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História Essence - Se eu pudesse voar


Escrita por: VickyRefach

Notas do Autor


Ooooi babies, voltei rápido dessa vez ne?!
Eu tinha muito a dizer, mas não sei se vai ser possível... vamos conversar mais lá embaixo.

Capítulo 38 - Se eu pudesse voar


Fanfic / Fanfiction Essence - Se eu pudesse voar

Faziam semanas que eu não entrava ali... as grossas cortinas brancas cobriam as janelas e impediam a luminosidade de entrar. Tudo permanecia em seu devido lugar, como se eu nunca tivesse virado as costas e simplesmente ido embora por semanas, meses talvez... 

Em minhas veias voltava a correr a calmaria, a calmaria de estar no meu lugar, em meio às minhas tintas, os meus versos não escritos e as poesias pintadas em quadros jamais vistos por alguém. 

Meus dedos passearam pelos pincéis, pelos quadros, e pelas tintas. E assim parei no centro daquela sala. Aquilo era tudo que eu precisava para me reconectar comigo mesma, com meu eu interior. Os últimos acontecimentos haviam me pego por todos os lados, sem que eu tivesse chance de me preparar. 

Me sentei entre os inúmeros quadros, ao fundo do ateliê. Tudo ali era tão meu, tão eu... que eu não sabia até que ponto era bom estar ali, reencontrar com Regina e a tocar brevemente no rosto, sentir sua alegria e a arte pulsar em suas veias. 

Eu não sabia até que ponto isso me matava e me fazia viver. 

Fechei meus olhos e mergulhei o pincel em um pote de tinta qualquer... A cor era o que menos importava, no final ela seria a escolha perfeita, eu sabia que sim. 

Minhas mãos ganharam vida e Regina timidamente domava meu corpo, se instava em minhas entranhas e tomava para si o controle do pincel. A artista renascia. De olhos fechados, e com um bilhão de problemas, pânicos, ansiedades, e falta de tempo do lado de fora, a artista renascia. Sem se importar com mais nada, ela renascia.

Os diversos tons de azul, vermelho, amarelo, laranja e verde brincavam sobre a tela e expunham sem vergonha ou limites toda a confusão que me habitava. Todas as incertezas, os desejos, as faltas... tudo ali. Sem nenhuma palavras dita. 

Eu honestamente não fazia ideia do que estava acontecendo comigo. 

O porquê de ver meu filho crescer me aterrorizar tanto. 

O porquê da falta de um compromisso com Robin me machucar.

O porquê de  papéis e mais papéis virarem, de um dia para o outro, uma necessidade. 

O porquê o tic tac do relógio me matava. 

O porquê. Malditos "porquês" que eu não fazia ideia de onde surgirá, mas que na tela gritavam por atenção, por respostas

Os pincéis foram deixados de lado e Regina debruçou-se na janela e se deixou perder no final daquela tarde. O laranja se fundia ao amarelo, e juntos finalizavam aquele dia com maestria. Deus era um verdadeiro artista, o melhor de todos, mas nem aquela obra de arte no céu tirava seus pés do chão. 

A conversa com Robin na semana anterior voltará a perturbar sua mente. Cada palavra dita se repetia incansáveis vezes em sua cabeça, e a falta de um diálogo durante a semana a matava aos poucos. Era sempre assim, sua intensidade acabava com tudo, confundia tudo e queria para ontem, o amanhã. 

 

"A vida é isso aí minha gente! 

A vida é o segundo que acaba de passar. 

O tempo está correndo, a terra

Sempre girando, e nós? 

Nós estamos morrendo! 

Não sabemos o que nos espera amanhã,

Não fazemos ideia do que pode acontecer;

Daqui a 15 segundos tudo pode estar

Acabado

Já pararam para pensar nisso? 

A única coisa que temos a nosso favor

É a doce esperança de que o sol venha 

Mais uma vez,

E que possamos respirar tranquilos por 

Mais um dia. 

