1. Spirit Fanfics >
  2. Estrelas do Céu de Abraão >
  3. Em Moabe.

História Estrelas do Céu de Abraão - Em Moabe.


Escrita por: onlyreason

Notas do Autor


Boa leitura!

Capítulo 6 - Em Moabe.


Para Adele, o sonho de um filho, já tinha se tornado algo surreal,  irreal, mas quando Deus, agiu em sua vida, o sonho se realizou. Seraías, nasceu em um parto tranquilo, totalmente sadio, e sete anos depois, ele era um garoto que cresceu alegremente, e adorava se divertir e brincar,  principalmente com Boaz, seu melhor amigo.

A insegurança foi o que fez Quenaz, hesitar tanto. Todos viram o quanto preconceito e obstáculos, Raabe e Salmon passaram para ficarem juntos. Mas ela sempre teve o apoio de Noemi, esposa de Calebe, sua cunhada.

Quando estava na mesa, reunida com o filho, o marido e a sobrinha, que  Adele, percebia o quanto havia ganho, desde que recomeçara sua vida, abandonando os Deuses falsos.

Aquela era uma vida de verdade. Com pessoas que amam,  com carinho,  respeito, fé.

— E o maná tinha gosto de quê? — perguntou Seraías ao pai.

— De bolo de mel, caia todas as manhãs,  e gente se podia pegar a quantidade que fosse comer. Era branco feito neve,  parecia uma farinha. — Quenaz respondeu ao filho.  — No entanto, quando chegamos à terra prometida, essa terra fertil, ele deixou de cair.

— Isso significa que durante os quarenta anos no ermo,  Deus estava se lembrando de seu povo todas as manhãs. — completou Adele.

Seu filho Seraías, era criado na fé verdadeira. E não podia haver nada melhor do que isso. 

Em seguida olhou para Esther, que estava animada antes, de ir visitar para a Festa da Lua Nova em Debir, agora estava distante, pensativa, mal havia tocado na comida.

— Aconteceu alguma coisa, Esther? — perguntou ela.

 Ela olhou para a tia. Não se sentia pronta para contar a verdade para Adele. De que seu filho estava vivo, afinal ela precisava saber se era realmente verdade.
Precisava saber se essa história de filho que havia sido possivelmente  oferecido aos Deuses, era verdade.

— Não aconteceu nada, tia.

— Tem certeza?  Você parecia estar divertindo tanto em Debir. No entanto,  voltou para casa preocupada. — observou Quenaz.

Decidiu que contaria a verdade,  parcialmente:

— Foi porque... — ela parou de olhar para baixo, e olhou para os tios. — Lá em Debir, eu e a Nira encontramos um rapaz,  bastante ferido nas margens do rio.

— E quem era o rapaz? — olhou para Adele. — Eu não o vi.

— É que não queríamos acabar com a festa, então, fizemos tudo discretamente, com a permissão de Otniel,  é claro. A minha avó disse que seria bom que poucos soubessem para que não tivesse tumulto, seria mais fácil para ele recuperar. E deu certo. Seis dias depois, ele estava na festa.

— Sei,  foi um rapaz que não parecia um camponês. No último dia, eu o vi de longe. — Adele disse. — E esse rapaz era hebreu?

— Não,  ele era Assírio,  mas ele não era perigoso, na verdade morreria se ficasse mas algum tempo, sem cuidados.

                        
                           *  *  *

Esther e Lila observavam  o treinamento de alguns guerreiros de Israel, entre eles, Gael e Nobá, treinavam  um com o outro, com suas espadas.

Gael, sem dúvida era mais habilidoso, também não era para menos, filho mais novo, do lider tribal de Manassés, Haniel.

Enquanto, Nobá, precisava apenas de treino e ele não tinha muito tempo. Ajudava o pai na praça do comércio, desde que se tornou comerciante.

Da nova geração de alistados, Ezequiel  — o filho primogênito de Josué, que ele teve com sua primeira esposa, Ana — era uma grande promessa.

Embora vivesse em Efraim, com o pai e a madrasta Aruna, e o demais irmãos, Ezequiel, ia sempre a Judá, pois dizia que lá se encontravam os melhores guerreiros de Israel. De fato, Quenaz, Calebe, Salmon e Otniel, eram grandes guerreiros, todos da tribo de Judá.

O mesmo aconteceu com Gael, que saiu da cidade Siquém em Manassés  foi para Judá, para ser treinado por Salmon. E também para ficar perto da irmã dele: Lila, embora ninguém soubesse disso.

