História Estrelas - Recomeçar

Jimin

            Taehyung havia dormido em casa na noite passada. O motivo? Uma tempestade caiu de repente e minha mãe insistiu muito para que ele passasse a noite aqui, era perigoso ir para casa àquela hora da noite. Acabou que passamos a maior parte da noite jogando videogame e devorando os restos da pizza do jantar. Ainda estava embriagado pelo sono quando o garoto me acordou aos chacoalhões.

             - Jiminie! Acorda logo! Preciso falar com você, é importante!

            - O banheiro é no corredor – resmunguei e cobri minha cabeça com o travesseiro. – Agora me deixa dormir em paz.

            - Não, hyung! É importante mesmo! – Taehyung tentou pular em cima de mim e eu o empurrei, ele caiu no chão e ficou me observando com as pernas cruzadas. Joguei o travesseiro em seu rosto.

            - Pare de ficar me encarando, é constrangedor!

            - Eu tive outra lembrança, Jiminie! – Abri os olhos rapidamente e mirei seu sorriso abobalhado.

            Isso captou minha atenção instintivamente. Depois que perdeu a memória, a cada lembrança recuperada era uma vitória. Ontem, por exemplo, enquanto jogávamos bola, ele se lembrou da primeira cesta que fez, aquela de três pontos que o efetivou definitivamente no time. Acabamos passando bastante tempo juntos nas últimas semanas, e como consequência disso, ele recuperava algumas memórias que tínhamos juntos e isso só fortalecia ainda mais a nossa amizade.

            - Conte-me o que foi dessa vez.

            - Eu vou ficar envergonhado se eu te contar, hyung – o Taehyung de antes era um completo sem vergonha, esse aí ainda estava perdendo a timidez. Era até engraçado ver seu rosto corando às vezes, visto que não estava acostumado.

            - Sonhou com ela de novo, certo? – Ele deu um meio sorriso e abaixou a cabeça devagar, fazendo com que eu risse. – Finja que eu não estou ouvindo e conte tudo exatamente como aconteceu, vai tornar a memória mais real em sua mente.

            - Eu havia ganhado ingressos para o teatro, pensei em leva-la no mesmo instante e fiquei feliz demais quando ela aceitou. Ela estava especialmente maravilhosa naquela noite, sentia que seu sorriso me iluminava. Quando a peça acabou, estava chovendo, ela ficou brava porque eu esqueci o guarda-chuva. Contra a sua vontade, eu a tomei pela mão e fiz com que ela fosse para a chuva comigo, de início ela ficou irritada, ela é muito chata, hyung, mas depois que eu a beijei, ela sorriu e dançou comigo uma música que só tocava em nossas cabeças.

Tudo que eu sabia esta manhã quando acordei

É que eu sei de uma coisa agora, agora sei de algo

Que não sabia antes

E tudo que eu vejo há 18 horas

São olhos verdes, sardas e seu sorriso

Na minha memória, me fazendo sentir que...

            - Você já havia me dito um pedaço dessa memória antes – será que agora ele estava esquecendo coisas recentes também? Só me faltava essa... Felizmente, ele riu baixo e negou com a cabeça.

            - Não, hyung, tem mais. Nós estávamos encharcados por completo, eu não estava com frio, mas ela sim, então não podemos ficar brincando na chuva por tanto tempo, ela não queria que eu me adoecesse. Então seguimos para seu apartamento, tomamos um banho quentinho e ela me aqueceu durante a noite.

            - Okay, pode ir parando por aí, detalhes demais – ele riu outra vez e jogou a cabeça para trás, provavelmente revivendo cada pedacinho de sua mais nova lembrança. Já eu, por outro lado, queria apagar da minha mente a cena que imaginei. – Por que você ainda não foi falar com ela? Você sabe que ela vai te matar quando souber que você vem tendo lembranças dela, né?

            - Ela não precisa saber disso...

            - Lógico que precisa, seu idiota, ela se mata um pouco a cada dia achando que você a odeia.

            - Mas eu falei coisas horríveis a ela, hyung, me sinto péssimo com isso – isso é verdade. Quando Minna foi internada, ele culpou Astrid durante dias, disse para ela nunca mais ir em sua casa e até mesmo que nunca mais queria vê-la. – Eu disse que queria poder esquecer que a conheci, Jiminie, eu sou um completo idiota, por que ela me perdoaria? Eu não me perdoaria!

