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História Estações - Viagem até Arashiyama


Escrita por: Dasf-chan

Notas do Autor


Olá, queridos!
Mais um pouco dessa viagem de férias.
Ainda não está terminada, mas rascunhada até o final.
Então vou postá-la até terminar!

Digo isto pois na próxima semana recomeçam todas as minhas atividades profissionais e talvez seja difícil postar semanalmente... Talvez eu precise postar de 15/15 dias, tanto esta quanto FDC... É a minha forma de não parar de postar...

Boa leitura e um beijo no coração de todos.

Capítulo 3 - Viagem até Arashiyama


Fanfic / Fanfiction Estações - Viagem até Arashiyama

O que sentia pelo amigo, afinal?

Nunca preocupara-se assim com ninguém...

Mas Shun não era um ninguém. Era seu melhor amigo...

E ele não sabia o que dizer, a não ser auxiliar o outro a sair daquela inércia que a melancolia provocava em seu pequeno sol.

-----*-----

A questão que incomodava Hyoga era sua mente, que desejava ficar em um lugar longe de qualquer movimento...

E as ruas de Tóquio conseguiam ser mais estressantes que qualquer batalha que poderia vir a enfrentar.

– Aonde vamos? – Perguntava o mais novo, que o acompanhava a passos inquietos.

– Até a estação. Não demoraremos se usarmos esses shinkansen.

– Esses trens modernos tem uma estrutura arrojada e bonita... Mas, a duzentos quilômetros por hora, não dá para ver a paisagem... Pelo jeito, com a evolução tecnológica, esses trens ultrapassarão facilmente os trezentos por hora...

–  Então é melhor nos apressarmos.

–  Por que? Vamos de shinkansen...

– Confia em mim. – Pediu o russo, mais em uma afirmação que em uma interrogação.

– Confio. Sempre... – Confirmou o jovem japonês, em um tom mais de aceitação do que de animação pela viagem. Estava deixando-se ser levado por Hyoga, sabia que contrariá-lo naquelas condições não seria sensato.

A caminhada até a estação foi completada em silêncio. O mais velho logo comprou as passagens e antes que Shun pudesse perceber, já estariam acomodados em um bando confortável de dois lugares.

– Melhor você ir perto janela, perto da saída do ar refrigerado. Está quente, e sei que não gosta de calor... – Sugeria o mais novo, sem muita emoção na voz e sem dar chance de Hyoga retrucar. O ambiente estava em uma temperatura razoável para o jovem Cisne acostumado ao frio russo, e ficar debaixo da saída do vento gelado seria melhor ainda.

Realmente, Shun o conhecia bem...

Sem muitas opções, o aquariano colocou as mochilas na grade de apoio na parte de cima, próximo ao teto, e sentou-se. O virginiano fez o mesmo, e ali ficaram até o vagão começar a se movimentar.

O ambiente era extremamente confortável, causando até certo estranhamento aos rapazes, tão acostumados com a falta de recursos financeiros e os extenuantes treinamentos em situações inóspitas.

Nenhum dos dois sabia como começar a conversa que desejavam ter, e acabaram por fitar a paisagem externa que passava antes os olhos de ambos.

Mirando as construções que rapidamente ficavam para trás, enquanto o trem ganhava tanta velocidade quanto a que eles tentavam alcançar como cavaleiros de Athena, Hyoga imaginava o que poderia fazer para que Shun iniciasse alguma conversa...

Sempre fora papel do mais novo começar os diálogos...

Agora estavam os dois ali, sem saber o que fazer...

Se bem que, no fundo, o loiro sabia o que desejava, queria fazer aquela tristeza deixar o coração do pequeno sol que sua mãe lhe enviara para iluminar seu caminho nas noites mais densas...

Contudo, como poderia saber o que o outro realmente sentia?

A única coisa que sabia era algo de seu sonho juvenil...

Viver em paz com o irmão, com os amigos, com Saori...

Um desejo tão simples e, ao mesmo tempo, tão difícil de ser alcançado.

Sabia também o quanto as noites lhe eram custosas, entrecortadas por pesadelos, que sabia serem tão terríveis que faziam o outro chorar quase sempre...

Não exatamente por Shun ser mais emotivo que os demais, mas pelo conteúdo das cenas que vislumbrava.

Talvez, outro em seu lugar, já teria enlouquecido com as imagens que o rapaz descrevia ver em sua mente quando tentava descansar...

A alma de outrem é outro universo, com que não há comunicação possível, com que não há verdadeiro entendimento...

Pouca coisa poderia saber da alma do amigo sentado ao seu lado, a não ser aquilo que a transparência dos sentimentos do virginiano permitia sondar.