Já Kalu, estava mais que satisfeito.  Esperou por anos, para  fazer vinte e dois anos logo, para se alistar no exército.  Havia aprendido a manusear arco e flecha à algum tempo e estava decidido de que seria um arqueiro.

Esther simplesmente, não conseguia esquecer o que havia acontecido no dia anterior. Nenhuma parte, mas principalmente de Marduk, parte de que não contaria para ninguém.

— A  minha avó contou que Otniel tem um jardim secreto, você, por acaso, sabe sobre isso? — ela perguntou,  a Lila que se encontrava ao lado dela.

De repente toda a atenção de Lila, voltou-se a ruiva, ao seu lado.

— Ah sim, é um... jardim secreto. Eu e Gael fomos ate lá, uma vez. Eu até comentei com Gael, depois, que você iria amar aquele lugar. Do jeito que eu sei que ama flores.

— Mas para minha frustação, soube que precisa ser convidado para ir até lá.

— Uma hora você vai acabar conhecendo. Otniel vai te convidar.  Ele é uma das melhores pessoas que eu conheço, tem um bom coração, mas se fechou para vida, depois de ter ficado viúvo. Uma pena.

— Ele devia amar muito a esposa. Eu me lembro dela, Acsa, lembro do casamento dos dois. Otniel estava tão feliz.

— Sim, Acsa era prima dele, cresceram juntos, um amor de infância, que foi não correspondido no início, mas que depois floresceu e que parecia mais forte a cada dia.

— É, quando perdemos alguém que amamos, algo muda dentro da gente. Não somos mais os mesmos, de antes. — refletiu Esther.

— Sei bem como é isso. — concordou Lila.

E Esther sabia o motivo. Lila era orfão de pai e mãe, assim como ela. Tinha apenas um irmão: Salmon.

Ela continuou na área de treinamento, enquanto o sol fazia o caminho dele em direção ao poente. E quanto mais observava o treino dos guerreiros hebreus, ela sentia uma necessidade maior a cada dia de aprender a lutar, a manusear uma espada. Mas como faria isso?!

Mulheres guerreiras não existiam. Aruna, esposa de Josué, era uma rara exceção. Qual guerreiro, teria disposição para treiná-la? Uma menina mulher.

Viu que Nobá deixava o local sozinho, meio cabisbaixo, e caminhou atrás dele.

— Nobá. — ela o chamou.

Ele virou-se e ao notá-la, abriu um sorriso. Quando se conheceram, Noba teve uma reação muito negativa a ela, no entanto, com o tempo e com a ajuda de Kalu e Nira, isso foi mudando.  E hoje eles conversavam normalmente.

— Shalom, Esther.

— Shalom.

— Está tudo bem com você? — ela perguntou.

O rapaz assentiu.

— Sim, eu estou bem.

— É que você parece triste, não consigo entender a razão de alguém ficar triste, após tanto treinar. Você estava indo bem. —  Esther o elogiou.

Nobá suspirou.

—  Obrigada, Esther, na verdade estou triste sim, mas é porque não posso treinar mais.

— E por quê não?

— Você sabe, eu ajudo meu pai com o comércio, desde que ele se tornou comerciante, tenho pouco tempo para treinar, mas meu grande sonho é ser um guerreiro. Como Salmon.

— Salmon é um grande exemplo para qualquer um mesmo. — disse ela.

— Meu pai diz que não se precisa de guerreiros, porque não estamos em época de guerra.

— Isso não e verdade, as cidades precisam de guerreiros para protegê-las.  E nunca se sabe quando um reino, vai atacar, por mais que a gente não queria a guerra, precisamos sempre está preparados para ela. 

— É exatamente o que eu digo para o pai, mas não adianta, ele não me escuta.

— Nossa, eu queria te pedir uma coisa, agora não sei se será possível...

— Peça, vou ver se está ao meu alcance.

— Bom, eu ia pedir para treinar com você.

— Treinar comigo? Olha, Esther eu não sou o melhor para isso... Você deveria pedir a Gael ou Ezequiel,  eles são os melhores, não eu.

— Mas eu estou pedindo ao meu amigo. Porque você sabe algo, e eu sinceramente não sei nada. Eu tenho que aprender a me defender. Tenho uma adaga escondida comigo, mas não sei nem como manuseá-la corretamente.

Nobá olhou para ela, por um tempo.

— Você é caneneia, corre riscos, tem mesmo o direito de aprender a se defender. Aliás todas as mulheres deveriam.

Esther animou-se.

