História Esvanecer - Corredores

Passei pelo corredor procurando pela minha sala de aula e o que eu recebi foram apenas alguns olhares analistas. Eu devia estar preparada para aquilo, afinal eu era a aluna nova, alguns deviam mesmo estar curiosos sobre mim. Eu não gostava nada daquilo. Sempre fui muito fechada e quieta e é claro que não queria chamar a atenção de ninguém.

O sinal tocou e senti um leve frio na barriga, pois ainda não havia achado minha sala e não queria chegar atrasada no primeiro dia. Tentei pedir ajuda a algumas pessoas, mas todos me ignoravam e corriam para suas salas. Não demorou muito e eu estava alí, parada sozinha naquele corredor enorme. Suspirei e comecei a caminhar por aquele lugar enorme a procura da direção.

Se eu não tivesse bons reflexos, quase teria trombado com um garoto estabanado que apareceu do nada correndo em minha direção.

- Ohh, me desculpe por favor. Você está bem? – Ele dizia ofegante e logo secava o suor que escorria por sua testa.

- Não se preocupe, estou bem. – Sorri gentilmente e aproveitei aquela oportunidade. – Bom, eu sou aluna nova e ainda não consegui achar minha turma. Sabe onde fica a sala 405? – Perguntei ou pouco sem graça.

- Claro, você vai ser colega da minha namorada. – Ele sorriu. – Sua sala fica no fim do corredor dobrando a esquerda, chegando lá, logo você avistará uma plaquinha em uma porta com o número 405.

- Ahh. Muito obrigado, foi muito gentil da sua parte. – Agradeci e sorri largo por estar aliviada.

- Não há de que... Mas pelo menos me diga seu nome. – Ele suspirou ainda mantendo aquele sorriso doce.

- Mabel. E você como se chama? – Pigareei.

- Jeongguk... Então boa sorte no seu primeiro dia Mabel.

- Agradeço muito – Sorri mais uma vez e me curvei, o cumprimentando.

Ele fez sua referência e logo correu mais um pouco, entrando rapidamente em uma sala. Apressei meus passos e logo dobrei no fim do corredor, assim achando a sala rapidamente. Suspirei e tentei conter o nervosismo. Bati na porta e alguns segundos depois a porta se abriu. Um homem alto e de aparência fascinante estava parado em minha frente me encarando, parecendo um pouco impressionado.

- Com licença senhor. É meu primeiro dia e acabei me perdendo por um momento. – Pigareei, o acordando de seus devaneios e senti meu rosto corar um pouco por conta do nervosismo.

- Oh claro, entre – Ele sorrio e abriu caminho para minha passagem. – Temos um lugar vago ao fundo da sala, esta será sua classe durante este ano letivo.

Todos me encaravam, me observando da cabeça aos pés. Baixei o olhar ainda mais nervosa e logo dei passos rápidos até meu lugar. Podia ouvir alguns cochichos e isso me deixou um pouco angustiada.

Pendurei a mochila sobre a cadeira e logo me sentei, suspirando. Olhei em volta e só aí que percebi um garoto ao meu lado. Nossas classes eram juntas. Fiquei o observando um pouco e logo voltei meu olhar ao professor, sabendo que aquilo estava se tornando um pouco inconveniente.

- Você já tem seus livros? – Sua voz saiu seca e voltei a observar o garoto ao meu lado que continuava com o seu olhar fixo em sua classe.

- Ah.. É... Pois é ainda não. – Falei baixinho e senti meu rosto corar novamente. QUE DROGA, PORQUE EU TENHO QUE SER TÃO ENVERGONHADA? ARRRG.

Ele sorriou de canto, mantendo aquela feição sedutora e ao mesmo tempo indecifrável. Era impossível imaginar o que podia estar se passando naquela mente. Sem esperar, o garoto empurrou seu livro para minha classe e murmurou.

- Toma, use o meu enquanto isso, com certeza vai fazer melhor uso do que eu. – Ele suspirou e logo deitou a cabeça sobre a classe, fechando seus olhos.