Se deu sorte de ter mais um dia,

Aproveite-o como se fosse o último,

Porquê se parar para pensar, é. 

Não existe máquina do tempo, o agora já 

Não existe mais.

Nós não somos na mais, nada menos,

Que fugitivos de uma eternidade que tem

Prazo de validade."  —The last a coffe. 

19:27 

A porta da frente bateu e Robin adentrou a casa apressado e mais sorridente do que nunca. 

A casa se encontrava no maior dos silêncios. Diferentemente da vida ao lado de fora que continuava a acontecer pela cidade. Ruas movimentadas. Pessoas apressadas. Carros, ônibus, relógios, todos correndo contra o tempo... mais um dia chegando ao fim. Mais uma entre as 365 paginas daquele ano... um dia qualquer para alguns, um dia único para outros. 

Único para eles...

Para ela. 

Seus pés se chocavam com os degraus da escada, e apressado o loiro seguiu em direção ao quarto do filho o encontrando vazio. A inquietação o corroía por dentro e a ansiedade bombeava em suas veias. A porta do quarto principal foi aberta, mas o local se encontrava igual o outro cômodo. Vazio. Portas e mais portas foram abertas e nenhum dos dois se encontrava em lugar algum. Seu corpo pesou e a frustração o atingiu, esse era um dos piores efeitos colaterais da ansiedade... 

Seus olhos,então, caíram sobre o corredor a esquerda e a última porta fechada. Era tão óbvio que beirava o ridículo. 

As  mãos suadas se fecharam sobre a maçaneta e respirou fundo. A única luz que ilumina o ambiente vinha da janela. O vento batia em seus cabelos e ela facilmente seria confundida com a mais pela poesia, apenas por estar ali parada observando a noite. 

–Amor? -seu corpo seguiu a direção da voz e ela sorriu. –Eu te procurei pela casa inteira! -Falou se aproximando. –O que faz aqui, a essa hora? Em uma quinta-feira? -seus olhos percorreram todo o corpo do loiro e os castanhos brilharam em pura luxuria, ainda era a artista dominando seu corpo. 

–Eu passei o dia aqui, não fui trabalhar. -Ele estranhou a resposta, mas sabia que ela era feita de fases e essas transições necessitavam de silêncio e paz, talvez esse fosse um destes momentos. –E o seu dia, como foi? 

–Corrido, eu acabei indo para o Maine resolver alguns assuntos com o meu advogado que estava por lá. -Seus lábios se encontraram em um breve selinho. –E Benjamin, onde está? 

–Com Zelena. Ela fez um tipo de festa do pijama com as crianças... 

–Corajosa sua Irma.-Ela gargalhou concordando. –E ele não chorou? Ou algo do tipo? -Regina negou orgulhosa. –Ele só tem dois anos, isso não é preocupante? 

–Sim, é! Mas aparentemente ele é Theodoro se dão muito bem e... eu sei o quão importante isso é para Zelena e para o Theo. -Robin a fitou mais calmo e retribuiu a segurança que ela transmitia com um pequeno sorriso no canto dos lábios. –Vamos jantar? Só estava esperando você chegar. -Sem esperar uma resposta a morena o puxou pelos braços em direção à saída. 

Suas mãos suavam e a ansiedade voltava a correr por suas veias, no fundo era engraçado se sentir assim. A comida  a sua frente só havia sido remexido, e essa inquietude do loiro não passara despercebido, então ela se deu por rendida aquele barulhento silêncio e o encarou, enquanto ele se encontrava perdido. 

–Você quer me contar o porquê de estar assim? -A voz da morena surgiu em meio às inúmeras coisas que rodeavam sua cabeça, e seu coração acelerou. Ele estava tão desconexo do tempo e do espaço em que estava que precisou parar por breves segundos, respirar fundo e picar algumas vezes para voltar a ter foco. 

–Ahn...? Desculpa, o que disse? 

–Em que mundo você está Robin of Locksley? 