— Isso é um sim? — perguntou ela.

— É sim.  — ele confirmou, sorrindo. — Eu farei o possível.

                                                                

                              * * *

Uma semana depois...

Esther caminhava pela rua do comércio, junto do primo Seraías. Havia ido comprar algumas coisas para Adele.

Alguns hebreus,  desaprovavam o fato de Josué e os lideres tribais, terem pouparam a vida de Esther e Adele, por serem duas princesas caneneias. E foram justamente, eles que apareceram.

Sempre que viam Esther, eles a provocavam.

— Olha quem resolveu aparecer,  a princesa sem reino. — disse um hebreu.

— Cadê o seu palácio, sua coroa? — provocou outro. — Seu trono?

— Não falem assim com ela. Deixem minha prima em paz. — defendeu Seraías.

Antes, quando era menor, o menino, apenas observava, mas dessa vez, ele simplesmente falou, defendendo a prima, surpreendendo dela.

Os hebreus riram.

— Olha isso, o bastardo resolveu nos enfrentar. Mas vai ser um fraco, assim como o irmão. — disse um deles.

Isso deixou Esther irritada.

— Seus covardes. Falem o que quiser sobre mim, mas deixem Seraías em paz. Ele é apenas uma criança. E vocês deviam ter vergonha de falar de Otniel,  ele um dos melhores guerreiros de Israel. — disse ela.

— E você acha mesmo que esse garotinho bastardo, com sangue inimigo, vai ser um grande guerreiro?  Vai ser tão fraco como os caneneus,  afinal é um deles.

Eles gargalharam.

Aquela conversa não ia chegar a lugar nenhum, como sempre.  Esther sabia disso. Por isso,  s melhor coisa que podia fazer era ignorar e ir embora.

— Vamos embora,  Seraías. — disse ela,  e eles logo saíram dali.

                                                             
                          * * *

Esther não conseguiu esquecer da conversa que deve com Marduk,  seu possível primo.  Precisava descobrir a verdade. E havia chegado o dia da festa que Marduk havia comentado com ela.

Por isso estava tentando convencer Kalu e Nira, para irem a festa em Moabe.

— Eu não sei. — disse Nira, hesitante. — É muito longe, vão dar por nossa falta.

A ruiva esperava por essa reação da amiga, a morena difilcmente se arriscava em alguma situação.

— É muito importante para mim, e eu vou de qualquer jeito. Mesmo sozinha.

— Mas você não diz do que se trata, como podemos acompanhá-la, se não sabemos qual o  proposito disso? — questionou Kalu.

— Se eu dizer o que está acontecendo, será muito pior do que ir ate Moabe.

                         * * *

Havia escurecido em Moabe. Era um ambiente diferente daqueles das tribos de Israel. Era obscuro, e não tinha a paz e felicidade que sentia nas festas ao Deus de Israel.

— Nira, Kalu. — começou Esther. — Obrigada por ter me acompanhado, é importante que estejam aqui.

— Jamais deixaria vocês duas sozinhas, em um lugar como esse. Na verdade,  eu nunca as deixarei, enquanto for vivo.  — garantiu. 

Ela sorriu com aquelas palavras, a fazia se sentir ainda mais segura ao lado dele. 

Algumas mulheres dançavam sensualmente, aquelas eram sacerdotisas,  pensou Esther, ao mesmo tempo, que Kalu falou:

— São sacerdotisas de Aserá, a divindade feminina dos caneneus.

— Sim,  Baal e Aserá são as principais divindades. Eu aprendi muito sobre esses Deuses, com a minha preceptora e também com o sumo sacerdote Merodaque.

— Às vezes eu me esqueço disso.

— Eu também me esqueço. — ela respondeu.

 Ter sido princesa se tornou algo distante, como se fosse apenas um sonho. Onde a vida era perfeita. E que ela acordou e nunca mais voltou a sonhar.

 Uma sacerdotisa se aproximou de Kalu.

— Vem comigo. — sussurou ela,  passando as mãos com as unhas pintadas de vermelho, no peito dele, sob a túnica que o rapaz usava.

— Podemos ir para outro lugar, mais reservado.

Ele olhou para as moças.

— Eu não... — começou, incerto.

Nira surpreendentemente revirou os olhos, e puxou Kalu para perto, e o beijou. Foi um beijo rapido, onde os lábios se encostaram por alguns segundos.

— Ele é meu noivo. — ela disse,  para a mulher, quando o beijo havia cessado. — Agora, vamos meu amor.

Kalu sorriu, enquanto caminhava atrás dela. Satisfeitos pela palavras dela. 