Seu pequeno anjo sempre desvendou seus olhares, seus gestos, suas palavras não ditas...

Havia se especializado nisso...

O aquariano, no entanto, que era sempre o observado, não conseguia decifrar o silêncio do mais novo, até que Shun tomou a frente em puxar alguma conversa, para alívio do aquariano.

– Esse trem novo é confortável, Hyoga.

– Sim. Verdade. – Respondia o aquariano, meio sem jeito. Não sabia muito bem o que estava fazendo. Pela primeira vez, estava fazendo algo sem programar-se com antecedência. Aquele pequeno livro-guia era seu roteiro.

– Algo te incomoda? – o mais novo sempre decifrava seus silêncios. – Se você quiser, ainda dá tempo de retornarmos...

– Você quer voltar, Shun? Essa é sua vontade? – o mais velho inqueriu, colocando ênfase no verbo.

– Não é isso...

– Então o que é? – Perguntava Hyoga, sempre muito direto. Não sabia ser de outra forma.

– Acho que você não deseja viajar pelo Japão... Acho que você preferia ir para a Rússia...

– Agora, não importa o eu prefiro. 

– Importa sim, Hyoga.

– Às vezes, você é muito teimoso, Shun.

– E você é teimoso quase sempre. –  Respondeu o virginiano, com um meio sorriso. – Não queria que você estivesse aqui por pena. Eu consigo me virar sozinho.

– Quem disse que estou aqui por pena?! – Inqueria Hyoga, meio indignado.

– Mudou seus planos para me trazer nessa viagem que eu nem sei para onde é...

– Não posso mudar de opinião porque desejo fazer algo para alguém que gosto?

– Alguém que gosta?

– Você sempre me ajudou quando eu sofria por causa da minha mãe...

– Você também sempre me protegeu quando eu precisei... Inclusive quando o Cisne Negro me atacou no bosque em frente à mansão, foi você que me ajudou.

– Você daria conta dele facilmente, assim como conseguiu vencer o Andrômeda Negro no Vale da Morte.

– Mas as minhas correntes não serviram de nada contra aquele cavaleiro de gelo... Ele me prendeu em um cristal negro...

– Já pensou por que suas correntes não reagiram ao seu comando? Não pode ser apenas por causa daquele frio pífio daquela imitação de cavaleiro. Tenho certeza que sua armadura responde ao seu estado emocional, e você não estava bem naquele dia. Despediu-se de Seiya em uma tristeza profunda por saber que Ikki estava contra nós.

– Como você sabe que...

– Eu estava observando, Shun.

– Mas eu não vi você por perto, Hyoga. Pensei que eu estava sozinho com Seiya.

– Ouvi quando Tatsumi reclamou que havíamos voltado de mãos vazias e Saori decidiu por suspender o torneio...

A mente de Hyoga rememorava aqueles dias, como a tentar mostrar para Shun que todos estavam envolvidos e que não fora culpa dele o fato de o irmão voltar-se contra Saori e os antigos amigos.

– Foi mesmo. –  Confirmou o virginiano. – Saori disse que o torneio não podia continuar sem a armadura de ouro, pois nela repousava o prestígio da Fundação Graad e nos disse que nosso dever era recuperar as peças que faltavam, mesmo sendo muito arriscado...

– Seiya ficou aborrecido com razão. Eu também fiquei.

– Mas você sumiu de perto de nós, Hyoga...

– Eu ainda estava um pouco confuso entre as ordens que havia recebido do Santuário e estar ao lado de vocês. – Confessou o aquariano, demonstrando irritabilidade na voz. Mais do que ninguém, Shun conhecia o amigo, sabia o que se passava em seu coração e surpreendeu o outro com um sorriso sincero e compreensivo.

Como a demonstrar a veracidade de suas palavras, segurou a mão forte de Hyoga entre as suas, e fitou aqueles olhos azuis com seriedade.   

– Entendo. De verdade. – Ao perceber que o amigo retesara o corpo, surpreso com o contato inesperado,  soltando-lhe a mão, abaixou o olhar e explicou-se. – É que senti sua falta... O Shiryu levou as armaduras para consertar... Seiya iria para o apartamento dele próximo ao orfanato... Pensei que ficaria sozinho novamente...

O loiro nada disse, sentindo a respiração suspender ao perceber o carinho com que o castanho lhe tratava, mesmo que não merecesse tal atenção, sempre se mantivera distante física e emocionalmente, não poderia esperar que alguém conseguisse romper a barreira de gelo que erguera em torno de si. Shun sempre conseguira encontrar um brecha... Sem quebrar, sem invadir... De mansinho, esgueirava-se entre os icebergs do coração do amigo e conseguia aproximar-se dele.    

