Acabo de botar a última peça de roupa na mala e já mando mensagem para Lauren: "O meu dia está sendo uma merda, como o esperado. Não acredito que isso está acontecendo." Ela não responde.
Ouço meu pai falar ao telefone no andar de baixo e fecho o zíper dela rapidamente enquanto a puxo até a escada. Num dia normal me mataria de carrega-lá até embaixo, mas hoje não, hoje faria de tudo para o dia ficar pior do que já está, para acabar com qualquer possibilidade dos meus pais não ficarem se sentindo tão mal por serem péssimos como sempre foram para mim e Sam. Então, usei o modo mais fácil, a joguei com tudo do alto da escada, o que imediatamente fez meu irmão fazer o mesmo. O impacto fez um barulho tremendo no piso de madeira, o que fez meu pai vir até nós e dizer, ou melhor, gritar:
- Que droga é essa? Vocês sabem o quanto foi difícil arrumar um comprador pra essa casa, querem deixá-lá caindo aos pedaços? Não estraguem tudo com seus caprichos infantis. Desçam logo os dois! - meu pai logo sai da sala, enquanto isso Sam me encara vermelho, depois ri.
- Cara, nunca vi o papai tão bravo. Valeu, Cam. - nós dois sorrimos um para o outro e terminamos de descer a escada do modo tradicional.
Seguimos até o carro e entramos sem dizer nada a nossos pais, colocamos tudo no porta-malas e minha mãe saiu dirigindo. Continuamos todos calados a viagem inteira, tudo como se fosse uma confirmação da culpa dela, e realmente, era mesmo. Naquele momento só queria que Lauren me respondesse, ela sempre foi muito importante para mim, mas já chequei o celular tantas vezes e até agora, nada.
Não se passou nem uma hora até chegarmos ao nosso destino, uma casa velha e massante no centro que provavelmente está desabitada a muito tempo. Minha mãe faz um sinal para eu sair do carro, foi nesse momento que tive uma sensação estranha, não sei bem explicar, mas imagino que tenha haver com a casa. Talvez a sensação de não saber o que vai acontecer no meu novo lar.
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