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História Estrelas - Appa


Escrita por: Miss_Giannini

Notas do Autor


Olá novamente, pessu! Nos vemos nas notas finais, boa leitura!

Capítulo 50 - Appa


Fanfic / Fanfiction Estrelas - Appa

Taehyung

            Durante essa madrugada, percebi o quanto tenho dificuldade em enumerar as coisas que eu mais gosto de fazer. Observar Astrid dormindo era certamente uma delas, ela parecia muito mais doce e indefesa, uma criança. Ainda mais hoje. O mundo parecia desmoronar do lado de fora, uma tempestade torrencial insistia em cair há horas e os trovões combinados com o agito das folhas das árvores não melhoravam muito a situação.

            Astrid tem medo de tempestades. Ela não precisa me dizer isso, eu sei. Acho que parte disso é por minha culpa também, a tempestade contribuiu com o acidente que me deixou em coma. Apoiei minha cabeça em um dos braços e tirei uma mecha de seu rosto, ela sorriu devagar e se aninhou em meu peito, abraçando-me com força a cada trovão. Astrid acabou adquirindo um de meus hábitos: falar dormindo, mas era sempre murmurado demais para que eu pudesse entender alguma coisa.

            Pude distinguir outro som em meio àquela tempestade, som que eu reconheceria mesmo que eu estivesse surdo. Não iria acordar Astrid, não dormimos muito durante a noite e ela precisava de boas horas de sono bem mais do que eu, afastei seus braços com cuidado e ela resmungou manhosamente, fazendo com que eu risse baixo. Caminhei descalço no chão gelado e tentei fazer o menos barulho possível ao pegar um pijama e vesti-lo.

            - Ei, ei, ei – entrei no quarto devagar e acendi outro dos abajures para que ela não se assustasse com a minha presença. Apoiei minha cabeça na grade do berço e fitei seus pequeninos olhos lacrimosos. – Por que está chorando?

            Cassiopéia soluçou baixo e não me respondeu, fazendo com que eu suspirasse. Ela é um bebezinho, seu idiota, o que esperava que ela fizesse? Sim, Cassiopéia. Quando Astrid disse que estava esperando uma menina, eu insisti para que seu nome fosse Taegeuk, mas como eu já havia escolhido o nome para nosso outro filho mais velho, Taekwon, essa era a vez dela. Você quer que nossa filha sofra bullying na escola? Cassiopéia lá é nome para criança? De onde você tirou isso, sua maluca? Eu recebi uns bons tapas naquele dia. “Cassiopéia é minha constelação favorita e eu estou realizando o sonho do meu pai, esse era para ser o meu nome! Você pode chama-la de Cassie se quiser, bestão”.

            Coloquei Cassie em meus braços e sentei-me com ela na poltrona ao lado de seu berço. Pintar o quarto dela foi uma das coisas que eu mais gostei de fazer. Taekwon tinha quatro anos na época, saí com ele pela manhã e voltamos com latas de tinta em diversos tons de azul, passamos a tarde toda trabalhando no quarto. Astrid também veio nos ajudar, Won e eu a pintamos da cabeça aos pés, deixando-a maluca, valeu a pena, foi muito engraçado.

            - Também tem medo de tempestades, minha pequena? – Tentei embala-la do jeito que via Astrid e Yuri fazendo, confesso que não era muito bom nisso. – Não se preocupe, o appa está aqui para te proteger.

            Cassie segurou meu dedo com força e balançou-o devagar, ela com certeza será mais forte que eu, isso é fato. Nossos filhos uma mistura perfeita e harmoniosa de As e eu, Taekwon tem olhos verdes e o cabelo um pouco mais claro, como o meu, já Cassiopéia tem meus lindos olhos castanhos e o cabelo da cor do de Astrid.

            - Você não está com fome, né? Não vou acordar sua mãe, mocinha, tivemos uma longa noite e ela precisa descansar. – Cassie apertou um pouco os olhos e eu ri baixo, seus olhos formavam uma pequena linha fina e quando ela sorria, era igualzinha Jimin.