–No dos teus olhos. -Ela os revirou e ele sorriu. –Desculpa morena, eu estava perdido pensando em como te dar uma notícia. -Regina o fitou  mais intrigada do que já estava. –O que é idiotice, já que eu vim o caminho inteiro pensando e repensando a mesma coisa. 

–Confesso que agora você me deixou curiosa. -Suas mãos se encontraram e ele respirou fundo mais uma vez. 

–Dias nublados sempre atravessam nossas vidas, não é? Nunca nada foi fácil para nenhum de nós. Mas permanecemos firmes, crendo que o amor é a única salvação para esse mundo e para as nossas vidas... -Aquelas palavras profundas, mas sem rumo certo, a deixara inquieta, com um pequeno  frio na barriga dando sinal de vida e o coração se acelerando aos poucos... E ele ainda não havia dito nem a metade do que pretendia. –E quando eu digo "nos" é pela certeza de dividirmos os mesmo sentimentos. Dores intensas que nos destruíram, mas nos tornaram quem somos. Paixões que nos quebraram sem dó. E amores tão intensos que nos tiraram do pó. -Seus rostos,  aos poucos, se aproximavam, e ambos se deixavam envolver pela intensidade de cada palavra dita. –Sim, amores no plural. O teu amor por mim, e o meu por ti. O teu amor por ti, pela sua alma, pelo seu reflexo, pelo seu corpo, sua luz e por Regina. -um passo mais perto. –A verdadeira Regina. A moleca levada que se esconde naquele ateliê. A artista indomável, que vez o outro toma espaço e te domina sem pedir permissão ou licença para tal ato. Você a ama tanto, que então a liberta nas madrugadas de sexta a noite. 

–Robin...

–O amor próprio e o principal entre todos os amores que eu sempre desejei ver em você. -Seus lábios tocaram-na no rosto, e os olhos castanhos se fecharam, mergulhando naquelas palavras. –Todos eles são lindos, morena. O meu, o teu, o nosso, e aquele que tu divides só consigo mesma. -Suas mãos a tocaram no queixo e brevemente a guiou em direção a sua boca. –Mas nenhum é tão intenso, verdadeiro e de outro mundo como o materno. -Sussurrou contra seus lábios. 

–Benjamin... 

–Benjamin! -dividiram aquela certeza. Benjamin era uma certeza, talvez a única que possuíam. Além é claro do amor. 

–Nosso filho adorado... 

–Teu filho. -Ela se afastou assustada com tais palavras, e o olhou intrigada. –Teu. 

–O que você quer dizer com isso? Com tudo isso? -As palavras saiam sem rumo e as batidas do coração ganhavam voz. –Nosso filho! Nosso, não é?! 

–Regina... você me pediu papéis, cartório, sobrenome, festa e uma família por escrito.-Um longo suspiro escapou de seus lábios. –E hoje eu quero te dar o começo dela. -A pasta jogada pelo balcão logo encontrou-se em suas mãos. Nenhuma palavra seria capaz de descrever como ambos estavam, o quão acelerados seus corações batiam e a incerteza do que viria pela frente. Ele se calou por longos segundos e estendeu alguns papéis em suas direção. Os olhos castanhos embaçados pelas lágrimas não se continham diante das palavras escritas naquele documento. 

Benjamin Mills of Locksley. 

Benjamin Mills.

Mills. 

–Mills? Benjamin Mills? -Suas palavras saiam como sussurros, e era indescritível o que sentia. –Você vai dar o meu nome para ele, meu nome para o teu filho?! 

–Nada além do que já deveria ter sido feito há anos. O que me diz? -Uma pequena pontada o atingia e ele não sabia identificar qual sentimento era aquele, mas o silêncio sem fim de Regina o matava. Ele sabia que com ela era sempre como andar em ovos, qualquer passo em falso e tudo se quebrava, era como andar no escuro, as vezes o caminho era conhecido... mas em sua maioria nem tanto. 

