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História Espíritos - Final:


Escrita por: GiullieneChan

Capítulo 3 - Final:


Uma sensação de dor percorreu todo o corpo de Ikki, após ter sido precedida de um frio que pareceu minar sua alma e seus sentidos, limitando seus reflexos e movimentos. Devido a isso, foi um alvo fácil para o que quer que tenha te atacado.

Mas a dor teve um efeito benéfico, ao qual o cavaleiro de Fênix irá atribuir a sua vida. A dor fez com que o frio minasse e por instinto, o cavaleiro conseguiu se segurar no parapeito da sua janela e evitar a queda que certamente iria causar sua morte.

Na calçada, as pessoas tiveram que se proteger da chuva de cacos de vidro da janela quebrada do apartamento de Ikki, atraindo os olhares para cima. As pessoas apontavam para o homem pendurado na própria janela. Uns gritavam para chamarem socorro, outros pararam para assistir a cena e o seu final.

Entre as pessoas na calçada estava Shun que voltava da casa de Saori Kido, e ao reconhecer quem estava pendurado na janela, correu para dentro do prédio, tentando evitar o pior.

No alto, Ikki consegue se agarrar com as duas mãos e impulsionar seu corpo para cima, após apoiar os pés na parede do edifício, começa uma difícil escalada de volta para o seu quarto. Suas mãos se cortaram nos fragmentos da janela quebrada que ainda permaneciam ali.

Finalmente entrou e pode respirar fundo. Mas a sensação de frio voltou fraca, mas estava ali, seja o que for havia ido embora.

Levantou, olhando as mãos feridas e foi ao banheiro lavá-las e evitar uma infecção. Enquanto se lavava, havia concluído algumas coisas.

Primeiro não sentia que Esmeralda queria feri-lo. Era a voz dela que ouviu, alertando para que não se aproximasse da janela, pouco antes de ser atacado. Segundo, não foi apenas Esmeralda que o ele trouxe da Ilha até sua casa, outra força de puro ódio e maldade viera junto. E em terceiro, sentia-se frustrado por não saber como esmurrar um espírito e fazê-lo sentir dor pelo ocorrido.

Shun entrava no apartamento correndo, entrando no quarto de Ikki e parando na janela, olhou para baixo e aliviado percebeu que o irmão não caiu para a morte certa. Ouviu o som da torneira aberta vindo do banheiro e deduziu que era seu irmão, foi até ele.

—Nii-san!

Ao se aproximar, pode ter uma visão através do espelho do banheiro. Ikki estava lavando as mãos e ao seu lado havia a imagem de uma menina de cabelos loiros, que o olhava condoída. Quando chegou a porta, a imagem no espelho sumira e Ikki estava sozinho.

Shun engoliu em seco. Realmente seu irmão estava sendo vítima de algum espírito que não conseguia descansar em paz. Ikki ergueu a cabeça e viu o irmão pálido a porta.

—Shun?

Shun fitou Ikki e falou em um fio de voz:

—Temos que conversar.

Na sala, sentado em uma poltrona enquanto o irmão estava diante dele no sofá maior, Shun contou ao Ikki sua conversa com Shaka e o cavaleiro de Fênix ouvia a tudo atentamente. Apesar do perfume de flores em seu apartamento vez ou outra o distrair.

—Nii-san? Ouviu o que eu disse? -Shun insistiu, achando-o disperso.

—Hã...Shun, você está sentindo o perfume de flores?

—Flores? -Shun o fitou preocupado. -Não, eu não sinto nada.

—Nas duas vezes em que fui atacado, o perfume havia se esvaído no ar e eu senti um frio intenso. Eu sei que enquanto este aroma estiver no ar, ele não pode ou não consegue voltar. -disse, com o olhar distante.

—Nii-san...precisamos voltar a Ilha da Rainha da Morte! Só assim todos terão paz! -insistiu Andrômeda.