            - Taehyung, o que você sente pela Astrid?

Eu só quero te conhecer melhor

Conhecê-la melhor

Conhecê-la melhor agora

            - Eu sei lá! Eu só não sei por que me sinto tão mal por ela, não sei se sou capaz de olha-la nos olhos novamente sem querer gritar comigo mesmo ou me bater.

            - Então agora me responde: por que ainda não desamarrou essa fita do seu dedo? – Primeiro ele me olhou confuso, eu sorri e ri logo em seguida, ele segurou o dedo mindinho como se tentasse protege-lo de mim.

            - Algo dentro de mim diz que eu não devia desamarra-lo, não sei explicar por que, é apenas uma sensação esquisita, mas boa.

            - Por que não vai perguntar a Astrid o que essa fita significa? Garanto que ela vai ficar feliz, e não triste ou irritada como você pensa.

            - Mesmo que eu queira consertar as coisas, como posso fazer isso?

            - Relaxa, eu cuido disso – coloquei a mão em seu ombro com um sorriso e ele me olhou desconfiado – ou eu não me chamo Park Jimin.

***

Astrid

            Namjoon parecia estar se aproveitando de minha boa vontade, só porque hoje eu estava um pouquinho mais animada, era “Astrid para cá” e “Astrid para lá” o tempo todo. Lavei duas vezes mais louça do que o normal e tive que fazer o seu serviço e o meu, o senhor Pyon não contrariou em momento algum, disse que meu bom humor faria bem aos clientes.

            - Mesa 5, estrelinha – Namjoon me entregou a bandeja com os pedidos e eu lhe dei um olhar afiado.

            - Devíamos estar revezando.

            - Aish, Astrid, pare de reclamar e vá logo fazer seu serviço – bufei e revirei os olhos, ele devolveu com uma careta. Belo adulto você é, Kim Namjoon. Coloquei um sorriso novamente em meu rosto e caminhei até a mesa que me aguardava.

            - Aqui está... espera aí. O que você está fazendo aqui?

            - Isso é jeito de falar com um cliente, As? – Jimin tirou o cardápio da frente de seu rosto e me olhou com uma sobrancelha arqueada e um sorriso lindo.

            - Você não respondeu minha pergunta...

            - Eu vim ver minha querida amiga! – Estreitei os olhos em sua direção e ele riu nervoso. – Já disse o quanto você está particularmente adorável hoje?

            - Desembucha, Park.

            - Preciso de um favor... Preciso que você pegue uma encomenda para mim hoje à noite naquela padaria que costumávamos ir no fundamental.

            - Por que eu e por que de noite?

            - Por que eu não poderei ir, tonta, acha que eu pediria para você se pudesse eu mesmo pegar?

            - Aish, Jiminie... Sério?

            - Astrid, por que está demorando tanto aí? – Ouvi a voz de Namjoon e suspirei pesadamente. Jimin me observava atentamente com um sorriso no rosto.

            - Então, pode fazer isso por mim?

            - Posso, mas você vai ficar me devendo uma.

            - Garanto que vou recompensar.

            Voltei a trabalhar já imaginando o trabalho que eu teria para chegar lá na tal padaria, só de pensar já fiquei cansada. Terminei meu turno e voltei para o apartamento, encontrei todas as luzes apagadas, estranhei daí. Quando as acendi, encontrei Yuri sentada à mesa, observando-me com os olhos semicerrados.

            - Você está louca, Yuri?! Quase me mata do coração!

            - Estava te esperando, precisamos conversar.

            - Aish, o que foi dessa vez?

            - Preciso de um favor, e você me deve uma lembra? Deixei algumas roupas na lavanderia, você pode ir busca-las para mim?

            - Posso, mas é só porque eu já ia sair mesmo e uma coisa é perto da outra...

            - O que? Minha maninha linda vai sair?

            - Aish, Yoongi nem vem, minha cota de boa vontade hoje já deu – meu irmão atravessou a sala e me deu um beijo na testa, eu o empurrei de lado -, sai para lá com suas bajulações baratas.

            - Eu só preciso que você faça algumas coisas por mim, você não vai morrer.

            - Eu juro que essa é a última boa ação que eu farei hoje, para mim já deu!

