História Estrela Azul - Prólogo

Ruídos...

Apenas ruídos...

Presa nos seus pensamentos. Não é novidade. Ao redor nada era diferente. Pessoas conversando, dando risadas, brigando, era tudo normal. E ao seu lado, apenas sua mãe, procurando uma escola onde ela poderia se encaixar melhor. Será que era possível? Ela só queria um local onde ninguém atrapalhasse seu momento. Não era egoísmo, não. Era que ninguém conseguia compreender ela.

-Safira! *sua mãe tenta acorda-la dando um empurrão no ombro da moça*

Acordando de repente de seus sonhos, ela olha para sua mãe um pouco assustada. Aquele empurrão realmente foi uma surpresa para a garota. Dessa vez não ia se perder nos seus pensamentos, ela precisava ficar “acordada” para a conversa.

-Espero que essa escola esteja preparada para te aceitar. Senão, ai ai, vai ser um desafio procurar outra. *Passava a mão nos cabelos azuis e longos de Safira, acariciando a jovem*

“Mas será que as pessoas daqui vão me aceitar, mãe? “ *perguntava para sua mãe um pouco triste*

-Minha querida, nem todos aqui saibam falar em libras, vai ser necessário escrever. Mas não se preocupe, ninguém vai ser cruel contigo. Caso seja, reclame a diretora. *olhava na bolsa confirmando se tinha levado todos os documentos para inscrição*

“Não quero ser fofoqueira, mãe! Eu sei me defender!” *resmungava para sua mãe *

-Não é ser fofoqueira, querida! Não quero ver ninguém te zoando por que é muda. *puxava a orelha de Safira de leve*

Não querendo puxar briga, cruzou os braços e começou a observar o local. Nada diferente, cheios de arquivos, fotos em cima da mesa, plantas nos cantos da sala, tudo normal. Na parede retratos de turmas já formadas. O cheiro era confortável. Parecia baunilha. Não era seu favorito, mas aceitável.

Ouviram passos atrás da porta, sua mãe pede para ela se comportar, arrumava seu cabelo e sua roupa, para ficar apresentável. A diretora abre a porta, parecia um pouco nervosa, ela estava resmungando até demais, sentando na cadeira, ela olhava a papelada de safira e encarava a garota algumas vezes. Quando se sentiu pronta para falar, pediu para sua mãe entregar os papeis da matricula.

-Então, a senhora quer matricula sua filha aqui no Sweet Amoris? Fico feliz com a sua decisão! *continuava a ler os documentos de Safira*

-Sim, e tenho que perguntar: Sua escola está prepara para aceitar alunos que utilizam a linguagem de sinais? *ela parecia muito decidida*

-Sim, todos os professores saibam falar em libras, sua filha será bem aceita aqui.

Sua mãe estava aliviada com a notícia, ela também de certa forma. Já que nas outras escolas, ela precisava ler os lábios e escrever na sua agenda para se comunicar. Confirmando tudo, Safira poderia assistir as primeiras aulas ainda naquele dia, já que foram muito cedo para a escola. Deixando a mochila com sua filha, sua mãe se despede dela pedindo para comportar na escola. A Diretora mostra o mapa da escola que ficava ao lado da sua sala e deseja boa sorte para a garota.

Se sentindo um pouco confusa, a garota caminha pela escola observando os outros alunos. Parecia um local bom até, todos estavam sorrindo, conversando sobre matérias, e outras coisas. Ela estava realmente se sentindo confortável ali. De repente, ela começou a sentir uma sensação de dejavu, e percebeu que estava perdida. Ficando frustrava, ela caminha rápido pelos corredores procurando respostas, quando percebeu que tinha placas indicando os locais, ela percebe que estava diante do grêmio estudantil, lá ela encontraria respostas.

Abrindo a porta com cuidado, ela percebe que não tinha ninguém ali. Se sentindo um pouco derrotada, a garota resolve esperar um pouco, talvez alguém apareça ali a qualquer momento. Um som muito familiar estava vindo de sua barriga, era a fome. Lembrou que tinha alguns sanduiches que sua mãe tinha feito, toda alegre, ela morde o sanduiche sem remorso, porém, ela sente um gosto amargo e azedo ao mesmo tempo, fazendo caretas, começa a balançar as mãos mostrando que não tinha gostado do sabor. Nesse exato momento, um rapaz entra na sala, se deparando com aquela cena, ele ri da garota.

-Desculpe, mas está perdida? * ele se aproxima dela, ainda rindo da situação*

“Ah, desculpe invadir o local assim. Estava perdida.” *estava evitando de fazer caretas*

-Oh, você deve ser a nova aluna. Bom, eu não entendo muito libras, mas o suficiente para te ajudar. Eu sou o Nathaniel, posso te ajudar? * o rapaz sorri para ela de uma forma gentil*

“Eu gostaria de saber onde é minha sala, mas fiquei perdida, então resolvi vir aqui e esperar alguém que poderia me ajudar. “ *mostrando a língua erguendo a mão até a cabeça*

-Entendo, posso te ajudar sim. Bem provável que ficou na minha turma, já que era única que tinha vagas. Mas por que está com essa cara, moça? * ainda estava rindo dela*

“Por que minha mãe colocou alguma coisa no meu sanduiche que ficou horrível, e pare de ri de mim!” *inchava as bochechas um pouco envergonhada*

-Haha, desculpe. Fui pego de surpresa. Olha, eu comprei esse salgadinho, mas não vou comer. Você quer? *oferecendo o salgadinho para a garota*

“Obrigada!” *ela segura o pacote, abrindo e começa comer para tirar o gosto ruim*

-Vamos, vou te mostrar a sala.

Se sentiu confortável com o rapaz, ele mostra a sala para ela. Estava um pouco frustrava, pois tinha passado ali na frente várias vezes e estava ali. Não era sua culpa, pois era nova na escola. Ela o agradece, pedindo desculpas por ter feito tanta careta para ele, o rapaz apenas sorri para ela e volta para o grêmio. Tinha poucos alunos na sala conversando, faltava pouco tempo para começar a aula, procurou um local no fundo para se sentar ao lado da janela. Observando cada um, ela ria de algumas atitudes. Uma garota de cabelos grisalhos e longos percebe sua presencia e vá até a direção da garota.

-Você é a nova aluna, não é mesmo? * ela se senta na cadeira na frente da garota*

“Sim” *Balança a cabeça*

-Ah, eu não entendo muito essa linguagem, mas algumas vezes se eu não entender, poderia escrever? * ela parecia um pouco frustrada por pedir aquilo*

“Tudo bem” *ela sorria para a garota*

-Eu sou a Rosalya, prazer em te conhecer. *estendia a mão para Safira*

“O prazer é todo meu” *sorria para ela *

Como sua mãe tinha dito, ela tinha que fazer amizade, não precisava ter mais medo. Nem todas as pessoas eram cruéis. Perguntou tudo que vinha pela cabeça para Rosalya, a garota ria da curiosidade de Safira e admirou a roupa que ela estava usando.

Mesmo ter conhecido poucas pessoas, Safira estava contente em conhece-las, talvez ali ela se sentiria mais confortável e se expressar melhor.

Ela estava realmente feliz.