            Pense, Taehyung, o que você pode fazer para que ela pare de chorar? Aninhei-a em meu peito e balancei-a devagar, vez ou outra mexendo em seu cabelo, Cassie passou a observar meu rosto com cuidado e eu achei isso engraçado, quando ri, ela sorriu. Ver Cassie esboçando um sorriso me derretia por completo. Fiz uma careta engraçada e fofa, ela sibilou rir e eu continuei.

            - Viu só? Até esqueceu que estava triste! – Levantei-a e coloquei-a em frente ao meu rosto, ela balançou os pés devagar, ainda rindo das caretas que eu estava fazendo. – O appa te ama, Cassie, não se esqueça disso, okay?

            - Áppá – tentou falar devagar e sorriu ao ouvir sua própria voz.

            Falou?

            - Não, não, não. Omma, vamos lá, diga omma. Omma, entendeu?

            - Áppá!

            - Não, Cassie, não fala isso não... – apoiei sua testa na minha e senti seu delicioso cheirinho de bebê. – Astrid me mata se ouvir você dizendo isso, querida.

            Quando Taekwon nasceu, Astrid tinha certeza que sua primeira palavra seria “omma”, eu apostei que ele me chamaria, mas no final das contas, nenhum de nós ganhou, a palavra de nosso primogênito foi uma tentativa de chamar seu tio Jimin. Nós ficamos muito felizes, óbvio, mas As realmente queria ganhar aquela aposta besta. Se Astrid soubesse que outro filho dela não a chamou primeiro, nem sei o que ela é capaz de fazer.

            - Omma, okay? Promete que vai se esforçar? – Cassie me observou sem dizer nada e riu quando eu suspirei. Quando ela foi pronunciar novamente, coloquei o indicador sobre meus lábios e ela sorriu. – Vai ser nosso segredinho então. Agora tente dormir um pouquinho, sim? Aposto que logo vai amanhecer e amanhã é o grande dia de seus pais, temos que acordar cedo.

            Levantei-me para coloca-la de volta no berço e ela ameaçou chorar novamente. Muito esperta essa menina. Voltei a me sentar na poltrona macia e a embala-la, cantarolando baixinho qualquer música que me viesse à cabeça, Cassie voltou a dormir em um piscar de olhos.

            Caminhei devagar até o quarto de nosso filho e observei-o dormir por um tempo. Ele tinha um pouco de mim e do Yoongi, a habilidade para dormir rapidamente e em qualquer lugar combinada com fazer as coisas mais bizarras enquanto dorme. Ele nos enganava diversas vezes pedindo água e leite durante à noite, mas nunca ficava acordado para recebe-los. Até agora ele não havia demonstrado nenhum sinal de sonambulismo, ainda bem.

            Voltei para o meu quarto e para o calor de minha esposa adormecida, que permanecia como uma pedra. Ainda tinha mais algumas horas de sono, então tentei dormir novamente, voltei a abraçar As com cuidado e ela esboçou um sorriso, dei um beijo em sua testa e adormeci algum tempo depois. Quando acordei, Astrid me observava com um sorriso enquanto mexia em meus cabelos, jamais me cansaria de acordar assim.

            - Olha só quem finalmente resolveu acordar.

            - Bom dia – me espreguicei e lhe dei um sorriso cansado, esfregando um pouco os olhos logo em seguida. – Não ganho café na cama dessa vez?

            - Estou te acostumando muito mal, Tae.

            - Isso é um não? – Dei meu melhor sorriso sacana e abracei sua cintura, puxando-a para perto de mim novamente e impedindo que ela se levantasse. Ela riu e indicou com que sim, ela tentou se soltar de mim outra vez e eu tornei a puxa-la para perto de mim, parti para meu ataque secreto: beijei seu pescoço e sua clavícula exposta, ela com certeza se renderia ao meu charme. – Ainda é um não?

            - Pare com isso, seu pervertido – ainda era um não. Astrid se levantou devagar e enrolou um dos cobertores ao seu redor, eu o puxei devagar e quando ele ameaçou cair, recebi um olhar maligno.

            - Qual é, eu estou com frio!

            - Imagina eu então! – Ela jogou seu travesseiro em cima de mim, e quando fui jogar de volta nela, Astrid se fechou no banheiro e eu me joguei frustrado na cama. – Vou tomar banho, tenho que trabalhar, esqueceu?