Lágrimas e mais lágrimas escorriam por seu rosto, e o castanho nunca esteve tão vivo. Ela se sentia inundada de amor, amor e amor. E mais uma vez naquele dia nenhuma palavra conseguiria descrever o que sentia. 

–Amor... Iss... eu.... Robin! -Ele sorriu a agarrando. Seus braços a envolveram com força e assim o tempo parou, um abraço sem tempo, cheio de horas, minutos e segundos incontáveis. Um abraço cheio de palavras, versos, musicas, declarações... qualquer tipo de manifestação que conseguisse descrever o que ela, naquele momento, não conseguia. 

–Acho que você gostou da surpresa! -sorriu entre os beijos que ela lhe dava. 

–Eu não poderia estar mais feliz!!!

–Nem eu morena, nem eu. 

Naquela noite o céu era o reflexo de sua alma, as estrelas brilhavam tanto quanto seus olhos. E ela, secretamente, se sentia parte daquele infinito universo. 

E era... 

Não só um pedaço do universo, mas um universo inteiro. Roubava o fôlego de quem a contemplava, reluzia luz própria e possuía uma constelação inteira nos olhos cor de mel. 

O dia aproximava-se do fim, e tudo ao seu redor parecia ainda mais cheio de cor, vida, beleza, sentido. Parecia bobeira se derreter daquela forma por meia dúzia de palavras e um sobrenome, que na maioria dos casos, não queria dizer nada. Mas, em meio a suas bagunças internas, as incertezas que ainda carregava consigo e os demônios adormecidos... aquele conjunto de palavras escritos no papel fazia uma enorme diferença em sua vida. 

A noite caiu e com ela veio a certeza de os próximos dias seriam os melhores de sua vida. 

������

–Eu vou para o Maine hoje me encontrar com o advogado e entregar os papéis assinados.-Seus braços a envolviam pela cintura e pequenos beijos eram  depositados em seu rosto como uma breve despedida. –E espero já ter noticiais sobre os documentos para a adoção. -Ela sorriu afastando a xícara de café de seus lábios. –Mereço um beijo por todas essas boas notícias? 

–Merece um milhão de beijos meu amor. -Seus lábios se encontraram em um selinho rápido. –Mas, acredito que já esteja atrasado! -Ele sorriu concordando e assim se despediram. 

O dia havia amanhecido ensolarado e tranquilo e era quase irresistível não se render a ele. Seus pés se afundaram na grama verde do jardim e os olhos se frecharam por breves segundos deixando a brisa da manhã bater contra seus cabelos e a calmaria adentrar seus poros. Aqueles breves segundos de paz e tranquilidade eram tão bons que palavras não os descreveria. Tudo naquele dia parecia ser tão bom que palavras não descreveriam. Uma chuva de sentimentos e sensações indescritíveis...

–Mommy!!! 

Um furacão de meio metro de altura corria em sua direção e em meio segundo chocou-se contra sua perna a fazendo gargalhar. Os momentos de tranquilidade haviam chego ao fim, mas, a alegria de Benjamin e sua euforia eram ainda melhores que os silêncios. 

–Meu amor! -Respondeu com a mesma intensidade da criança. Seus braços o agarraram e assim ambos ficaram presos em beijos e abraços. –A mamãe estava morrendo de saudade de você! -Ele sorriu e se afundou ainda mais entre os cabelos negros da mulher. 

Mais ao fundo,Zelena, observava a cena encantada. Theodoro dormia em seus braços, e ela caminhava tranquilamente em direção à Irma mais nova. Seus olhos se encontraram e um sorriso involuntário surgiu em ambos os lábios, secretamente elas se admiravam. Cada qual, ao seu modo, havia se reconstruído, recolhido as pedras no caminho e traçado sua própria rota. Havia felicidade por todos os lados ali, e elas não poderiam se sentir mais orgulhosas uma da outra. 