—Eu não quero que Esmeralda vá embora Shun.

—Ikki, alguma coisa está tentando te matar! Temos que fazer algo.

—Saia daqui! -ordenou com voz fria.

—O que? -Shun julgou não ter ouvido corretamente.

—Mandei que saísse daqui!

Andrômeda fitou o irmão mais velho com incredulidade e então tal sentimento foi substituído pela surpresa quando percebeu a depressão, como se alguém estivesse sentado ali, ao lado de Ikki.

Shun não disse mais nada, saiu do apartamento pegando o celular e discando um número, antes de entrar no elevador.

—Alô? Saori preciso de sua ajuda! Tem como encontrar Mu de Áries urgente? Eu explico depois, basta saber que a vida de Ikki depende disso!

 

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Foi pouco mais de alguns minutos que Saori Kido levou para mandar uma mensagem ao Santuário, pedindo que o cavaleiro de Áries viesse o mais rápido possível ao Japão. Ato simples a quem tem a capacidade de manipular a arte do teletransporte.

Ao chegar à Mansão de Saori, ela apenas pediu que ele esperasse a chegada de Shun. Shaka prometeu que contaria os detalhes ao amigo logo mais, quando este pareceu curioso ao fato de ter sido chamado ali, se não havia nenhum inimigo atacando.

Shun chegou trazendo uma mochila. Nela alguns itens que adquiriu pelo caminho e que considerava de suma importância em sua missão.

—Então, para que precisam de mim? -indagou o ariano aos companheiros.

—Preciso chegar a um lugar agora. Sem perda de tempo. -respondeu Andrômeda.

Mu de Áries sentiu a aflição na voz de Shun e resolveu que não era o momento para mais perguntas, a não ser uma:

—Para onde quer que eu o leve, Shun?

—Ao local que antes foi a Ilha da Rainha da Morte.

 

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 Ikki se sentia como um animal enjaulado andando de um lado para outro em sua sala. A sensação de que o perigo estava à espreita não o deixava. Ele estava crente que havia deixado seu irmão preocupado, mas temia que o machucassem. Jamais poderia permitir isso.

Olhou para cima, o tempo começou a fechar, em breve uma chuva forte iria cair. Houve um clarão nos céus, seguido do estrondo de um trovão. Súbito, o som da porta da sala sendo aberta de maneira violenta o fez ficar em alerta, mas não havia nada e nem ninguém ali.

Outro raio, e Ikki teve o vislumbre da imagem de Esmeralda no corredor do andar. Movido pelo impulso, a seguiu.

 

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Em meio ao que restou da Ilha da Rainha da Morte, três homens surgem praticamente do nada. Shaka, Mu e Shun olharam ao redor, para os sinais de destruição que ainda permaneciam. Em seguida Mu indagou:

—Sabe dizer onde estão os restos mortais que procura?

O jovem cavaleiro de Andrômeda balançou a cabeça negativamente.

—Não faço a mínima ideia.

Shaka, que trajava suas vestes budistas e segurava um rosário em sua mão esquerda, virou o rosto em uma determinada direção.

—Sentem este cosmo carregado de ódio?

Tanto Mu quanto Shun se entreolharam, sem entender. Não sentiam nada.

—Parece o cosmo de um morto. -comentou Shaka, caminhando em tal direção, seguido pelos amigos. -Creio que o que procuramos está após aquelas rochas.

Caminharam pelo terreno irregular e logo chegaram ao destino, se deparando com algo que os surpreendeu. Uma cova entreaberta escondida em meia às rochas. Shaka se aproximou mais.

—É daqui que emana tanto ódio. Creio que encontramos a fonte dos problemas de seu irmão, Shun.

 

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 Ikki seguia a imagem de Esmeralda pelas escadas até a garagem no subsolo. Os sons da tempestade estavam mais fortes, indicando que a chuva havia começado. As luzes da garagem pareciam ameaçar apagar a qualquer momento.

