhar fixo na cama. E o perfume de flores do campo voltou a atingir seus sentidos.

—Ikki...

Ikki virou-se atendendo ao chamado e viu a imagem pálida de Esmeralda logo atrás dele. Com o susto de estar diante dela, ele recua e cai ao chão ao pisar em cima dos sapatos jogados pelo caminho.

Esmeralda usava o mesmo vestido daquele dia trágico quando sua vida foi ceifada, era até mesmo possível ao cavaleiro ver o ferimento mortal marcando sua pele. Ela estende os braços em sua direção, como se tentasse tocá-lo.

—Ikki...

—Você está morta! Não pode ser real. Esmeralda...não pode ser você...

A jovem estende a mão, se aproximando dele. O olhar amargurado, como se um grande sofrimento a perturbasse, impedindo seu descanso. Ikki estende a mão, querendo tocá-la mais uma vez, sentir seu calor. Era a sua Esmeralda... Sua amada Esmeralda.

—O que quer comigo, Esmeralda? Quer que eu vá com você? Para ficarmos juntos? -ela não responde, tenta sorrir.

Ela olha assustada para o lado, como se temesse algo e em seguida desaparece.

—ESMERALDA!

Shun neste momento abre a porta do quarto do irmão.

—Ela esteve aqui Shun...Esmeralda esteve aqui. -disse Ikki, sentindo uma grande dor em seu coração. -Ela está sofrendo...

 

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Horas depois, Shun chegava diante da mansão Kido. Seja qual for a estranha experiência sobrenatural que o irmão vivenciava, estava acabando com ele. Shun não podia ficar de braços cruzados, sabendo que algo estava tentando matar Ikki.

Ele ouviu os relatos de Ikki, desde que havia saído da Ilha da Rainha da Morte, a sensação de nunca estar sozinho, vultos, algo querendo matá-lo durante o banho e a aparição de Esmeralda. Por mais que tentasse persuadir Ikki a acompanhá-lo até a Mansão e conversar com a pessoa que poderia instruí-lo sobre o assunto, Ikki se recusou a sair do apartamento, certo de que Esmeralda queria lhe dizer algo e que poderia voltar.

Não temia apenas pela integridade física de Ikki, mas também por sua sanidade neste momento.

Foi até a varanda, certo de que o encontraria ali, tomando seu habitual chá. E acertou. Sentado de costas para ele, tomando o chá recém servido por Tatsumi.

 Era costume agora que Atena não deveria se ausentar do Santuário sem a proteção de um cavaleiro dourado, e desde que ela chegara ao Japão semanas atrás, aquele homem sempre estava por perto da deusa.

—Olá, Andrômeda.- Shaka o saudou, sem se virar. -Aceita chá?

—Obrigado, Shaka. Mas...

—Sinto que está angustiado. -Shaka depositou a xícara sobre o pires na mesa, e virou-se na direção do cavaleiro de Andrômeda.

Mesmo com os olhos cerrados, Shun teve a sensação de que o Cavaleiro de Virgem enxergava sua alma.

—Tem um tempo para tirar uma dúvidas, Shaka?

—Sempre tenho. -indicou a cadeira diante dele. -A senhorita Saori está trabalhando na biblioteca. Não pretende sair de casa hoje, então como pode ver, estou com o tempo livre no momento. O que o aflige?

Shun hesitou em falar, mas sentia que poderia confiar naquele homem.

—Acredita que os espíritos podem voltar a este mundo e nos causar mal? -perguntou, fitando Shaka e esperando pela resposta.

Shaka ficou pensativa um pouco, como se analisasse a pergunta de Shun e em seguida respondeu:

—Muitas religiões e doutrinas pregam que após nosso espírito abandonar nosso corpo, parte para outro plano de existência e jamais volta. Outros acreditam que se um espírito tem algum negócio inacabado, se é apegado a este plano material, ou que tenha sofrido uma morte terrível e violenta, não consegue descansar em paz...não até que seu espírito seja libertado destas amarras. Vivem vagando por aí, entre os vivos, entre aqueles que em vida lhe foram queridos ou odiados.

—Mas acredita que um destes espíritos possam causar mal? Que sejam malignos?

—Malignos eu não diria. -Shaka colocou a mão sobre a boca, em uma postura reflexiva. -Mas acredito que espíritos rancorosos possam causar mal sim, não que façam isso porque querem, apenas estão confusos...sofrendo. E para isso precisam de ajuda para seguirem seu caminho.

—Ajuda?

—Sim. Às vezes o que o espírito precisa é de preces por ele. Os espíritas acreditam que seres de luz os guiam para o caminho certo. Ou que seu negócio inacabado seja resolvido. -Shaka continuou. -Muita vezes o que leva um espírito a agir de maneira nociva, seja que o local de descanso de seus restos mortais tenha sido profanado.

Neste momento Shun lembrou-se que a Ilha da Rainha da Morte havia sido destruída quando Saga estava dominado pela sua face maligna. Será que era por isso que Esmeralda estava aparecendo para Ikki? Por que seu local de descanso foi profanado naquela ocasião? Nada disse fazia sentido! Pois se fosse isso mesmo, pelo pouco que sabia dela, pelas histórias que Ikki lhe contava... Ela jamais iria fazer algo que o ferisse!

—Ou que nem sequer recebeu um sepultamento adequado. Aí seria necessário libertá-lo.

—E como se faz isso?

—Em algumas culturas basta abençoar o local onde estão os restos mortais, ou um exorcismo por um xamã ou alguém com grande espiritualidade. Em outras culturas acreditam-se que isso é possível apenas pelo fogo. -Shun prestava atenção às palavras de Shaka. -Cremar os restos mortais e levar suas cinzas para um local sagrado ou espalhar suas cinzas pela água, como os indianos fazem. Isso libertaria o espírito rancoroso e ele teria que partir para o outro mundo.

 

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Em seu apartamento Ikki observava pela janela da sala o movimento da rua. Apesar de estar no décimo segundo andar ouvia os sons dos carros, as buzinas. Sua mente tentando assimilar os últimos acontecimentos, tentando encontrar uma resposta.

Será que o sofrimento que viu estampado no rosto de Esmeralda era porque não estavam juntos? Ou havia algo maior?

Esfregou as mãos no rosto, sentia-se exausto. Suas narinas captaram o aroma das flores, mas desta vez não sentiu medo ou receio. Olhou ao redor, não a viu, mas sentia a sua presença.

—Esmeralda?

Olhou para um lado, e sentiu que um vulto passava próximo. Virou-se rápido para vê-lo e nada. Sentiu-o novamente, desta vez passando por detrás dele, um vento gélido, uma sensação sufocante o dominou por alguns instantes.

Novamente olhou ao redor. Havia terra negra no chão, elas produziam uma trilha que conduzia ao quarto. Ikki a seguiu, estava cansado disso tudo. Queria que Esmeralda lhe dissesse de uma vez o que ela queria.

Abriu a porta de seu quarto, não havia nada de incomum dentro dele, a não ser a trilha de terra que terminavam próxima a janela fechada. Foi até ela, olhando para fora e nada.

—Ikki...não.

Ikki ouviu a voz de Esmeralda e ao se virar deparou com um vulto, parecia que era feito de névoa negra, que formavam seu rosto cadavérico e cheio de ódio. Sim, era ódio que Ikki sentia daquela coisa. Ódio transferido a ele.

Um ódio tão intenso que uma força família e maligna o empurrou fazendo seu corpo chocar-se contra a janela do quarto, quebrar-se e lançar o cavaleiro de Fênix para fora na direção de uma queda mortal.

 

Continua...



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