–Bom dia prefeita! -Saldou a ruiva, a morena revirou os olhos e a abraçou. 

–Bom dia, Siis. Achei que vocês viriam mais tarde... 

–E viríamos, mas Mary apareceu cedo em casa e levou os outros dois embora, então eu decidi passar a tarde com você para terminaremos de arrumar as coisas para a viajem de amanhã. -Regina a encarou surpresa por alguns segundos e a ruiva revirou os olhos ao perceber o que a Irma fazia. –Não, não e não eu não estou animadíssima com essa viajem! Mas cansei de ficar triste pelos cantos. Quem sabe New York não me reserva alguma latina bonita... ou uma loira gostosa... qualquer distração do tipo. -suspirou cansada. 

–Zelena! -A morena virou as costas e saiu rindo em negação . –Você não presta! 

–E você adora! 

A manhã passou rápido, e todas as malas já estavam prontas para a viajem do dia seguinte. Alguns papéis da prefeitura pairavam sobre a mesa da cozinha e o papo fluía solto pelo ambiente. 

–Eles estão muito quietos para o meu gosto. -comentou Regina. –Vou ir dar uma olhada. 

–Regina eu fui na sala faz cinco minutos, eles estão vendo TV, para de ser chata. -Ela resmungou rendida e voltou para onde estava. –Falta muito para você acabar com essa papelada? -A prefeita negou. –Ótimo, porque o almoço está quase pronto e eu quero sua total atenção em mim. 

Regina se perdeu na papelada e ignorou a mais velha pela primeira meia hora. Era inegável que a ruiva deixava tudo muito mais divertido, mas infelizmente algumas coisas não podiam ser adiadas. 

–O almoço está pronto! -O prato de macarrão foi arremessado em direção a prefeita que se assustou. –Agora come! E olhando para mim, porquê eu mereço toda sua atenção. 

–Você não vai me deixar em paz, não é? -A ruiva negou e a morena se deu por vencida. –Bom já que eu não vou conseguir me livrar de você, eu tenho novidade! Grandes novidades. -Os olhos azuis se arregalaram em expectativa e Regina sorriu antes de continuar. –Benjamin Mills of Locksley. -Falou pausadamente sorrindo como quando recebeu a notícia. 

–O que tem o Benjamin? -Regina gargalhou, e Zelena ainda a olhava sem entender. 

–Benjamin MILLS of Lockesley! 

–Regina eu não sou surda! Eu já entendi que é sobre o Benj. -Revirou os olhos. 

–Não é surda mas é burra! Mills, Zelena! Mills! -Ressaltou eufórica 

–Aí meu Deus! -Gritou ao se dar conta do que a Irma dizia. -Mills!!!

–Robin deu o meu nome e sobrenome para ele. -Os castanhos se inundaram de lágrimas, e ela não conseguia se conter. –Benjamin é meu, entende? Meu filho! Eu sei que são só meia dúzia de papéis e que mãe é quem cria.. só... só que...

–Só que para você é muito mais que isso? --Ela soluçou concordando. –Regina isso é maravilhoso! -A morena a abraçou forte. –Eu estou muito feliz por você, meu amor. Muito feliz. -Regina sabia que sim, ela sentia.  

Os últimos papéis foram assinados e toda a papelada encaminhada para a prefeitura. Eram mais que 17:27 quando as irmãs se jogaram no sofá rendidas ao cansaço. Benjamin e Theodoro dormiam no tapete em meio aos brinquedos e com um filme infantil ao fundo. Era engraçado pensar que a vida poderia ser assim tão simples quanto respirar. 

–Eu nunca pensei que ser mãe fosse tão gratificante. -A voz da mais velha quebrou o silêncio que as envolvia e Regina a fitou curiosa tentando entender o rumo daquele assunto. –Eu poderia passar o resto da minha vida vendo o Theodoro dormir. -Ambas gargalharam e concordaram. –Tudo parece tão simples quanto respirar, tão simples quanto a batida do coração deles... 