—Esmeralda? -ele a chamou, enquanto caminhava pelo local deserto.

De repente, o ar ficou mais frio que o de costume, Ikki virou-se ao sentir um cosmo carregado e ódio atrás de si. Viu apenas um vulto negro, cujas sombras formavam um rosto demoníaco, antes de ser jogado violentamente contra a parede de concreto da garagem.

—M-maldito! -Ikki sentia dor pelo corpo todo, mas mesmo assim conseguiu ficar novamente em pé. -Quem é você desgraçado?

—A culpa...é sua... –a criatura o acusou.

—O que é minha culpa? O que?

—A dor...o tormento...você é o culpado.

Então as brumas negras formaram um rosto, que Ikki logo reconheceu.

—Você?

 

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—Mas...este não poderia ser o túmulo de Esmeralda. -concluiu Shun. -Pelo o que Ikki me contou sobre ele, ele jamais deixaria o local de descanso dela assim, neste estado! Ainda mais depois de sua última visita.

—É óbvio que quem está aí não era ela, Shun. -diz Mu de Áries. -Mas, quem seria?

Shun ajoelhou próximo ao local, viu os ossos ali depositados e concluiu que o falecido fora jogado ali de qualquer maneira, sem sentimentos algum foi sepultado. Os ossos da caixa torácica que pareciam ter cedido a um golpe muito forte, e jogado de maneira desleixada do lado, uma máscara.

—Eu sei quem ele era. -respondeu Andrômeda.

 

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 —Dor...não imagina a dor que eu sinto por estar morto, Ikki.

O espírito que um dia foi Guilty lançou Ikki novamente longe, e desta vez ao se chocar contra a parede, o cavaleiro sente que quebrou alguma costela no processo.

Ele deveria pensar em reagir, deveria pensar em sair dali. Mas não conseguia se mover. O frio que emanava daquele fantasma o impedia de fazer qualquer coisa.

—Meu pai era um homem bom. –a voz de Esmeralda surgiu em sua mente, bem como a lembrança de uma conversa com ela, dias antes de sua morte. -Um dia ele foi ao Santuário e voltou com a máscara e estava diferente.

—Esmeralda?

Guilty explodiu em fúria, destruindo os vidros dos carros na garagem, disparando os alarmes, avançando contra ele.

—Meu pai era um homem bom...

Ikki fitou o espectro quando ele se aproximava, e então...Guilty parou. Diante de Ikki a imagem tênue de Esmeralda, que olhava cheia de pesar para Guilty, como se compartilhasse daquela dor que o outro sentia. Em seguida ela fitou Ikki, e ele pode ouvir a sua voz novamente, em sua mente.

—Meu pai...ele era bom.

—Você sente dor, Guilty? -dizia se levantando, fitou o fantasma. Esmeralda não estava mais ali. -Sua dor não é porque eu o matei, maldito! Sua dor é porque você matou sua própria filha!

O fantasma recuou, como se as palavras de Fênix o atingissem com violência.

 

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 Na ilha, Shun jogava sobre os ossos de Guilty um líquido inflamável, e em seguida pegou um isqueiro acendendo-o. Olhou para Shaka que assentiu com a cabeça que ele deveria continuar.

Shun joga o isqueiro aceso dentro da cova, as chamas começam a consumir os ossos, enquanto Shaka recitava uma oração pelo descanso daquele ser.

—Você era um homem bom, até ir ao Santuário e ser dominado pelo Mestre do Mal naquela época. Quando você a matou, não era dono de seus atos...mas seu espírito deve ter gritado em agonia pelo o que fez!

—Ela não deveria ter aparecido...ela estava lá por sua causa! –o espírito parecia ter se recobrado e volta a ameaçar Ikki, envolvendo-o com as brumas negras, em seguida seu pescoço, tentando estrangulá-lo. -Se ela não tivesse aparecido, ela estaria viva! A culpa é sua!