            - A gente, tipo assim, podia tomar juntos, né? – Ela abriu a porta devagar e colocou apenas o rosto para fora, mordendo o lábio inferior enquanto sorria. Surpreso com sua reação, levantei e caminhei decidido até ela. – Isso é sério?

            - Claro que não – ela fechou a porta e eu joguei um travesseiro nela, pude ouvir sua risada do outro lado. – Acorde Won, tenho que levá-lo para a escola.

            Caminhei até o quarto dele já temendo o pior, acordar esse menino era uma verdadeira batalha. Pintar as paredes de seu quarto foi divertido também, fiz isso junto com Jimin, escolhemos tons de verde e laranja e gastamos um dia inteiro com a pintura. Astrid disse que se caso eu fosse demitido ou me demitisse, poderia facilmente virar um pintor ou pedreiro. Era um abuso, vivia arrumando nossa casa e a de nossos amigos, mas eu sempre acabo me divertindo bastante, então não me incomodo.

            Passei mais tempo do que esperava tentando acorda-lo, pude perceber isso quando cheguei até a cozinha e Astrid já havia preparado o café, o lanche de Won e deixado Cassie na cadeirinha.

            - Tem certeza que precisa trabalhar hoje? Sabe o quanto foi difícil conseguir uma folga para passar o dia junto com você? – Engoli em seco logo que perguntei, Astrid apontou a frigideira na minha direção com uma sobrancelha arqueada. – Certo, não está mais aqui quem perguntou.

            Won riu e Astrid sorriu satisfeita. Todos sempre disseram que eu levava jeito com crianças, então o que eu decidi fazer? Me tornar professor. Nunca me imaginei dando aulas, mas eu realmente me divertia muito e sabia que meus alunos também, eu sou um professor muito legal, diga-se de passagem.

            - Cuida direitinho da Cassie, está bem? – Astrid ajudou Won com o cinto de segurança e me deu um beijo antes de entrar no carro. – Qualquer coisa ligue para Yuri.

            - Relaxa, esqueceu com quem está falando?

            - Não, por isso mesmo que eu estou reforçando isso, senhor levei-a-criança-errada-para-casa. – Astrid riu e Won fez uma careta, eu devolvi, porque eu claramente tenho uma mente de cinco anos também. O carro acelerou e ela se foi.

            Taekwon é muito parecido com um outro garoto de sua escolinha, e como ele não é tão falante (fala mais dormindo do que acordado, vai entender), não percebi a diferença até os pais do garoto ligarem pedindo seu filho de volta quando eu já estava quase em casa. Okay, como se eu fosse sequestrar uma criança, totalmente a minha cara.

            O que mais havia em nossa casa eram fotos, a maioria tirada por Yuri e Astrid no colegial, elas estavam espalhadas por todos os cantos e com as mais diferentes cores nas molduras. Sendo hoje nosso dia especial, acho que olhar essas fotos me fazia voltar no tempo.

            Astrid estava lendo no jardim do colégio, seus cabelos dançavam ao vento e seu macacão florido combinava perfeitamente com a primavera. Escondi-me atrás do tronco e controlei minha respiração para que ela não percebesse, e de repente, coloquei a câmera a sua frente e bati uma foto. Ela se assustou com o flash e olhou rapidamente ao redor, eu coloquei a cabeça ao lado do tronco com um sorriso.

            - Kim Taehyung! O que pensa que está fazendo?

            - Registrando esse momento único na natureza, o animal está em seu habitat natural e num momento jamais visto na história da humanidade, está compactuando com a paz e não ameaçando a existência de nenhum outro ser vivo.

            - Vou ameaçar a sua existência, seu idiota! – Ela se levantou e deu um tapa forte em meu braço, o rosto completamente vermelho, não sei dizer se era por raiva ou vergonha, mas eu sorri. – Apague essa foto.

            - O que? Mas você saiu até que bonitinha!

            - Apague logo!

            - Aish, está bom, pare de bater em meu braço.