–As vezes, eu sinto vontade de ter um bebê. -Aquelas palavras voaram para fora de sua boca e de repente já era tarde. Colocar em palavras aquele desejo, era torná-lo real. E agora já era tarde. –Robin quer muito adotar um, e eu quero também. -A ruiva ouvia em silêncio. Deixava a morena desabafar. –Mas, desde que eu perdi meu bebê um vazio se instalou no meu ventre... parece loucura? -A mais velha negou. –Eu quero sentir uma vida crescendo dentro de mim. -Seus olhos voltaram a se encher de lágrimas. –Mas eu nem sei se isso é possível... Não sei o que aqueles 10% se tornou, se existe alguma chance... Tudo parece incerto quando eu penso sobre esse assunto. 

–Ei, é claro que existe! Não começa com pessimismo. -Seus braços envolveram a mais nova e a encheu de beijos. –Quando voltarmos de New York você vai marcar uma consulta com a Dra.Cullen, vamos descobrir as suas chances de ter um bebê... e quem sabe eu não pense sobre o assunto também. E vamos formar um time de futebol só com os nossos filhos!-Os olhos azuis se encontraram com os castanhos e Regina sorria para Irma que retribuía na mesma intensidade. –É só uma possibilidade, mas acho que já passou da hora deu me render a essa vontade louca que domina minhas veias... 

–Você só me surpreende. 

–Espero que seja positivamente. –Gargalhou. –Eu tenho medo que isso seja só uma necessidade de preencher um vazio, entende? Não faz nem duas semanas que eu me divorciei e tomar uma decisão por agora seria loucura, eu sei. Mas eu tenho 40 anos! E... 

–E o tempo é curto, Zel. Curto demais para ficarmos prezas a meias decisões. E bom conversar com o médico sobre o assunto, não é estar grávida. Então vamos conversar, e conversar, e conversar... e no meio dessas conversar você vai se deparar com loiras, morenas, latinas... e então conversaremos de novo....

–Eu te amo! 

–Eu sei...

������

–Tudo pronto? -Perguntou o loiro animado ao colocar as últimas malas no carro. Zelena revirou os olhos seguindo em direção ao veículo. –Sua animação me contagia, cunhada. -Ela sorriu sarcástica em sua direção e adentrou o veículo. Benjamin e Theodoro dormiam na cadeirinha e todos só esperavam por Regina. 

–Desculpa o atraso. -Falou apressada, seu coração estava acelerado e um pequeno sorriso brincava por entre seus lábios. –Eu estava tentando falar com a Mamãe, mas ela não atende. -Deu de ombros e entrou no veículo. –Você falou com ela hoje, Siis? -A ruiva a fitou entediadas e revirou os olhos. 

–Eu estou aqui me perguntando o porquê de ter aceitado ir com vocês, ainda mais essa hora da manhã. E você Acha mesmo que eu estou preocupada com a mamãe?! Ela deve estar foden... 

–Zelena! Por favor. -Robin gargalhou e negou com a cabeça dando partida no carro. 

Era engraçada toda aquela situação, Zelena tinha um humor ácido e Regina uma ironia nata. Um encaixe perfeito, era inegável. Ele podia jurar que elas eram uma só em corpos diferentes. O mais engraçado era se ver em ambas, naquela situação fraterna... em um universo paralelo ele e Lauren seriam da mesma forma... as gotas de chuva começaram a se chocar com o vidro do carro o trazendo de volta à realidade. 

O relógio se arrastava pelos ponteiros, e aquela altura todos concordavam que ter pego um haviam seria a melhor das alternativas. Eram quase 12:00am quando Robin estacionou em frente ao hotel onde fizeram a reserva. Seus corpos doíam, as crianças pareciam mais afobadas do que nunca e o mau humor os dominava. 

–Eu nunca mais viajo com nenhum dos dois. -Decretou a ruiva ao se lançar para fora do veículo. –Horas na estrada para inauguraçãozinha de um café! Eu só posso estar ficando maluca. 