            Yuri e Yoongi riram e eu segui rumo ao banheiro. Tomei um banho quente e não tão demorado, já que tinha tantas coisas para fazer, devia sair logo. Como estava frio, optei em colocar jeans, botas e um suéter listrado em tons de preto e branco. Sequei meus cabelos e preferi deixá-los soltos para aquecer meu pescoço, e por último, coloquei os brincos que Yoongi me deu de presente juntamente com o colar dado por Tae.

            - Siga os tópicos exatamente nessa ordem, NADA de pular nenhuma etapa sequer! – Yoongi me entregou um papel dobrado ao meio e eu o guardei rapidamente no bolso.

            - A escravidão já acabou, falou?

            - Também te amo, maninha. Não volta muito tarde.

            Yoongi me deu um beijo na testa e aprovou meu visual. Não seria um incomodo fazer todas essas coisas se o céu nublado não indicasse uma possível chuva. Eu não havia trazido guarda-chuva, então se não quisesse me molhar, tinha que ser rápida.

            A primeira parada foi na lavanderia, esperei alguns minutos para ser atendida e a atendente me olhou com um ponto de interrogação enorme.

            - Deve ser algum engano, a srta. Yuri não deixou nada conosco.

            - Ela pediu especificamente que eu viesse por volta desse horário para que todas as roupas estivessem prontas, como elas não estão prontas ainda?

            - Não é isso, srta. Astrid, não há roupas prontas porque não há roupas de vocês por aqui. Veja só, o último pedido de foi há um mês.

            Sai desolada. Foi uma viagem inteira perdida, Yuri só podia estar de brincadeira comigo. Tenho certeza que ela simplesmente irá sorrir e dizer “ah, são os hormônios da gravidez mexendo comigo”, como faz sempre. Aish, só me falta Jimin ter resolvido fazer a mesma coisa, ficarei maluca se ambos tiverem resolvido me pregar uma peça.

            Era prazeroso estar de volta àquela padaria, nós sempre lanchávamos ali entre um período ou outro, de modo que os funcionários já nos conheciam de longa data e nos tratavam como as mesmas crianças das outras vezes.

            - Querida, quanto tempo! – A senhora So me deu um abraço e indicou que eu me sentasse. – Gostaria de tomar um café? É por conta da casa!

            - Eu adoraria – observei ao meu redor e constatei que nada mudou, o mesmo papel de parede florido, os mesmos quadros de gerações e gerações de sua família, o mesmo aroma de café delicioso. Eu me sentia em casa. A senhora não tardou a trazer minha xícara acompanhada de biscoitos e um sorriso adorável.

            - Apareça aqui mais vezes, sentimos a sua falta e de Jiminie também.

            - Aliás, ele pediu que eu viesse buscar uma encomenda que ele fez...

            - Ah, sim! Como eu poderia me esquecer? Ele foi bem específico com o pedido! – Ela voltou para trás do balcão e voltou em minha direção com uma sacola em mãos. – Aqui está, espero que goste.

            Beberiquei o café e mergulhei os biscoitos adocicados nele, e como sempre, estavam uma delícia. Observei o embrulho a minha frente e encontrei um pequeno bilhete com a caligrafia característica do Park.

            Para Astrid

            Suspirei e abri o pacote com cuidado, dentro dele, encontrava-se um pequeno saco cheio de sonhos de chocolate – os meus favoritos, diga-se de passagem -, e outro pequeno bilhete. Ao terminar de ler, não sabia o que era maior, minha vontade esgana-lo ou de rir.

            Cara Estrelinha,

            Notei que você anda muito para baixo ultimamente, as estrelas voltarão a brilhar para você, acredite. E enquanto isso não acontecer, deixei alguns sonhos para ti, deixe alguns para comer no caminho, sua esfomeada. Aliás, não esqueça da nossa tradição, hein! Estou contando com você, estrelinha.

Do melhor amigo que existe neste planeta,

Park Jimin.

            Despedi-me da senhora So e guardei os sonhos para comer quando tivesse fome, gostaria de curtir um pouco mais o gostinho recente de café em minha boca. Lembrei-me de todas às vezes em que Jimin e eu matamos aula ali por perto e senti uma súbita vontade de reviver aqueles momentos. Resolvi cortar caminho pelo parque, além de ser mais rápido, poderia desfrutar um pouco mais do verde ao meu redor.

