1. Spirit Fanfics >
  2. Esse é só o nosso começo >
  3. 4

História Esse é só o nosso começo - 4


Escrita por: DMGregorio

Notas do Autor


Obrigado pelos comentários e favoritos.
As coisas vão começar a andar agora.
Desculpem qualquer erro e boa leitura.

Capítulo 4 - 4


Duas semanas depois e estou me acostumando com a minha rotina. Está é basicamente:

Acordar pela manhã, tomar um banho quente, está sempre frio aqui e não existe a possibilidade de tomar um banho frio logo pela manhã, me vestir para o colégio e tomar café da manhã com George Baker. Esse é o nosso único momento juntos e nós o passamos em quase silêncio perfeito, ele parece apreciar a minha companhia, mesmo que eu só responda com suas perguntas com grunhidos e palavras monossilábicas.

Eu vou pra escola com Marcus, visto que Sam conseguiu encontrar a melhor maneira de manter nossa relação de irmãos, ele simplesmente me ignora e finge que eu não existo. Quando nos cruzamos sem querer pela casa ele desvia o olhar e finge que eu nunca estive ali. Mesmo quando ele está caminhando distraidamente apenas de cueca ou de toalhas pela casa como se realmente estivesse sozinho no local.

Na escola eu aguento as brincadeiras e apelidos, aguento os cochichos e aguento os olhares estranhos. Passo a aula em silêncio, exceto quando as tenho com Jesper e Yuuki, que são as únicas coisas boas nesse país inteiro.

Nós conversamos nos intervalos e antes de sairmos para casa. Eu acabei me apegado a eles.

Jesper é filho de um cirurgião muito famoso que já salvou a vida de algum ator de Hollywood. Tem dois irmãos mais novos e está claramente apaixonado pela Yuuki, esta que não parece notar.

A mãe de Yuuki é advogada e ela tem descendência japonesa, o que é incrível pois eu sou uma daquelas pessoas que acham o Japão um lugar muito legal, apesar de isso ser só uma influência dos animes.

Ela por outro lado não faz questão de aprender muita coisa sobre, ela sabe falar japonês, pois viveu lá por dois anos quando era criança, mas se considerara uma inglesa, o que é verdade visto que ela nasceu aqui.

Basicamente é isso.

Agora eu estou sentado no refeitório esperando Jesper ou Yuuki aparecerem. Eu consegui dinheiro para comprar meu lanche porque George Baker “abasteceu” minha conta bancária com mais zeros do que eu já vi em toda a minha vida.

Eu pensei em recusar, mas resolvi ficar com o dinheiro como investimento escolar.

Eu precisaria de dinheiro pra trabalhos e outras coisas. Além do mais eu preciso de um computador e pretendo que Jesper me leve a uma loja depois das aulas, mas não tenho certeza se ele veio pra aula hoje. Sam está hoje com uma calça jeans rasgada e com olheiras enormes, eu sei que ele não dormiu em casa porque ouvi ele brigando com George sobre isso antes dele sair e bater a porta com violência.

Nossos olhos se encontram por um segundo e ele desvia o olhar, eu faço o mesmo. Eu gostaria de comer na biblioteca, que é com certeza o lugar mais incrível de toda Hogwarts (eu decidi chamar a escola assim). Mas quando tentei entrar uma senhora com óculos de armação grossa e voz firme me disse que era proibido comer lá dentro então estou passando pelo drama do garoto que come sozinho do refeitório.

Faço uma anotação para brigar com Jesper depois.

O dia hoje está um tanto mais frio que o normal e está chovendo sem parar.

Pego meu celular e penso em mandar uma mensagem para Jesper, mas Yuuki finalmente aparece com sua expressão irritada de sempre.

Ela senta ao meu lado.

-Oi, Sean. - ela diz comendo seu cereal. Eu me pergunto onde ela conseguiu cereal aqui na escola.