            - E não volte a atrapalhar minha leitura! – Astrid voltou a se sentar sob a árvore e eu fiz que estava indo embora, quando olhei para trás e peguei ela me observando, retornei para atormenta-la. Adorava importunar Astrid, era divertido e eu sabia que ela nunca ficava brava comigo de verdade, até porquê, se ficasse mesmo, teria me mandado embora naquela tarde, e não deixado que eu me deitasse ao seu lado na grama macia enquanto ela lia.

            Não, eu não apaguei a foto, hoje ela está em um porta-retrato na sala. E eu estava certo, Astrid estava linda, completamente natural e bela. Não lembro exatamente quando foi este momento, às vezes minha memória ainda dava uma bagunçada, mas o que importa é que agora eu me lembrava de tudo, das coisas boas e ruins, de tudo que tivemos que passar até ficarmos juntos.

            O melhor jeito que encontrei para fazer Astrid calar a boca foi lhe dando um beijo. Eu sonhava com aquele momento há meses e jamais imaginei as circunstâncias que fariam com que ele acontecesse. A primeira vez que tentei foi quando ela foi em minha casa para estudarmos, mas me lembrei que ela tinha namorado e jamais me perdoaria se eu fizesse isso. A segunda vez foi no meu primeiro jogo de basquete pelo novo colégio, eu podia vê-la torcendo por mim durante o jogo, e quando acertei a última cesta, senti uma vontade absurda de dedica-la a ela, minha fiel torcedora, mas não o fiz.

            Perdi muitas outras oportunidades além dessas. Podia ter sido no topo da roda-gigante no aniversário do Park ou no final de seu jogo de futebol. Estava tudo programado para aquele dia em que eu a levei para a campina pela primeira vez, e quando estava prestes a acontecer, seu celular nos atrapalhou. Ainda assim, em meus sonhos mais loucos, nunca imaginei que eu a beijaria para que ela simplesmente parasse de duvidar do que eu dizia.

            Naquela época, eu já sabia que a amava mais que tudo no mundo, beija-la naquela noite foi como atingir o céu, seus lábios eram mais doces do que eu podia imaginar e tão viciantes quanto heroína. Eu queria pedi-la em namoro naquele momento, mas sabia que se eu fizesse isso, quem teria ficado em coma seria Astrid.

            Aceitei fazer tudo que Minna propôs, ela me tinha nas mãos como uma marionete. Não tinha medo dela, mas tinha medo por Astrid. Eu sabia que Minna era capaz de tudo, sempre soube. Me culpei durante anos por sua morte para ela simplesmente voltar das cinzas e ameaçar o amor da minha vida, definitivamente não era o reencontro que eu esperava.

            Eu me odiava por ver Astrid sofrendo enquanto eu estava com Satomi, me odiava ainda mais por ser o único a saber que nunca foi Satomi ou Vick, foi sempre a imprestável da Minna. Não podia contar para ninguém, ela não ameaçou apenas As, mas também meu hyung. E o que eu poderia fazer senão aceitar tudo de boca fechada para proteger minhas preciosas estrelas? Nada. Mas eu também não fui um completo idiota, deixei pistas para que Jimin resolvesse o mistério, e quando voltei do coma e recuperei a memória, fiquei feliz em saber que ele juntou todas as peças.

            Quando pedi As em namoro no meu aniversário, tive muito medo de que ela recusasse, afinal, eu dei mancada várias vezes e ela tinha Jungkook. Mas Astrid já estava destinada a ser minha, ela é meu Akai Ito, minha alma gêmea, nada poderia nos separar. Naquela noite, pareceu um milagre divino Jungkook não a ter deixado ir embora, soou como um sinal de Deus confirmando que não importa o que aconteça, Astrid sempre seria minha. Embora com certeza eu preferisse que nós sequer dormíssemos naquela noite, jamais mudaria aquele momento, dormir junto dela e acordar com Suni brincando conosco é uma de minhas lembranças favoritas – foi minha primeira amostra de como é ter uma família.

            Ouvi a campainha tocando e parei de devanear. Chamar Yuri para depois ser delatado? Nem pensar, eu tenho minhas próprias armas secretas. Por mais que ela tivesse seus vinte anos, olhava em seus olhos e só conseguia enxergar a garotinha de seis. Como ela pôde crescer tanto? Quero minha sobrinha criança de volta.