—Nenhum de nós...teve culpa Guilty! -tentava se soltar em vão.

Então, Guilty o soltou de repente e Ikki caiu no chão sentado, esfregando o pescoço onde ainda sentia o aperto gelado do fantasma. Guilty começava a se esvair no ar, como se alguma força o puxasse dali.

—Nããããããoooooooo!

Foi o grito gutural que Ikki ouviu, antes que Guilty desaparecesse. O cavaleiro de Fênix de algum modo sentia que Shun fora o responsável por isso. Suspirou aliviado, baixando a cabeça e fechando os olhos.

Abriu-os ao sentir o toque de Esmeralda em sua fronte, ergueu a cabeça fitando-a. Estava diferente. Não havia mais a expressão de dor em seu rosto, apenas seu sorriso e sua alegria genuína.

—Obrigada.

E em seguida, ela desapareceu no ar, deixando apenas o seu doce perfume de flores para trás, e um homem amargurado, por descobrir que ainda sentia sua falta...seu amor.

 

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Shun retornara da Ilha da Rainha da Morte e a primeira coisa que fez foi ver o irmão. Ele estava com ar abatido e não disse nada a respeito do que houve na garagem naquele dia. E nem Andrômeda insistiu no assunto.

O perfume de flores não estava mais presente no apartamento. Ikki sabia que ela se fora finalmente. Esmeralda ainda se mantinha neste mundo, porque não conseguia ficar em paz, sabendo que o pai se atormentava por sua morte e culpava aquele que amava por isso.

Quando o espírito de Guilty foi libertado, suas cinzas jogadas ao mar em uma cerimônia budista, ela pode finalmente partir em paz.

Dias depois, ele voltou aquele lugar. Outros diriam que ele estava louco. Pessoas normais que passassem por uma experiência desta evitariam a todo custo relembrar os acontecimentos.

Mas Ikki Amamya nunca se considerou um homem normal, desde o dia em que colocou sua armadura pela primeira vez. Sua viagem foi breve e com um propósito. Precisava tirar alguém de lá e levar a um lugar especial.

Agora, ele estava ali. Passando por entre as lápides recém colocadas de uma área nova de um cemitério localizado próximo a um templo. Este local estava sempre movimentado, pois recebia visitas diárias de pessoas que rezavam por seus mortos, sejam os sepultados ali ou em outros lugares.

Era um local sagrado e pleno de paz.

O irônico é que ele não era um homem religioso, dado a fazer preces, mesmo servindo a uma deusa...nunca foi de acreditar em Deus.

Mas ela tinha fé.

E o que ele mais gostava ali, era a visão das montanhas e dos campos floridos cultivados pelos moradores locais. E onde ele estava dava para ter a melhor visão. E foi exatamente por isso, que ele escolheu o local.

Ela teria gostado de estar ali, de admirar aquela paisagem, principalmente ao pôr do sol.

Ikki contemplou a paisagem, e em seguida fitou a lápide feita de mármore branco e com letras em dourado, indicando quem estava ali sepultado. Sorriu e depositou flores, as preferidas dela, e acendeu um incenso, rezando pela primeira vez em anos, por ela.

—Obrigado por ter me amado...por ter me ensinado a amar. Descanse em paz agora, minha Esmeralda.

Ele toca a lápide em uma muda despedida e em seguida vai embora sem olhar para trás. O seu irmão o esperava para juntos visitarem os amigos, celebrar a entrada de Hyoga na Universidade, e zoar Seiya por não ter conseguido tirar a carteira de motorista.

A vida continuava.

E a brisa balançava as delicadas pétalas das flores no túmulo de Esmeralda, tamanha a paz que ali reinava, que continha em sua lápide as seguintes palavras:

"Esmeralda, um anjo que me ensinou a amar...Descanse em paz."

 

Fim.



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