-Oi, o que houve dessa vez?- pergunto. Não que já sejamos melhores amigos e eu admito que me sinto mais próximo do Jesper, mas sei que ela não vai me bater ou jogar em mim um livro de poesias gigantesco como fez com Elias Green quando ele chamou ela de coreana gostosa.

-A minha mãe está me deixando louca, ela quer eu participe de uma apresentação ridícula de balé com minha irmã mais nova. -

Eu tento imaginar Yuuki dançando suavemente como uma bailarina, rosto calmo e movimentos graciosos. Tento não rir.

-Você sabe dançar balé?- pergunto.

-Fui obrigada a fazer balé quando era criança. - ela diz por fim largando o cereal. - Eu não vou entrar naquela roupa e fingir que sou uma mocinha para toda uma escola. -

-Não vá. - digo.

Ela suspira fundo e deixa o assunto morrer lentamente.

-Onde está o Jesper? -

-Aquele imbecil não veio à escola hoje- ela diz voltando a sua face comum de irritação natural. Deixo um sorriso escapar. - Do que você está rindo? Não foi você nem teve que aguentar a Felicity e a Kat fofocando a aula toda e suspirando sobre o Cole Davis. -

Levanto uma sobrancelha.

-Quem é Cole Davis? - digo. Eu sei quem é a Felicity porque fazemos espanhol juntos. Uma garota considerada perfeita, eu diria. Estatura pequena, pele clara e cabelos escuros com aquela expressão de boneca frágil.

Bem, eu a vi chamar a nossa professora de espanhol de latina peituda, então suponho que só sua aparência seja meiga e doce.

-É um cara bonito e gostoso que pelo qual elas são loucas, mas aparentemente ele não dá bola pra nenhuma das duas. Na verdade ele não dá muita bola pra ninguém da escola. -

Cole Davis. Esse nome não é estranho para mim, mas não consigo lembrar ao certo onde eu o vi.

-Na verdade elas estão em cima dele agora mesmo, olha lá. - ela aponta com a cabeça para a esquerda e eu olho na direção.

Primeiro eu vejo a provável Kat. Ela é alta e loira e está curvada em cima do rapaz do outro lado da mesa enquanto Felicity diz algo parecendo empolgada. O rapaz tem um livro gigante nas mãos e parece querer prestar mais atenção nele do que nas garotas. Ele diz algo e sorri tentando parecer educado, mas eu já fiz aquilo várias vezes e reconheço quando você só quer ficar sozinho.

Cole Davis se levanta e as garotas dizem mais alguma coisa e saem meio desapontadas. Ele suspira e depois começa a caminhar.

Por algum motivo eu prendo a respiração quando ele passa por mim.

-Hey - eu digo. Mas me arrependo logo em seguida quando ele para e me encara. Ele parece mau. Seus olhos são negros demais e ele tem olheiras ainda mais intensas que as de Sam. Pergunto-me se ele é o tipo de garoto que fica a noite toda nas baladas como meu irmão. (estou tentando.)

-O quê?- ele diz. E seu sotaque é mais acentuado que o dos outros. Sua voz é grave e meio rouca.

-Tem grama no seu cabelo. - eu digo apontando em mim, o lugar onde fiapos de grama verde estão grudados nele.

-Obrigado. - ele diz. E depois sai em direção ao primeiro andar.

Eu continuo olhando para a porta depois que ele sai.

-Você ficou afim dele? - pergunta Yuuki. Eu sinto meu peito martelar com isso.

-Quê? Não. Que loucura como assim?- eu devo ter sido muito desesperado porque eu consegui tirar uma risada de Yuuki Nakashima.

-Meu Deus porque você não me disse que é gay? - tento decifrar o que tem nos olhos dela, mas não consigo.

-Não achei que fosse importante. Além do mais, não to a fim de dar outro motivo pras pessoas me zoarem.- digo. E é verdade, depois do caso com Lukas, a minha situação ficou ainda mais difícil na escola.

-Não é como se as pessoas já não te chamassem de bicha. - ela diz, fico impressionado com a sinceridade dela, mas até gosto disso.