            - Ah! Qual é!! – Olhei em direção ao céu e bati um pé no chão. Os pingos de chuva começaram a cair de um instante para o outro, deixando-me irritada. Cruzei os braços frustrada e me recusei em acreditar na minha falta de sorte. Só queria que parasse de chover para que eu pudesse aproveitar aquela noite no parque por alguns minutos apenas. Ironicamente, o céu atendeu meu pedido e eu sorri vitoriosa antes de pensar que há algo errado.

            - O Ministério da Saúde adverte: ficar na chuva causa resfriados.

E todas as minhas paredes são altas e pintadas de azul

Mas eu vou derrubá-las, vou derrubá-las

E abrir a porta para você

E tudo que eu sinto são borboletas no estômago

Do tipo bonito, recuperando o tempo perdido,

Pegando voo, me fazendo sentir que...

            Eu simplesmente não podia acreditar no que estava diante de mim. Kim Taehyung com um guarda-chuva transparente sobre nossas cabeças. Ele me observava com um sorriso de canto. Por um segundo, senti-me hipnotizada por ele, seus cabelos castanhos levemente bagunçados pelo vento, as bochechas rosadas pelo frio talvez? Um cachecol azul em seu pescoço e um moletom xadrez.

            - O que está fazendo aqui? – Tentei encontrar a voz dentro de mim, ela tornava em se esconder. Gritei para meu cérebro enviar força às minhas pernas, estava sentido elas bambas. Seu sorriso foi o suficiente para que o pouco de estrutura que restava em mim se rompesse.

            - O que você está fazendo aqui? Ainda mais sem um guarda-chuva?

            - Eu perguntei primeiro – droga, Astrid, é isso que você diz ao falar com ele depois de semanas?

            - Jimin pediu para eu ir em um lugar por ele.

            - Se é na padaria, diga a ele que eu já fui – ele riu baixo e negou com a cabeça. Céus, por que ele tinha que ser tão lindo?

            - E o que você faz aqui?

            - Bem, é uma história engraçada, Jiminie, Yuri e Yoongi resolveram pedir para que eu fizesse coisas por eles, então cá estou.

            Por um momento, ficamos apenas assim, olhando um para o outro sem desviar o olhar. A chuva caia incessantemente a nossa volta e pelo canto dos olhos pude ver diversas pessoas buscando lugares cobertos, eu preferia ficar ali naquele pequeno guarda-chuva para sempre. Acabou que não durou por muito tempo, ele disse para irmos para um lugar coberto e eu me sentei ao seu lado em um banco de madeira.

            - Eu gostaria de me desculpar por todas aquelas coisas horríveis que eu disse para você depois que eu acordei, eu fui um idiota e eu me odeio por isso. Por ter esquecido da pessoa que mais importava para mim, por ter confundido ela com uma garota que só bagunçou as nossas vidas e por ter ficado com raiva dela por tanto tempo até finalmente me lembrar da verdade. Você pode me perdoar, As?

Eu só quero te conhecer melhor,

Conhecê-lo melhor

Conhecê-lo melhor agora

            - Eu fiquei muito triste sim, mas eu entendo que não era você de verdade, você não teve culpa de nada...

            - Isso significa que você me perdoa?

            - Claro, besta – respondi com um sorriso acompanhado de um peteleco em sua testa -, você se lembra de mim?

            - Algumas coisas, o suficiente para saber que o vazio que eu sentia em mim se chamava Astrid Fontanatta – senti meus olhos lacrimejarem e sorri sem perceber, ele afastou uma mecha de cabelo de meu rosto.

            - Achei que você tivesse tirado... – indiquei a fita vermelha em seu dedo mindinho e ele olhou para ela com certa confusão.

            - Algo me disse para não tirar, um pressentimento ou algo do tipo. Jimin disse que você poderia explicar a verdadeira razão.

            - Seria um prazer – sorri com a memória e olhei em seus olhos castanhos tentando, por eles, transmitir tudo o que eu sentia ao lembrar disso -, foi no dia do seu aniversário, no ano passado, você insistiu para que nós fossemos ao lado de fora da casa e lá amarrou um fio vermelho em meu dedo. Você me contou uma história chamada Akai Ito, sobre quando os deuses unem almas gêmeas através desse mesmo fio. E quando você estava adormecido, eu o amarrei em seu dedo e pedi para você não ir embora.

