História Esquecer de nós - Capítulo Único

Não era a última vez. Nem seria a última. Mas Jongin desejava que fosse. Havia pedido que as coisas terminassem assim, de que não se vissem mais, de que não se importassem um com o outro como se alimentassem uma história própria cheia de linhas tortas escritas à mão, porque não tinham uma história e jamais dividiriam uma; era desse jeito que deveria ser, tudo não tinha passado de sexo impensado, indevido, uma necessidade ardida do corpo. Aconteceu, acabou, fim. Não era difícil de se assimilar o muro existente entre o stripper impossível e o cliente rico.

Junmyeon, entretanto, era teimoso. Junmyeon nunca fazia o que mandavam. Junmyeon não se dobrava tão fácil. Se negava a esquecer. Se negava a pensar que fosse apenas tesão. Tinham experimentado mais que isso naquelas outras vezes, trocado coisas além das barreiras existentes entre os dois homens de desejos semelhantes. Persistia teimando, se negando a deixar de ir àquela boate indecente, sentar-se bem à frente com os bolsos da roupa cara recheados de dinheiro e assistir Jongin molhando-se, perdendo os panos que o cobriam enquanto se remexia de modo sujo, fazendo o corpo gritar pela atenção de uma boca.

Junmyeon comprava pessoas, comprava a solidão da boate, comprava até mesmo o tempo de Jongin. Se fosse necessário, comprava o mundo inteiro, pedaços do universo e o que mais seu dinheiro inacabável pudesse tornar Jongin um pouco mais seu. Mas não se esqueceria dele. Não engoliria aquilo de que era a última vez. Nem seria a última.

Dizia que Jongin podia desejar o que quer que fosse que lhe daria tudo, só não deveria pedir que terminassem assim, daquele jeito frio, como se tudo não passasse de sexo, porque quando Jongin terminava de se despir no palco fingindo que era só mais um cliente rico interessado em seu corpo, Junmyeon se aproximava, segurando seu queixo, e beijava seus lábios vagaroso, ultrapassando a camada rebelde na essência do stripper, como se fossem coisa além. Então, mandando que fosse tomar um banho quente, saía, lembrando a Jongin que estaria ali fora, lhe esperando para que fossem para casa juntos.

Juntos, Junmyeon insistia nisso.

Dizendo a si mesmo que era a última vez, ou que ao menos seria a última, Jongin deixava a boate, parando frente ao carro de Junmyeon. Pensava um pouco. Sabia o que entrar nele significava. Sabia o quanto aquilo faria Junmyeon insistir em se esquecer, mas estava frio, queria uma noite quente, talvez alguns carinhos, um corpo musculoso a quem se abraçar no meio da madrugada, ouvindo a respiração contra seu ouvido. Jongin entrava, assistindo um sorriso minúsculo aparecer por segundos nos lábios do mais velho. Virava o rosto, escondendo a rebeldia em sua boca formar uma pequena amostra de felicidade ao ceder a Junmyeon. De novo.  

Esquecia a parte em que nunca pedia nada a Junmyeon, mas que ao entrar em seu carro, no entanto, fazia o outro ter esperanças que num pedido silencioso Jongin também queria aquele nós.