–Você se quer reparou na natureza...

–Natureza, Robin? Natureza? 

As malas foram deixadas pelo quartos e Regina se jogou em baixo do chuveiro deixando a água quente relaxar seus músculos. Haviam sido longas horas de viajem e aguentar Zelena e Robin implicando o caminho inteiro era ainda mais cansativo. 

–Camila ligou! -Robin gritou na porta do banheiro –A inauguração começa às...

–15:00 eu sei! -Gritou de volta e o loiros sorriu –Você pode ir tirando a roupa do Benjamin? Eu vou dar banho nele aqui no chuveiro mesmo. 

O pequeno dormia esparramado no meio da enorme cama de casal.  Os cabelos pretos caiam por seu rosto e ele parecia um anjo. 

–Benj... -Robin o beijou na bochecha, e o pequeno resmungou. –Mom está te chamando. -ele virou para o outro lado e o loiro gargalhou. –Você é muito preguiçoso filhote. -Seus braços envolveram o corpo da criança e mesmo dormindo seguiu com ele para o banheiro. –Seu filho não quer acordar. -Ela revirou os olhos rindo e trouxe o menino para seus braços. 

–Obrigada Amor. 

Era engraçado voltar para New York depois de anos e a ver igual desde a última vez. A grandiosidade dos prédios e todo o poder que a cidade refletia nos espelhos dos arranha-céus. Robin sorria ao seu lado com dedos entrelaçados ao seus e parecia tão perdido em pensamentos, quanto ela. A cidade das lembranças, boas e ruins... mas de fato inesquecíveis lembranças. Zelena vinha mais atrás sorridente junto a Benjamin e Theodoro que disputavam sua atenção. As ruas, sempre movimentadas, ganhará mais vida em meio aos prédios cinzas. Pintado de vermelho, branco e azul O "Cabello's Café" trazia em sua faixada toda exuberância das outras lojas, mas com um toque latino único que só Camila carregava. Eles não poderiam estar mais orgulhosos dela. Perto da entrada principal Emilly e os pais da mulher aguardavam ansiosos pelo momento em que Camila cortaria a fita e daria por iniciada inauguração. 

–Camila! -Gritou Robin e assim seus olhos se encontraram. Camila sorriu abertamente e caminhou em direção aos amigos os prendendo em um abraço. -Aí meu Deus latina quanta gente! - Comentou eufórico. 

–Muita não?! Eu nem esperava. -comemorou ainda abraçada a eles. –Eu já estava achando que vocês não viriam. -Comentou ao fitar Regina. –Eu não iria te perdoar. 

–Prometemos, não prometemos?! -respondeu sorrindo. Os olhos da latina a traíra e por breves segundos fitou a ruiva atrás da melhor amiga. 

–Boa tarde, Zelena! -A ruiva, pela primeira vez, tirou os olhos da fachada e fitou a latina a sua frente. 

–Ah, oi Camila. -Camila lhe sorriu brevemente antes de virar de costas e seguir novamente para a entrada. –Vai ser um longo dia... -Sussurrou seguindo a Irma e o cunhado. 

O lugar era impecável, de uma delicadeza e aconchego impressionante. Os tons de azul, vermelho e branco se mantinham presente do lado de dentro e o lugar sem duvidas tinha a cara e alma de Camila, Regina não poderia estar mais orgulhosa. A mesa ao fundo, fora ocupada pela família e eles sorriram com a familiaridade da de Boston. Uma visão privilegiada da rua e das almas apressadas... Adorável, necessário. 

–Sou obrigada a admitir que a comida aqui é maravilhosa. -A prefeita fitou a Irma incrédula. –Quase tão boa quanto a minha. -E por fim o casal riu da modéstia da mais velha. 

–Camila é muito boa na cozinha...