            Ele fechou os olhos devagar como se com aqueles pequenos detalhes, a memória viesse em sua mente, eu esperei ansiosamente esse momento acabar, esperando ouvir notícias boas.

            - Naquele dia – começou ainda com os olhos fechados e um sorriso de canto no rosto -, eu lhe pedi em namoro?

            - Exatamente.

            - Então você não é minha melhor amiga, é minha namorada?

            - Sou os dois na verdade, o pacote completo – devolvi o sorriso e ele riu baixo, adorava fazê-lo rir, era como música em meus ouvidos.

            - Então eu sou um cara muito sortudo.

            - Eu também acho – ele indicou sua mão e eu coloquei a minha sobre a sua, seus dedos se entrelaçaram nos meus e ele fechou os olhos novamente. – Outra memória?

            - Do nosso primeiro beijo no meu lugar favorito no mundo. Quando nossas mãos se tocaram assim, senti que elas eram feitas exatamente uma para a outra.

            - Não foi nosso primeiro beijo.

            - Aquele outro lá não conta!

            - Então você lembra do nosso novo primeiro beijo?

            - Talvez se você refrescar a minha memória...

Porque tudo o que eu sei é que nós dissemos, "Oi"

E seus olhos são como voltar para casa

Tudo o que eu sei é um simples nome

Tudo mudou

Tudo o que sei é que você segurou a porta

Você vai ser meu e eu serei sua

Tudo o que sei desde ontem

É que tudo mudou

            Espertinho. Sorri e aproximei meu rosto lentamente do seu, mirei seu rosto absorvendo cada detalhe, o cheirinho gostoso e familiar de sua pele, os cílios longos, a boca fina e rosada e aquela pequena pinta no nariz, cada pequeno e apaixonante detalhe de seu rosto. Sua mão livre tocou meu rosto com delicadeza, acariciando minha bochecha e trazendo meu rosto devagar para ainda mais perto do dele.

            Fechei os olhos e me entreguei ao seu beijo. Não conseguia expressar com palavras a falta que sentia de seu toque, era delicioso e apaixonante ao mesmo tempo. Seus dedos apertaram levemente os meus e minha mão livre seguiu para seu cabelo, entrelacei meus dedos nos fios macios e pude sentir seu sorriso entre o beijo.

            O mais incrível de tudo é que naquele momento eu tive certeza de que meu Tae estava ali, e ele me amava, embora não se lembrasse de tudo com clareza, o sentimento ainda estava ali. Sua língua explorou cada canto de minha boca e parecia dançar com a minha em uma música que só tocava em nossas cabeças. Eu queria mais, muito mais, sentia falta de tudo nele, cada célula do meu corpo gritava por Kim Taehyung e eu não estava mais conseguindo me manter sã para acalma-las.

            Tae apoiou sua testa na minha e mirou meus olhos verdes com intensidade, suas bochechas estavam coradas e ele parecia um pouco sem fôlego.

            - Isso te fez lembrar? – Perguntei em um suspiro, ele mordeu o lábio inferior com um sorriso no rosto.

            - Não, acho que vou precisar de mais um para ter certeza.

            Dessa vez foi tudo mais harmonioso, sem toda aquela euforia do beijo anterior. Podia sentir o canto de sua boca se levantando vez ou outra para formar um sorriso e me atrevi a morder seu lábio devagar em algum momento, o que fez ele rir baixo.

            - A chuva está passando – apoiei a cabeça em seu ombro e observei os pingos caindo cada vez mais devagar, ouvi um ronco em minha barriga e ele riu alto. – Acho que tem alguém com fome...

            - Jiminie previu que isso iria acontecer? – Abri o saco com os sonhos de chocolate entre nós dois e ele mirou o conteúdo do pacote com os olhos brilhando, quando ele estava prestes a colocar um em sua boca, eu o impedi e ele me olhou com os  olhos semicerrados sem entender nada. – Espera! Tem uma tradição! É um sonho, então você tem que fazer um pedido, senão não é um sonho de verdade!

            - Isso é bizarramente sem sentido.

            - Qual é, Jiminie e eu inventamos isso com doze anos, deixe-nos ser felizes.