Entretanto, naquele dia, era o mais novo que precisava que encontrassem uma brecha para que alguém pudesse resgatá-lo de sua melancolia.

– Eu merecia isso... – Continuava Shun, em sua triste lembrança dos fatos ocorridos enquanto o outro fitava as próprias mãos entre as do amigo. – Provoquei tudo isso! Deixei Ikki ir em meu lugar para a Ilha da Rainha da Morte! Não consegui ser forte e enfrentar meu destino! 

– Lembro muito bem de Seiya dizer-lhe para não se culpar. – Interrompeu Hyoga, tomando o queixo delicado do amigo, fazendo com que voltasse a mirar seus olhos.

– Como você sabe?

– Te disse que estava por perto.

– Eu precisava verificar algo sobre o Ikki... Fui até a árvore onde ele sempre treinava... Pude ver as marcas dos punhos dele no tronco... Então reparei que havia uma marca da cruz do norte, da constelação de Cisne... Até pensei que poderia ser você que tivesse feito aquilo mas logo fui atacado por um cavaleiro que congelou minhas correntes... Ele me atacou com o Pó de Diamante... Os cristais eram tão parecidos com os seus... – Lembrava Shun, novamente melancólico.

– Não consegui chegar a tempo de impedir aquele canalha de te atacar covardemente...

– O Cisne Negro me disse que nada mais me ligava ao Ikki... Que desferiria o golpe fatal sem menor remorso... Talvez, se ele tivesse me matado ali mesmo, a fúria do meu irmão fosse aplacada e ele ainda estaria vivo...

– Não diga algo assim! Nunca mais, escutou?! – o aquariano demandou, olhar firme e severo. 

– Mas você também ouviu o que ele disse! Eram homens comandados pelo meu irmão! – o virginiano justificou, tentando explicar seu ponto de vista. – Talvez, se eu tivesse me entregado naquele momento, ninguém iria se ferir naquela batalha na caverna dos ventos, e o Monte Fuji não seria o túmulo de Ikki...

– Se fizesse isso, sua morte seria inútil! Assim como foi inútil a morte de Ikki!

Hyoga dissera a última frase com tamanha força na voz que fez o mais novo aquietar-se, assustado.

– Shun... Eu não queria...

– Está tudo bem. – Disse o rapaz, com o olhar esverdeado marejado.

– Eu não quis dizer que...

– Tudo bem. Sério.

Se arrependimento matasse...

O cavaleiro de Cisne cairia morto ali, naquele momento. Falar de sentimentos era algo difícil para o aquariano, e quando tentou remediar...

O remendo saiu pior...

Não pensava realmente que a morte de Fênix havia sido inútil, desejava dizer que a morte de Ikki não trouxe benefícios, ou talvez que a morte de um amigo nunca traz benefícios, somente dor...

Mas na hora de as palavras saírem de sua boca, acabou dizendo de uma forma que soou muito ruim, principalmente naquele contexto...

Então, achou por bem guardar suas conjecturas para si mesmo, e fitou a estação pela janela, enquanto Shun desviou o olhar para o chão, procurando um foco para sua mente.

O mais novo estava cansado...

Exausto demais para procurar entender o que realmente o amigo estava tentando dizer. Preferiu respirar fundo e esquecer aquela conversa sem sentido. O passado estava em um lugar inacessível aos dois e seria bom que continuasse lá.

Inacessível...

Alguns eternos minutos se passaram até o trem saísse da estação e tomasse velocidade.

O aquariano havia se distraído com o passar rápido da paisagem externa, até que o trem parou na primeira estação. Virou-se para chamar o rapaz, imaginando que estivesse chateado com ele, afinal, Shun estava em silêncio desde aquela última frase quando dissera que estava tudo bem.

Pensou que ele estava quieto por ainda estar chateado e percebeu que ele havia adormecido.

Os braços esticados, as mãos entre as pernas buscando aquecer-se. A cabeça pendia sobre o pescoço suavemente inclinado para frente.

Com cuidado, afastou algumas mechas do cabelo castanho que lhe cobria os olhos e pôde perceber as pálpebras cerradas suavemente e a respiração calma.

Talvez fosse a segurança do ambiente ou a presença do melhor amigo ao seu lado...

Ou o quase inesistente movimento do vagão, que estava tão silencioso a ponto de se ouvir um sussurro qualquer...