            - O que quebrou dessa vez? – Suni entrou e eu fechei a porta rapidamente, temendo que um dos vizinhos delatasse ela para Astrid.

            - Não me desvalorize, menina – respondi e ela riu -, eu só preciso que olhe Cassie enquanto eu estou preparando algo.

            Suni tem a incrível capacidade de se dar bem com qualquer ser vivo do universo, até as plantas pareciam adora-la. Cassie esticou os bracinhos em sua direção e as duas rapidamente foram brincar na sala. Suni colocou diversos brinquedos sobre o tapete felpudo e escolheu uma música animada de seu iPod. Vê-las dançando uma música que eu particularmente gosto muito de dançar me deu vontade de me juntar a elas. Mas eu tinha uma missão, não podia me distrair.

            Suni trouxe o almoço como eu havia pedido e comi rapidamente para que eu pudesse me dedicar na minha missão suicida. Abri um livro de receitas antigo, herança da família Fontanatta, e procurei o prato favorito de Astrid: lasanha com molho branco. Não podia ser impossível.

            - Tae, vem rápido aqui! – Suni me chamou e eu corri rápido até ela e Cassie, seu tom de voz me desesperou, mas quando cheguei, ela sorria e batia palmas com minha filha. – Cassie falou sua primeira palavra! Appa!

            - Cassie, já conversamos sobre isso... – cobri meus olhos e ela esboçou uma risada, Suni me olhou desconfiada. – Ensine ela a falar “omma”, vai ser o melhor presente que As vai receber.

            Voltei rapidamente para as panelas antes que Suni argumentasse. A massa em si foi mais fácil de fazer do que eu imaginei, o molho foi bastante complicado, mas eu fui orgulhoso demais para pedir a ajuda de Suni, então tentei me virar sozinho com a panela de pressão. Deixei o molho no fogo e pré-aqueci o fogão.

            - Conseguiu fazê-la falar outra coisa? – Sentei-me com as pernas cruzadas e Cassie engatinhou até mim, ela se sentou em meu colo e explorou meu rosto com suas mãos. – Ai, isso dói.

            - Appa!

            - Cassie, eu desisto – tirei a mãozinha que apertava meu nariz e ela começou a puxar minha orelha, Suni só dava risada -, se a omma brigar comigo, vou ficar muito triste com você.

            - Diz a nova palavra que aprendeu, Cassie! – Olhei esperançoso para minha filha e ela sorriu banguelinha.

            - Suni.

            - Omma, Cassie, omma! – Suni começou a rir loucamente e Cassie tornou a engatinhar sem um rumo definido.

            Quando começou a tocar Very Nice, do Seventeen, no iPod de Suni, não me convite. Dei um olhar para Suni e ela rapidamente captou minhas intenções. Ela se levantou num salto e jogou o controle remoto em minha direção, começamos a cantar simulando microfones e a dançar de um jeito esquisito. Segurei Cassie pelas mãos e tentei fazê-la acompanhar meus movimentos, suas perninhas gordinhas de bebê eram adoráveis.

            - Estou cansada – Suni se jogou no sofá quando a música chegou ao fim e Cassie puxou seu cabelo, fazendo-me dar risada. – Vai ficar aí parado, é? Ensine a sua filha que não se pode puxar o cabelo da tia!

            - O seu ela pode, tonta – Suni jogou uma almofada em mim e Cassie riu, voltamos a ouvir música e a tentar ajudar a pequenina a dançar.

            - Está sentindo esse cheiro?

            - Não vou trocar Cassie de novo...

            - Não é isso, Tae, é queiro de queimado – levantei a cabeça alarmado e Suni me deu um olhar como se fosse me matar -, você deixou alguma coisa no fogo?!

            Voltei para a cozinha e a primeira coisa que pensei foi “cadê minha cozinha?”, exatamente isso. Tudo era um mar de fumaça e um tremendo cheiro de queimado. Ainda bem que eu não estava perto do fogão quando a panela de pressão resolveu dizer um olá para o teto e em seguida achatar o fogão. O barulho foi alto o suficiente para fazer meu ouvido doer e Cassie começar a chorar. Havia fogo nas cortinas e no exaustor, como isso havia acontecido em tão pouco tempo??

