História .you're the reason - Cápitulo 3

     Acordo em um quarto totalmente branco. Móveis brancos, paredes, cortinas... Tudo branco. Será que eu morri? Por falar em morte... Me ponho a chorar desesperadamente. Isso não pode estar acontecendo, isso é impossível! Minha Vó, minha mãe, a pessoa que eu mais amava, ainda a amo, onde quer que ela esteja. 

    Vejo a porta se abri e de lá entrar um homem com cabelos pretos e olhos claros, ele me olhava com pena, e um pouco inseguro.

    - Len... O que aconteceu com você? A policia local te encontrou desmaiada no meio da estrada, em frente a uma casa abandonada. O que houve? - Perguntou, demonstrando preocupação.

    - Acho que apenas passei mal, após descobrir que a pessoa que eu mais amava, morreu por minha culpa... - Falo, começando novamente a chorar. Jeff me olha e repousa sua mão sobre minha cabeça, acho estranha sua atitude, pois como que um homem estranho, que eu conheci num ônibus, apresenta tanta intimidade comigo? Ele age como se nós fossemos amigos de infância.

     - Okay, suponho que não queira falar sobre isso agora. Me desculpe não poder ficar mais, tenho que trabalhar. Nos vemos à noite? - Pergunta abrindo um sorriso.

    - Tudo bem, nos veremos à noite. - Nos despedimos e ele sai do quarto, dando passagem para logo em seguida uma mulher, na faixa de uns cinquenta anos, entrar e fechar a porta, logo então dirigindo seu olhar pra mim.

     - Bom dia Hellena! Vejo que já está acordada, preciso que coma seu café da manhã e me diga o que realmente aconteceu ontem. - A médica me pede com um sorriso simpático estampado em sua face. Ápos explicar o ocorrido da noite passada, ela me consola e pergunta se eu gostaria de fazer algum tipo de tratamento psicológico, eu digo que não moro em Springfield, então ela me recomenda um ótimo psicólogo em Columbus.

     Saio de lá decidida a encontrar com meus antigos amigos da cidade, preciso tirar certos acontecimentos da minha cabeça, mas tenha a impressão de que, fazendo isso, esse... sentimento só vai piorar. 

     Caminho calmamente sobre as ruas da pacata cidade, observando as casas, as pessoas e em um momento de distração (No qual estava a lembrar de momentos com minha Vó nessas ruas), meu corpo se choca no chão graças a uma pedrinha que estava no lugar errado, na hora errada. Sinto meu joelho arder e quando o olho, percebo que o mesmo foi ralado no asfalto, percebo uma movimentação atrás de mim e sinto uma mão em meu ombro.

     - Moça, você se machucou? - Vejo um par de olhos negros me olhando preocupado.

     - Não precisa se preocupar! Apenas ralei o joelho. - Falei dando um sorrisinho tímido. Fico feliz que as pessoas aqui ainda sejam educadas e gentis. Já na capital, as pessoas nem olham mais umas pras outras. Deprimente, eu diria. Ainda com o joelho ardendo, me levanto e analiso o homem a minha frente, percebo uma familiaridade intrigante, após um instante usado para relembrar momentos do meu passado, reconheço ele como sendo um antigo conhecido do clube de leitura que minha Vó comandava.

     - Desculpe minha inconveniência, mas você não mora aqui, mora? - Pergunta, franzindo o cenho.

     - Morava. Agora já não moro mais aqui, mas vim com o intuíto de fazer uma visita a minha... A minha Avó... - Falo baixando a cabeça, com um tom triste tomando conta de minha voz. Ele me olha por alguns segundos e arregala os olhos.

     - Hellena? Não acredito que você está de volta! O clube sentiu sua falta. Agora eu sou o organizador, sua Vó deixou ele pra mim antes de... bem... antes de falecer. Mas que bom vê-la aqui novamente! Onde você está morando? 

     - Estou morando em Columbus.

     - Legal! Sempre quis ir pra lá, mas me falta tempo... - Falou dando um sorrisinho. Conversamos por mais algum tempo e depois fomos cada um para um lado, ele para sua casa e eu para uma farmácia, comprar um curativo e desinfetante.

                                          \\             

     Passei a tarde visitando lugares que não via desde que saí da cidade. Em todos os momentos, sem excessão, lembrava de minha Vó e deixava que algumas lágrimas caíssem, todos os lugares me lembravam momentos que passamos juntas.

    " O inverna já tinha chego, mas dessa vez estava mais frio do que nunca, eu e minha Vó estávamos sentadas em frente a lareira contando histórias.

     - Querida, você não gostaria de irmos à padaria comprar ovos pra fazermos um bolo e aproveitarmos pra dar uma passadinha na locadora para alugar um filme? - Vovó perguntou sorridente.

     - Mas é claro Vovó! - Eu, com meus dezesseis anos, respondi mais sorridente ainda. Nessa época, ainda não tinha superado direito a morte de meus pais, então minha Vó fazia de tudo para me alegrar. 

     Fomos até a padaria mais próxima e compramos os ovos. Logo em seguida nos dirigimos até a locadora e alugamos "As Aventuras de Pi", o filme tinha acabado de ser lançado e nós estávamos ansiosas parar assisti-lo. Ápos assistirmos, minha Vó ficou indignada por o Richard Parker ter abandonado o Pi e eu ria com isso. "

       Estava parada em frente a locadora que me trazia essa lembrança, o lugar continua exatamente igual da última vez. Entrei, cumprimentei a mulher no caixa e me dirigi à uma das prateleiras, lá estava, tinha a impressão de que "Pi" me chamava para novamente assistí-lo. Quando peguei o filme, olhei para o papel onde estava escrito o nome de quem fez o útimo empréstimo, e lá estava: "Mag Morgan", sua era mesmo impecável! 

     " - Vovó! Me ajude a fazer a tarefa de casa! Não estou conseguindo - Dizia a pequena Len ao seus onze anos.

      - Claro, querida! Espere um instante para eu achar minha caneta. - Falou sua Vó, logo em seguida tirando uma linda caneta bordô do bolso do avental. 

      Enquanto explicava a matéria para sua neta, fez uma anotação em seu caderno, para poder se lembrar depois.

      - Nossa Vó! Como sua letra é linda! - Falou a menina, com os olhos brilhando. "

     Já estava me desidratando de tanto chorar, então sequei as lágrimas, peguei o filme e o emprestei. 

     Vovó, a senhora não sabe como eu estou sofrendo com sua ausência!