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História Estrelas - II


Escrita por: HelenaS

Notas do Autor


Queria dizer que nem acredito que estou conseguindo manter a agenda que montei para essa fic kkkkkkkkkk Eu sou tão lixo em manter prazos, é uma loucura.
OBRIGADA PELOS COMENTÁRIOOOOOS! "Mas, Helena, foram só 3" Foda-se, se fosse só um eu já estaria
Bem, vamos ao que interessa.
Até as notas finais~

Capítulo 2 - II


Não é motivo para não querê-las...
Que tristes os caminhos, se não fora

 

No restaurante, Minseok normalmente lida com a papelada.  

É bastante burocrático ser dono de um restaurante, mas é necessário. Ele visita a cozinha algumas vezes ao dia, mas trabalhar nos pratos é algo que ele consegue fazer pouquíssimas vezes, uma vez por semana ou quando poderia fazê-lo sem ter medo de não encomendar um alimento importante ou deixar um funcionário esperando para conversar com ele.  

Aquela quarta-feira era um dia que não tinha papelada demais esperando, então Minseok pôde vestir o avental de chef e trabalhar um pouco com a comida.  

Normalmente, só ouvir o som do óleo pulando na panela quente e da água fervendo lhe traria calma. Ele era muito bom no que fazia e era como voltar para seu elemento. Entretanto, Minseok não conseguia tirar sua mente de Yixing. 

Ele não conseguiu comer de manhã. Deu uma mordida em uma torrada e um gole no suco da noite anterior, o que fez Minseok ficar bastante satisfeito, mas isso não seria o bastante. Sim, é óbvio que era cedo demais para querer mais do que isso, mas Minseok não conseguia deixar de ficar ansioso e inquieto. Quem sofria eram as batatas a sua frente.  

Quando percebeu que tinha uma pilha de batatas descascadas que nem de longe seriam consumidas todas naquele dia, ele decidiu que era a hora de uma pausa.  

Se dirigiu para as escadas de emergência, que eram seu refúgio favorito sempre que era necessário um tempo para esfriar a cabeça ou só fingir que não existia. Era uma escadaria vazada, protegida por uma grade de metal, do lado de fora do prédio. Dali, Hongdae era apenas barulhos de rua ao fundo e quem lhe acompanhava era o fundo dos prédios comerciais. Aquela solidão lhe confortava e parecia absorver um pouco das coisas que apertavam seu peito.  

— Você não respondeu quando eu o chamei. Alguma coisa errada? - perguntou Shin Jimin, através da porta entreaberta.  

Jimin era a cozinheira-chefe do restaurante e amiga de Minseok há alguns anos. Para o azar dele, ela o seguiu até seu refugio.  

— Não... Desculpe, Jimin, pode voltar para o trabalho.  

— É uma ordem?  

Ela se sentou ao lado dele, olhando para a vista decadente.  

— Não é uma ordem – Minseok respondeu -, eu apenas gostaria de ficar sozinho.  

O cozinheiro tinha os cabelos avermelhados caindo sobre os olhos, dificultando a leitura de sua expressão. Jimin não se moveu.  

— Você suporta muita coisa sozinho, Min. Acha que não sei. Nunca vem aqui se não for para fugir de seus problemas. Me deixe ajudar, eu juro que não vou te fazer ficar muito pior do que já está.  

A pior parte é que Minseok realmente estava bem. Mas, quando Jimin falou aquelas coisas, sua garganta fechou e ele começou a engasgar em lágrimas. Ele se encolheu até formar uma bola e ficou tremendo e engasgando enquanto Jimin passava a mão em suas costas.  

— Yi... Yix-xing tem anorexia – ele falou.  

Palavras difíceis são as mais difíceis de falar. Elas doem para serem admitidas dentro de nós, fecham nossa garganta e, se chegarem tão longe, se enrolam em nossa língua. Quando vamos falá-las, elas sempre soam fracas e patéticas aos nossos ouvidos.  

Era como Minseok se sentia: patético e fraco. Pequeno demais para os problemas que ele tinha que carregar.  