            - Suni, liga para os bombeiros, para a polícia, para qualquer um! Espera, qualquer um não, não liga para a Yuri e nem para a As!

            Suni pegou Cassie no colo e as duas foram para fora da casa. Icei as mangas e tentei dar um jeito na situação, mas só consegui fazer mais alguns panos pegarem fogo. Se eu não morrer aqui, Astrid me mata. Nunca mais vou poder cozinhar, certeza. Deixei a casa parei ao lado de Suni, Cassie já havia parado de chorar, mas estava muito assustada.

            - Taehyung! Seu cabelo! – Suni começou a gritar e a bater em minha cabeça com uma das mãos livres, acho que algo devia estar pegando fogo por ele também. – Astrid vai te matar.

            - Eu sei – olhei para o céu e fiz uma prece silenciosa, Suni riu baixo. – Se sua mãe, me matar, saiba que eu te amo, Cass.

            Os bombeiros finalmente chegaram e começaram a apagar o fogo que já saia pela janela da cozinha. Quando tudo mais ou menos sob controle, um deles disse que ou eu tenho muito azar ou sou muito irresponsável, estava me sentindo péssimo. Vi uma equipe de televisão se aproximando, só me faltava essa agora. A jornalista fez um breve resumo do acontecido e informou todas as coordenadas de nossa casa.

            - Como começou o fogo?

            - Não, eu não quero dar entrevista.

            - O senhor sabe o quão perigoso foi para sua mulher e filha?

            - Que? Não! Ela é minha sobrinha! E eu já disse que não tenho nada a declarar!

            - Qual a origem do fogo? – A jornalista perguntou para o bombeiro que me chamou de azarado e irresponsável, ele respondeu como se achasse engraçado.

            - Foi um curto circuito combinado com o fogo ligado, a panela de pressão explodiu e colocar panos só piorou tudo. Eu também estou curioso, filho, o que estava fazendo para desencadear tudo isso?

            - Era uma surpresa para minha esposa, caramba! Hoje é nosso aniversário de casamento e eu só queria fazer o jantar! – Respondi irritado e saí andando, Suni segurava o riso e Cassie me olhava confusa. Meu celular começou a tocar e eu o atendi com medo.

            - O-oi, amo...

            - Eu estou te vendo pela televisão! O que raios você aprontou dessa vez? – Sua voz não indicava raiva, mas muita preocupação. Percebi que uma câmera estava apontada para mim e mandei um olá para Astrid. – Esquece, não importa. Vocês estão bem?

            - Sim, mas não vamos poder passar a noite em casa...

            - Aish, Taehyung, não sei o que dizer.

            - Como ficou sabendo? Você não fica vendo televisão durante o trabalho.

            - Jimin me ligou dizendo “olha o que o louco do seu marido fez com a casa de vocês, ele está na televisão, pode conferir”, imagina como eu fiquei!

            - Mas agora está tudo bem, Cassie está ótima, Suni está ótima e eu só queimei alguns fios de cabelo, mas também estou ótimo.

            Astrid suspirou e disse que estava a caminho. Quando pudemos entrar em casa novamente, separei algumas roupas para cada um de nós e coloquei em bolsas com a ajuda de Suni. O incêndio não foi tão grave, só precisaríamos passar uma noite fora e nada mais. Astrid chegou algum tempo depois, quando me viu, me sufocou em seu abraço apertado.

            - Eu não sei o que eu faria se alguma coisa acontecesse com você – ela apoiou a cabeça em meu ombro e eu envolvi sua cintura, feliz por ela não estar brava. – Tem certeza de que está tudo bem?

            - Tenho, tudo sobre controle – mexi em seus cabelos devagar e ela me apertou um pouco menos. – Você... não está brava comigo?

            - Claro que eu estou, seu irresponsável! – Ela me soltou rapidamente e deu um tapinha em minha testa, doeu mais do que eu esperava. – Vocês podiam ter se machucado e nossa cozinha já era! Aliás, cadê meu bebezinho? Você não deixou Cassie lá dentro, né?