            Fechei os olhos e desejei que Tae se lembrasse dos momentos que passamos juntos, ele me olhou com um sorriso e fechou os olhos quando fez seu pedido, provando o maravilhoso sonho logo em seguida. Caminhamos devagar curtindo a companhia um do outro e conversando sobre coisas boas e felizes, apenas por estar ao seu lado eu me sentia perfeitamente bem.

            Aish, droga, a listinha do Yoongi.

            Tirei o papel de meu bolso e Tae me observou com diversos pontos de interrogação. Quando acabei de ler, novamente, não sabia se tinha vontade de rir ou esgana-lo.

            Os 10 passos para um encontro perfeito

1- Ele oferece o guarda-chuva ou o casaco (depende da necessidade)

2- Escolher lugar afastado e aconchegante

3- Acertar as contas

4- Entrelaçam os dedos

5- Relembrar algo bom

6- Bocas se aproximando e TOUCHDOWN

7- Cara meio abobalhada

8- Fazer algo fofo

9- Seguido de algo nada a ver

10- Se virem depois disso, é com vocês. Sejam felizes e sem filhos antes da faculdade, estamos de olho.

Por Yoongi Fontanatta e Park Jimin

Fighting, Astrid!

            - Tenho que pegar a encomenda do hyung...

            - Aonde é?

            - Vem, você vai ver – Tae segurou minha mão e começamos a correr, não sabia muito bem para onde, mas contanto que estivéssemos juntos, qualquer lugar seria bom. Nosso destino não era tão longe assim, estranhei quando paramos em frente a uma floricultura e ele mais ainda. – Okay, não faço a menor ideia do que estamos fazendo aqui.

            - Aish, Jiminie...

            - Boa noite, um amigo meu, Park Jimin, deixou algo para que eu retirasse para ele.

            - Ah sim, aqui está! – A atendente entregou um buquê colorido em suas mãos com um sorriso adorável no rosto, Tae olhava fixa e inexpressivamente para as flores e eu já não estava entendendo mais nada.

            - Ah, qual é, hyung! Sério isso? Eu sei me virar sozinho!

            - Ele planejou tudo isso, né? – Tae indicou que sim com um suspiro.

            - Cada detalhe. De qualquer forma, as flores são para você.

            - Obrigada, Chim – disse rindo em direção ao céu, Tae me deu um peteleco na cabeça e eu mostrei a língua para ele.

            - É presente meu, ele só me deu uma forcinha.

            - Obrigada, Tae – dei um beijo em sua bochecha e ele sorriu satisfeito.

            Voltamos a caminhar, dessa vez em direção ao meu apartamento, já que ele disse que me deixaria em casa. Enrolávamos o trajeto ao máximo para que simplesmente pudéssemos curtir melhor um ao outro, mas houve uma hora em que não teve mais jeito, a chuva ameaçava cair novamente e já estava ficando bem tarde.

            - Se eu lhe perguntar uma coisa agora, você promete que não vai ficar brava comigo? – Perguntou com um sorriso constrangido quando chegamos ao meu prédio.

            E como eu poderia ficar brava com você, seu idiota?

            - Prometo.

            - Tudo bem se eu ficar com isso aqui por um tempo? – Perguntou indicando o laço vermelho em seu dedo mindinho. – Não lembro de todas as coisas que passamos juntos, quero devolver quando voltar a ser seu namorado de verdade verdadeira mesmo, completamente seu, até lá, gostaria de me manter ligado a você.

            - Não tem problema, eu vou te ajudar a lembrar de tudo. Teremos muitas memórias para reconstruir.

            - Então podemos recomeçar da maneira certa? – Ele me olhou com um sorriso e eu devolvi com um maior ainda combinado com um aceno positivo, então ele estendeu a mão em minha direção. – Oi, eu me chamo Kim Taehyung.

            - Astrid Fontanatta – apertei sua mão e ri baixo. Kim Taehyung tinha ideias malucas, adoráveis e inesperadas.

            - Tenho um pressentimento de que seremos excelentes amigos, As.

            - Seus pressentimentos nunca falham.

Porque tudo o que eu sei é que nós dissemos, "Oi"

Então se livre das suas maiores esperanças

Tudo o que lembro é a chuva caindo

E tudo mudou

Tudo o que conheço é um novo encanto

Por todos os meus dias lembrarei do seu rosto

Tudo o que sei desde ontem

É que tudo mudou.