— C-c-como eu deixei isso acontecer? Co-como não vi os sintomas? Por que fiz isso? Por que não tentei mais? Eu... 

Palavras difíceis. Dores piores que espinhos, piores que espadas. Vergonha.  

— Eu queria ter sido o suficiente para ele.  

Jimin abraçou-lhe pelos ombros e apenas o deixou chorar até que não houvessem mais lágrimas para isso. Demorou, mas ela se manteve ali. Quando ele parou de soluçar, ela olhou-o nos olhos e começou a falar.  

— Limpe o rosto. Estamos em trabalho e você é o chefe, não podemos ficar perdendo tempo desse jeito.  

Ela foi dura, mas Minseok não é uma criança. Ele teve todo o colo que precisava, agora ele era necessário voltar a ser um homem.  

— Eu sou especialista em comida chinesa – Jimin continuou, enquanto ele enxugava o rosto na manga. - Podemos, depois do expediente, fazer alguma coisa gostosa para Yixing. Que tal?  

Minseok apenas meneou com a cabeça e ela continuou.  

— Agora, recomponha-se. Yixing não precisa que você chore nas escadas, ele precisa que você seja forte e aguente essas coisas como um adulto. E é o que você vai fazer.  

Minseok suspirou e sorriu para a amiga.  

— Sim, eu vou. Obrigada, Jimin. Não sei o que eu seria sem você.  

— Falido e perdido, com certeza – ela falou, se levantando e estendendo uma mão para ele.  

Minseok riu e aceitou a mão. Quando se levantou, era o mesmo Minseok sorridente e animado de sempre.  

— É. Provavelmente seria isso mesmo.  

 

Minseok punha a mesa enquanto cantarolava alguma música pop que ficou repetindo no rádio no caminho para casa. O Gua-Bao, Zong Zi e Tian bu la estavam descansando sobre a mesa nos pratos mais bonitos da casa e decorados da melhor maneira que Minseok conseguiu – que significava que estava muito bem arrumado. Agora, era só esperar Yixing chegar em casa. Só de pensar, Minseok já sentia frio na barriga.  

Não demorou muito, a porta da frente abriu e Minseok voou para a sala, para recepcionar o recém-chegado.  

— Oi, amor. Como foi seu dia? 

— Ah, razoável. As pessoas deixam pra ter ataques-cardíacos de segunda e overdose de final de semana. Quartas são sempre tranquilas – ele disse, sorrindo e beijando o namorado. - E o seu, como foi? 

— Foi bom. Consegui ficar um pouco na cozinha hoje. Aliás, tenho uma surpresa para você?  

Yixing levantou uma sobrancelha e deixou a bolsa no sofá.  

— Você comprou aquelas algemas que estávamos falando?  

— Não, mas é algo tão bom quanto? 

Yixing sorriu de lado, assumindo aquela expressão perigosa e sexy que Minseok amava ver a noite.  

— E o que poderia ser?  

Chegando na cozinha, Minseok abriu os braços, fazendo menção a mesa decorada e cheia de comida.  

Ta-dãn! E ai? Vamos?  

Yixing, que sorria, fechou a expressão aos poucos e deixou os ombros caírem. Ele olhava para a mesa e para Minseok, engolindo em seco várias vezes.  

— Você fez isso para mim?  

Minseok sorria, mesmo tendo percebido as reações do outro.  

— Um-hum. Jimin me ajudou, mas fiz a maior parte das coisas. Achei que, se fosse algo de sua terra natal, te ajudasse com... você sabe, tudo.  

— Não precisava... 

Ele segurava em uma cadeira tão forte que os nós dos dedos ficaram brancos.  

— É claro que sim. Eu quero te ajudar de todas as maneiras que eu puder.  

— Minseok... 

Ele não tirava os olhos da cena e ele parecia estar em algum lugar entre o medo e o nojo.  

Minseok não poderia se abalar. Ele era um homem, tinha que lidar com as coisas como um 

adulto.  

— Amor, tudo bem. Relaxa.  