— O que foi aquilo? — perguntou ele. 

— Disse até que eu sou seu noivo.  Seria maravilhoso se fosse verdade. Sentiu ciúmes?

Nira corou completamente envergonhada. Era extremamente tímida e falava pouco,  e aquela atitude surpreendeu muito mais a ela. 


 — Não foi nada demais. Só imaginei que você tivesse vindo para "nos proteger", como você sempre diz, 
e não para se divertir com uma sacerdotisa, e nos deixar aqui sozinhas. — a morena se explicou.

— Eu não faria isso.

Um sacrifício cruel e sádico deu-se início, no meio da festa.Sacrificios com bebês.

 — Agora, acho melhor irmos embora mesmo. É melhor vocês  não olharem.

— Vamos sim. — Esther e Nira, concordaram.

— Não consigo entender como eles podem oferecer seus próprios filhos, concordar com algo assim.

— Eu também não. Nunca entendi.

— Mas creio que íamos nos adaptar a algo assim. Talvez, até fazer com nossos filhos por vontade própria. 

— Querem vinho? — perguntaram aos três.

Ezequiel e Nobá surgiram entre a multidão e Esther imaginou o sermão que levaria dele e depois de sua tia, de Quenaz, e talvez até mesmo de Josué.

                             * * *

— Vocês comeram ou beberam alguma coisa daquela festa? — indagou Ezequiel.

Ele, Esther, Nira, Kalu e Nobá, voltavam para casa em uma carruagem.

— Nós ofereceram vinho, quando vocês chegaram. — confirmou Kalu.

— Ainda bem que chegamos a tempo.  Vocês enlouqueceram!? — Nobá questionou.

— Vocês acham que tinha alguma coisa na bebida? — perguntou Kalu.

— Não se pode confiar nos povos idolatras,  já ouvi falar que os moabitas consomem umas espécies de ervas alucinógenas. — explicou Ezequiel.

— Claro, eu deveria imaginar. — sibilou Esther, finalmente dizendo algo. — Mas não aconteceu nada.

— O que estavam fazendo numa festa daquelas?

Esther resolveu responder,  afinal havia sido ela que convenceu os amigos a acompanharem.

—Tive curiosidade. Era os Deuses de meu pai e minha mãe: Baal e Aserá. Eu só queria ver. — ela mentiu.

Não queria, mas não podia falar sobre Marduk. Não ainda.

— Minha mãe, Ana, era egípcia, nem por isso tenho curiosidade sobre as divindade egípcias. — Ezequiel respondeu, sério.

Ele era um grande guerreiro, assim como Josué, e se parecia muito com ele, na personalidade, mas tinha, os cabelos, os olhos como o da mãe.

— Não acredito que concordou com essa ideia, Kalu.  — Nobá disse ao amigo.

— Sabe como Esther é teimosa, teria ido sozinha se eu não concordasse ir com ela, e eu não quis deixar ela sozinha num lugar como aquele.

— Vocês nos seguiu,  Ezequiel? Vocês dois. — falou Nira e olhou para Nobá. — Nos seguiram. 

— Sim, eu percebi que estavam saindo sorrateiramente. E Nobá também. 

— E por quê fizeram isso?

— Nós que devemos perguntar isso.  — disse Ezequiel.  — Nós nos preocupamos com vocês. E hebreus e moabitas são povos que não devem se misturar.

— E o que tem demais? Eu sou cananeia, nós três somos. — disse Esther, se referindo aos amigos.

— Para mim, não. Nem deveria se considerar parte desses malditos. — respondeu Ezequiel.

Esther suspirou.

— Só que nem se eu quisesse poderia mudar meu sangue.

Ele deu de ombros.

— Imagina se eles desconfiassem que vocês vivem com o povo de Israel?

Nira que estava quieta, como sempre,  aquele era seu jeito,  se pronunciou:

— Não pensamos nessa possibilidade.

— Pois deveriam. Não deixe que a idolatria, destruir tudo de bom que vocês aprendeu durante esses anos, sobre o Deus de Israel. 

Esther se lamentava mentalmente por não ter cogitado isso,  se descobrissem que ambos eram 'hebreus' poderiam ter sido envenenados. Como ela pode não ter pensado nisso!?

— Se existe alguma culpada nessa história sou eu. — Esther concluiu.

Ezequiel fez questão de levar Esther em casa e contar o ocorrido para os tios da ruiva.  Já Nobá contou tudo para o pais, sobre Nira e Kalu.



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...