–Em alguma coisa essa abusada tinha que ser boa. -Robin gargalhou e antes que a morena tivesse a chance de responder, Emilly apareceu correndo e os tirando o foco da possível discussão. 

–Tio Rob! Tio Rob! 

–O que foi Princesinha? -Suas mãos balançavam apressadas e seu rosto refletia toda a animação que ela carregava consigo. 

–Mama  fez uma surpresa para Mommy, vem ver! -a fala da criança o deixou intrigado e no instante seguinte Robin a seguia de perto deixando o café e as mulheres para trás. 

–Você sabe algo sobre? -perguntou a ruiva intrigada. 

–Camila me pediu para desenha-las em um quadro, e o pendurou na área de leitura. 

–Uau... -Comentou surpresa. –já fazem anos, não fazem? 

–Mais de 12.

–Ela não me parece ter superado... -Regina fitou a latina atrás s do balcão por alguns segundos e sorriu fraco. 

–Nunca se supera um grande amor, Zel. Não um amor como o delas. A gente finge. Ama de novo, não na mesma intensidade, mas se permite. Agora superar... é como perder a alma, vê-la morrer e deixar que isso aconteça. -Zelena sentiu cada palavra atingir em cheio. –Se Robin partisse, eu nunca o superaria. 

–Você acha que eu nunca vou supera-lá?! -Regina riu sem humor da pergunta e agarrou a mão da Irma sobre a mesa. 

–Siis... eu espero que supere. Porque não acredito que ela seja sua alma gêmea. Mas, se ela for vocês vão se reencontrar e não será necessário supera-lá. De tempo ao tempo, ruiva. Tempo ao tempo. 

A conversa chegou ao fim com a chegada do loiro. Os olhos azuis estavam banhados de lágrimas e ele olhou para Regina agradecido. Ele reconheceria seus traços em qualquer lugar,  a delicadeza da obra no fundo do café era de deixar qualquer um sem palavras. 

–Deus eu não deveria ter vindo! -Regina gargalhou ao ver a ruiva comer o décimo bolinho de nozes. –Essa latina abusada está tentando nos conquistar pelo estômago! Isso não vai funcionar comigo. 

–É uma pena Zelena! -A ruiva se assustou ao ouvir a voz de Camila. –Eu tinha certeza que meu plano infalível ia dar certo. -Zelena revirou os olhos e Camila se sentou à mesa junto a eles. 

–Foi tudo um sucesso, eu nem acredito. -Cada palavra vinha junto a uma carga de orgulho próprio que nem ela sabia que tinha consigo. 

–Nos não tínhamos dúvidas que seria. 

–Vocês não contam. -revirou os olhos rindo. –Eu estou exausta! -declarou por fim. 

–É uma pena. -comentou Zelena vagamente. –Eu tinha uma proposta para te fazer. 

–Para mim? -todos na mesa, sem exceção, pareciam surpresos. –Confesso que fiquei curiosa. -Zelena virou em sua direção e fitou os grandes olhos castanhos da latina. Era a primeira vez que reparava em seus traços e era inegável o quão linda aquela mulher era. Ela negou com a cabeça afastando tais pensamentos e sorriu, nem bêbada estava para pensar aquilo. 

–Seus doces são maravilhosos e isso é inegável. -A morena sorriu com o elogio. –E bom é inegável que o meu Café precisa de uma repaginada no cardápio. 

–Você está...? 

–Estou pedindo a opinião da chefe Cabello para um novo cardápio. A dela, e não a sua. -Camila sorriu largo e abraçou a ruiva, desconsiderando a implicância de Zelena. 

–Claro que eu ajudo Zelena! 

 


Notas Finais


E eeeeeeeeeentão?? Espero que tenham gostado.
Bom, chegamos aos 4 últimos capítulos e eu gostaria de saber o que vocês esperam para esse final, e se existe algum ponto que não foi explorado ao longo da história que vocês gostariam de ver mais... Vamos terminar de escrever Essence juntos?! Muitos beijos e até breve


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