Enfim, parecia que o mais novo havia mesmo adormecido e estava em um sono calmo. As noites não dormidas, tantos amanheceres vistos da sacada do quarto ou da varanda da biblioteca da mansão Kido, cobravam seu preço...

Hyoga suspirou...

Será que ele está chateado? Não... Shun não é de guardar rancor... Ele só deve estar cansado...

Passou o braço pelos ombros encolhidos e pelo corpo do menor, fazendo com que ele recostasse em si, sem acordá-lo. O outro ainda procurou uma posição mais confortável, acomodando-se junto ao tronco de Hyoga, que conseguia sentir a respiração do mais novo acelerando ao contado físico.

Falando baixo, tentou acalmar o amigo que dormia, sussurrando-lhe ao ouvido frases que lembrava ter escutado de sua mãe, quando acordava preocupado com um futuro que não sabia ainda qual seria.  

– Pequeno, se acalme... Tudo vai ficar bem... Estou aqui ao seu lado, nada de mal irá lhe acontecer... Eu cuidarei de você...  Por favor, fique bem. Eu preciso de você.

Em pouco tempo, chegariam à estação onde embarcariam no trem que os levaria à Arashiyama e seriam recepcionados pelas belas montanhas arborizadas pontilhadas de rosa das cerejeiras em flor. Esse distrito agradável e turístico do subúrbio ocidental de Quioto era um destino popular desde o século nove, quando as famílias nobres apreciavam seu cenário natural. Pelo guia que havia lido, dezenas de cerejeiras espalhavam-se pela região à beira do rio, e isso, com certeza, faria seu anjo alegrar-se.  

Realmente, o tal livro-guia de turismo que havia comprado quando chegara ao Japão por ocasião do Torneio Galáctico estava sendo útil, em vez de se tornar um peso desnecessário em sua mochila.

Antes que o mais jovem se acalmasse de vez, Hyoga ainda escutou um murmúrio em voz suave, tão doce quanto recordava das lembranças da infância.

– ...gomen... suki desu...

O loiro não pôde deixar de sorrir. Aquele era o Shun de suas memórias...

Desculpando-se por algo que não havia feito, por algo que nem de longe poderia ser sua responsabilidade.

Mas Shun estava ali, com Hyoga, naquele vagão, a caminho de um lugar desconhecido...

Finalmente, havia saído da inércia.

O castanho nunca precisava de um motivo para se desculpar e costumava começar as frases assim...

Não precisava de um motivo...

Quando estavam juntos, o mais novo dos cavaleiros sempre expressava o quanto gostava daquele amigo gaijin.

 Suki desu...

E por causa desse carinho, tantas vezes fora hostilizado pelos companheiros de bronze, em brincadeiras de baixo calão. Fazia de conta que não sentia doer aquelas provocações, entretanto, às vezes, Hyoga se afastava para não ser incluído naqueles dizeres.

Mesmo assim, acabava tomando as dores do menor, e seu olhar gélido fazia com que todos se calassem ao sentir o frio que emanava daquele cosmo em defesa do amigo.

Não que Shun precisasse realmente de ser defendido por quem quer que fosse. Se desejasse, podia acabar com todas aquelas brincadeiras de mal gosto com uma pequena rajada de seu cosmo. Mas preferia ser o ofendido a ser o ofensor... Hyoga nunca entendera muito bem essa escolha, apenas a respeitava.

Suki desu.

Quantas vezes escutara o mais novo dizendo que gostava muito dele...

Até onde iria esse gostar?

Aquela viagem até a cidade de Arashiyama poderia ajuda-los a entender melhor os sentimentos... Um tempo a sós, longe de tudo e de todos auxiliaria a Shun expressar o que sentia e a Hyoga desprender-se dos blocos de gelo que erigia em torno de suas emoções. Enfim, ambos poderiam ajudar-se mutuamente a desenovelar os pensamentos emaranhados e, quem sabe, reconstruir aquela bela amizade separada pelo tempo.

 

(continua...)


Notas Finais


No próximo, chegaremos a Arashiyama e conheceremos o Romantic Train.

A figura de capa é um printscreen do mangá de SS, capítulo 05.

Estou triste por não conseguir postar mais semanalmente, entretanto prometo que continuarei postando regularmente de 15/15 dias. Preciso defender logo esse meu mestrado, porque preciso tentar me inscrever no doutorado no segundo semestre de 2018... e as atividades cotidianas não dão trégua, mesmo eu amando o que faço!
Espero que compreendam...

Um abraço carinhoso a todos que chegaram até aqui.

Ps: acho que estou me sentindo como o Shun... Meio triste por não poder mais atualizar como eu gostaria...


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