Ele segurou no braço de Yixing e ficou massageando-o até que o outro relaxasse e soltasse a cadeira, mas Yixing havia assumido uma tonalidade branca-esverdeada e suava frio.  

— Não fique assim, amor. Vamos superar isso juntos, ok? - Minseok sussurrava para Yixing. Ele se inclinou sobre a mesa e começou a servir um prato com um pouco de cada comida. Ele arrumava para que o prato ficasse tão bonito quanto as comidas. - Vamos lá, você consegue. Eu vou estar aqui com você.  

— Eu não estou com fome, Minseok.  

— É claro que está. Você almoçou no hospital?  

O prato ficava pronto e o maxilar de Yixing travava cada vez mais.  

— Não, mas não quero comer. Vamos pra cama, Min.  

— Tente um pouco, Yixing. Não precisa comer tudo, só um pouco.  

Ele havia colocado o prato nas mãos do namorado e já o puxava para sentar, quando o outro juntou as sobrancelhas e dobrou a boca.  

Eu disse... Que NÂO ESTOU COM FOME!  

Ele pegou o prato e o arremessou contra uma parede. Depois, pegou os potes onde a comida estava e os jogou no chão, junto com a toalha e a decoração de mesa.  

— QUE DROGA, MINSEOK! VOCÊ NÃO ENTENDE QUE... 

Assim que olhou para o namorado, parou de falar. Minseok estava parado no meio da pequena cozinha. Ao seu redor, os restos da comida que ele havia preparado sujava quase todo o azuleijo do chão, e ele segurava o braço. Dava para ver sangue sujando a camisa por baixo da mão. Ele olhava para Yixing surpreso e machucado, mas isso não tinha nada a ver com o corte em seu braço.  

— Ah, meu Deus...  

O enfermeiro se aproximou do namorado, que lutou para não se encolher.  

— Ah, meu Deus. Minseok, eu... Eu...  

— Não precisa se desculpar. Eu tentei demais, me deusculpe. Deveria ter te escutado quando disse que... 

— Não fale isso! É tudo minha culpa! Você só queria me ajudar, só queria me fazer bem. Eu que fiquei irritado, eu que te ataquei, eu que te machuquei. 

Yixing começou a engasgar e a chorar compulsivamente. Ele apertava o braço de Minseok, tentando estancar o sangue e puxá-lo para algum lugar que pudesse fechar a ferida, mas ele estava bambo demais para qualquer coisa.  

— Yixing, amor, por favor se acalme. É só um arranhão, não tem nada de mais, não precisa ficar assim.  

Yixing tremia muito e sua voz estava bastante embargada, mas ele conseguiu falar as palavras difíceis.  

— Eu acho que preciso ser internado.  

Minseok parou e o olhou nos olhos. Yixing tinha olhos da cor de amêndoas torradas, o que lhe dava uma falsa impressão de serem castanhos-profundos. Se você olhasse-os de perto, notaria que tem um brilho avermelhado lindo, da cor do pôr-do-sol.  

Tudo que Minseok queria era ver aqueles sóis brilhando mais uma vez em sua vida.  

— Você tem certeza? - ele perguntou com cuidado, passando a mão no rosto do outro.  

— E-estive pensando nisso hoje de manhã. Acho que... Isso foi só uma confirmação.  

Minseok assentiu e o abraçou, deixando que chorasse em seu ombro.  

— Tudo bem, meu amor. Vamos enfrentar isso juntos, ok? Amanhã mesmo iremos atrás de uma clínica para você ficar.  

Yixing assentiu contra o pescoço do namorado e se encolheu mais contra o peito dele. Minseok o envolveu bem apertado em seus braços e, silenciosamente, ficou limpando as próprias lágrimas.  


Notas Finais


Um capítulo cheio de dor e sofrimento A M O
Depois de escrever, percebi que tem muito POV do Minseok e quase nenhum do Yixing, então planejo fazer o próximo cap só de POV dele.
E aí? O que acharam do capítulo 2 dessa 3shot? Podem ser totalmente sincer@s, eu quero muito saber suas opiniões.
Até maaaais~


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