- Obrigado...- Sem saber muito o que dizer e ainda impressionada com aquilo, apenas peguei o livro e comecei a acompanhar a aula.

(...)

Andei pelos corredores calmamente durante o intervalo indo até meu armário. Larguei alguns livros e logo peguei meu almoço que meu irmão havia preparado com todo o carinho. Ao fechar o armário, senti a presença de alguém ao meu lado. Me virei em sua direção e me deparei com o professor de biologia, que havia conhecido anteriormente. Apenas sorri, esperando que dissesse algo.

- Imagino que esteja se sentindo bastante perdida. – Ele sorriu e coçou um pouco a nuca.

- Pois é, espero conseguir me adaptar logo. – Forcei um sorriso, pois sabia que seria difícil.

- Não se preocupe... – Ele interrompeu sua fala ao avistar um garoto, logo gritando e o chamando. Hey, Park Jimin.

O garoto parou de caminhar e apenas se virou, observando o professor com uma cara de tédio que me dava até sono. Era aquele garoto de antes, o garoto que eu teria que aturar ao meu lado durante um ano inteiro. O professor fez um sinal com a mão, o chamando e o garoto veio até nós.

- Bom, já que vocês vão passar o ano inteiro perto um do outro, acho que seria bom vocês se darem bem. Então Jimin, que tal apresentar um pouco da escola para a Mabel? – O professor tocou o ombro do garoto, que me encarou um pouco irritado e suspirou, apenas fazendo um sinal afirmativo com a cabeça. – Muito bem, então eu vou indo. E Jimin... – Ele o encarou sério antes de se afastar. – Pelo menos uma vez na vida tente ser gentil.

O garoto deu aquele seu sorriso de canto cheio de sarcasmo que eu já havia visto antes. Eu estava me sentindo horrível por ter colocado o garoto naquela situação. Estava claro que ele não queria aquilo.

- Não se preocupe. – Mirei o chão nervosa. – Eu me viro sozinha e se o professor perguntar eu digo que você está me ajudando muito. – Suspirei e ergui um pouco meu olhar. – Aah, e antes que eu esqueça. – Lhe entreguei aquele livro surrado e mal cuidado. – Fico grata por hoje.

Ele pegou o livro e eu em nenhum momento olhei para o seu rosto. Rapidamente saí dalí e resolvi voltar um pouco mais cedo para casa. Já havia tido muitos sentimentos estranhos em um só dia.

Caminhei calmamente pelas ruas de Seul e resolvi parar em um mercado. Comprei uma refeição congelada para janta. Sabia que meu irmão chegaria faminto em casa após mais um dia cansativo de trabalho, e eu como uma boa irmã queria agrada-lo, mesmo que com comida congelada. Fiquei andando pelos corredores e assim que me dei conta da hora, levei um leve susto. Eu já estava naquele local, um pouco mais de uma hora.

Paguei a conta e logo saí dalí, apressando meus passos para chegar logo em casa. Assim que avistei nosso prédio, respirei fundo e me senti aliviada por não ter me perdido. Era engraçado pensar nisso, mas realmente podia acontecer, eu não conhecia nada naquela enorme cidade.

Entrei no prédio cumprimentando o síndico e ele logo me retornou com um enorme sorriso. Ele já era um Ajusshi, muito simpático e sorridente. Era o tipo de pessoa que só de olhar, você sentia uma enorme paz.

Entrei no elevador vazio e logo apertei o botão que indicava o décimo andar. Logo o elevador começou a subir e peguei meu celular, querendo ligar para o meu irmão. Digitei alguns números e logo as portas do elevador se abriram.

- Oh... Mabel? – Sua voz saiu num tom de surpresa.

Ainda processando aquela cena, permaneci quieta e pude perceber que arregalei um pouco os olhos. Era Jeongguk que estava alí parado em minha frente abraçado com uma garota, que logo imaginei ser sua namorada.