-Isso é verdade. -

-Não se preocupe, não vou dizer a ninguém, não é minha decisão. Mas estou um pouco chateada por não ter dito antes. - ela meio que faz um biquinho. Estou um tanto assustado com essa nova Yuuki que apareceu aqui dois minutos atrás. -Jesper sabe? -

-Não. Você acha que ele vai se importar com isso? - pergunto. Porque nunca tocamos no assunto e eu não gostaria de perder a amizade que estamos criando.

-Não, não. O melhor amigo dele no fundamental era gay. - ela diz.

-Não são mais amigos?

-Ethan se mudou pra França três anos atrás. Mas eles conversam bastante ainda. -

O sinal toca e nos temos que voltar pra aula.

Dentro da sala eu fico espantado com o que vejo, eu já tive quatro  aulas de calculo desde que comecei a estudar aqui e só agora eu noto Cole Davis sentado do outro lado da sala. Acho que estava preocupado demais em ignorar as piadas do brutamonte Gabe que nem me dei conta de que tinha outros alunos na sala.

Ele está com os olhos fechados e parece dormir. Está usando uma camisa do coringa e calça preta justa. Seus sapatos estão um tanto velhos e sujos. Sinto-me mal por dizer que ele parece meio deslocado aqui.

Tanto quanto eu. Mas por outro motivo. Não sei dizer qual.

Quando a aula começa ele abre os olhos, penso que ele vai olhar para o quadro, mas ele olha diretamente para mim. Nossos olhares se cruzam por alguns segundos até eu desviar o olhar. São negros demais. Misteriosos demais. Não sei se gosto disso porque ele me deixa desconfortável.

Eu não viro meu rosto na direção dele o resto da aula.

Na saída do colégio eu penso em pedir ajuda a Yuuki com a coisa do computador, mas ele pede desculpas porque tem que buscar a irmã mais nova no colégio.

Eu me aventuro pelas ruas de Londres usando o GPS do celular.

Eu não tive tempo de olhar a cidade e estou meio ansioso com isso.

Mas eu não tenho nem chance de fazer o meu turismo porque uma chuva torrencial cai logo que eu saio do colégio. Ela veio do nada. Simplesmente despencou sem aviso e no segundo seguinte eu já estava completamente encharcado.

Corro para debaixo da cobertura de uma loja que está fechada com uma placa que diz. “Mudamos para um novo endereço…”

Eu dou alguns pulinhos quando finalmente chegou no lugar. Meu cabelo e minhas roupas estão pesados com a água. O som da chuva é forte e o cheiro é agradável. Eu deveria estar irritado, mas por algum motivo àquela situação é muito gostosa. Minha mãe costumavam me levar até o jardim quando eu era criança e estava chovendo, época em que ela ainda conseguia me pegar no colo. Nós tomávamos banho de chuva e corríamos pelo jardim. Depois nos secávamos e tomávamos chocolate quente.

A lembrança me atinge com a força de um soco. Meus olhos se enchem de lágrimas e eu tento contê-las. Prometi a mim mesmo que não choraria mais.

Mas o barulho da chuva continua e a lembrança também. Meu peito dói ao pensar em minha mãe e em minha casa. É quase impossível de controlar. Eu me sinto tão perdido aqui. Tão fora de lugar.

As lágrimas são a única coisa quente nessa tarde fria. Eu respiro fundo e limpo meu rosto, mas novas lágrimas descem.

Sinto algo se mexer do meu lado. Eu me viro e tem um lenço branco estendido na minha direção. Tem as letras CD bordadas no lenço. Eu levanto os olhos e o vejo. Ele também está completamente molhado e seus cabelos negros caem em seus olhos, mesmo assim eu ainda posso vê-los. Negros e brilhantes, me fitando com uma expressão indecifrável​.

Cole Davis.

 


Notas Finais


Então?
Me digam o que estão achando aqui nos comentários. Até mais.
\o


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...