            - Appa! – Suni voltou com Cassie nos braços e ela estendeu as mãos para As, que a abraçou com força. Muito obrigado, Cassie.

            - Ô meu neném, você está bem? – Astrid nem havia reparado, ela segurou as mãozinhas de Cassie e juntou o nariz das duas, a pequena sorriu banguelinha e As voltou a abraça-la. – Então foi appa, né? Sua pequena traíra, eu te carreguei por nove meses.

            - Ela também sabe falar o meu no... – tapei a boca de Suni com um sorriso nervoso antes que ela terminasse a frase, Astrid me olhou suspeita mas depois voltou sua atenção a Cassie.

            Caiu a noite e deixamos Suni em seu apartamento. Buscamos Won na escolinha e explicamos que hoje ele passaria a noite na casa do tio Jimin, ele ficou muito feliz com a notícia. Cassie por outro lado ficou muito manhosa, Astrid quase me matou quando eu disse para deixarmos ela com o Park também, mas no final das contas acabou aceitando.

            Resolvemos que passaríamos a noite em um hotel, quando chegamos, corri para tomar banho antes de Astrid. Pela primeira vez depois do incidente me olhei no espelho, meus cabelos estavam um pouco chamuscados e minhas roupas também. Eu era quase um sobrevivente da guerra. Não demorei no chuveiro, apesar da água estar deliciosamente quente, e Astrid entrou logo em seguida. Coloquei a roupa que havia separado para mim, um pouco mais social por conta do lugar onde estávamos indo, e deixei o vestido que escolhi para As em um cabide.

            - Uou, excelente escolha – ela colocou o vestido na frente de seu corpo e se olhou no espelho com um sorriso.

            - Eu tenho um excelente gosto – sorri e tomei sua mão quando ela ficou pronta.

            Astrid estava linda como sempre, eu escolhi um vestido azul que ela disse que ganhou de aniversário, ele parecia ser adornado por estrelas, tenho certeza que era o seu favorito. Durante o jantar, conversamos bastante e eu fiquei muito feliz em fazê-la rir, seu sorriso era capaz de abalar todas as minhas estruturas.

            - Então a primeira palavra de Cassiopéia foi ‘appa’? – Perguntou com uma sobrancelha arqueada, eu sorri um pouco sem graça e desviei o olhar.

            - Eu juro que tentei ajudá-la a dizer ‘omma’ primeiro.

            - Não tem problema, acho que dá certo com o próximo, estou confiante! – Ela sorriu e eu engasguei com o champanhe que tomava.

            - O que?

            - Você não disse que queria mais um filho?

            - É claro, mas Cassie nem aprendeu a andar ainda...

            - Eu sei disso, besta, e não precisa ser agora, mas e se nós adotarmos uma criança da próxima vez? Há tantas sem uma família e nós temos tanto amor para distribuir – ela me deu um sorriso gentil e eu segurei sua mão. Sempre que eu achava que não podia amar mais Astrid Fontanatta percebia que estava enganado.

***

            Deite-me no gramado de nossa casa e mirei o céu estrelado. Quando foi a última vez que tivemos tempo para fazer isso? Astrid aninhou-se ao meu lado e colocou sua cabeça sobre meu peito. Taekwon estava tentando ensinar Cassie a andar, e sempre que ela caía, davam risada.

            - Queria pausar esse momento e viver assim para sempre – sussurrou ao entrelaçar nossos dedos, eu dei um beijo no alto de sua testa e ela sorriu.

            - Não pause, só rebobine e reinvente melhores momentos para o futuro.

            - Está muito inspirado hoje, Kim Taehyung.

            Ri e encostei minha cabeça sobre a sua. Sabe quando você olha para trás e pensa que tudo valeu a pena? Cada pequeno traço levou a isso e eu não poderia me sentir mais feliz. Às vezes eu também gostaria de pausar esse momento e emoldura-lo para que ele jamais fosse esquecido.

            Todos os nossos sonhos foram realizados. Jimin obteve sua garota de Ipanema e se tornou um grande jogador de basquete, sentia um orgulho tremendo de poder chamar o Park de melhor amigo. Yuri acabou se tornando uma grande amiga também, o negócio dela e de Lena decolou e elas se tornaram famosas. Namjoon se tornou uma Annalise Keating da vida, é um dos melhores advogados do país. Yoongi voltou para Seoul para alegria de Suni, okay, ela tem vinte anos e é uma moça adulta, se o Destino quer os dois juntos, quem é Kim Taehyung para romper isso?

            As ainda é uma boa amiga de Jungkook, o que às vezes me incomoda um pouco, mas fico feliz pelo cara ter conseguido se tornar um grande cantor de sucesso. Minna tentou fugir do sanatório várias vezes, às vezes eu recebia mensagens ou ligações de alguém dizendo se passar por ela, preferi não preocupar Astrid com isso, Minna saiu de nossas vidas para nunca mais voltar.

            Astrid realizou seu sonho de se casar com Kim Taehyung. Certo, não foi isso. Astrid realizou seu sonho de se tornar astrônoma. E eu? Bem, eu provavelmente sou o cara mais feliz e sortudo da Terra.


Notas Finais


História terminada? "Sim, essa História está concluída" - doeu, como doeu
Acho que nas notas finais o autor sempre acaba falando um pouquinho mais né? Espero de coração que vocês tenham paciência de ler rs
Primeiramente, não importa quantos obrigadas eu diga que acho que não será suficiente para expressar a felicidade que vocês me fizeram sentir com seus comentários, sério, vou sentir muita falta de nossas pequenas conversas nos comentários. Muito obrigada pelo excelente número de favoritos, comentários e exibições, como sabem, essa é minha primeira fic, confesso que não imaginei que ela chegaria tão longe!
Vocês me perguntaram várias vezes de onde veio a inspiração, criatividade e coisas do tipo, sou extremamente sincera quando diga que foi através de sonhos e brisas muito loucas no busão Kk Bem, o que quero dizer com isso? Percebi que algumas de vocês têm vontade de escrever, mas não vem ideia, se tem algo que eu posso dizer é: relaxa e só vai, inspiração vem nas pequenas coisas e depois é só ir moldando com o seu jeitinho, pode não vir logo de primeira, mas quando vem vale a pena, não desistam :) E para vocês que já têm histórias e estão inseguras em publicar, bem, eu também estava, acho que todo mundo tem um pouquinho de insegurança mesmo. Não desistam de suas histórias, alguém no final sempre agradecerá por você tê-la publicado e é realmente bom ver quando alguém gosta do que você faz, esse é o sentimento que vocês me trouxeram e eu gostaria que vocês tivessem ele também, então não desistam :)
Eu realmente gostei bastante de escrever 'Estrelas', ela tem meu sangue, suor e lágrimas (referenciaaas), não está sendo fácil dizer adeus rs, e sim, é um adeus mesmo ._. sem segunda temporada, gommen :\
Espero do fundo do coração que vocês tenham gostado deste último capítulo, foi simples? Foi, mas eu gostei bastante de escrevê-lo. Espero continuar escrevendo histórias que passem sensações tão boas quanto 'Estrelas' passou a vocês.
** Fiz uma pesquisa de opinião para minha próxima história, vou repetir a pergunta para quem não viu no outro cap (não deixem a tia no vácuo): o que vocês acham de uma história do ponto de vista de um garoto? Acham estranho / nada a ver demais? Vocês leriam? ~de qualquer forma é apenas um projeto, mas gostaria de saber a opinião de vocês sobre essa questão.
Okay, prometo que essa é a última coisa que eu falo por aqui, depois vou deixa-los em paz rs Como este é o final da fic, adoraria saber a opinião de vocês como num todo. Foi bom? A escrita foi boa? E uma curiosidade mesmo: vocês tem algum capítulo favorito? ~eu sou completamente apaixonada pelo 39 e o 48, acho que são meus favoritos rs

Bem, obrigada a todos que me acompanharam até aqui e a todos os futuros leitores que chegarão, vocês são estrelas em minha grande constelação, obrigada por permitirem que eu também fizesse parte das suas. É isso! <3


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